Cobra Command (Sega Mega CD)

Voltando às rapidinhas, vamos agora visitar a Mega CD para mais um jogo baseado em full motion video, tal como o Road Avenger que já cá trouxe. Aliás, tal como Road Avenger, este Cobra Command é também uma conversão de um jogo arcade bem mais antigo, da década de 80, tendo sido produzido para arcades baseadas na tecnologia Laserdisc, uma espécie de concorrente ao CD que acabou por prevalecer na indústria. Este meu exemplar é o que vem em conjunto com o Sol-Feace, que mais tarde também conto escrever para aqui um artigo.

Jogo com caixa e manual

Neste Cobra Command nós estamos ao “volante” de um helicóptero militar, com o propósito de combater uma poderosa organização militar que ameaça todo o mundo livre. Começamos precisamente nas ruas de Nova Iorque a combater todos os inimigos que nos surjam à frente, sejam outros helicópteros, tanques, navios, baterias antiaéreas, etc. Basicamente temos de estar atentos ao que nos dizem e às pistas visuais para abater os inimigos que nos aparecem à frente. Ao longo de todo o jogo temos uma mira que pode ser usada para apontar e atingir os inimigos antes que estes disparem sobre nós (caso contrário lá se vai uma vida), mas muitas vezes também temos de nos desviar de alguns obstáculos, usando para isso o próprio D-Pad e pressioná-lo nas direcções o mais rápido possível. É, portanto, um gigante quick-time event com alguns elementos de light gun shooter, sendo que temos de usar o comando para apontar e disparar. Por norma dispomos de 3 vidas e caso falhemos algum alvo, ou não nos desviamos a tempo, temos direito a uma simpática cutscene do nosso helicóptero a explodir e lá se vai uma vida. Portanto, acaba  por ser um daqueles jogos onde reflexos rápidos e alguma memorização ajudam bastante.

Mais que um quick time event gigante, também temos um cursor para apontar e disparar para os inimigos

Infelizmente, tal como o Road Avenger, a qualidade do vídeo não é grande coisa, fruto das limitações da própria Mega CD, com cores mais esbatidas e uma resolução menor. De resto, nada contra as músicas que são maioritariamente rock em qualidade CD-Audio e para o comandante que nos vai dando indicações bem claras, indicações essas que são também chave para progredirmos no jogo, pois quando nos diz que temos de virar para uma certa direcção, é bom que o façamos logo.

Portanto, este é um jogo que infelizmente não envelheceu nada bem. Mas ao contrário de outros jogos da Mega CD baseados em full motion video, este é daqueles que temos de o olhar para lentes ainda bem mais antigas, visto ser um jogo original de 1984, para arcades baseadas em laserdisc, tal como o Dragon’s Lair. E nessa altura, ver um jogo com “gráficos” de qualidade de desenhos animados era sem dúvida algo impressionante!

Blackhawk (Super Nintendo)

Blackhawk, conhecido lá fora por Blackthorne, é um dos primeiros videojogos produzidos pela Blizzard, os mesmos que criaram Warcraft, Diablo ou Starcraft, sendo este um jogo de acção / plataformas, que pessoalmente sempre me fez lembrar o prince of Persia, embora mais longo e com armas de fogo em vez de espadas. Mas já lá vamos. O meu exemplar veio algures no mês de Janeiro deste ano, após ter sido comprado numa loja no Reino Unido por 3 libras.

Apenas cartucho

O jogo leva-nos ao mundo de Tuul, onde o povo de Androth estava a ser invadido pelos monstros liderados por Sarlac. Com o castelo de Androth prestes a cair perante a invasão, o rei lá do sítio, com a ajuda do seu feiticeiro, consegue transportar o seu filho bébé (Kyle) para o planeta Terra, de forma a que cresça em segurança. 20 anos depois, com Kyle já adulto, somos transportados de volta para o planeta Tuul, onde iremos combater as forças de Sarlac e recuperar o reino de Androth.

O facto de comparar este jogo ao Prince of Persia não é assim tão descabido de todo, pois as animações de Kyle foram capturadas da mesma forma que as do Prince e na verdade muitos dos movimentos que podemos fazer, como andar devagar , correr para saltar precipícios, ou subir/descer plataformas são muito semelhantes. Mesmo alguns dos puzzles são parecidos, pois em alguns sítios temos de pressionar botões no solo para abrir algumas portas longínquas e temporizadas. Mas enquanto Prince possuia combates de espada e pouco mais, aqui os combates usam armas de fogo e temos também uma série de itens (para além de poções que nos regeneram a vida) que podemos apanhar para resolver alguns puzzles. Coisas básicas como chaves que nos abrem portas ou extendem pontes, plataformas elevatórias, ou então diversos tipos de bombas diferentes que tanto nos podem ajudar a derrotar alguns inimigos mais poderosos, como para destruir algumas máquinas de difícil acesso, como é o caso das “vespas” que são na verdade bombas controladas remotamente.

