Assault Suit Leynos (Sony Playstation 4)

Vamos voltar à Playstation 4 para ficar com um remake de um shmup muito interessante. A série Assault Suits da Masaya/NCS teve 4 jogos lançados em sistemas de 16 e 32bit ao longo de uma década. Este Assault Suit Leynos é um remake do primeiro jogo da série, lançado na Mega Drive japonesa em 1989. Infelizmente foi um jogo que nunca chegou a sair na Europa, embora tenha saído nos Estados Unidos sob o nome de Target Earth. Este remake foi produzido por um pequeno estúdio japonês chamado Dracue e, tendo em conta que estes haviam desenvolvido os Gunhound, outros mecha shooters fortemente influenciados pela série Assault Suit, pareceram-me os candidatos ideais para trabalhar neste remake. Felizmente a editora Rising Star Games decidiu pegar no lançamento físico e trazê-lo para o Ocidente, não esquecendo a Europa! O meu exemplar foi comprado novo, creio que numa Worten há uns anos atrás por 20€.

Jogo com caixa e papelada

A história leva-nos ao futuro, onde a Terra está sob ataque de uma força militar colossal, liderada por humanos que haviam sido ostracizados pelos líderes terrestres, após uma expedição espacial aos confins do sistema solar que não correu lá muito bem. Inspirações de séries anime como Macross são evidentes, pois para além de haver mechas em todo o lado, vamos estar também envolvidos numa série de conflitos espaciais, com grandes cruzeiros de guerra a atacarem-se uns aos outros em plano de fundo.

Infelizmente os controlos continuam com uma curva de aprendizagem elevada pois o d-pad ou analógico esquerdo servem para mover e controlar a mira em simultâneo na direcção pressionada

Mas antes de falar na jogabilidade desde remake e de todas as suas particularidades, vamos começar com o básico e abordar brevemente a versão original de Mega Drive. Nessa versão o d-pad serve não só para controlar o nosso mecha, mas também para controlar a direcção onde disparamos. E ali tinhamos dois sistemas de controlo que poderíamos optar, o primeiro fazia com que disparássemos sempre na direcção de movimento, o segundo já nos dava algum controlo independente, onde pressionar o d-pad para a esquerda ou direita controla o movimento do mecha nessas direcções, já pressionar para cima ou baixo faz movimentar a mira. De resto, os botões A, B e C servem para disparar a arma actualmente seleccionada, o botão B serve para saltar e activar os boosters se os mesmos estiverem equipados e o botão C poderia servir para ir rodando de arma, se essa opção estivesse activa, caso contrário teríamos de pausar o jogo para aceder ao inventário e seleccionar a arma correspondente. Os níveis vão alternando entre secções à superfície, com alguns elementos ligeiros de platforming, mas também em pleno espaço em situações de gravidade zero, onde teríamos uma liberdade de movimentos muito maior. É um jogo muito desafiante, não só pela jogabilidade distinta, mas também pela grande quantidade de inimigos e projécteis que vamos efrentar em simultâneo. Felizmente que barra de vida se vai regenerando ao fim de alguns segundos sem sofrer dano, pelo que teríamos mesmo de jogar de forma muito cautelosa.

O modo arcade inclui muitos objectivos e bosses adicionais

Ora aqui na PS4 essas bases mantêm-se. Infelizmente a Dracue não decidiu melhorar o esquema de controlo básico do mecha, pelo que tanto o d-pad como o analógico esquerdo servem para controlar o nosso mecha e a direcção da mira em simultâneo. O analógico direito poderia perfeitamente servir para controlar a mira, mas assim sendo, esperem por uma curva de aprendizagem algo longa! De resto, o remake traz muitas novidades para além de gráficos e som melhorados, a começar na possibilidade de o mecha dar socos, o que é muito útil em certas situações. Para além de todas as armas (e armaduras extra) que poderemos vir a desbloquear e equipar antes de cada missão, aqui foram introduzidos uma série de equipamentos novos, incluindo um escudo que já vem desbloqueado de origem e pode ser activado ao pressionar o botão R1. Esse escudo protege-nos da maioria de golpes frontais, mas continuamos expostos a dano que venha de outras direcções, o que irá acontecer principalmente em níveis de gravidade zero. Mantendo o botão L1 pressionado permite-nos trancar a mira na direcção actual, já os L2 e R2 servem para alternar entre as diferentes armas que tenhamos equipado. À medida que vamos progredindo no jogo (e com base na nossa performance) iremos desbloquear novas armas ou equipamentos (como armaduras extra), que poderemos equipar antes de cada missão. Temos 6 slots de equipamento disponíveis e, tendo em conta que apenas a metralhadora (e uma outra arma que não cheguei a desbloquear) possuem munições infinitas, devemos mesmo escolher de forma inteligente o equipamento que queremos levar. Por exemplo, na fase inicial do último nível, temos de proteger a nossa frota dos colossos inimigos, pelo temos de os eliminar rapidamente. Estava a ter muita dificuldade em conseguir destruir esses colossos a tempo, até que decidi equipar a shotgun e ver que rapidamente os desfazia como barrar manteiga num pão!

