Sega Classics Collection (Sony Playstation 2)

No passado já cá cheguei a falar um pouco da colecção Sega Ages 2500, uma série lançamentos budget, que inicialmente nasceram de uma parceria entre a Sega e a D3 Publisher, mas a segunda metade/último terço desses lançamentos já teriam sidos todos tratados pela própria Sega, recorrendo muitas vezes aos magos da M2 para trazer conversões muito fiéis de jogos antigos para a PS2. Os primeiros lançamentos no entanto nem sempre foram muito bem recebidos pois tratavam-se de remakes com gráficos mais modernos (mas ainda algo pobres, lembrem-se que estes jogos sempre tiveram o intuito de serem baratos) e a própria jogabilidade muitas vezes deixava também algo a desejar. Pois bem, a Sega decidiu pegar nalguns desses títulos, colocá-los numa compilação e lançá-la no ocidente, nascendo assim esta Sega Classics Collection. Este artigo será então um conjunto de rapidinhas, onde irei deixar as minhas impressões de cada um dos títulos aqui incluídos. O meu exemplar sinceramente já não consigo precisar quando e onde terá sido comprado, mas foi garantidamente barato.

Jogo com caixa, manual, papelada e um catálogo SEGA da PS2 com uma selecção de jogos francamente fraca.

Seguindo os jogos pela ordem alfabética, até porque é dessa forma que os mesmos estão listados, ficamos então primeiro com o Columns. Sim, infelizmente o Alien Syndrome não está incluído na versão Europeia por algum motivo. Mas pronto, voltado ao Columns, este foi lançado originalmente no Japão como sendo o volume 7 da colecção Sega Ages 2500. Não há muito que enganar aqui, sinceramente, o Columns é um jogo de puzzle super simples (ainda muito recentemente escrevi sobre a sua versão PC Engine), pelo que aqui dispomos de 3 modos de jogo distintos: o Endless, versus CPU (modo história) e um versus para dois jogadores. Nos versus ocasionalmente vamos recebendo algumas peças especiais que, mediante a peça que toca na superfície, podemos fazer com que todas as peças iguais à que é tocada desapareçam da nossa área de jogo, diminuir a área de jogo do inimigo, ou recuperar parte da nossa área de jogo também. Perde quem tiver peças que ultrapassem a área de jogo! A nível audiovisual este Columns por si só já seria um jogo simples mas confesso que não achei que pudesse ser tão genérico como o resultado final. A temática deste Columns é o antigo Egipto, as colunas são modelos em 3D poligonal super básico, as cut-scenes e personagens do modo história são também muito simples e a música não é nada de especial. O modo endless pode ser jogado com os gráficos novos, ou com os do lançamento original de arcade.

Apesar da apresentação do Columns deixar bastante a desejar, não se pode dizer que é um mau jogo

Segue-se então o Fantasy Zone, que até é um lançamento interessante desta compilação. Começando pelos visuais, em vez das sprites temos na mesma um jogo com jogabilidade 2D, mas com polígonos em cel-shading e o efeito final até não fica muito longe das cores vibrantes do lançamento original. As músicas são também similares às do lançamento original e temos na mesma algumas melodias memoráveis. Já a jogabilidade mantém-se também muito similar à do lançamento original e dispomos aqui de vários modos de jogo. O arcade é uma conversão fiel dessa versão, já o modo normal inclui também alguns níveis adicionais, que precisam no entanto de serem desbloqueados no challenge mode. Neste último somos levados a completar vários níveis e amealhar o máximo de dinheiro possível, que pode ser gasto em comprar os tais novos níveis e itens que poderão ser jogados no normal mode. Existe também uma galeria de imagens que poderão ser desbloqueadas ao jogar este modo. Ainda voltando ao normal mode, no final de cada boss temos um pequeno segmento jogado numa perspectiva 3D tipo Space Harrier onde perseguimos o boss e amealhamos mais dinheiro extra. Portanto esta versão do Fantasy Zone até que achei bem conseguida!