Nos combates podemos alternar entre estar no plano de fundo em segurança ou descoberto para atacar. O problema é que os inimigos fazem o mesmo, deixando os combates algo morosos.

Os combates são então outro dos pontos fortes do jogo. Kyle está munido de uma caçadeira, que à medida que vamos progredindo no jogo vai ficando cada vez mais poderosa (e os inimigos que temos de enfrentar também). Agora, tal como nos filmes, tanto nós quanto os inimigos tem a capacidade de se expor quando disparam, e encostar-se à parede para não levarem com tiros. Portanto cada duelo vai ser travado desta forma, com toda a gente encostada à parede, os monstros expõem-se para disparar e na fração de segundos em que páram de disparar, mas ainda estão expostos, é quando temos nós de sair da nossa guarda e disparar. É um conceito interessante, mas confesso que, ao fim de dezenas de combates, todos eles travados desta forma, acaba por cansar um pouco.

Apesar de ter gostado bastante desta cutscene inicial, deu-me a entender que este seria um jogo mais cinemático do que realmente o é.

Depois os níveis são bastante grandes, obrigam-nos a uma exploração muito cuidada e memorizar caminhos para conseguirmos resolver alguns dos seus puzzles. Mas não deixam de ter uma atmosfera muito cinematográfica (como o Flashback, por exemplo), que sempre achei interessante. Vamos explorar minas, florestas, desertos e o castelo de Sarlac, pelo que os visuais vão sendo sempre algo distintos entre cada zona, mas como os níveis acabam por ser bem grandinhos, o que conjugado com todos estes combates lentos, acabam por tornar o jogo um pouco repetitivo e para ir jogando por etapas – felizmente temos passwords no final de cada nível. Por outro lado as músicas também são algo variadas, introduzindo aqui e ali algumas guitarras eléctricas, mas sempre numa toada algo contida e repetitiva. Ou seja, música um pouco ambiental, mas que sinceramente não se adequa muito aos níveis que vamos explorando.

Portanto este Blackhawk, ou Blackthorne se preferirem, acaba por ser um interessante jogo de acção, mas ainda longe do brilhantismo que a Blizzard mais tarde nos veio a habituar. Possui alguns conceitos interessantes e na verdade o jogo é bastante sólido e agradável, mas acaba por se tornar muito repetitivo pelos seus combates pausados e níveis grandes, labirínticos e cheios de segredos a descobrir.

Road Rash (Sega Mega Drive)

Escrever sobre o Road Rash original da Mega Drive, depois de já ter escrito sobre as suas sequelas directas (RR2 e RR3), a surpeendentemente competente conversão da Master System, ou mesmo o seu remake para a Sega Saturn, não sei mesmo o que mais dizer aqui, pelo que esperem por mais um artigo curto. O meu exemplar foi comprado a um amigo no mês passado, tendo-me custado algo entre os 5 e os 10€.

Jogo com caixa

Como já todos sabem, o propósito do Road Rash é participar em corridas ilegais de motos, sendo que neste primeiro jogo iremos percorrer várias estradas nacionais ao longo do estado da California. Começamos por competir com uma moto modesta, ao longo de percursos relativamente curtos, sendo que se terminarmos a corrida nos primeiros lugares podemos avançar para a corrida seguinte. Mediante o lugar onde terminamos cada corrida ganhamos mais ou menos dinheiro que pode posteriormente ser usado para comprar motos mais potentes, algo que teremos mesmo que fazer pois a dificuldade (e distância) vai aumentando progressivamente.

O dinheiro que ganhamos nas corridas pode depois ser usado para comprar novas motos

E claro, sendo este um jogo de corridas de motos ilegais, é aceite que possamos bater nos nossos oponentes. Inicialmente podemos apenas dar socos e pontapés, mas com alguma habilidade poderemos roubar armas dos outros motociclistas, como bastões de baseball ou correntes metálicas. Cada personagem possui uma barra de vida (incluindo nós) pelo que se os conseguirmos derrotar faz com que caiam da moto, causando também dano na moto (algo que também temos de ter em conta nós próprios). Acidentes fazem com que sejamos disparados da nossa moto, tendo depois de andar a pé até ao local onde a moto ficou. Tendo em conta que também vamos ver motos da polícia pelo caminho (que não se inibem de nos dar pancada), cair da moto enquanto somos perseguidos pela polícia geralmente acaba em sermos presos. O dinheiro que vamos amealhando, para além de comprar novas motos, serve também para reparar a nossa moto ou pagar as multas/fianças de cada vez que somos apanhados pela polícia.

