Vamos voltar à PC Engine CD para um dos imensos shmups que fazem parte da biblioteca destes ecossistema da NEC/Hudson, embora este seja possivelmente um dos melhores. É uma espécie de sequela do Gate of Thunder, pois ambos foram desenvolvidos pela mesma equipa da Red e são ambos shmups horizontais. É também conhecido por Lords of Thunder, nome do seu lançamento ocidental da Turbo CD e também na Mega CD, embora essa versão seja um pouco diferente. O meu exemplar foi comprado a um particular na vinted algures no passado mês de Dezembro. Não é um jogo barato infelizmente, mas como tinha lá algum saldo disponível na plataforma, o rombo nas finanças não foi grande.
Jogo com caixa e manual embutido com a capa
Ao contrário do Gate of Thunder que tinha uma temática de ficção científica, aqui somos transportados para um mundo fantasioso, onde controlamos Landis, um guerreiro super poderoso que pretende travar o regresso de Zaggart, uma criatura demoníaca que outrora havia conquistado aquele mundo. Na verdade a história não interssa muito neste tipo de jogos, o que não podia ser mais verdade no caso deste Winds/Lords of Thunder, mal começamos a jogar!
Ao contrário do seu predecessor, este título segue uma temática de fantasia que sinceramente acaba por resultar muito bem
A nível de controlos as coisas não poderiam ser mais simples com um dos botões faciais a ser usado para disparar a nossa arma primária e o outro para usar as bombas capazes de causar dano em vários inimigos em simultâneo. E a primeira coisa que reparamos é que antes de começar o jogo podemos escolher não só o nível onde queremos começar, mas também que armadura queremos equipar. Pois sim, podemos jogar os 6 níveis iniciais pela ordem pela qual bem entendermos, com o último nível a ser desbloqueados apenas quando terminarmos todos os restantes. As armaduras vêm nos sabores dos quatro elementos (Água, Fogo, Ar e Terra) onde mediante a nossa escolha os padrões de disparo e as bombas são completamente diferentes. Para além disto, Landis está também munido de uma poderosa espada, que é usada automaticamente quando atacamos muito próximo de algum inimigo. A espada é sem dúvida bem mais poderosa que as nossas armas, mas para a usar temos de nos colocar em risco devido ao seu curto alcance.
O jogo é completamente não linear, deixando-nos jogar os níveis pela ordem que bem entendermos, excepto o último que apenas fica disponível assim que completarmos todos os outros.
Como é normal neste tipo de jogos, à medida que vamos jogando podemos também apanhar toda uma série de power ups ao destruir inimigos. Os mais comuns são cristais coloridos que servem de unidade monetária. Isto porque antes de começar cada nível, para além de escolher a armadura a equipar, somos também levados para uma loja onde poderemos utilizar esses créditos para comprar itens adicionais desde escudos que nos protejam de dano, bombas extra, continues ou regenerar as nossas barras de vida e “poder”. Se bem que estes últimos são também itens que podem surgir normalmente durante o jogo e convém também referir que quanto maior a nossa barra de poder, mais poderosos serão os nossos ataques! Isto torna as armaduras de água e fogo especialmente poderosas, na minha opinião. Por exemplo, a de água é a única que nos permite disparar em simultâneo para a esquerda e direita!
Antes de cada nível podemos também comprar uma série de power ups, pelo que ir matando inimigos e apanhar os cristais coloridos que largam é importante!