Esta versão do Fantasy Zone até que é bastante competente e os gráficos modernos não estragaram nada do charme original

Temos em seguida o Golden Axe, que é um dos títulos mais infelizes desta compilação. Não é de longe o pior jogo que alguma vez joguei, mas mesmo sendo este um lançamento budget, sinto que a SIMS se podia ter esforçado um pouco mais em trazer um jogo mais apresentável, ainda para mais um clássico tão querido dos fãs da Sega! O modo arcade é uma réplica do modo arcade original, embora os níveis sejam por vezes mais longos e ocasionalmente com alguns novos segmentos. Os controlos são simples, com os botões faciais a servirem para saltar, ataques fracos ou fortes ou despoletar as magias, que são distintas mediante o seu nível e a personagem escolhida. A jogabilidade no entanto, apesar de nos permitir causar dano vertical (o que é benvindo) está longe de ser tão fluída como nos lançamentos originais. A inteligência artificial dos inimigos é risível, aconteceu-me várias vezes eles ficarem presos no nada! Outra das novidades aqui introduzida é o facto de, apesar de ocasionalmente termos ladrões que podemos encher de pancada e recuperar comida para nos restaurar a barra de vida ou itens mágicos para nos regenerar a magia, esta última também se vai regenerando automaticamente à medida que distribuímos pancada. De resto, temos também outros modos de jogo adicionais. O versus para 2 jogadores não cheguei a experimentar, mas esse modo basicamente coloca dois jogadores à pancada um com o outro. O Time Attack é um modo de jogo onde, ao longo de vários níveis, teremos de matar um número de inimigos fixo no mínimo de tempo possível e apenas com uma vida. Os inimigos no entanto começam a ser cada vez mais agressivos! O modo Survival, tal como o seu nome indica, tem como objectivo o de matar o maior número de inimigos possível com uma só vida.

Para além dos gráficos não serem grande coisa, o que mata esta versão é mesmo a sua jogabilidade

Já no que diz respeito aos visais, mesmo sendo tudo em 3D, nota-se que poderiam se ter esforçado um pouco mais nos detalhes dos níveis, inimigos e principalmente das personagens principais, assim como as suas animações. Por exemplo, o Gillius parece um anormal a caminhar neste jogo. O que é pena, pois o jogo possui várias pequenas cutscenes entre níveis, mas estas servem apenas para mostrar de perto o quão horríveis são os modelos poligonais das personagens principais. De novidade, os inimigos têm agora uma barra de vida, mas não chega. Por outro lado a banda sonora é excelente, consistindo em versões orquestrais dos temas originais! Ao menos aí acertaram!

Ao menos temos algumas cutscenes originais, o que para mim até é bom. Pena que apenas sirvam para salientar os gráficos que quase poderiam ser de um jogo de PS1.

Segue-se então o Monaco GP. Não, não é uma nova versão do Super Monaco GP, mas sim um remake do Monaco GP lançado originalmente nas arcades em 1979! É jogo que nunca joguei e provavelmente não irei jogar visto que foi lançado ainda num hardware muito primitivo, constituído primariamente por componentes discretos sendo por isso muito difícil de emular. O pouco que conheço do jogo (para além da sua conversão para a SG-1000, foi de o ver em acção nalguns vídeos de youtube por parte de coleccionadores privados que possuam uma máquina funcional. E o que fez a Tamsoft nesta nova versão? Bom de facto adicionaram muito conteúdo, visto que o original era um jogo muito simples com o objectivo único de fazer o máximo de pontos possível num único circuito. E o que temos então aqui? Vamos começar pelo modo arcade, onde poderemos escolher por entre o Classic e o Original, que já inclui novos circuitos e até power ups! Tanto num caso como no outro, o objectivo é o de fazer o máximo de pontos possível para que possamos continuar a jogar. No entanto, qualquer embate (particularmente no classic) faz com que percamos uma vida, enquanto que no original poderemos sofrer mais algum dano até que isso aconteça. No modo original teremos também vários power ups que poderemos apanhar e usar, bem como outros obstáculos na pista para nos desviar ou estrelas para coleccionar, que vão aumentando a nossa velocidade de ponta. Para além desse modo arcade temos também um modo Grand Prix com vários níveis de dificuldade e circuitos. O objectivo de cada “campeonato” é completar 2 voltas num determinado circuito dentro de um tempo limite, sendo que no final de cada campeonato temos também a obrigação de terminar à frente de um carro rival. Para além disso temos ainda um modo time attack onde o objectivo é o de completar duas voltas no mínimo de tempo possível e um modo multiplayer que não experimentei.