Algumas das missões decorrem em pleno espaço onde temos muita maior liberdade de movimentos. Esperem por batalhas épicas!

Mas continuando pelo o que o remake nos traz, temos essencialmente dois modos de jogo. O principal é o arcade mode, onde os níveis foram algo refeitos face ao original da Mega Drive: a história foi expandida, vamos tendo alguns objectivos adicionais para cumprir em cada missão, bem como uma série de bosses adicionais que não estavam presentes no jogo original. Escondido nas opções temos também o classic mode, uma versão mais próxima do original da Mega Drive, sem os bosses e objectivos adicionais, mas no entanto é bem mais desafiante devido ao número de inimigos que teremos de enfrentar! Também nas opções temos acesso a um tutorial que nos ajuda a habituar aos controlos, bem como alguns extras que incluíram nesta versão, como artwork tanto do remake como do original, incluindo design documents que naturalmente estão todos em japonês. Um scan do manual da versão japonesa da Mega Drive também está disponível para consulta, mas o que dava mesmo jeito era um manual deste remake, quanto mais não fosse em formato digital. Outra coisa relevante a mencionar é o facto de em cada modo de jogo que jogamos (incluindo o tutorial) vamos ganhando pontos. Pontos esses que, ao visitar o ecrã das opções, nos vão fazendo subindo de ranking e por conseguinte desbloquear uma série de customizações que poderemos activar. Uma das primeiras que desbloqueamos é uma mira laser que é extremamente útil, pois facilita imenso o trabalho de apontar!

Antes de cada missão podemos escolher que equipamento levar, tendo em conta que temos apenas 6 slots disponíveis e a maioria das armas possui munição limitada.

A nível audiovisual estamos perante um jogo competente, até porque a versão de Mega Drive era ainda muito modesta pois saiu no início de vida dessa plataforma. Se virmos o Assault Suit Valken para a Super Nintendo (saiu no ocidente sob o nome de Cybernator), já há uma evolução gráfica bastante evidente! Então este remake é uma evolução gráfica bem grande perante o original, pois os cenários, naves, mechas e inimigos no geral estão muito melhor detalhados, assim como os efeitos gráficos de explosões e afins. Mas não deixa de ser um jogo algo 2D, pelo que se me dissessem que estava a jogar um jogo de PS2 não me admiraria. Para além dos objectivos e bosses adicionais introduzidos nesta versão, a história foi também expandida com mais diálogos, desta vez todos com voice acting em japonês. As músicas foram também refeitas agora com instrumentos reais embora seja possível desbloquear as músicas da versão Mega Drive. Aliás, se optarmos por jogar o classic mode são mesmo as músicas da Mega Drive que ouvimos. Gostaria que tivessem também incluído o lançamento da Mega Drive na íntegra, seria muito interessante!

Este não é um bullet hell shooter, mas tem os seus momentos

Portanto este Assault Suit Leynos é um lançamento interessante. É um shmup algo diferente e que nos obriga a enfrentar uma maior curva de aprendizagem devido ao controlo dos mechas, mas devo dizer que gostei de o jogar. Não deixa de ser um jogo muito de nicho, mas a série Assault Suits já há muito que me despertava o interesse e esta é uma óptima maneira de sermos introduzidos à mesma. Tal como referi acima, seguiu-se o Assault Suits Valken (Cybernator) na SNES, que também acabou por receber um remake anos mais tarde para a PS2. Tanto um jogo como o outro receberam ainda sequelas, o Leynos 2 saiu na Saturn e o Valken 2 na PS1, embora este aparentemente já seja um RPG algo similar aos Front Mission. Será uma série que irei explorar melhor no futuro, sem dúvida!