Já no que diz respeito aos audiovisuais, este é um jogo excelente. Os cenários são bastante diversificados entre si, atravessando florestas, cavernas, zonas repletas de gelo, castelos, etc. E mesmo durante cada nível há sempre coisas interessantes a acontecer, sejam os cenários a mudar, seja algum obstáculo ou inimigo algo surpreendente a surgir do nada. E graficamente é também um óptimo jogo, com os níveis muito bem detalhados, repletos de bonitos efeitos gráficos como parallax scrolling e claro, bosses gigantes e com um design artístico fantástico. A acompanhar toda esta acção está uma das melhores bandas sonoras de sempre. Sim, são guitarradas de heavy metal, com riffs e solos bem orelhudos! Se conhecem as bandas sonoras da série Guilty Gear esperem pelo mesmo estilo e nível de qualidade neste jogo! E claro, sendo este um jogo em CD, as músicas são todas em CD Audio. Para além disso ocasionalmente temos algumas cut-scenes muito bem detalhadas e animadas, sob a pena de a versão ocidental deste jogo ter cortado os seus diálogos.
O que dizer do design dos bosses? São excelentes!
Portanto este Winds/Lords of Thunder é um excelente shmup na biblioteca da PC Engine. A sua acção frenética, aliada a uma boa jogabilidade, excelentes gráficos e uma banda sonora de bradar aos céus tornam este jogo um grande clássico. Em 1995 acaba por sair uma conversão para a Mega CD que traz algumas diferenças a nível gráfico e de jogabilidade, embora seja também uma óptima versão. A grande diferença da versão Mega CD é a banda sonora ter sido toda regravada e bem mais produzida, soando agora bem mais limpa. As músicas são as mesmas, mas na PC Engine o som é bem mais cru.
Vamos voltar às rapidinhas para mais um jogo de Mega Drive e claro, este artigo é uma rapidinha pois já cá o abordei no passado, nomeadamente a sua versão Super Nintendo que está presente na compilação Data East Classic Collection lançada há uns tempos pela retro-bit. O meu exemplar foi comprado numa loja aqui perto de casa no passado mês de Dezembro, tendo-me custado uns 10/15€.
Jogo com caixa e manual
Ora este jogo é exactamente igual à sua versão Super Nintendo, com os mesmos modos de jogo e mecânicas, mesmos desafios, mesmo aspecto gráfico, as mesmas músicas, etc. Possui as mesmas diferenças técnicas típicas de jogos multiplataforma que saíram em ambos os sistemas, com a versão Mega Drive a correr numa resolução superior, enquanto a consola da Nintendo tem uma ligeira vantagem a nível de cor. As vozes digitalizadas também soam melhor na Super Nintendo e o mesmo pode ser dito da banda sonora. Esta é toda composta por melodias calmas e de forte influência jazz e apesar de não soar nada má na Mega Drive, o chip de som da Super Nintendo acaba por ser bem mais adequado a esse tipo de sonoridade.
Podemos amealhar pontos extra se metermos várias bolas consecutivamente, se seguirmos a sua sequência numérica, ou se conseguirmos enfiar alguma bola num dos buracos sugeridos pelo CPU
Portanto este é um jogo de bilhar bastante competente e que ganha muito em herdar uma jogabilidade mais arcade e menos de simulação a meu ver. Acaba por dar para entreter durante um tempo, quanto mais não seja para tentar fazer todos os trick shots.
Tempo de voltar à Playstation 2 para mais um jogo da SNK convertido para este sistema. Seguindo o King of Fighters Neowave, a SNK Playmore continuou a apostar no sistema Atomiswave da Sammy (que por sua vez é baseado no sistema Naomi/Dreamcast da Sega) para produzir vários títulos arcade, com este NeoGeo Battle Coliseum a ser um desses casos. Sinceramente já não me recordo quando e onde comprei o meu exemplar, mas terá sido seguramente barato.
Jogo com caixa e manual
Ora este é então mais um jogo de luta em 2D repleto de personagens da SNK, sim, ainda mais que a saga King of Fighters que para além de possuir os seus personagens próprios, sempre incluiu personagens de séries como Fatal Fury, Art of Fighting, Ikari Warriors ou Athena. Aqui para além de muitas caras já conhecidas por essas bandas, temos ainda personagens da saga Samurai Shodown, The Last Blade, World Heroes, Metal Slug, Savage Reign ou até do King of Monsters! Mesmo no caso de séries habituais, algumas personagens foram retiradas de títulos mais incomuns como é o caso do Mark of the Wolves (Fatal Fury), ou a versão do Ryo Sakazaki ser a do Buriki One, um jogo 3D do malfadado Hyper Neo Geo 64, na sua persona de Mr. Karate II.
