Alien Crush (Turbografx-16)

O Dragon’s Fury para a Mega Drive foi para mim uma excelente surpresa pois revelou-se um jogo de pinball fantasioso, com visuais sinistros e uma banda sonora tão metal que entrou directamente para o meu top de bandas sonoras preferidas na Mega Drive! Mas quando descobri que Dragon’s Fury era na verdade uma conversão de Devil’s Crush para a PC-Engine / Turbografx-16 e que haviam ainda mais uns quantos jogos na série, naturalmente que os quis experimentar. Este Alien Crush é na verdade o primeiro desses jogos da série “Pinball Crush”, tendo sido produzido pela Compile, publicado pela Naxat Soft e, não contando relançamentos digitais, permaneceu exclusivo da consola da NEC/Hudson. Arranjei recentemente um lote de vários jogos TG-16 na vinted, todos eles edições nacionais, pelo que acabei por substituir o meu exemplar anterior.

Jogo com caixa, manual embutido na capa e um manual adicional em português.

Ora tal como o seu sucessor, estamos perante mais um jogo de pinball com visuais sinistros, mas ao invés de possuir um tema mais dark fantasy, este é mesmo muito mais H.R. Gigeriano com todas as suas influências do xenomorfo mais fofinho do universo. Ou seja, em vez de pequenos demónios, bruxas, dragões e afins, vamos ver vários tipos de aliens e criaturas grotescas a passearem-se pelo ecrã. Tal como o seu sucessor, o objectivo é atingir um milhar de milhão de pontos e para isso vamos ter de encaminhar a bola por uma série de passagens, fazê-la interagir com vários interruptores, encaixá-la em diversos buracos, entre outros. Com uma série dessas acções vamos poder activar alguns multiplicadores de pontos e eventualmente até desbloquear passagens para outras pequenas mesas de pinball. A mesa principal possui dois andares e as mesas de pinball de bónus, apesar de terem o mesmo ecrã de fundo, vão tendo uma série de diferentes inimigos com diferentes mecânicas de jogo e/ou padrões de movimento e que deveremos tentar derrotar a todos, uma vez mais em busca do maior número de pontos possível.

As influências de H.R. Giger nos gráficos são bastante notórias e sinceramente assentam que nem uma luva

É um jogo bastante agradável de se jogar e os seus visuais grotescos assentam-lhe realmente que nem uma luva mas ainda assim, o Dragon’s Fury continua a ser o meu preferido. É incrível a quantidade de coisas que a sequela melhorou: a mesa de pinball principal é maior, há uma maior variedade visual nas mesas secundárias e até temos um boss final para defrontar! No entanto, é preciso ver que tendo em conta o tipo de jogos de pinball que existiam antes deste Alien Crush ter sido lançado, este foi mesmo uma grande pedrada no charco! A banda sonora também está a anos luz da sua sequela, mas o tema Lunar Eclipse mantém aquele hard rock que tanto gosto. As outras músicas são agradáveis, mas não no mesmo nível.

Antes de começar o jogo podemos escolher qual destas duas músicas queremos para a mesa principal. A primeira é mais rock puro e duro, a segunda é bem mais sinistra

Portanto este é mais um jogo de pinball muito interessante pela sua jogabilidade sólida, visuais grotescos e uma banda sonora rock que me agrada bastante. A sua sequela Devils Crush / Dragon’s Fury é superior em todos os campos, mas não deixa de ser um jogo muito importante, quanto mais não seja por ter aberto portas a jogos de pinball menos de simulação e mais “videojogos” em si.

