Tempo de voltar à PC Engine para mais uma das várias conversões de jogos arcade que a Namco trouxe para este sistema. Lançado originalmente em 1987 nas arcades este Wonder Momo é um beat ‘em up simples (porém bastante difícil) e também uma sátira aos programas televisivos super sentai, como era o caso do Ultraman. Mas com uma protagonista feminina, onde a Namco aproveitou também para incluir imenso fan service. Felizmente foi também um jogo que recebeu um patch de tradução feito por fãs há poucos anos atrás, pelo que foi essa versão traduzida que joguei em emulação. O meu exemplar foi comprado num lote a um particular no mês de Julho do ano passado, creio que me terá custado algo em volta dos 25€.
O jogo tem um conceito original. Apesar de nós controlarmos uma jovem rapariga que parte para dar pancada em todos os inimigos mascarados que nos atravessam pelo caminho, na verdade todos os cenários são apresentados como se uma peça de teatro se tratasse, com uma cortina a levantar-se entre níveis, bem como o público e palco sempre visíveis. No entanto, a variedade de cenários e inimigos não é a melhor.
Na teoria os controlos são simples, com um botão para saltar e outro para dar pontapés. No entanto há algumas particularidades a ter em conta: Ao pressionarmos o direccional para cima em conjunto com o botão de salto podemos saltar mais alto e mediante uma série de diferentes contextos, os pontapés de Momo são também diferentes e com diferentes alcances. Por exemplo se saltarmos sem pressionar nenhuma direcção e atacarmos em pleno ar, o pontapé é bem diferente do que o que executamos quando saltamos numa direcção específica. A postura de Momo também é importante pois para além das posturas laterais, ao pressionar levemente o d-pad na direcção contrária Momo vira-se para o público. Se nos agacharmos e atacarmos, Momo dá um pontapé duplo com uma espargata. Se o fizermos em conjunto com um salto acaba também por ser uma óptima maneira de atacar inimigos aéreos de ambos os lados. Mas dominar todas essas posturas e movimentos é uma tarefa muito ingrata, pois os inimigos começam a ser cada vez mais numerosos e agressivos à medida que o jogo vai avançando.

Mas o foco do jogo é mesmo a possibilidade de Momo se transformar numa super heroína e assim ganhar mais poderes. Temos duas maneiras de fazer isto. Na postura frontal, ou seja, voltada para o público poderemos pressionar o botão de ataque repetidamente de forma a que Momo rodopie e se transforme, ou poderemos eventualmente apanhar um power up para o efeito (um mini-furacão que ocasionalmente surge no ecrã). Esta última maneira é a mais segura pois o jogo pausa durante a sua transformação, enquanto que a transformação manual pode ser interrompida caso sejamos atacados por algum inimigo. Nesta forma de super herói Momo consegue saltar muito mais alto e teoricamente os seus golpes são também mais fortes. Para além disso ganha também um hula hoop que pode ser atirado aos inimigos, embora tenhamos de esperar que o mesmo volte até nós para o usar novamente. Algo que convém também referir são as duas barras de energia no topo esquerdo do ecrã: vital e wonder. A primeira é auto explanatória, sendo a nossa barra de vida, cuja é apenas minimamente regenerada entre níveis. A segunda vai-se enchendo com os golpes que vamos aplicando aos inimigos e, a partir do momento que nos transformamos, esta vai sendo consumida lentamente pelo que teremos de ser o mais eficazes possível.

Mas era impossível falar deste Wonder Momo sem também referir o seu fan service. Um dos inimigos que temos de ter especial atenção é uma pessoa com uma máquina fotográfica que se vai deslocando à frente do palco. Assim que este estiver mesmo debaixo da Momo saca-lhe uma fotografia às suas partes íntimas, o que a deixa momentaneamente embaraçada e susceptível a sofrer dano adicional. Para além der possível de ver parte das suas cuecas quando salta, na sua versão arcade as cortinas de transição de níveis vão tendo diferentes imagens de Momo, sendo uma delas a miúda deitada vestida apenas com uma toalha de banho. A versão PCE não tem isso, mas para compensar vamos tendo direito a algumas pequenas cutscenes entre alguns níveis, onde Momo surge cada vez com menos roupa e em poses provocantes.
De resto a nível técnico é um jogo com um certo charme mas que também acaba por deixar algo a desejar. Não há uma grande variedade de cenários e inimigos e o facto de o jogo se passar num palco, os níveis são também bastante pequenos. A versão arcade é um pouco melhor nesse aspecto ao ter um pouco mais de variedade e os cenários serem também mais bem detalhados do que nesta versão. Para além disso, a versão arcade possuía vários clipes de voz digitalizada que infelizmente foram cortados nesta versão. As músicas apesar de não serem propriamente desagradáveis também não variam muito entre si e os efeitos sonoros são bastante básicos, na minha opinião.

Portanto este é um jogo que apesar de ter um certo charme, é também bastante desafiante, com golpes distintos que podemos executar e inimigos que fazem respawn constante nas alturas mais inconvenientes. Foi daqueles que mesmo jogando em emulação e com ajuda dos save states me deu ainda bastante trabalho! Para além disso, acho que seria um jogo que beneficiaria também de ter sido lançado num HuCard de maior capacidade, pois acho que os gráficos do original arcade não estão nada longe das capacidades que a PC Engine consegue apresentar.