Para além de personagens de todas as séries já mencionadas, a SNK criou ainda duas novas
Em relação ao jogo em si, este possui combates em formato tag team com equipas de 2 jogadores e onde poderemos alternar entre a personagem activa a qualquer momento, com aquela que ficar em standby a recuperar alguma vida passado alguns segundos. O esquema de controlo básico remete-nos para os botões faciais a servirem para socos e pontapés, fracos ou fortes, com o L1 a servir para provocar o nosso oponente e o R1 para trocar de parceiro, sendo no entanto possível desencadear toda uma série de golpes especiais, muitos deles que necessitam da barra de special que se vai enchendo à medida que distribuímos pancada. Um pormenor interessante nesse departamento são os ataques double assault, que usam ambas as personagens da nossa equipa em simultâneo para desferir um ataque poderoso. No caso de algumas equipas específicas (Kyo e Iori ou Haohmaru e Genjuro, por exemplo), teremos acesso a alguns golpes especiais adicionais deste género!
É um pouco estranho ver o Marco representado desta forma, mas os seus specials valem a pena!
No que diz respeito aos modos de jogo, podem contar aqui com um modo arcade, versus para 2 jogadores, modo tag, survival challenge e um modo treino. O modo arcade é, no entanto um pouco diferente do que estava à espera. Basicamente o conceito é o seguinte, durante 300s teremos de derrotar o máximo de oponentes possível. No fim desse tempo, mediante a nossa performance, iremos enfrentar um de 4 bosses distintos. Cada combate (com a excepção do último) é composto com equipas de 2 contra 2, mas apenas temos de derrotar apenas um dos membros da equipa para avançar para a fase seguinte. Ao fim de 3 lutas, muda o cenário, onde antes que isso aconteça poderemos também escolher um de 3 bónus disponíveis, seja dar-nos mais tempo extra, recuperar alguma vida ou a barra de special. O modo de jogo Tag é um pouco mais parecido ao modo arcade mais tradicional, onde temos um tempo limite mais apertado, somos obrigados a derrotar ambos os membros da dupla adversária e cada combate decorre numa arena distinta. O modo survival é um desafio onde teremos de derrotar o máximo de duplas de oponentes possível, até que ambas as nossas personagens sejam derrotadas. Por fim o modo practice dispensa apresentações pois é onde todas as técnicas podem ser aprendidas e practicadas.
Apesar de no geral eu gostar mais do pixel art dos clássicos de Neo Geo, os cenários neste jogo ficaram bem melhor conseguidos que no KOF Neowave
A nível audiovisual este é um jogo que me agrada mais que o KOF Neowave, particularmente as suas arenas. Aqui estas estão bem detalhadas, bem mais polidas do que o hardware da Neo Geo poderia fazer e mesmo assim mantém um feeling mais 2D, em linha com os jogos de luta tradicionais da SNK. Mas claro, continuo a preferir de longe uns visuais mais pixel art, mas isso é uma mera opção pessoal. E isso é o que acontece com as sprites dos lutadores, que são extremamente bem animadas e detalhadas como é habitual na SNK. No entanto, as mesmas continuam a ter um aspecto muito Neo Geo (o que é bom!) mas tal continua a destoar um pouco com os cenários mais realistas. Pontos bónus no entanto para todas as outras personagens SNK que vão surgindo em plano de fundo! Já a nível de som, nada de especial a apontar aos efeitos gráficos e vozes digitalizadas, que continuam óptimos. A banda sonora também me soou de forma agradável enquanto joguei, possuindo uma boa variedade de estilos.
Kudos para as referências a outras personagens!