Bom, não se pode dizer que não se esmeraram em trazer conteúdo novo deste Monaco GP, mas o resultado é demasiado caótico para mim

No entanto, apesar de terem adicionado muito conteúdo novo, o jogo tem uma jogabilidade bastante caótica, pois os controlos não são de todos os melhores (se quiserem curvar em ângulos de 45 ou 90º teremos de utilizar os botões de cabeceira para esse efeito, por exemplo) e os nossos oponentes são um autêntico desastre. Até porque frequentemente embatem entre eles, causando-nos acidentes em nós também. E o que dizer daquelas ambulâncias que nos ultrapassam por aí a a 400km/h? O sistema de power ups é uma adição interessante, mas com a jogabilidade base a ser francamente má, não acrescentam tanto valor assim. A nível audiovisual é um jogo simples, embora possua uma maior variedade de circuitos que o original de 1979 (também era o mínimo). As músicas são practicamente todas um rock instrumental que me agrada, mas nem todas as músicas são tão boas quanto isso. Em suma, sinceramente, se eu tivesse comprado o lançamento original japonês (Sega Ages 2500 Series Vol. 2: Monaco GP) a full price, provavelmente sentir-me-ia roubado.

Apesar de não ser uma má versão, Outrun na PS2 é muito melhor servido pelo Coast 2 Coast

Segue-se portanto uma conversão do Out Run, essa obra prima de Yu Suzuki que também recebeu um remake budget inteiramente em 3D. E depois do Golden Axe e Monaco GP estava bastante receoso por jogar esta versão, mas na verdade até nem se saíram nada mal. Quem pegou nesta conversão foi novamente a SIMS e aqui dispomos de vários modos de jogo, desde o modo arcade (idêntico ao original a nível de conteúdo), o Arrange (novo conteúdo) e o time attack que nos coloca sozinhos a competir contra o relógio, seja nos circuitos do modo arcade ou arrange. Não me vou alongar no modo original onde, tirando os novos gráficos, tudo se mantém igual. Na verdade até podemos alternar entre a versão arcade internacional e a japonesa, cuja ordem dos “níveis” é diferente, o que achei um apontamento interessante. O modo arrange mantém a mesma jogabilidade do original, onde os botões faciais servem para acelerar ou travar e os L1/R1 para alternar entre as mudanças baixas ou altas. No entanto possui alguns segmentos com cenários inteiramente novos como é o caso de atravessarmos a cidade de Las Vegas repleta de neons. Aqui teremos também a possibilidade de escolhermos caminhos alternativos, embora estes no fim acabem por se afunilarem num único caminho final até à meta. Neste modo arrange teremos também alguns carros rivais que podemos tentar ultrapassar e por cada carro desses que tenhamos ultrapassado recebemos uma boa quantidade de pontos extra assim que atravessarmos a meta.

Se bem que temos alguns modos de jogo e circuitos exclusivos desta versão

Visualmente o jogo não engana ninguém. Nota-se a milhas que estamos perante mais um lançamento low cost, mas na verdade as coisas acabam por resultar bem melhor que noutros títulos que a SIMS trabalhou, como é o caso do Golden Axe acima referido. Alguns dos novos cenários como a cidade de Las Vegas até que estão interessantes. Nada a apontar aos efeitos sonoros, já as músicas estão excelentes, pois estas consistem nas músicas originais e outras versões com novos arranjos musicais mas que acabam também por resultar muito bem. Portanto estamos aqui perante um jogo low cost mas até que acaba por entreter e até agora é de longe o melhor jogo presente nesta compilação. Ainda assim, na PS2 temos também o OutRun 2006 Coast 2 Coast que acaba por ser de longe um jogo muito melhor.

Apesar dos gráficos poligonais fraquinhos, esta versão do Space Harrier nem é tão má de todo

Aqui temos também uma adaptação do Space Harrier, mais um clássico do Yu Suzuki, mas adaptado uma vez mais pela Tamsoft. Para além dos visuais que são agora em 3D verdadeiro ( embora uma vez mais com pouco detalhe), a Tamsoft incluiu também algumas novidades na jogabilidade. Para além da nossa arma normal, implementaram também um sistema de mira semelhante ao do Panzer Dragoon, onde poderemos trancar a mira em qualquer inimigo que nos apareça à frente e largar o botão para disparar projécteis teleguiados aos alvos previamente trancados. Temos também toda uma série de power ups para apanhar incluindo vários escudos e bombas capazes de causar dano em todos os inimigos no ecrã em simultâneo. A nível audiovisual o jogo tem uma banda sonora baseada nas músicas originais, que por si só já eram boas e estas versões não ficaram nada más. Graficamente tal como referi acima o jogo é todo em 3D poligonal, o que acaba por ajudar melhor a discernir a distância dos objectos, projécteis e inimigos, mas claro, a qualidade dos gráficos em si é baixinha, como seria de esperar. Nas opções poderemos activar o fractal mode, que substitui as superfícies quadriculadas características do jogo original por modelos mais “realistas”.