Alex Kidd in Miracle World DX (Sony Playstation 4)

A rapidinha de hoje vai de encontro ao artigo que publiquei ontem sobre o Alex Kidd in Miracle World no seu lançamento original para a Master System. Nos últimos anos tem havido um certo renascimento do retrogaming, não só com relançamentos de clássicos para os seus sistemas originais por parte de terceiros e devidamente licenciados, compilações de títulos retro (algumas com lançamentos físicos também) ou remakes de jogos antigos. A série Wonder Boy foi uma delas, com remakes do primeiro jogo, do Dragon’s Trap e Monster World IV a saírem nos últimos anos. Mas o Wonder Boy não era o único nome com mais peso no catálogo da Master System na década de 80. Alex Kidd in Miracle World foi para muitos o primeiro contacto que tiveram com a Master System e quando um grupo de fãs estava a criar um remake desse jogo, a Sega reconheceu-lhes o talento e deu o seu aval para que o mesmo viesse a ser lançado comercialmente para todos os sistemas actuais. Eventualmente um lançamento físico também acabou por acontecer e a minha cópia foi comprada algures na black friday de 2021 na Worten por menos de 10€.

Jogo com caixa, capa reversível, papelada, manual multilíngua mesmo ao estilo dos manuais da Master System europeus e um porta chaves. Ah, a nostalgia!

No que diz respeito à jogabilidade contem com as mesmas mecânicas do original e com o mesmo platforming algo escorregadio e armadilhas que poderão causar a mesma frustração que na versão original. No entanto, consultando as opções vemos que podemos activar vidas infinitas (esta versão já possui continues infinitos de qualquer das formas) bem como outras opções que fazem certas afinações à jogabilidade como as mecânicas de detecção de colisão se tornarem um pouco mais generosas. A utilização dos itens que vamos poder coleccionar/comprar é agora mais dinâmica. Já não é necessário pausar o jogo e escolher que item queremos activar, basta fazê-lo com os botões L1 e R1 para alternar de item em item e o triângulo para o activar. A nível de conteúdo contem com tudo o que o lançamento original inclui, mais uns quantos níveis adicionais, diálogos revistos e mais alguns NPCs com os quais poderemos interagir. Para além disso, vamos poder encontrar diversos coleccionáveis espalhados ao longo dos agora 22 níveis, objectos como uma Master System II, caixas do Alex Kidd nas suas versões Master System e Mark III, bem como objectos com referências a outros videojogos da Sega, como é o caso de Sonic, Shinobi ou Fantasy Zone. De resto, e uma vez terminada a aventura normal, desbloquearemos mais dois modos de jogo. Um modo clássico que é uma recriação (sem emulação) do lançamento original da Master System mantendo toda a fidelidade visual, bem como um boss rush onde como o nome indica iremos defrontar todos os bosses do jogo em sequência.

Gostei bastante do novo aspecto do jogo, com pixel art lindíssimo, acompanhado por alguns bonitos efeitos gráficos mais modernos

A nível audiovisual este é um jogo interessante pois mantém os gráficos inteiramente em 2D, mas todos os níveis e sprites foram recriados com mais cor e detalhe. Quase como se um jogo 2D da era 32bit se tratasse, pois a acompanhar os cenários e sprites, vamos tendo também alguns outros bonitos efeitos gráficos como a luz das bolas de fogo. Ao contrário do que fizeram no remake do The Dragon’s Trap onde substituiram os gráficos por cenários e sprites lindíssimas e desenhados à mão, aqui optaram por manter um estilo mais de pixel art que também adoro. As músicas foram também completamente regravadas agora com instrumentos reais, sendo predominantemente acústicas e bastante agradáveis. Um detalhe interessante é que, tal como no remake do Dragon’s Trap poderemos a qualquer momento alternar entre os visuais modernos e visuais de Master System, incluindo nos níveis novos. A música também transita entre as músicas modernas e o chiptune da Master System, incluindo para as músicas novas, o que foi um detalhe muito interessante, poder ouvir estas novas músicas com uma aproximação ao que a Master System seria capaz de reproduzir.