Portanto este NeoGeo Battle Coliseum até que é um jogo de luta bastante agradável, apesar do seu modo arcade possuir mecânicas não lá muito convencionais. Foi interessante ver algumas personagens de outras séries aqui representadas, com pontos extra para as do Metal Slug, cujas sprites foram inteiramente redesenhadas para terem as mesmas proporções dos restantes lutadores. A SNK ainda lançou mais uns quantos títulos na Atomiswave, felizmente todos com conversões para a PS2 ou outros sistemas, incluíndo o KOF XI que sai inclusivamente no mesmo ano que este. Curioso em ver!
Vamos voltar a mais uma compilação, desta vez esta Castlevania Anniversary Collection cujo lançamento físico esteve a cargo da Limited Run Games. É uma compilação cuja emulação esteve a cargo da M2, que já está mais que habituada a fazer trabalhos como este (foram eles que trataram da emulação de várias consolas mini como é o caso da PC Engine ou ambas as Mega Drive e muitas outras compilações similares), e o número de jogos aqui incluído até que é algo satisfatório. O meu exemplar veio da Limited Run Games algures em Janeiro do ano passado, tendo custado os habituais 35 dólares mais portes e taxas.
Jogo com caixa e livrete com algumas palavras e imagens de cada jogo presente nesta compilação
Neste artigo vou focar-me no conteúdo desta compilação, particularmente os seus extras e uma análise um pouco mais detalhada apenas aos jogos que, até ao momento de escrita deste artigo, ainda não possuo na colecção, o que é o caso do Castlevania III e Kid Dracula. Um detalhe interessante a referir é que todos os jogos possuem também as suas versões japonesas disponíveis para serem jogadas, excepto no entanto para o Castlevania II da NES imaginando que seja do nosso progresso depender bastante do texto que vamos lendo aqui e ali.
Uma das melhores características desta compilação é a inclusão das versões japonesas dos jogos aqui presentes, visto que muitas das versões ocidentais possuem alguma censura. E o Castlevania III com aquela banda sonora faz uma grande diferença!
Indo para os jogos propriamente ditos e começando pela trilogia original da NES, temos aqui portanto o primeiro Castlevania, um jogo icónico e que para sempre mudou o paradigma dos jogos 2D sidescroller, o Castlevania II Simon’s Quest, um jogo um pouco mal amado mas considero-o importantíssimo para influenciar os metroidvanias que viriam a ser lançados no futuro e por fim este Castlevania III: Dracula’s Curse onde me vou focar um pouco mais.
Antes de iniciarmos cada jogo temos direito a um ecrã com algumas infomações adicionais. Pena que os manuais aqui incluidos sejam demasiado simplificados!
Neste terceiro título controlamos Trevor Belmont onde a sua família, depois de ter sido exilada para uma terra longínqua devido à população temer os seus poderes, acaba por ser chamado novamente, pois Dracula renasceu e voltou a lançar o terror pela Europa fora, algures no século XV. Os controlos são os mesmos de sempre, com um botão para saltar e outro para atacar com o vampire killer, o tal chicote dos Belmont passado de geração em geração. Poderemos também apanhar armas especiais cujas munições vão sendo os corações que podemos apanhar ao destruir candelabros e ocasionalmente poderemos encontrar pedaços de comida em locais escondidos que nos regeneram parcialmente a barra de vida. É um jogo bem mais próximo do original nas suas mecânicas portanto, sendo também mais linear que o seu predecessor.