Ao activar o modo fractal nas opções os padrões quadriculados da superfície são substituídos por modelos mais realistas. Mas não esperem por grandes gráficos.

Seguimos para os Tant-R e Bonanza Bros. A razão pela qual ambos os títulos vêm em conjunto é simples, já tinham sido lançados dessa forma no Japão no volume 6 da colecção Sega Ages 2500. E de certa forma até que faz algum sentido pois apesar de serem jogos bastante distintos a nível de conceito e jogabilidade, mantêm o mesmo estilo visual. Eu começarei no entanto pelo Bonanza Bros, que mantém aqui a mesma jogabilidade e conceito do lançamento original. Este é então um jogo que pode ser jogado cooperativamente com algum amigo onde encarnamos num ou dois ladrões profissionais que vão tendo missões cada vez mais complexas, onde teremos de nos infiltrar em edifícios bem guardados e, dentro de um tempo limite, teremos de roubar uma série de objectos e encontrar a saída do nível. Estamos munidos de uma pistola com tranquilizantes pelo que poderemos deixar os guardas fora de serviço durante alguns segundos e é um jogo com mecânicas simples, bastante interessante e agradável de se jogar. A nível audiovisual tudo tem mais detalhe, mas o jogo herda os mesmos visuais do original, o que é positivo e o mesmo pode ser dito das músicas e efeitos sonoros.

Sinceramente sempre gostei dos Bonanza Bros e fico contente que esta versão não seja nada má

Já o Tant-R é também um jogo que tem as suas origens nas arcades, e supostamente, de acordo com o Sega Retro, a península Ibérica foi a única região europeia que chegou a receber esse jogo oficialmente nos nossos salões. E apesar de manter o mesmo estilo gráfico e artístico do Bonanza Bros, a jogabilidade não tem nada a ver. Em vez de encarnarmos numa dupla de ladrões mestre, encarnamos antes numa dupla de detectives que persegue um conjunto de criminosos. E como os apanhamos? Bom, temos de passar toda uma série de mini-jogos, dos mais variados possíveis que possam imaginar. O modo história leva-nos por uma série de capítulos onde temos alguma liberdade na escolha dos mini jogos em que queremos participar. Alguns são tão bizarros que não me admirava nada que tenham influenciado a série WarioWare. Para além do modo história o jogo tem também modos FreePlay que nos permitem escolher livremente quais os mini jogos que queremos jogar e poderão ser jogados em multiplayer com até 4 jogadores em simultâneo. De resto nada de especial a apontar aos visuais, pois o jogo herda o mesmo estilo gráfico do Bonanza Bros e as músicas também são algo festivas. Por fim só mesmo deixar a nota que dos mini jogos aqui incluídos temos também alguns da sequela, o Ichidant-R.

Os Tant-R são na verdade compilações de vários mini jogos, alguns bastante bizarros!

Segue-se por fim o Virtua Racing, mais um clássico de Yu Suzuki aqui presente nesta compilação. O seu lançamento original foi o primeiro jogo do sistema Model 1, desenvolvido pela Sega em cooperação com a empresa de aviação Lockheed Martin. Os jogos desenvolvidos para este sistema eram em 3D poligonal algo primitivo e sem quaisquer texturas, mas a sensação de velocidade e fluidez introduzidas pelo Virtua Racing eram algo sem precedentes na indústria. E aqui dispomos de vários modos de jogo, a começar pelo arcade que é uma representação do original com 3 circuitos e o objectivo de chegar em primeiro lugar dentro do tempo limite. Infelizmente o jogo não traz os carros ou circuitos extra da versão 32X (não contava com os da Saturn visto que essa conversão foi feita por terceiros), mas existem no entanto outros carros e circuitos que poderão ser usados nos restantes modos de jogo. O primeiro é o modo Grand Prix, que nos obriga a competir em 5 conjuntos de 6 pistas, as 3 originais e 3 novas, onde o objectivo é o de ter mais pontos no final de cada mini-campeonato. Os pontos que vamos amealhando neste modo vão-nos permitir desbloquear também os novos carros. O Free mode permite-nos fazer corridas livres em qualquer circuito e com qualquer carro que tenhamos desbloqueado e o 2P mode é um versus para dois jogadores, tal como o seu nome indica. De resto, a nível visual este é um jogo naturalmente mais bonito que o original devido aos modelos poligonais serem mais complexos e os cenários como um todo terem mais detalhe, mantendo no entanto a identidade do original e a fluidez está lá na mesma, o que é bom. Tal como o original no entanto o jogo não tem músicas, existindo apenas pequenas melodias nos menus ou durante certos acontecimentos nas corridas, como atravessar um checkpoint. Os efeitos sonoros infelizmente são horríveis e são a única coisa que realmente mancha esta versão. Ainda assim, de todos os jogos presentes nesta compilação, este Virtua Racing parece-me o mais bem conseguido.