Os diálogos foram também revistos, existindo bem mais NPCs com os quais podemos interagir

Portanto este Alex Kidd in Miracle World DX é um interessante jogo de plataformas que, apesar de manter muitos dos seus problemas e frustrações do original (platforming escorregadio, exigente e armadilhas que nos custarão vidas), algo que podem ser atenuados ao activar as vidas infinitas ou outras opções, não deixa de ser uma excelente homenagem ao clássico da Master System. Será no entanto um jogo que irá agradar particularmente aos fãs do original. Duvido que seja um lançamento que traga o nome de Alex Kidd de volta para a ribalta, até porque a série sempre teve um percurso algo conturbado já nos anos 80/ inícios de 90, se bem que nos últimos anos até têm havido algumas sequelas não oficiais produzidas por fãs com algum interesse. Veremos se o futuro nos voltará a trazer algo do Alex Kidd!

Alex Kidd in Miracle World (Sega Master System)

Já há muito tempo que gostaria de escrever um artigo sobre o primeiro Alex Kidd para a Master System, mas tenho estado sempre a guardar tal coisa para quando conseguisse comprar um exemplar físico do jogo para a colecção. Infelizmente os preços têm vindo constantemente a subir e, como tenho sérias dúvidas que este Alex Kidd alguma vez tenha sido lançado em formato standalone em Portugal, dificilmente o irei comprar tão cedo. E como muito recentemente joguei e terminei o remake Alex Kidd in Miracle World DX, achei por bem escrever algo sobre a versão Master System primeiro. A versão que tenho actualmente na colecção será então, naturalmente, a que veio incluída na memória de uma das minhas Master Systems. Já me passaram pelas mãos várias Master Systems com o Alex Kidd integrado, mas actualmente possuo-o numa MSII francesa com RGB, que foi comprada há uns 2, 3 anos atrás a muito bom preço e já com vários jogos a um particular. EDIT: recentemente encontrei um no UK a um preço interessante!

Jogo com caixa e manuais. O português acrescentei-o eu, porque sinceramente nunca vi este jogo à venda por cá, apenas junto com a Master System.

Ora este Alex Kidd foi a primeira resposta da Sega ao sucesso do Super Mario Bros. da Nintendo na medida em que também é um jogo de plataformas, mas possui bastantes peculiaridades na sua jogabilidade que também o diferenciam bastante da dupla de canalizadores da Nintendo. Para além disso, não contando com jogos de desporto, foi também o primeiro título que a Sega desenvolveu de raiz para a Master System, não possuindo quaisquer origens em versões arcade. E aqui controlamos o jovem Alex Kidd, um príncipe do reino de Radaxian que irá lutar contra as forças opressoras de Janken, libertar o reino e salvar os seus irmãos.

Ainda dizem que as imagens não têm sons! Não consigo olhar para este ecrã título sem a música começar logo a tocar na minha cabeça

A jogabilidade é inicialmente simples, com um botão para saltar e um outro para Alex usar os seus punhos e atacar inimigos, ou destruir alguns blocos. Tal como Super Mario Bros, alguns blocos especiais recompensam-nos com dinheiro ao serem destruídos, outros com pontos de interrogação podem esconder um power up, mas também poderão libertar um fantasma que nos persegue e, caso nos toque, lá perdemos uma vida. O platforming é exigente, pois Alex possui controlos algo escorregadios e qualquer contacto com um inimigo ou obstáculo como espinhos, fogo e afins faz-nos imediatamente perder uma vida. O alcance dos nossos ataques também não é assim tão grande quanto isso, pelo que teremos de jogar algo cuidadosamente. Ocasionalmente poderemos vir a controlar certos veículos como uma moto, um barco ou um pedicóptero capaz de disparar mísseis. Aí se sofrermos algum dano perdemos o veículo e não a vida, pelo que poderemos continuar o resto do nível a pé e poderemos inclusivamente até explorar áreas novas como o fundo dos oceanos.