Se cairmos da moto, só nos resta ir a pé atrás dela.

De resto, a nível técnico, sempre gostei da apresentação do jogo, seja pelas interacções que vamos tendo com os outros oponentes entre cada corrida, ou as pequenas (e geralmente cómicas) cutscenes que vemos no final de cada corrida. Durante as corridas em si, os cenários são minimamente bem detalhados, dentro do habitual nos jogos de corrida da Mega Drive. Temos é várias colinas, pelo que a estrada vai subindo e descendo de maneira suave. Na parte inferior do ecrã temos também a vista traseira dos dois espelhos retrovisores da moto, algo muito útil para percebermos se algum oponente nos está a tentar ultrapassar. As músicas têm também uma toada mais rock, o que se adequa bem ao conceito do jogo e também me agrada particularmente.

Portanto estamos aqui perante mais um clássico da era 16bit, um clássico que deixa uma certa saudade, já era tempo da Electronic Arts revisitar esta franchise.

 

Strider (Sega Mega Drive)

Já cá abordei a conversão do Strider para a Master System, pelo que dessa forma este artigo não será muito extenso. O projecto Strider é possivelmente o mais ambicioso da Capcom da década de 80, pois investiram imenso em criar um universo alternativo onde temos os Striders, ninjas high-tech que lutam contra o regime de um tirano, o feiticeiro Meio. Para além do jogo arcade cuja conversão para a Mega Drive trago cá hoje, produziram também uma manga e um outro jogo para a NES que nada tem a ver com o arcade., tudo isto no espaço de 2, 3 anos. O meu exemplar veio no mês passado, foi comprado a um particular no Reino Unido, ficou-me em algo à volta dos 15€.

Jogo com caixa e manual

Bom, a Master System foi uma consola que não fez assim tanto sucesso quanto isso durante a década de 80 (excepto em solo europeu e brasileiro), pelo que nos primeiros tempos da Mega Drive, era a própria Sega que adquiria licenças de outros jogos famosos da época e convertia (ou subcontratava) os mesmos para as suas consolas. O caso da Capcom é um dos mais notórios, pois tanto Forgotten Worlds, Ghouls and Ghosts e este Strider tiveram as suas conversões para a Mega Drive directamente pelas mãos da Sega.

Hiryu é um ninja muito acrobático, a jogabilidade é óptima!

Este é um jogo de acção/plataformas 2D, mas onde Hiryu (o protagonista) é um ninja bastante ágil e acrobático e isso traduz-se na jogabilidade. É comum darmos saltos acrobáticos entre plataformas, ou dependurarmo-nos nas mesmas e para atacar os inimigos temos uma espada com um alcance considerável. Inimigos esses que vão surgindo um pouco por todos os lados, pelo que felizmente temos uma barra de vida que nos deixa levar com alguns golpes antes de perdermos uma vida. Felizmente também por vezes podemos encontrar alguns power ups que nos restabeleçam a nossa barra de energia, ou então alguns robots diferentes que nos ajudam a atacar os inimigos.

Graficamente falando é uma versão competente e que não fica muito a perder face ao original arcade

Os níveis em si são bastante interessantes e tipicamente culminam no confronto contra um boss. Logo o primeiro nível é sem dúvida o mais memorável, pois aterramos nos telhados do que parece ser uma espécie de Kremlin, culminando com a nossa invasão a um parlamento/senado, onde os seus membros saltam dos seus assentos e se juntam para formar uma espécie de centopeia robótica! Depois nos níveis seguintes avançamos para os céus, acabando por nos infiltrar uma fortaleza voadora gigante, onde podemos inclusivamente brincar um pouco com as leis da gravidade, ao inverter a mesma, ou mesmo no confronto contra o boss desse nível, onde podemos inclusivamente orbitar à volta do mesmo, enquanto o atacamos. É sem dúvida um jogo muito imaginativo e original para a época.

Entre cada nível vamos tendo pequenas cutscenes que vão contando o que se passa à nossa volta.

A nível técnico, esta conversão é muito mais próxima do original arcade do que a pobre Master System alguma vez poderia almejar. No entanto, alguns sacrifícios foram feitos a nível de detalhe das sprites, dos níveis e por vezes notamos algum slowdown na jogabilidade. Ainda assim, não está de todo longe da versão arcade e para 1990 esta versão parecia-me ser a melhor fora do arcade. Sobre as músicas, confesso que nunca fui um grande fã desta banda sonora, no entanto temos uma ou outra música que possuem melodias algo sinistras e que até nem desgostei.