Uma das novidades do Castlevania III é o facto de podermos recrutar uma de 3 personagens para nos ajudar, cada qual com distintas habilidades entre si
Existem no entanto algumas novidades que o tornam bastante único. Para além do Trevor Belmont, à medida em que avançamos no jogo poderemos recrutar um de três personagens que nos irão acompanhar ao longo do resto da aventura e das quais poderemos controlar sempre que o desejarmos ao pressionar o botão Select. As personagens são: Grant Danasty, um acrobata bastante ágil (o mais rápido de todas as personagens disponíveis) e o único capaz de mudar a direcção a meio de um salto, para além de poder escalar paredes. Os contras é que os seus ataques e alcance são bastante fracos. A Sypha Belenades é uma feiticeira disfarçada de monge e apesar dos seus ataques básicos serem também bastante fracos, pode ter acesso a poderosos feitiços elementais que nos podem ajudar bastante. Poderemos lançar feitiços de fogo, gelo ou ar, todos com diferentes utilidades. Por fim temos o Alucard, o filho de Drácula que é semi-vampiro e revoltou-se contra o seu pai. Infelizmente o Alucard não é muito ágil e os seus saltos não são grande coisa, mas tem a vantagem de se transformar em morcego e assim atravessarmos os níveis a voar, a custo dos tais corações que poderemos ir coleccionando. Para além disso, o jogo terá alguns caminhos alternativos com níveis distintos entre si e com quatro finais distintos, o que aumenta bastante a sua longevidade.
Outra das novidades aqui introduzidas são as bifurcações nos caminhos, que nos levam a níveis completamente distintos
A nível gráfico este Castlevania III é excelente. Mantém a mesma lógica do primeiro Castlevania a nível de inimigos e bosses, tendo no entanto níveis bem mais variados nos seus cenários. Aliás, cenários esses que estão muito bem detalhados para um jogo de NES e ocasionalmente com bonitos efeitos gráficos como é o caso do efeito de nevoeiro num dos níveis. As músicas são igualmente boas, embora nós ocidentais temos ficado bastante a perder nesse departamento. Tal como no Castlevania II, a Konami lançou este jogo no Japão num cartucho com hardware adicional que expandia as capacidades de som da NES. As músicas nessa versão possuem então alguns canais de som a mais e que fazem bastante a diferença!
Pode não parecer mas este é um bonito efeito gráfico na NES
Ainda na NES, embora esteja no final da lista dos jogos disponíveis, temos também o Kid Dracula. Lançado originalmente no Japão em 1990, este foi um jogo que se manteve exclusivo naquele território precisamente até ao lançamento desta compilação, onde todo o seu texto foi traduzido para inglês. Aqui controlamos um pequeno Drácula e o jogo possui uma temática bem mais alegre e claro, apesar de ter alguns picos de dificuldade (principalmente nos últimos níveis), é bem mais fácil que os Castlevania normais, até porque temos bem mais controlo nos saltos, embora quando sofremos dano também vamos um pouco para trás, o que pode arruinar algum salto que tenhamos planeado.
Kid Dracula é um jogo bem mais simples mas não deixa de ser um platformer divertido
A nível de mecânicas, um botão salta e o outro ataca, o que no caso deste Kid Dracula refere-se a lançar projécteis de fogo. Mantendo o botão pressionado durante alguns segundos carregamos um charge attack, lançado assim que largarmos o botão. À medida que vamos avançando no jogo iremos também desbloquear outros ataques como bombas, projécteis teleguiados ou outros poderes especiais como nos transformar temporariamente num morcego ou inverter (também de forma temporária) a gravidade. Todos estes power ups podem ser seleccionados através do botão Select.
Matando os inimigos com um charged shot podemos coleccionar moedas que podem ser usadas em mini jogos de bónus entre os níveis para ganhar mais vidas.
A nível audiovisual o jogo é bastante mais infantilizado nos seus cenários, que por sua vez até que são bastante diversificados. Começamos o jogo pelo próprio castelo do Dracula, passando pelos céus, subterrâneos, o Egipto ou até a cidade de Nova Iorque, onde o boss desse nível é nada mais nada menos que a própria estátua da Liberdade e que, em vez de combater, prefere lançar uma espécie de concurso televisivo de perguntas e respostas. As músicas são agradáveis, embora muito abaixo daquilo que a série principal nos trouxe. Este Kid Dracula é portanto um interessante jogo de plataformas e um bonito spinoff da série.
