Mais uns dias de calor intenso, mais uns dias em que a vontade de ligar qualquer fonte de calor é virtualmente nula. Mas lá resolvi dedicar-me a mais um jogo Mega Drive da minha colecção, desta vez a mais uma experiência da Sega com uma das suas franchises mais importantes: OutRun! Bom, na verdade a Sega apenas licenciou o nome OutRun, o trabalho desta vez foi todo da Hertz e Sims. Os primeiros já tinham sido responsáveis pela conversão do OutRun clássico na Mega Drive e os segundos inclusivamente publicaram o jogo no Japão. O meu exemplar foi comprado a um amigo no passado mês de Junho por 5€.
Bom, este é um OutRun futurista, decorrendo no longínquo ano de 2019, onde os carros circulam a velocidades vertiginosas através dos seus motores a jacto. Na verdade, tirando este pormenor futurista, a jogabilidade vai buscar coisas tanto ao OutRun clássico, como ao Turbo OutRun, nomeadamente as suas mecânicas do turbo, mas já lá vamos. Os controlos são simples com o botão A para travar, B para acelerar e o C para alternar entre mudanças, caso tenhamos seleccionado transmissão manual. E então onde entram os turbos? Bom, à medida que vamos acelerando, há uma barra de energia que vai enchendo. Quando esta estiver practicamente cheia, se mantivermos o botão de aceleração pressionado, vamos activar o turbo automaticamente, cujo se vai mantendo activo enquanto não deixarmos de acelerar, travar ou embatermos nalgum obstáculo.

A não linearidade que caracteriza o primeiro OutRun está também aqui representada, mas de forma diferente. Basicamente começamos por ter vários níveis. Cada um desses níveis tem uma série de troços divididos por checkpoints, cujos teremos de atravessar dentro do tempo limite que temos disponíveis. Entre checkpoints, no entanto, vamos poder escolher um de dois caminhos a tomar, que nos levarão a viajar por diferentes cenários. Ainda assim, num determinado troço entre checkpoints podemos continuar a tomar caminhos alternativas, em estradas que se vão bifurcando e unindo novamente mais à frente. Túneis, pontes, rampas com saltos são vários dos distintos tipos de estradas em que poderemos viajar. Os outros carros, tal como no OutRun clássico, são apenas meros obstáculos na estrada. E com as velocidades estonteantes que podemos atingir, são obstáculos que nos podem atrapalhar bastante!

A nível gráfico não é um mau jogo de todo. As paisagens que alternam entre cidades mais tradicionais, outras repletas de arranha céus, mas também inúmeras paisagens naturais dão uma boa variedade gráfica ao jogo. Para além disso, as estradas desniveladas, os caminhos de terra, os saltos, as pontes transparentes vão sendo também alguns bons detalhes adicionais. As músicas sinceramente não são nada más, tendo na sua maioria uma toada bem rock que me agrada. Não são clássicos como as do OutRun original, mas sinceramente não desgostei.
Portanto este OutRun 2019 até nem é um mau jogo de todo. O facto de ser um jogo futurista e com algumas paisagens mais escuras, o que sempre defraudou a mote “blue skies in gaming” pela qual a série era também conhecida, trouxe-lhe alguma má fama ao longo dos anos. Mas sinceramente acabou por ser um jogo bem mais agradável do que as baixas expectativas que tinha devido à sua má fama. É verdade que a série OutRun sempre teve uma conotação algo experimental por parte da Sega, particularmente nos jogos que foram especialmente produzidos para o mercado doméstico de consolas, mas este até nem é nada mau no final de contas.