Ghostbusters (Sega Mega Drive)

Vamos agora voltar para a Mega Drive para mais uma adaptação do Ghostbusters. E enquanto todas as adaptações para videojogos do primeiro filme até à data (pelo menos as que conheça) eram baseadas no videojogo da Activision lançado originalmente para o Commodore 64 e convertido para múltiplas outras plataformas (incluindo a Master System), para a Mega Drive o caso é diferente. Este é um jogo inteiramente novo, produzido pela Sega e aparentemente pela Compile também, embora ainda existam referências ao copyright do jogo da Activision no ecrã título. O meu exemplar foi comprado num bundle de vários jogos de Mega Drive a um particular há uns anos atrás.

Jogo com caixa

No que diz respeito à história, bom, esta acaba por ser uma espécie de continuação do primeiro filme dos Ghostbusters, onde após a derrota de Zuul, não tem havido actividade paranormal e os Ghostbusters correm o risco de ficar sem trabalho. Mas eis que repentinamente a cidade de Nova Iorque começa a ser alvo de vários tremores de terra e eventualmente fantasmas começam a ser novamente avistados! Infelizmente, tal como a versão original da Activision, o Winston foi completamente descartado, pelo que apenas poderemos controlar o Peter, Egon e Raymond. O Egon é ágil mas fraco, ou seja, sofre mais dano, já Raymond é o contrário. Peter é a personagem que possui stats mais balanceados.

Escolhendo uma personagem, iremos controlá-la ao longo de todo o jogo!

As influências do jogo da Activision são notórias até porque temos também um mapa da cidade para explorar. Inicialmente teremos 4 casos de fantasmas para resolver, cada um num edifício diferente, que poderemos abordar pela ordem que quisermos. Uma vez completados todos esses 4 níveis, iremos desbloquear os últimos níveis onde os bosses finais nos esperam. Mas ao contrário do jogo da Activision que estava cheio de particularidades algo estapafúrdias, este jogo da Mega Drive é, acima de tudo, um jogo de acção/plataformas em 2D. Os controlos são simples, com o botão B para disparar e o C para saltar. O botão A serve para atirar bombas que causam dano nos inimigos à sua volta, sendo que inicialmente teremos apenas 3 destas bombas prontas a usar, mas poderemos comprar mais. Em cada nível podemos ter um ou mais mid bosses que teremos de descobrir e derrotar, antes de desbloquear o acesso ao boss final do nível. Esses mid bosses, uma vez derrotados, libertam um fantasma que deve ser sugado para a sua caixa, tal como nos filmes!

Visualmente é um platformer com níveis simples, mas claro que o boneco do Stay Puft não poderia faltar!

Há pouco referi que podíamos comprar novas bombas para usar nos níveis, mas não é tudo o que podemos comprar. No quartel general dos Ghostbusters teremos acesso a duas lojas, uma para itens e outra para armas, nas quais poderemos gastar o dinheiro que vamos ganhando ao longo do jogo. Na primeira, podemos comprar vários itens consumíveis como as tais bombas, comida que nos regenera a barra de vida ou uns óculos de visão nocturna (ideais para serem usados num dos níveis que estamos às escuras). A loja das armas serve para comprar diferentes armas como um spread shot, explosivos, entre outras, ou então vários acessórios como tanques de energia que nos extendem a barra de energia, baterias que nos regeneram a barra de energia, ou aparelhos que nos dão um escudo ou até invencibilidade temporária. Todas as armas especiais e os outros aparelhos que mencionei gastam energia, pelo que devem ser usados com moderação. E como os equipamos? É fácil, basta pausar o jogo que teremos acesso a todo esse equipamento e itens que tenhamos comprado. Um pormenor interessante é que a qualquer momento é possível voltar à entrada do nível e sair para o mapa da cidade para recarregar baterias e comprar algumas coisas. Se entretanto já tivermos derrotado algum mini boss desse nível em particular, o seu progresso fica guardado.