Como é habitual neste tipo de compilações recentes, podemos optar por várias formas de apresentar a imagem no ecrã.
Continuando pela compilação, esta inclui também os Castlevania Adventure e Castlevania II: Belmont’s Revenge da Game Boy clássica que são bastante simples nas suas mecânicas e a nível audiovisual também. Notavelmente a compilação não traz o Castlevania Legend também para o Game Boy, supostamente pelo facto de a Konami eventualmente o ter considerado não canónico, mas o que dizer da inclusão do Kid Dracula nesse caso? E falando no Kid Dracula, a versão Game Boy poderia perfeitamente ter sido incluída também. É uma pena que tanto uma como a outra não esteja incluída, particularmente o Castlevania Legends pois actualmente é um jogo caríssimo. De resto, das consolas de 16bit temos também o Super Castlevania IV da Super Nintendo e o Castlevania Bloodlines / The New Generation da Mega Drive, ambos excelentes jogos. Infelizmente o Rondo of Blood da PC Engine ficou de fora (posteriormente lançado numa outra compilação Castlevania Requiem com o Symphony of the Night também), assim como a sua adaptação mais simplificada da Super Nintendo (Dracula X / Vampire Kiss) que também acabou por sair numa outra compilação mais dedicada aos títulos portáteis.
O melhor bónus aqui presente é mesmo um livro electrónico cheio de informações, entrevistas e documentos utilizados para criar os jogos!
De resto, para além da possibilidade de criar save states (um funcionalidade de rewind seria óptima também), o jogo oferece-nos a possibilidade de gravar a nossa playthrough, para além de incluir toda uma série de diferentes filtros gráficos como costuma ser habitual nestas compilações. Para além disso, o jogo traz também um ebook com informações de todos os jogos presentes na compilação, entrevistas a pessoas envolvidas na série e vários documentos usados durante a criação dos jogos, o que para os fãs é um extra muito interessante. Em suma é uma sólida compilação, mas a meu ver poderia perfeitamente ter incluído alguns títulos adicionais como o já referido Castlevania Legend, a versão GB do Kid Dracula (que é um jogo inteiramente novo), a versão MSX do primeiro Castlevania que é também muito diferente da versão NES, o Haunted Castle de arcade ou o Castlevania Chronicles do Sharp X68000 ou PS1.
Nas últimas semanas tenho estado a jogar este Far Cry 3, um jogo que já tinha em backlog há imenso tempo e finalmente tanto a vontade como o tempo disponível se alinharam. Este título é uma evolução do Far Cry 2, que por sua vez já tinha trazido a série para um open world e com muito para fazer se assim quiséssemos. O meu exemplar sinceramente não me recordo ao certo quando e onde o comprei, mas lembro-me de ter sido barato. Foi numa altura em que jogos em formato físico para PC ainda eram bastante comuns e também eram logo os primeiros a cair de preço, pelo que este título me custou 5 ou 10€, isso recordo-me.
Jogo com dois discos, caixa e manual
Este Far Cry 3 leva-nos a controlar Jason Brody, um norte-americano que quis passar umas férias extremas na Ásia com um grupo de amigos. A certa altura decidem fazer skydiving num arquipélago qualquer de ilhas algures no Pacífico mas quando chegam à terra as coisas não poderiam ter corrido da pior forma, pois todo o grupo acaba por ser raptado por um grupo de piratas que aterrorizava toda a ilha e, para além de pedirem resgates às suas famílias, acabariam por vender os seus prisioneiros para redes de tráfico humano. Eventualmente acabamos por nos escapar do cativeiro com a ajuda do irmão de Jason que é militar, mas infelizmente este acaba por ser assassinado por Vaas, líder dos piratas e que se revela um excelente vilão. Jason acaba por sobreviver ao confronto e é encontrado por Dennis, um ex-militar norte-americano que o introduz à tribo de guerreiros nativos dos Rakyat, grupo rebelde que tenta libertar as ilhas do domínio dos piratas e aos quais nos acabamos por aliar, em busca de vingança e de resgatar os restantes companheiros.