Portanto este Strider é para mim um grande clássico e esta versão Mega Drive, apesar de hoje em dia estar desactualizada visto que existem várias conversões fieis do original arcade em diversas compilações, não deixa de ser uma óptima conversão para a época. É um jogo que demorou bastante a entrar na minha colecção, pois por algum motivo achava que já o tinha. Mas ainda bem que o fiz!

Pit-Fighter (Sega Mega Drive)

Continuando pelas rapidinhas para a Mega Drive, o jogo que cá trago hoje é mais um publicado pela Tengen, o braço da Atari Games (que inicialmente se focava apenas no ramo das arcades) para publicar os seus títulos em consolas. O jogo que cá trago hoje é o Pit-Fighter, um clássico de arcade pré-Street Fighter II, já com personagens e arenas digitalizadas, práctica que veio mais tarde a ser bem mais popular com o Mortal Kombat. O meu exemplar foi comprado no mês passado a um particular por 5€.

Jogo com caixa e manual

Neste jogo podemos escolher um de três lutadores disponíveis, para participar numa série de combates, aparentemente ilegais. Temos o Bill Chase, um antigo wrestler profissional, Marc Williams, um campeão de kickboxing e Glenn Fraticelli, um cinturão negro, mas que não especificam a sua arte marcial. Escolhendo o lutador, visto que cada um possui diferentes atributos físicos (por exemplo o Bill é o mais forte, mas também mais lento), somos largados numa série de combates violentos contra outros oponentes, estes que já seguem uma ordem fixa. Para além disso, a cada 2 ou 3 combates vamos tendo também alguns combates bónus, os Grudge matches. Estes colocam-nos a combater contra um clone do nosso lutador onde o objectivo é atirá-lo ao chão 3 vezes. Se perdermos esse combate bónus, nada acontece, no entanto se o vencermos ganhamos mais dinheiro, que se traduz em mais pontos.

A versão Mega Drive não é graficamente impressionante com o original arcade foi em 1990, mas não está má de todo.

A jogabilidade é simples no papel com um botão para dar socos (ou apanhar itens), outro para pontapés e um outro para saltar. Ao usar combinações dos vários botões podemos dar pontapés aéreos, defender, ou agarrar os oponentes. Ao pressionar os 3 botões faciais em simultâneo, despoletamos um golpe especial. Tanto o jogador como os oponentes possuem uma barra de vida e o objectivo é reduzir a barra de vida dos adversários a nada, se bem que tipicamente os adversários possuem uma barra de vida maior. A jogabilidade faz no entanto lembrar a de beat ‘em ups como Streets of Rage, pois a arena é um plano em pseudo 3D onde podemos (e devemos) movimentarmo-nos livremente pela mesma. Nos combates em si vale tudo, pois muitas vezes temos objectos como facas, barris, ou mesmo bancos espalhados pela arena e que podem ser usados como arma, tanto por nós, como pelos oponentes. Ocasionalmente também temos alguns membros da plateia que se tentam intrometer e dificultar-nos a vida também. Mas no fim de contas, a nível de jogabilidade este jogo ainda está muito longe do que Street Fighter II viria a introduzir. É verdade que cada personagem possui diferentes ataques especiais, mas no fundo este é um button masher. O original arcade deixava-nos jogar com até 3 jogadores em simultâneo, mas este só deixa jogar com 2. No entanto, com 2 jogadores acabamos por ter de defrontar sempre mais oponentes em cada combate.

Ocasionalmente temos algumas rondas bónus que nos dão mais pontos se conseguirmos derrotar o nosso clone

A nível técnico é uma conversão com muitos sacrifícios face ao original. As sprites não estão de todo tão bem detalhadas, assim como as suas animações poderiam ser mais fluídas. O original arcade tem umas mecânicas de zoom (algo parecidas com o Art of Fighting) que não existem aqui, onde temos sempre quase toda a arena visível. As arenas em si são armazéns, bares, garagens e afins, sempre rodeados de gente a assistir aos combates. Mas o púlbico, por norma, está muito mal caracterizado, quase sempre a preto e branco (embora também seja assim na versão arcade), e com muito menos detalhe. As músicas sinceramente não as acho nada de especial. Por um lado têm uma toada rock que me agrada, por outro confesso que as melodias não são nada de especial e a versão Mega Drive não ganhou em nada. As vozes, infelizmente também têm muito má qualidade nesta conversão. Mas para mim não é o mais importante, de longe.

Portanto este Pit Fighter é daqueles jogos que para mim é um pouco difícil de classificar. Quando era mais novo joguei-o e não achei piada nenhuma. No entanto, hoje em dia, olhando para as coisas de outra forma, continuo a achar tecnicamente um jogo mauzinho, mas por outro lado é tão cheesy, que até se torna bom. E o multiplayer até se torna divertido!