Esta versão do Virtua Racing é bastante competente na minha opinião e talvez o melhor jogo do pacote

Portanto esta compilação Sega Classics Collection é um lançamento que apesar de o ter achado bastante interessante, compreendo perfeitamente o porquê de ter desiludido muita gente que a terá comprado. É que o que temos aqui não são conversões fiéis dos originais arcade, mas remakes na sua maioria em 3D, mas foram jogos feitos com um orçamento muito limitado, pelo que o resultado final é uma mistura de conversões francamente más, outras medianas e em casos raros, conversões bem decentes como é o caso do Fantasy Zone ou do Virtua Racing. A colecção Sega Ages continuou no Japão com mais umas dezenas de lançamentos, alguns de qualidade muito superior (particularmente os que a M2 teve a mão no seu desenvolvimento), pelo que seria bem mais interessante a Sega ter lançado alguns desses lançamentos por cá também. O facto de a versão PAL ter ainda menos um jogo que a versão Norte Americana não abona muito ao seu favor também.

Shura No Mon (Sega Mega Drive)

Voltando às rapidinhas, vamos ficar agora com um curioso jogo da Mega Drive que se ficou apenas por solo japonês. Para além disso, é um título que bastante texto em kanji e, até à data, não existe qualquer patch de tradução para inglês. Então como o joguei? Bom, existe um guia no gamefaqs que detalha muito bem as mecânicas de jogo e todas as estratégias para sermos bem sucedidos. Para além disso, usei também o google lens para traduzir todos os textos. A tradução não é perfeita, mas acompanhada com o guia foi dando para ter uma boa ideia da história. Este processo de usar o google lens é algo moroso e aborrecido, mas aproveitei que esta semana estive de férias e tinha tempo para o ir jogando dessa forma. O meu exemplar foi comprado num lote de vários jogos japoneses, creio que me ficou à volta dos 10€.

Jogo com caixa e manual, versão exclusiva japonesa

A história acompanha o manga de mesmo nome, onde encarnamos no papel de Tsukumo Mutsu, o último discípulo de uma arte marcial ancestral, muito poderosa, porém esquecida pelos japoneses. Tsukumo viaja para Tokyo e junta-se a um dojo liderado por um poderoso mestre, em busca de defrontar outros lutadores bastante talentosos. O jogo em si é um jogo de luta táctico, cujas nossas acções são todas baseadas num sistema de menus onde poderemos escolher uma série de acções tanto para atacar o nosso adversário, como responder a investidas dos mesmos.

Aqui temos liberdade total de movimento pela arena, mas todos os golpes (e respostas a investidas do nosso adversário) são escolhidos através de um sistema de menus, tal como num RPG

Os controlos são simples: o d-pad movimenta a nossa personagem pela arena (começamos à direita ao contrário de outros jogos de luta) enquanto que o botão C serve para abrir o menu, botão A para seleccionar opções e B para as cancelar. Em baixo temos mais informação relevante, como a barra de vida de cada personagem ou, ao centro, e estado de espírito de cada um, representado pela cor de umas silhuetas que representam cada personagem. Isto é importante para as opções que poderemos seleccionar durante os combates. Nas extremidades do ecrã temos também uma outra barra, a de concentração. A ideia é, quanto maior for a concentração, mais eficaz e poderoso será o ataque que tentamos desferir, inclusivamente alguns golpes obrigam a ter a concentração alta ou mesmo no máximo para serem desencadeados. Ganhamos concentração ao ficar parados no ecrã.

