Numa altura repleta de Call of Duty, Medal of Honor e outros FPS com a temática da 2ª Guerra Mundial, uma nova série para ter sucesso tem de se desmarcar das restantes. Foi o que aconteceu com Brothers In Arms, onde se dá muito mais enfase ao realismo, precisão histórica e acima de tudo, ao companheirismo de um grupo de soldados. A minha cópia foi comprada na loja portuense TVGames, tendo-me custado algo em torno dos 5€. Está em óptimo estado e o jogo vem com um mapa das missões que teremos de enfrentar.

Brothers in Arms é um jogo baseado em factos reais. Bem mais que qualquer outro FPS sobre a WW2 lançado até à data. Os locais foram recreados o melhor possível, as missões também. A gearbox empenhou-se bastante neste campo, e de acordo com os vários extras que vão sendo desloqueados podemos ver fotos, mapas da época, e documentos oficiais que relatam as várias missões que vamos poder jogar. Para além desta contextualização histórica, em Brothers in Arms (tal como a série de TV Band of Brothers) dá-se um grande destaque ao grupo de soldados que nos acompanham. A história deste Road to Hill 30 segue o dia-a-dia de um regimento de paraquedistas norte-americanos, desde o dia D, invasão de forças aliadas nas praias da Normandia, até à captura e segurança da Hill 30, perto da cidade de Carentan, 8 dias depois.
A jogabilidade de Brothers in Arms é o outro argumento forte desta série. Nós encarnamos directamente o sargento Matt Baker que, como sargento terá de dar ordens aos elementos do seu esquadrão. Geralmente Baker tem ao dispor 2 equipas diferentes, uma para dar fogo de apoio enquanto que a 2a equipa é geralmente utilizada para flanquear o inimigo e tirar vantagem dessa posição. Por vezes uma das equipas é substituída por um ou mais tanques. Baker pode dar várias ordens diferentes aos grupos de soldados. Obrigá-los a serem proactivos, recuar para procurar abrigo, obrigar a dar tiro de apoio ou a atacar “à Rambo” um grupo de soldados inimigos. Mesmo num nível de dificuldade baixa, atacar à rambo sem ter alguma vantagem posicional nunca é boa ideia e 2 ou 3 tiros são o suficiente para matar qualquer um dos elementos do esquadrão ou o próprio jogador, dando mais algum realismo à experiência. O realismo não se fica por aí, a própria hit detection das balas é propositadamente errática, e mesmo a acção de mirar pela arma não é nada estável, o que até pode acabar por frustrar um pouco (principalmente nas sniper rifles). As próprias armas estão muito bem caracterizadas, conseguindo-se de facto diferenciar a performance das diferentes armas, quer americanas quer alemãs. De resto, enquanto todas as ideias de planeamento estratégico foram boas, a própria IA dos elementos do esquadrão não é a melhor. Muitas vezes eles não perceberam as minhas ordens de se deslocarem para um certo sítio e acabaram mortos. Outras vezes ficavam presos contra uma rocha e não sabiam dar a volta, etc. O facto de os elementos do esquadrão morrerem não serve de muito, no final da missão eles voltam à vida (excepto os que de acordo com a história do jogo morrem mesmo).

Graficamente o jogo até que é bonitinho para a PS2. Datado de 2005 já possuia um efeito “gloom” sobre a iluminação (coisa que foi usada até à exaustão nos primeiros jogos de X360 e PS3), e os próprios modelos das armas, soldados, e meio ambiente em geral são agradáveis. Mas se formos comparar este jogo com a versão PC ou Xbox então digo-vos que não tem nada a ver. Para além do jogo ser bem mais bonito, os próprios mapas estão mais completos e detalhados, acabando por ser uma experiência melhor. Passando para o som, bem aqui é algo muito bem conseguido na minha opinião, preciamente por o jogo passar um espírito bem maior de camaradagem do que qualquer outro até então. Enquanto as cut-scenes de introdução ao nível em questão são bastante introspectivas, no decorrer do próprio jogo sentimos que realmente temos o apoio dos “colegas”. Eles avisam quando descobrem alemães, respondem às ordens, quando nos armamos em Rambo é habitual ouvir “Baker! Go back!”, entre várias outras falas. Neste ponto acho que o jogo é realmente imersivo. Num total, apesar de ser um jogo com um passo mais moderado comparando a outros jogos do género como Medal of Honor ou Call of Duty, toda esta imersão do jogador no contexto, bem como uma jogabilidade mais realista, acabam por tornar a experiência mais gratificante. A última missão foi aterradora.
Passando para o multiplayer, confesso que não lhe prestei muita atenção, mas é algo mais “mission based“. Seja destruir uma ponte, levar um objecto do ponto x ao ponto y, o jogo passa por ser entre 2 ou 4 jogadores. Cada jogador tem um pequeno esquadrão para comandar como no jogo single player, pelo que acaba por ser algo mais original que um simples deathmatch. O multiplayer local está limitado a 2 jogadores em splitscreen (o que acaba por estragar um pouco o efeito surpresa), mas o modo online suportaria os tais 2 ou 4 jogadores mais respectivos esquadrões. Não sei como será no PC ou Xbox, mas os servidores da PS2 estão encerrados, portanto não tenho muito a dizer.

Apesar de ter tido várias frustrações com a mecânica de jogo inicialmente, posso dizer que fiquei agradado com este jogo. Ainda continuo a preferir o gameplay mais directo dos jogos da concorrência, mas esta interacção com o “grupo” é de facto uma mais-valia. Eu estou aqui a falar bem da versão PS2, mas os vídeos que vi da versão PC não tem comparação, o jogo é bem mais bonito e detalhado. Pelo que li numa ou noutra review, parece-me que a dificuldade e os problemas de AI desta versão PS2 são menores no PC e Xbox, pelo que na minha opinião são as versões definitivas deste jogo. Este Road to Hill 30 e o Earned in Blood sairam em conjunto na Wii, alguns anos mais tarde, mas esqueçam esse port. Para além de não ter o multiplayer, fizeram conversão da versão PS2, o resultado foi pior. Agora com licença que vou dar uns tiros no Earned in Blood.
