Com o dinheiro que vamos amealhando poderemos comprar várias armas, acessórios e outros itens que podem ser equipados a qualquer momento no ecrã de pausa

Graficamente é um jogo simples, até porque ainda foi lançado relativamente cedo no ciclo de vida da consola. Mas tem o seu quê de charme, pois os Ghostsbusters aparecem como versões algo caricaturizadas de si mesmos, um pouco com aquele visual super deformed (personagens pequenas, mas com cabeças grandes) que os japoneses muito gostam. Ocasionalmente vamos tendo algumas cutscenes com estes visuais que mantêm todo o seu charme! Os níveis em si não são nada de especial, excepto os bosses que são grandes e bem detalhados. Nada de especial a adicionar à banda sonora, não é das melhores que já ouvi na Mega Drive (acho que a música título do filme poderia ter ficado muito melhor na consola da Sega), mas não deixa de ser agradável.

Os bosses e mini bosses estão tradicionalmente bem detalhados!

Portanto este Ghostbusters para a Mega Drive até acabou por se revelar numa excelente surpresa. Para quem estiver à espera de um jogo tão confuso quanto o da NES ou Master System (se bem que este último até é melhorzinho) desengane-se, pois este é um jogo completamente diferente. É um jogo de acção bem sólido, se bem que também é bastante desafiante, pois os “medkits” e vidas extra não abundam e é muito fácil sofrer dano, particularmente nos últimos níveis.

Shatter (PC)

Vamos ficar agora com uma rapidinha a um indie. Shatter é um clone de Breakout ou Arkanoid, mas em ácidos! Com uma jogabilidade viciante e uns visuais psicadélicos, este jogo acaba por ser uma óptima forma de passar algum tempo em diversão pura. O meu exemplar do steam terá vindo certamente de algum indie bundle ao desbarato.

As mecânicas base são simples, se já jogaram um Breakout, Arkanoid ou um dos seus milhentos clones já dá para ter uma ideia do que esperar com este Shatter. Basicamente vamos ter diversas arenas de jogo repletas de blocos destrutíveis, onde numa das extremidades controlamos uma nave que lança um projéctil e a ideia é limpar a arena de blocos, com a bola que lançamos a fazer ricochete nos blocos, paredes e na nossa própria nave. Se deixarmos escapar esse projéctil pela nossa linha de movimento, perdemos uma vida. O básico é isto, mas há muitas particularidades a referir também. A principal é mesmo o facto da nossa nave ser capaz de aspirar ou soprar ar e com isso influenciar não só a trajectória do projéctil, mas de todos os detritos e blocos que se encontrem a vaguear pela arena de jogo. Isto porque cada vez que destruímos um bloco, este desfaz-se em pequenos pedaços que deveremos apanhar. Aspirar o ar facilita essa tarefa, pois sugamos todos esses pedaços directamente para a nave. Mas existem também aqui uma série de mecânicas de física que temos de ter em consideração, pois temos também blocos que podem estar soltos e começam a vagear pela área de jogo. Ao sugar ar, iremos também atrair esses blocos que, caso entrem em contacto com a nave, causam-nos dano e retiram-nos do jogo por breves momentos, o que pode ser o suficiente para deixar escapar o nosso projéctil. À medida que vamos avançando no jogo vão surgindo também outros blocos especiais, alguns que também sugam ou sopram ar, outros causam explosões, outros que são autênticos foguetes após serem tocados pela primeira vez, entre outros. Todos estes diferentes blocos vão causando diferentes dinâmicas que teremos de ter em conta!

Ocasionalmente teremos também alguns bosses para combater, que tipicamente têm diferentes padrões de ataque e estratégias que teremos de ter em conta

Os fragmentos que vamos coleccionando vão preenchendo uma barra de energia que, uma vez completa, permite-nos activar o shard storm, ou seja, durante alguns segundos activamos uma poderosa metralhadora capaz de desfazer (quase) tudo o que toca muito rapidamente! Por outro lado também poderemos activar temporariamente um escudo, cujo vai consumindo alguma dessa barra de energia enquanto estiver activo. Esse escudo é muito útil para deflectir alguns blocos que se estejam a aproximar da nossa nave e evitar sofrer dano que, tal como referi acima, nos deixa fora de controlo durante breves momentos. Contem também com alguns power ups, desde multiplicadores de pontos, vidas extra, ou outros que podem tornar a bola mais forte, atravessando todos os blocos que destrói, fazendo apenas ricochete nas paredes, ou mais leve e por conseguinte mais susceptível às correntes de ar. Por fim, para além do modo história, que nos leva ao longo de 10 mundos com 8 níveis cada (incluindo bosses!) vamos também desbloqueando diversos outros modos de jogo como o endless e time attack, que poderão também ser jogados em co-op. Ou o boss rush mode onde naturalmente iremos apenas enfrentar os bosses sequencialmente. Eu acabei por ficar-me apenas pelo modo história, que foi jogado em pequenas doses de cada vez.