Infelizmente todos os menus estão em kanji, mas o guia do gamefaqs é precioso para nos ajudar a escolher as opções mais adequadas em cada situação

Então as coisas funcionam da seguinte forma: em cada combate o objectivo é o de ganhar o máximo de concentração para os nossos ataques serem o mais poderosos possível, sendo que cada ataque obriga-nos também a estar a uma determinada distância do nosso oponente. Quando o oponente nos tenta atacar, temos a opção de executar várias habilidades de defesa, evasão ou mesmo contra ataque, cada uma com diferentes requisitos e probabilidades de ser bem sucedida. O jogo está no entanto feito de forma a que nos obriga a passar por certas situações (escolher certas habilidades no momento certo) para que possamos depois desbloquear algumas habilidades secretas e poderosas que serão a chave para vencer cada combate. Antes disso é preciso também saber levar muita porrada e escolher as respostas certas às investidas do nosso adversário, para que o dano sofrido seja o mínimo. E nisso, o tal guia do game faqs foi uma grande ajuda!

Entre combates vamos tendo bastantes diálogos que avançam a narrativa. O google lens não é perfeito mas dá para ter uma noção da história e o guia também faz alguns paralelismos com o que acontece na manga

Entre cada combate (e mesmo durante alguns momentos chave dos combates) temos direito a vários diálogos bem animados que vão progredindo a história. Apesar de não serem as cut-scenes anime mais bonitas que podem ver numa Mega Drive, ainda assim estão bastante acima da média, pois há visual novels modernas muito mais paradas que isto! A arte parece-me seguir a mesma da manga, onde as personagens principais muitas vezes aparecem com os olhos completamente desprovidos de cor, sinceramente não gostei desse detalhe, mas parece-me mesmo ser apenas uma opção artística. A banda sonora é bastante agradável e repleta de músicas enérgicas.

Portanto este é um jogo que tem uma jogabilidade muito característica e sinceramente apenas o recomendaria se fossem fãs da manga original, ou uma vez que fosse lançado um patch de tradução. Usar o google lens para traduzir os diálogos ainda não é um sistema perfeito para traduzir um jogo on the fly, até porque tenho de tirar uma fotografia diferente de cada vez que há um diálogo, mas aproveitei precisamente o facto de ter tido muito tempo livre nesta semana para o fazer e assim limpar um jogo do meu backlog. Mas reafirmo, o guia do gamefaqs é essencial se querem experimentar o jogo.

Putt and Putter (Sega Game Gear)

Continuando pelas rapidinhas que ultimamente o tempo tem sido um pouco mais escasso e o artigo que trago hoje é a versão portátil do Putt & Putter, jogo cuja versão Master System já cá trouxe no passado. Mas desenganem-se os que pensam que ambos os jogos são iguais, pois tal não é verdade. O lançamento original até é este da Game Gear, lançado algures em 1991, enquanto que a versão Master System sai no ano seguinte. O meu exemplar foi-me oferecido por um amigo algures no mês passado de Abril.

Cartucho solto

E este é então um jogo de mini-golf onde temos 2 percursos distintos: o de principiantes e o de mestres, com uma dificuldade mais elevada. Cada um dos circuitos possui 18 buracos que temos de tentar completar, de preferência abaixo do tempo de par. Cada buraco possui diferentes obstáculos como vários tipos de elevações de terreno, poços de areia que abrandam a bola, tapetes rolantes, barreiras ou até aquelas peças de pinball que fazem a nossa bola ricochetear com mais velocidade. Vamos tendo um certo número de bolas disponíveis para completar cada buraco, mas felizmente a mesma não sai fora do circuito, ricocheteando nas suas extremidades. Por outro lado, pode cair num poço de água e aí perdemos uma bola. Quanto mais abaixo do par conseguirmos terminar um nível, mais bolas extra temos para os níveis seguintes, enquanto o reverso também acontece.

Tal como a versão da Master System, este é um jogo divertido de mini golf com obstáculos

E de resto a jogabilidade é então super simples e intuitiva, com a direcção da tacada a ser definida com o d-pad (existe um cursor que indica a possível trajectória da bola, incluindo a primeira tabela) e para disparar usamos o botão 2, onde teremos de ter, como é habitual, a um medidor de potência. Para além disso existe também um modo multiplayer que requer 2 Game Gears ligadas entre si, algo que eu naturalmente não experimentei. Apesar de ser um jogo divertido, a verdade é que a versão Master System é bastante superior, pois possui circuitos com obstáculos bem mais variados e originais, para além de níveis bónus e um cuidado bem maior com a apresentação.

Felizmente não temos de nos preocupar que a bola caia nas extremidades, pelo menos na maior parte dos casos.

Os audiovisuais são então bem mais fracos que a versão Master System, que, tal como referi acima, apresenta um maior cuidado com a apresentação, tanto a nível de menus, como da variedade dos cenários e obstáculos. Para além disso, a versão doméstica possui mais músicas (e mais agradáveis também) que esta, que nos obriga a ouvir a mesma música vezes sem conta. Vai chegar uma altura em que ficarão bem fartos de a ouvir!