O primeiro nível possui bastante scrolling vertical, um grande contraste com o Super Mario Bros

O dinheiro que vamos amealhando serve para ser gasto em lojas que poderemos visitar em certos níveis. Aí poderemos comprar não só alguns dos veículos que mencionei acima, mas também itens que nos dão invencibilidade ou levitação temporária, um escudo protector, vidas extra ou um anel mágico que nos permite disparar projécteis, entre outros. Esses itens ficam depois disponíveis para serem utilizados mais tarde recorrendo ao menu de pausa. Escusado será dizer que o seu uso de forma inteligente será muito precioso nos momentos mais exigentes de platforming sendo inclusivamente possível utilizar o poder de levitação para evitar o confronto contra o boss final! O que me leva ao que resta abordar na jogabilidade, os bosses que surgem em certos níveis. Alguns são bosses típicos que teremos de aprender os seus padrões de ataque e derrotá-los em combate, já outros levam-nos a jogos de pedra-papel-tesoura como é o caso de Janken e os seus generais, que por sua vez os defrontamos duas vezes. A primeira vez teremos apenas de os vencer num desafio de pedra-papel-tesoura, já a segunda vez que os defrontamos teremos também de os derrotar em combate normal, tal como o Janken no final. É uma mecânica de jogo muito particular, que veio mais tarde a ser utilizada também no Alex Kidd in the Enchanted Castle para a Mega Drive.

Os blocos com pontos de interrogação podem conter power ups bons como vidas extra ou anéis mágicos mas também um fantasma que nos persegue e nos faz perder uma vida caso nos toque. É sempre um risco abrir uma!

Graficamente este é um jogo colorido e bem detalhado, principalmente tendo em conta que é um título de 1986, lançado ainda muito cedo no ciclo de vida da consola. Os níveis vão sendo variados, levando-nos a montanhas, florestas, cavernas, subaquáticos e castelos algo labirínticos. Os inimigos possuem todos um aspecto muito cartoon e as músicas, apesar de serem poucas, são bastante agradáveis. Curiosamente, o lançamento japonês não possui qualquer banda sonora alternativa que suporte o FM Sound Unit.

Alguns dos bosses levam-nos a confrontos de pedra-papel-tesoura. Algures no jogo poderemos encontrar um item que nos indica que combinação o nosso oponente vai usar. Ou então podemos simplesmente decorar, pois usam sempre a mesma combinação.

Portanto este Alex Kidd in Miracle World é um clássico da Master System, sendo um jogo de plataformas mas com várias mecânicas de jogo muito características. No entanto, é um jogo bastante exigente pelo seu platforming mais escorregadio e por essa razão, acho mesmo que o Super Mario Bros. acaba por levar melhor e resistir ao teste do tempo devido aos seus controlos bem mais precisos.

Power Golf (PC-Engine)

Vamos voltar às rapidinhas na PC Engine e sim, a mais um jogo de golfe que veio no mesmo bundle de 15 jogos de PC-Engine que importei do Japão ao preço da chuva. Mas claro, depois dos custos de envio e alfândega já não ficou tão ao preço da chuva quanto isso, mas ainda assim cada jogo ficou a menos de 5€ o que não foi nada mau.

Jogo com caixa, manual embutido e registration card

E este foi um título produzido pela própria Hudson, um dos seus vários Power Sports que foram sendo lançados ao longo do tempo na PC-Engine/Turbografx-16 e não só, que possuem títulos de vários desportos como futebol, golfe, ténis, mas a esmagadora maioria são mesmo os de baseball. Este Power Golf foi também lançado na Turbografx-16 e, sendo também um jogo disponível na mini, o seu manual em inglês está disponível no próprio site da Konami, o que foi uma grande ajuda pois inicialmente não me estava mesmo a habituar aos controlos, mas já lá vamos.