Este é um jogo open world onde, tal como no Assassin’s Creed, escalar certos pontos altos como estas torres de radio permitem-nos “sincronizar” o mapa e revelar os seus detalhes.
Este é então um first person shooter em open world e que também me faz lembrar o Assassin’s Creed em várias instâncias. Por exemplo, explorando o mapa poderemos ver torres de rádio que poderemos escalar e libertar, onde poderemos fazer o “sincronismo” com a área à nossa volta e assim popular o mapa com mais pontos de interesse. Os pontos de interesse mais importantes são bases inimigas que poderemos tentar conquistar, de preferência de uma maneira mais furtiva e ir desactivando os seus alarmes. Uma vez conquistados, esses pontos servem de base que poderemos utilizar para fast travel, desbloqueiam toda uma série de missões secundárias e reduzem fortemente a presença de inimigos nas suas imediações na ilha. Também ao explorar iremos dar de caras com muita vida selvagem, sejam criaturas inofensivas como veados ou porcos, outras herbívoras mas bastante territoriais como búfalos e claro, predadores como leopardos, dragões de komodo, tigres entre muitos outros.
Um dos acessórios que podemos utilizar é uma máquina fotográfica que nos permite “tagar” os inimigos e assim sabermos sempre onde eles estão.
Explorando poderemos encontrar dinheiro, loot e vários coleccionáveis, assim como ao matar inimigos e cumprir missões vão-nos dando experiência. O dinheiro pode ser usado para comprar munições, armas e customizações das mesmas, como adicionar silenciadores, aumentar o número de balas em cada carregador ou vários tipos de miras ópticas. Equipamento especial como pistolas de flares ou equipamento para reparar veículos podem também serem comprados. Ao longo da ilha temos também uma série de plantas que podem ser coleccionadas, assim como as peles dos animais que caçamos, que por sua vez os seus recursos podem ser utilizados num sistema de crafting. As plantas servem para criar injecções que tanto podem servir para nos regenerar a barra de vida, como para nos auxiliar nos combates, na caça ou mesmo para aguentar mais tempo debaixo de água, por exemplo. À medida que vamos progredindo no jogo iremos também desbloquear novas receitas para preparar novas injecções. Por outro lado, as peles de animais podem ser utilizadas para criar novas carteiras e bolsas que nos permitem carregar mais dinheiro ou loot respectivamente, assim como muitas outras bolas que nos permitem tanto carregar mais armas (até um máximo de 4 em simultâneo) assim como poder carregar com mais explosivos como granadas, cocktails molotov, C4, rockets ou até reservas de combustível para o lança-chamas.
Adorei explorar as ilhas mas ocasionalmente poderemos ter surpresas destas
À medida que vamos matando inimigos ou cumprindo missões iremos também ganhar pontos de experiência, pontos esses que poderão ser maiores se conseguirmos executar certas manobras, como headshots, matar vários inimigos em simultâneo ou conquistar um ponto de controlo sem termos sido detectados, por exemplo. Esses pontos de experiência podem posteriormente serem utilizados para evoluir a nossa personagem num sistema de skills que não só nos permitem ter uma barra de vida maior, como desbloquear várias skills de takedown de inimigos de forma silenciosa, mover mais rapidamente, mais silenciosamente, entre muitas outras. Tudo isto aliado às centenas de coleccionáveis opcionais, missões secundárias e outros entretenimentos como corridas de veículos, jogos de poker ou galerias de tiro, fazem com que este Far Cry tenha muito para oferecer. E a jogabilidade é bastante boa, particularmente quando vamos desbloqueando mais habilidades e armas. Por exemplo, mais para o fim, depois de ter comprado a melhor sniper rifle do jogo e lhe ter colocado um silenciador, conquistar os postos de controlo inimigos passou a ser trivial, visto que os atacava silenciosamente e à distância sem nunca ser descoberto. Em combates mais próximos a acção consegue ficar bastante intensa, particularmente quando os inimigos trazem reforços ou alguns animais selvagens decidem aparecer para nos dificultar as coisas.