A disposição dos blocos que teremos de destruir irá ter algumas formas bizarras e com regras de física especiais, como a rotação e gravidade e as mecânicas das correntes de ar.

A nível audiovisual este é um jogo muito agradável. Todas as arenas possuem cores fortes, com visuais sci fi e futuristas e tudo isto é acompanhado por uma excelente banda sonora de música principalmente electrónica, mas que condiz perfeitamente com a acção! Portanto estamos aqui perante um jogo que, apesar de algo curto, é capaz de providenciar vários momentos de pura diversão. As mecânicas de jogo que adicionaram à forma clássica dos Breakout/Arkanoid acabaram por ser muito bem conseguidas e a jogabilidade fluída, aliadas a uns visuais interessantes e uma excelente banda sonora, tornam este Shatter numa óptima forma de passar o tempo!

Phoenix Wright: Ace Attorney Trilogy (Sony Playstation 4)

A série Ace Attorney sempre despertou o meu interesse, pois para além de ter aquela componente de investigação criminal típica de aventuras gráficas, possui toda a dinâmica dos tribunais e das trocas de acusações entre advogados e testemunhas. Para além disso, possui um bom sentido de humor, com personagens carismáticas e casos cada vez mais mirabolantes. Esta compilação traz os primeiros 3 jogos da série Ace Attorney que fecham assim a sua primeira trilogia com o advogado de defesa Phoenix Wright como o principal protagonista. Esta foi uma compilação que tem vindo a ser lançada desde 2012 em sistemas mobile, tendo sido também relançada em várias outras plataformas ao longo dos anos como a Nintendo 3DS, Playstation 4, PC ou Switch. Infelizmente os lançamentos físicos dessa compilação têm-se ficado por solo japonês ou asiático, pelo que acabei por optar por comprar a versão Japonesa PS4. Qual a razão? Ao instalar os jogos na consola, ficam disponíveis em inglês, claro! O meu exemplar foi comprado algures no mês passado de Setembro numa loja online por cerca de 45€ se bem me recordo.

Jogo com caixa e folheto informativo, na sua versão japonesa

Os jogos da série Ace Attorney são um misto entre aventura gráfica e visual novel, onde encarnamos no papel de um advogado e, pelo menos em todos os Ace Attorney que joguei até agora têm sido advogados de defesa, onde teremos de provar a inocência do nosso cliente em vários casos de homicídio. Cada caso está dividido tipicamente em 2 partes, a de investigação, onde vamos explorar vários cenários (incluindo o do crime) e falar com diversas pessoas, em busca de procurar pistas que nos levem à verdade e ilibar o nosso cliente das suas acusações de homicídio. Uma vez recolhidas todas as evidências, o jogo transita automaticamente para o julgamento onde teremos de estar atentos aos testemunhos que vão sendo prestandos e desmascarar todas as suas contradições. Nessas revisões de testemunho poderemos, a qualquer momento, interromper a testemunha para lhe pedir mais detalhes acerca do que estaria a dizer no momento ou poderemos contrapor a sua afirmação, seleccionando uma das pistas recolhidas anteriormente. Por exemplo, a testemunha pode dizer que o crime foi cometido às 7 da tarde, quando no relatório da autópsia diz que a vítima morreu a uma hora completamente diferente. Nessa altura podemos levantar uma objecção e apresentar o relatório da autópsia como prova, o que irá descredibilizar um pouco a testemunha e obrigá-la a rever o seu depoimento, aproximando-se cada vez mais da verdade.