Cada um dos golfistas que podemos seleccionar possuem atributos distintos

O jogo oferece 3 modos de jogo, o stroke play, para um jogador, match play para dois jogadores e o competition que poderá ter um máximo de 3 jogadores. Fiquei-me pelo stroke play, mas de acordo com o manual o modo competition parece ter ainda alguns desafios extra como o driving contest (ver quem consegue a tacada inicial mais longa) ou o Pin Contest que sinceramente não entendi muito bem como funciona. E porquê só suportar 3 jogadores? Porque existem 3 golfistas prédefinidos com diferentes stats que podemos escolher. O primeiro é razoável em tudo, a menina tem um tempo de swing mais lento mas as suas tacadas são mais curtas e o terceiro é o profissional, o que tem maior capacidade de alcance, mas que nos obriga também a tempos de reacção bem mais curtos ao preparar as tacadas. E pronto, escolhendo o jogador a representar e o modo de jogo, teremos apenas um circuito de golf com 18 buracos e o objectivo é “emburacar” a bola no menor número de tacadas possível.

Quanto mais para a esquerda for o cursor, mais potente será o disparo. Mas a menos que joguemos com a menina, o tempo de reacção será bastante curto para obter bons resultados!

E esperem pelos conceitos habituais de ter atenção à força e direcção do vento, bem como que taco utilizar em cada jogada. Infelizmente teremos mesmo de consultar o manual para ter uma ideia dos alcances. A nível de jogabilidade é o típico deste tipo de jogos. Começamos por seleccionar a direcção da tacada, que taco utilizar e por fim vamos para o swing, onde nos surge uma barra de energia no ecrã. Quando iniciamos a tacada o cursor começa a andar para a esquerda e quanto mais para a esquerda nós pressionarmos o botão I, mais potente será a tacada. Depois o cursor começa a andar para a direita e o objectivo é pressionarmos o botão I novamente o mais próximo possível das barrinhas vermelhas, que indicarão a precisão da tacada. Muito à esquerda ou à direita dessas barrinhas vermelhas, o disparo terá uma curvatura bem grande e irá estragar tudo. Até aqui tudo bem, mas eu demorei um bom bocado até atinar com todos os timings.

Quando chegamos ao green temos também de ter em atenção o declive do terreno, assinalado pelas setas

De resto, a nível audiovisual o jogo é bastante colorido (dentro dos possíveis visto ser tudo em tons verdes com os ocasionais azuis da água e amarelos de areia), mas ainda pouco detalhado. Nota-se bem que é ainda um produto dos anos 80! A perspectiva é sempre vista de cima, com uma pequena janela a mostrar o nosso golfista a surgir sempre que preparamos uma tacada. Essa janela já renderiza o campo à nossa volta num pseudo-3D e é engraçado ver a curvatura da bola a sair de lá disparada, mas é basicamente isso. As músicas são agradáveis e nada de especial a apontar aos efeitos sonoros.

Portanto este Power Golf, apesar de não ter nada de muito errado nas suas mecânicas de jogo e modos de jogo disponíveis, não deixa de ser um jogo de golfe muito simples e a PC-Engine parece-me ter melhores jogos do género a oferecer.

Battlefield: Hardline (PC)

Ao transitar entre os conflitos militares modernos para um setting mais urbano e com um foco no trabalho da polícia civil no combate contra o tráfico de droga, este Battlefield Hardline foi algo divisivo na sua recepção, tanto pela imprensa, como pela comunidade de jogadores em si. Tal como tem sido habitual neste tipo de jogos, irei-me focar unicamente na sua campanha single-player, mesmo sabendo que o ponto forte da série Battlefield sempre foi a sua vertente multiplayer. E ainda por cima este até traz vários modos de jogo inéditos, mas eu prefiro mesmo em avançar para o jogo seguinte no meu backlog. O meu exemplar foi comprado numa CeX do Norte do país algures em Setembro de 2020 por 15€.