Portanto apesar desta versão do Putt & Putter ser bem divertida, é também de louvar o trabalho que a SIMS teve ao melhorar bastante esta sua ideia com o lançamento da Master System, que surgiu mais ou menos um ano depois deste. Portanto sim, recomendo de longe a versão da velhinha Master System em detrimento desta!

Air Rescue (Sega Master System)

Tempo de voltar à Sega Master System com mais uma rapidinha. Air Rescue é uma espécie de sucessor espiritual do Choplifter, que por sua vez, apesar de ter sido um jogo com origens em computadores, a Sega trouxe-o para as arcades e é sobre essa versão que o port da Master System deriva (e por incrível que pareça é um jogo comum mas ainda não me apareceu à frente num bom negócio). Este Air Rescue começou também por ser um jogo lançado nas arcades, mas como essa versão corria no hardware System 32, anos luz à frente do que a Master System conseguiria fazer, mas já lá vamos. O meu exemplar foi comprado a um particular no passado mês de Novembro por cerca de 10€.

Jogo com caixa e manual

O original, apesar de correr no hardware super scaler de última geração e não ter um único polígono nos seus gráficos, era jogado na primeira pessoa e possuía uns visuais que muito se aproximavam do 3D, tudo isto com uma fluídez incrível, claro. A versão Master System é bem mais modesta, estando muito mais próxima da fórmula do Choplifter, sendo jogada numa perspectiva 2D sidescroller e, tal como no seu predecessor, o objectivo é o de, em cada mapa, resgatar um número mínimo de pessoas em cenários de guerra e trazê-las de volta para a sua base.

O jogo até tem uma grande variedade de níveis, embora poderiam haver mais do que os cinco existentes

Também tal como no Choplifter existem tropas inimigas que nos tentam mandar abaixo e basta sofrer um único disparo para perdermos uma vida. Ao contrário do Choplifter no entanto, não é necessário aterrar no solo para apanhar passageiros (embora também o possamos fazer). O botão 2 é então usado para baixar e levantar uma escada que permitem aos passageiros entrar no helicóptero. Já para os deixar na base teremos sim de aterrar e outra diferença é que poderemos apenas carregar um máximo de 3 passageiros de cada vez. Tinha a ideia que no Choplifter poderíamos carregar bem mais. Por outro lado o botão 1 é utilizado para disparar a arma que tenhamos equipada no momento, sendo que esta possui munições ilimitadas e sempre que visitamos a base poderemos escolher uma outra de 4 armas distintas para equipar como metralhadoras, um canhão que dispara bombas em trajectória diagonal, bombas de água, inofensivas para atacar inimigos mas necessárias para apagar os fogos do segundo nível e outras bombas que não causam dano fatal aos terroristas, mas os paralisam durante alguns segundos. Sinceramente acho esta arma um pouco inútil. Um outro detalhe interessante é o dos terroristas poderem usar vítimas inocentes como escudo, pelo que não os deveremos atingir caso isso aconteça! De resto contem com alguma inércia no controlo do helicóptero (mas parece-me ser bem menos grave do que no caso do Choplifter, pelo que me lembro).

Sempre que voltamos à base podemos alternar entre as diferentes armas disponíveis

No que diz respeito aos audiovisuais, esta conversão é bastante modesta se tivermos em conta o original arcade. E mesmo comparando com a versão Master System que tinha saído 6 anos antes, não fica muito melhor. Há uma maior variedade de cenários, pois começamos num parque de diversões, passando por arranha-céus com incêndios, um aeroporto, o alto-mar e finalmente culminamos em explorar uma série de cavernas com mobilidade muito reduzida. Por outro lado, o detalhe dos gráficos creio que poderia ser melhor, particularmente os dos soldados e reféns que vamos salvando, que parecem bonecos de arames. A banda sonora tem algumas músicas interessantes, outras nem por isso, no entanto um detalhe interessante a salientar é que as músicas ficam mais rápidas assim que a barreira dos 60 segundos para terminar o nível é ultrapassada.