Os segmentos de investigação servem para entrevistar potenciais testemunhas e recolher provas ou pistas úteis para os julgamentos

No entanto, apesar de termos esta liberdade de ir pressionando e contrapondo as testemunhas, temos de ter algum cuidado e tomar apenas a acção certa no timing certo. Se interrompermos demasiadamente a testemunha ou apresentar provas erradas para a contraposição, poderemos sofrer penalizações que, no limite, nos podem fazer perder o caso e o nosso cliente ser condenado à morte por homicídio. É então necessário estar muito atentos ao que vai sendo dito pelas testemunhas e tomar acções apenas nos momentos certos. De resto, os casos vão começando de forma bastante simples e, à medida que vamos avançando cada jogo, vão se tornando cada vez mais complexos, obrigando por vezes aos julgamentos extenderem-se por até 3 sessões, sempre intercaladas com segmentos de investigação.

As personagens com as quais nos vamos cruzando vão sendo bastante carismáticas

Ora não me vou alongar sobre o primeiro Phoenix Wright Ace Attorney visto que já cá o abordei no passado na sua versão da Nintendo DS. Essa conversão para a DS tinha trazido um capítulo adicional face ao lançamento original de GBA e esse era um capítulo onde foram introduzidas algumas mecânicas de jogo que tiravam maior partido das características da Nintendo DS, nomeadamente análise forense e a possibilidade de observar em 3D alguns dos objectos recolhidos como pistas/provas. Isto obrigava mesmo ao uso do touch screen e até do microfone, pelo que não estava certo se esse caso adicional estaria incluído nesta compilação, mas felizmente que o incluiram! Em relação ao segundo e terceiro jogo, nenhum teve capítulos adicionais aquando das suas conversões para a Nintendo DS, pelo que também não temos aqui nenhum conteúdo adicional. Mas no entanto essas duas sequelas já tinham adicionado algumas novas mecânicas de jogo perante o original, nomeadamente as interrogações que podemos fazer a certas personagens durante as fases de investigação. No segundo e terceiro jogo Phoenix Wright terá então a possibilidade de, enquanto dialogar com as personagens, de se aperceber que estas lhe estão a esconder qualquer coisa, com um ou mais cadeados a surgirem no ecrã em sua volta. Nessa altura, poderemos tentar interrogá-los e, tal como nos julgamentos, apresentar provas que mostrem que as personagens nos estão a esconder qualquer coisa.

Nesta compilação os assets foram redesenhados em alta definição, mas não esperem por grandes mudanças no som

A nível audiovisual, confesso que estava à espera que neste remaster a Capcom se tivesse esforçado um pouco mais. Os maiores melhoramentos vão para os visuais que são apresentados agora com cenários e retratos das personagens com maior detalhe e resolução. De resto, particularmente a nível de música e efeitos sonoros, não há grande coisa a mudar, infelizmente. Estava a contar que houvesse algum voice acting, quanto mais não fosse apenas em Japonês, mas infelizmente não é o caso. Então, no lugar do voice acting vamos estar constantemente a ouvir os mesmos ruídos enquanto as letras vão sendo escritas no ecrã sendo que, quando são pessoas a falar de forma mais efusiva, ouvimos outros efeitos sonoros tipo de pancadas e coisas a baterem umas nas outras, o que é um pouco estranho.

Portanto, mesmo o facto de ser uma compilação algo modesta no que toca ao processo de “remastering“, não deixa de ser uma compilação bem sólida. A série Ace Attorney é muito divertida e repleta de personagens bem carismáticas. As histórias vão sendo cada vez mais mirabolantes e é muito recompensador nós irmos desmascarando as testemunhas em tribunal e ir encontrando o verdadeiro culpado por detrás de cada homicídio. Esta colectânea é também uma opção ligeiramente mais barata de ter os primeiros 3 Ace Attorneys, numa altura em que os lançamentos em inglês da Nintendo DS estão cada vez mais caros.

Konami Krazy Racers (Nintendo Gameboy Advance)

Vamos continuar pelas rapidinhas, agora com um clone do Super Mario Kart na Gameboy Advance, nomeadamente este Konami Krazy Racers que foi um título de lançamento desta portátil em todos os territórios. Lembro-me bem de ter lido algumas reviews a este jogo na altura! O meu exemplar foi comprado numa feira de velharias algures no mês passado de Outubro por 1€.

