Para analisar este Castlevania The Adventure temos de o enquadrar na sua época. Durante os primeiros tempos da Gameboy, os produtores se tentaram adaptar ao hardware limitado da plataforma. Desenvolver jogos de acção como víamos nas consolas domésticas com os mesmos padrões de qualidade era ainda uma miragem e a consola, com a sua natureza portátil e hardware restritivo acabou por receber imensos jogos de puzzle ou de tabuleiro, com algumas notáveis excepções como Super Mario Land, onde mesmo de uma maneira mais contida, conseguiram lançar um bom jogo de plataformas, intuitivo e de fácil acesso para quem já estivesse habituado aos clássicos da NES. Castlevania The Adventure deve ser visto desta forma, numa Konami que ainda se estava a habituar à plataforma, e com o Castlevania III também em produção. O meu exemplar veio da Cash Converters de Alfragide, algures durante o mês de Setembro pela módica quantia de 1.95€.
Castlevania The Adventure decorre 100 anos antes do primeiro Castlevania da NES, onde um antecessor de Simon Belmont, neste caso Christopher Belmont se lança em mais uma cruzada contra o renascimento de Drácula, uma vez mais munido do artefacto de família, o chicote Vampire Killer. Isto é feito ao longo de apenas 4 níveis, o que mostra logo à partida o quão simples este jogo é. Para além de curto, a jogabilidade foi também muito simplificada. As armas secundárias como as facas, machados ou frascos de água benta deixaram de estar aqui presentes. E ao contrário dos outros Castlevania clássicos que me recordo, apanhar os corações acaba mesmo por restabelecer alguma da nossa vida. Os outros itens que podemos encontrar podem servir para aumentar a nossa pontuação, obter invencibilidade temporária, vidas extra ou servir de upgrades ao chicote, que poderá passar a ser mais poderoso, mais longo ou até disparar bolas de fogo, ideais para ataques de maior alcance. O problema é que temos de garantir que a nossa barra de vida está sempre no máximo para podermos tirar proveito destes upgrades.

Graficamente é um jogo bastante simples para a altura, as sprites são bem pequenas e com pouco detalhe
Os primeiros 2 níveis são relativamente simples, já os 2 últimos mostram-se mais desafiantes. No terceiro nível teremos imensas armadilhas na forma de paredes, chão ou tectos com espinhos e que se deslocam na nossa direcção, obrigando-nos a progredir rapidamente de forma a escapar ao perigo. O último nível tem alguns segmentos de plataformas mais exigentes com plataformas movíveis e outras armadilhas. Ora e se por um lado o desafio é sempre bom num jogo que de outra forma seria demasiado curto, quando a maior dificuldade está no tempo de resposta dos controlos, então o caldo está entornado. Isso e alguns slowdowns que também são bastante notórios, naquelas ocasiões em que temos 3 ou mais sprites presentes no ecrã em simultâneo (as velas contam como sprites!). De resto, como em todos os Castlevania clássicos, espera-nos sempre um boss no final de cada nível, com o Drácula como o antagonista final.
Tecnicamente, para além da má implementação dos controlos e da lentidão que se vai notando aqui e ali, é um bom trabalho por parte da Konami. Sim, os níveis são bastante simples nos seus backgrounds e animações, assim como as personagens e inimigos. Mas temos de ver que este é um jogo de 1989, das primeiras fornadas de jogos da Game Boy. Super Mario Land era também um jogo bastante simples gráficamente, a diferença é que a sua jogabilidade era bem mais fluída e essa acaba por ser mesmo a grande diferença entre ambos os jogos. Ainda faltavam uns aninhos até começarmos a ver jogos que tiraram melhor partido gráfico da Gameboy, como o Wario Land. No que diz respeito às músicas e restantes efeitos sonoros, são competentes, a GameBoy clássica sempre teve um chiptune bem próximo do que a NES nos habituou, na minha opinião.
Por isso, Castlevania The Adventure é um jogo que a mim me provoca sentimentos algo mistos. Por um lado foi certamente um dos jogos mais esperados da Game Boy nos seus primeiros anos de vida, por outro a Konami ainda não tinha acertado bem na fórmula necessária para se tirar melhor proveito do hardware da Game Boy, os slowdowns e a má implementação dos controlos tiram-lhe algum brilho. O jogo foi posteriormente relançado na primeira compilação Konami GB Collection, supostamente com suporte a cores para a Super Game Boy e Game Boy Color, mas sinceramente não o testei a ver se melhorou. Ainda mais recentemente, para a Wii através do WiiWare, a Konami fez um remake com o nome Castlevania The Adventure Rebirth. Este sim, é bem mais completo, com níveis extra e a possibilidade de se usarem armas secundárias. É uma pena que não tenha sido relançado como bónus em jogos mais recentes.
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