Os personagens humanos mereciam e deveriam ter bem mais detalhes

Portanto este Air Rescue é uma versão bem modesta do original arcade e neste caso, ainda bem que a SIMS decidiu em seguir o caminho do Choplifter original, pois conversões de jogos super scaler para plataformas como a Master System nunca foram resultados muito bons (o Out Run é talvez o melhorzinho!). É no entanto um jogo de acção que poderia ser melhor a nível técnico e talvez ter mais níveis, pois são apenas 5 no total. Pareceu-me menos desafiante que o Choplifter que é bem mais frenético na sua acção e agressividade dos inimigos, mas obriga-nos uma vez mais a uma jogabilidade metódica devido ao 1 hit kill e controlos com inércia, mas também temos de ter em atenção ao tempo disponível para completar cada nível. Acho que quem tenha gostado do Choplifter irá apreciar este jogo.

OutRun 2019 (Sega Mega Drive)

Mais uns dias de calor intenso, mais uns dias em que a vontade de ligar qualquer fonte de calor é virtualmente nula. Mas lá resolvi dedicar-me a mais um jogo Mega Drive da minha colecção, desta vez a mais uma experiência da Sega com uma das suas franchises mais importantes: OutRun! Bom, na verdade a Sega apenas licenciou o nome OutRun, o trabalho desta vez foi todo da Hertz e Sims. Os primeiros já tinham sido responsáveis pela conversão do OutRun clássico na Mega Drive e os segundos inclusivamente publicaram o jogo no Japão. O meu exemplar foi comprado a um amigo no passado mês de Junho por 5€.

Jogo com caixa

Bom, este é um OutRun futurista, decorrendo no longínquo ano de 2019, onde os carros circulam a velocidades vertiginosas através dos seus motores a jacto. Na verdade, tirando este pormenor futurista, a jogabilidade vai buscar coisas tanto ao OutRun clássico, como ao Turbo OutRun, nomeadamente as suas mecânicas do turbo, mas já lá vamos. Os controlos são simples com o botão A para travar, B para acelerar e o C para alternar entre mudanças, caso tenhamos seleccionado transmissão manual. E então onde entram os turbos? Bom, à medida que vamos acelerando, há uma barra de energia que vai enchendo. Quando esta estiver practicamente cheia, se mantivermos o botão de aceleração pressionado, vamos activar o turbo automaticamente, cujo se vai mantendo activo enquanto não deixarmos de acelerar, travar ou embatermos nalgum obstáculo.

O jogo está dividido em níveis, que por sua vez, apesar de partilharem o mesmo ponto de partida e saída, possuem diveros caminhos alternativos pelo meio

A não linearidade que caracteriza o primeiro OutRun está também aqui representada, mas de forma diferente. Basicamente começamos por ter vários níveis. Cada um desses níveis tem uma série de troços divididos por checkpoints, cujos teremos de atravessar dentro do tempo limite que temos disponíveis. Entre checkpoints, no entanto, vamos poder escolher um de dois caminhos a tomar, que nos levarão a viajar por diferentes cenários. Ainda assim, num determinado troço entre checkpoints podemos continuar a tomar caminhos alternativas, em estradas que se vão bifurcando e unindo novamente mais à frente. Túneis, pontes, rampas com saltos são vários dos distintos tipos de estradas em que poderemos viajar. Os outros carros, tal como no OutRun clássico, são apenas meros obstáculos na estrada. E com as velocidades estonteantes que podemos atingir, são obstáculos que nos podem atrapalhar bastante!

Os visuais não são nada maus, alternando entre cidades futuristas, paisagens naturais e outras localidades mais tradicionais

A nível gráfico não é um mau jogo de todo. As paisagens que alternam entre cidades mais tradicionais, outras repletas de arranha céus, mas também inúmeras paisagens naturais dão uma boa variedade gráfica ao jogo. Para além disso, as estradas desniveladas, os caminhos de terra, os saltos, as pontes transparentes vão sendo também alguns bons detalhes adicionais. As músicas sinceramente não são nada más, tendo na sua maioria uma toada bem rock que me agrada. Não são clássicos como as do OutRun original, mas sinceramente não desgostei.

Quando a barra de energia se enche, é tempo de usar o turbo!

Portanto este OutRun 2019 até nem é um mau jogo de todo. O facto de ser um jogo futurista e com algumas paisagens mais escuras, o que sempre defraudou a mote “blue skies in gaming” pela qual a série era também conhecida, trouxe-lhe alguma má fama ao longo dos anos. Mas sinceramente acabou por ser um jogo bem mais agradável do que as baixas expectativas que tinha devido à sua má fama. É verdade que a série OutRun sempre teve uma conotação algo experimental por parte da Sega, particularmente nos jogos que foram especialmente produzidos para o mercado doméstico de consolas, mas este até nem é nada mau no final de contas.