Jogo com caixa, papelada e os seus 5 discos

Ora e nós encarnamos inicialmente num detective da polícia de Miami precisamente na sua luta contra o tráfico de droga. A corrupção na polícia também é um problema com o qual iremos lidar e, sem querer dar grandes spoilers, digamos que na segunda metade do jogo já jogamos do outro lado da lei. Independentemente disso, a primeira grande diferença perante os Battlefield anteriores é que, como jogamos no papel de agentes da lei, há um grande foco no combate furtivo, com apreensão de criminosos e/ou recorrendo a armas não letais como tasers. Por exemplo: lembram-se quando no Battlefield 3 ou BF4 sempre que matavamos alguém nos eram atribuido pontos de experiência, que por sua vez nos iriam desbloquear novas armas e/ou acessórios? Aqui só recebemos pontos sempre que aprisionarmos alguém, ou os incapacitamos com recurso a armas não letais. Para nos ajudar, no entanto, temos um scanner que nos permite fazer tagging de inimigos ou outros pontos de interesse, como sistemas de alarme ou botijas de gás inflamável ou simplesmente caches de munição onde poderemos não só recarregar as nossas armas, bem como trocar de armas ou equipamento, mediante o que já tenhamos desbloqueado.

O foco da campanha está em não usar força letal nos bandidos e uma abordagem mais furtiva

Portanto o jogo vai ter muitos momentos onde teremos de infiltrar armazéns ou mansões repletas de inimigos e sistemas de alarme, encorajando-nos fortemente a usar uma abordagem mais furtiva. Podemos tentar distrair bandidos e afastá-los da sua posição inicial ou rota de patrulha e posteriormente prendê-los ou incapacitá-los com o taser. Se falharmos, começamos a ser atacados, o alerta é soado e tipicamente surgem mais bandidos para combater. Se algum bandido descobre o cadáver ou corpo inanimado de algum colega, também entram num estado de alerta e ficam mais atentos ao que se passa à sua volta. Naturalmente que vai haver momentos onde não há qualquer hipótese de ser furtivo e teremos mesmo de passar à acção, pelo que é sempre bom ter uma arma adicional para além do nosso revólver, como shotguns ou metralhadoras que eventualmente viremos a ter acesso. Para além disso podemos também usar o scanner para procurar outras provas incriminatórias de casos secundários, bem como existem alguns inimigos com mandatos de captura e se os conseguirmos prender, ou incapacitar, recebemos também mais pontos. Confesso que inicialmente não gostei nada das novas mecânicas de jogo, mas quando me comecei a habituar melhor aos controlos, até me deu bastante gozo limpar todas as zonas de inimigos de forma mais furtiva. Mas isto é só a campanha single player. O multiplayer introduziu muitos outros modos de jogo de polícias contra criminosos, como assaltos a bancos e afins. Até devem ser engraçados, mas como referi acima foquei-me apenas no single player.

Temos também uns quantos segmentos de condução e autênticas perseguições policiais

A nível audiovisual o jogo é muito bom, pois usa o motor gráfico do Frostbite 3, que na minha opinião foi dos melhores da geração passada. Contem então com níveis bastante grandes e muito bem detalhados, que exploram não só os subúrbios da cidade de Miami como os seus resorts, estradas e os seus pântanos, mas também certas partes de Los Angeles e um antro de patriotas no interior Norte-Americano. E também temos aqui um bom sistema de partículas e de dano, com as paredes e locais de abrigo a poderem ser destruídos consoante o poder de fogo utilizado. A narrativa não é nada do outro mundo, mas acho que as personagens estão também muito bem representadas e com um voice acting competente. O jogo em si é apresentado como se uma série policial se tratasse, pois os níveis são chamados de episódios e temos sempre um recap do episódio anterior, bem como um preview do episódio seguinte, entre cada nível ou sessão de jogo.

O scanner serve não só para fazer tagging de inimigos e objectos de interesse, mas também para investigar evidências de outros casos policiais

Portanto este Battlefield Hardline foi um jogo que me causou muito má impressão quando lhe peguei. O seu foco na furtividade e combate não letal foi algo que me custou a habituar, até porque inicialmente apenas estamos munidos de uma pistola quando os inimigos começam a ter shotguns e armas automáticas. Depois com o tempo lá me fui habituando às mecânicas de jogo e até comecei a gostar, mas no fim de contas este Battlefield continua a ser um jogo que deveria ter um nome diferente pois é muito distinto dos shooters militares que estamos habituados.