Cartucho solto

Ora tal como referi acima este é um clone do Super Mario Kart, mas em vez de termos as tradicionais personagens do mushroom kingdom, temos antes umas quantas personagens do universo da Konami, desde o Goemon, uma das estátuas das ilhas de Páscoa (típicas da série Gradius), o Dracula de Castlevania, o polvo vermelho de Parodius, entre outras. E este é um kart racer com controlos simples, com os botões faciais a servirem para acelerar e travar, ou os de cabeceira para saltar ou usar itens. Sim, porque sendo este um clone de Super Mario Kart, esperem por apanhar uma grande variedade de itens, power ups e armas que podem ser usadas nas corridas. Estes podem ser mísseis, bombas deixadas nas traseiras, raios eléctricos que atingem todos os oponentes em simultâneo, etc. Para além dos power ups poderemos também encontrar algumas moedas espalhadas pelos circuitos, moedas essas que podem ser posteriormente usadas numa loja para comprar alguns destes itens. A vantagem de comprar (e activar) alguns itens da loja, quando os apanharmos nalguma corrida, poderemos usá-los mais que uma única vez. Portanto esperem por corridas caóticas, não só pela agressividade de todos os power ups a serem usados, mas também porque as pistas vão tendo alguns obstáculos como buracos ou outros empecilhos como bolas de fogo a surgirem do nada.

O ecrã de selecção de personagens é engraçado, mas preferia que dessem os detalhes das características do kart de cada um

No que diz respeito aos modos de jogo temos aqui uns quantos. O modo free run serve para fazer umas corridas rápidas, ideais para practicar. O mesmo poderá ser dito do time attack, onde o objectivo é competir unicamente contra o relógio e tentar o melhor tempo possível. O principal modo de jogo single player é o Krazy GP onde, tal como no Mario Kart, vamos poder competir em diferentes campeonatos, de ordem de dificuldade crescente e cada um dos campeonatos tem 4 corridas diferentes. O objectivo é o de terminar cada campeonato em primeiro lugar e para isso temos também de terminar cada corrida pelo menos em terceiro lugar. Se chegarmos ao fim do campeonato em primeiro lugar, desbloqueamos o “teste de condução” que nos dará a possibilidade de competir nos campeonatos seguintes, que usam karts mais poderosos. Estes testes de condução são um conjunto de provas, desde um time attack onde teremos de terminar uma corrida abaixo de um determinado tempo, corridas contra um rival, ou uma corrida adicional normal, contra 7 oponentes. É um jogo surpreendentemente exigente, onde para venmcer teremos mesmo de memorizar cada circuito, fazer bem as curvas mais apertadas, evitar obstáculos e aproveitar bem os turbos e eventuais atalhos. E claro, temos também de ter uma pontinha de sorte devido aos power ups, é que os nossos oponentes não têm problemas em usá-los contra nós!

Como seria de esperar, o que não faltam são armas e power ups para semear o caos!

No que diz respeito aos audiovisuais, este até que é um jogo bastante colorido e bem detalhado. Todas as personagens e pistas têm um aspecto mais cartoonesco, até o drácula ou ninja do Metal Gear Solid, o que se adequa perfeitamente à atmosfera mais festiva que o jogo tenta passar. Os circuitos decorrem em cenários variados, desde praias, zonas geladas, outras repletas de lava e até umas quantas pistas que piscam mais que um olho à Rainbow Road dos Mario Kart! As pistas são representadas num efeito semelhante ao do Mode 7, mas ao contrário deste na SNES, os circuitos não são apenas planos achatados gigantes, também vamos ter algumas sprites que ajudam a dar-lhes alguma vida. As músicas são também bastante agradáveis, a começar pela música título que é extremamente viciante e é cantada, com voice samples bastante nítidas. As outras músicas são igualmente boas e como seria de esperar vamos também ouvir alguns remixes de músicas retiradas de certos jogos da Konami como a Beginning do Castlevania III, Antarctic Adventure, Parodius, entre muitos outros.

Portanto devo dizer que este Konami Krazy Racers até que é um jogo de karts bem divertido e desafiante, pelo que se forem fãs do estilo recomendo que o experimentem. O facto de ser igualmente uma homenagem às personagens introduzidas pela Konami ao fim de todos aqueles anos, também é um factor muito positivo. Ainda assim, se calhar trocava uma ou outra personagem pelo Sparkster, que a meu ver é uma ausência de peso neste elenco.