Felizmente os veículos também existem em abundância e grande variedade
A nível audiovisual acho que este jogo está muito bem implementado. Tal como o seu predecessor, este Far Cry 3 corre num motor gráfico que é uma evolução daquele que foi introduzido com o Far Cry original por parte da Crytek, mas sinceramente acho que este jogo é visualmente muito mais rico que o seu predecessor. Temos toda uma série de ilhas para explorar, repletas de pequenas povoações, florestas, lagos, ruínas de civilizações antigas ou até de bunkers e fortificações japonesas da segunda guerra mundial. O jogo tem um ciclo de dia e noite, bem como um sistema de metereologia dinâmica e que resulta bastante bem em simular uma experiência num clima tropical. Pena no entanto que os NPCs, particularmente os civis, sejam practicamente todos idênticos entre si. Alguns modelos poligonais adicionais seriam muito benvindos! Tive no entanto alguns problemas que creio que não sejam culpa da Ubisoft. É que comprei recentemente um monitor ultrawide e, apesar de o jogo suportar essa resolução, o mesmo não está de todo optimizado para tal. Isto porque a HUD fica com alguma informação sobreposta em alguns momentos, por exemplo quando ganhamos experiência a mensagem fica parcialmente tapada pelo mini mapa. O caso mais grave foi numa sequência de QTE numa missão onde estava constantemente a perder sem entender o porquê. Após um vídeo no youtube, apercebi-me que uma das indicações da tecla que deveríamos pressionar a seguir simplesmente não me aparecia no ecrã por já estar “fora” do mesmo.
Vaas é um grande vilão, só não entendo é porque insiste em usar expressões hispânicas
De resto, a nível de som, nada de especial a apontar à banda sonora que consegue ser bastante eclética. A maior parte do tempo ouvimos temas ambientais, calmos ou tensos mediante o contexto. Sempre que entramos num carro civil há sempre alguma música a tocar na rádio e ocasionalmente até dubstep podemos ouvir. O voice acting por si só é bastante bom, com alguns actores conhecidos a emprestarem a sua voz (e aparência) como é o caso do próprio Vaas. No entanto há aqui algumas inconsistências que me irritaram um pouco. Por exemplo, o Vaas usa muitas expressões hispânicas, que me levaram inicialmente a pensar que o jogo se passava algures nalgum arquipélago na zona da América Central. Mas depois quando vejo dragões de komodo ou tigres na selva, assim como ruínas orientais, já apercebi que o jogo se passava algures no Pacífico, próximo da costa asiática. Mas o problema não é só o Vaas, agora já não me recordo em concreto, mas era capaz de jurar ter ouvido várias expressões hispânicas no início do jogo, o que me confundiu um pouco. Mas tirando essas inconsistências gostei bastante da narrativa, sem dúvida um passo na direcção certa após o mau trabalho que fizeram nesse campo no Far Cry 2. A personagem Vaas está de facto bem pensada e algumas das coisas maradas que ele diz vão fazer sentido na recta final do jogo!
Usar cocktails molotov ou lança-chamas na selva pode ser uma boa estratégia mas que também nos pode tramar.
Posto isto, devo dizer que gostei bastante da experiência deste Far Cry 3. Tirando as inconsistências com o vilão Vaas que referi acima, acho que de facto a narrativa evoluiu na direcção certa e todas as mecânicas open world de exploração resultam muito bem, assim como o combate que é bastante versátil. Ainda assim, com a Ubisoft a lançar novos Far Cry de forma algo recorrente nos anos seguintes, temo que a série se tenha estagnado um pouco, pelo que vou aguardar algum tempo antes de começar o próximo. A excepção será no entanto a do Far Cry 3: Blood Dragon, que planeio jogar muito em breve.