Depois do Astro’s Playroom, pequeno jogo que vem incluído em todas as Playstation 5 e que decidi experimentar devido ao sucesso que Astrobot está a ter, foi tempo de estrear a mais recente consola da Sony com um jogo “a sério”. E dos jogos que já tenho na colecção para este sistema, poucos são os que não têm quaisquer ligações com outros títulos anteriores, pelo que decidi então optar pelo Ghostwire Tokyo, um jogo da Tango Gameworks, outrora fundada por Shinji Mikami. O meu exemplar foi comprado em Setembro do ano passado numa das promoções da Worten de “leve 3 pague 2”, com o seu preço final a ter ficado próximo dos 20€.
Este Ghostwire Tokyo é então um jogo bastante original, na medida em que é um open world e todo ele é jogado na primeira pessoa. Até aqui nada de completamente original, mas digamos que o jogo tem uma fortíssima ligação à cultura japonesa. Não só porque exploramos toda a zona de Shibuya em Tóquio, mas também porque iremos lidar com imenso folclore sobrenatural próprio da cultura japonesa. Isto porque nós controlamos um jovem rapaz (de nome Akito) que estava a caminho de visitar a sua irmã mais nova no hospital, quando se vê envolvido num acidente e estava prestes a morrer. Entretanto um espírito sobrevoa a zona do acidente e decide possuir Akito. Nessa altura também surge um espesso nevoeiro que envolve toda a cidade, todas as pessoas desaparecem misteriosamente, sendo transformadas em espíritos, para depois serem capturadas por bizarras criaturas. Acontece que quem possui Akito é o espírito de um antigo detective que estava a investigar o vilão por detrás deste acontecimento e lá acabaremos então por explorar Tóquio em busca de respostas.
Mas tal como em outros jogos de acção open world, o mundo vai ser aberto à medida em que vamos progredindo. O nevoeiro é-nos nocivo, pelo que teremos de libertar pequenos templos shinto que estão espalhados ao longo de toda a cidade. Sempre que o fizermos, parte do nevoeiro é dissipado, permitindo-nos assim explorar um pouco mais. E tal como muitos jogos open world o fazem, o que não faltam aqui são coleccionáveis para apanhar (a sério, há mesmo muitos), assim como várias outras missões opcionais que poderemos ir desbloqueando. A exploração e combate é todo na primeira pessoa, mas ao contrário de outros videojogos recentes aqui não há grandes armas. O que iremos utilizar quase sempre são as nossas mãos, pois ganhamos o poder de disparar raios de energia. À medida que vamos avançando no jogo iremos desbloquear “armas” de outros elementos, tendo começado com o vento, para desbloquear em seguida a água e fogo. A única arma a sério que iremos eventualmente desbloquear é um arco e flecha e iremos também obter vários talismãs que poderemos utilizar em combate, seja para temporariamente paralizar os inimigos, seja para nos ajudar a fugir de algum combate, entre muitos outros efeitos diferentes.
Os combates e missões recompensam-nos com experiência que por sua vez nos vai fazendo subir de nível como num RPG. Sempre que isso acontece ganhamos também skill points que poderemos posteriormente utilizar em várias skills distintas, tanto de combate, como exploração. Coleccionar certos objectos ou capturar yokai (criaturas místicas do folclore nipónico) podem-nos também trazer skill points adicionais ou pedras magatama, que por sua vez nos podem desbloquear certas skills da árvore. Ou seja, algum do conteúdo opcional e coleccionável é mesmo necessário para que consigamos eventualmente evoluir a nossa personagem ao máximo. Os coleccionáveis mais abundantes são espíritos de pessoas que podem também ser capturados e libertados em cabines telefónicas (não me perguntem como é que isso funcionaria no mundo real) e são também uma óptima maneira de obter experiência e dinheiro sempre que o fizermos. Ora eu não completei o jogo a 100% embora tenha apanhado todos os coleccionáveis “importantes” e mesmo assim gastei mais de 40 horas neste jogo, o que não estava mesmo à espera.
Mas a verdade é que o jogo foi sempre bastante agradável de se jogar porque tanto a exploração e combate estão bem feitos. Por exemplo, desde cedo que ganhamos a habilidade de planar pelo ar, o que nos irá permitir explorar os telhados da cidade de forma rápida. Já no combate, temos várias maneiras de abordar os mesmos, seja com furtividade, seja com agressividade e mesmo assim o tipo de “armas” e habilidades que temos à nossa disposição é consideravelmente vasto. Confesso que, como tenho apanhado todos os coleccionáveis nos Assassin’s Creed que tenho jogado até à data, também me senti tentado em apanhar os restantes que me faltaram no final da aventura, mas acabei por não o fazer porque o meu backlog é gigante. De resto, com o lançamento deste jogo na Xbox um ano após o lançamento original, a Tango Gameworks decidiu incluir algum conteúdo adicional na forma de um DLC chamado “The Spiders Thread“. Felizmente na PS5 isso é também conteúdo gratuito e mesmo sem querer, acabei por o experimentar em parte. Isto porque o DLC é dividido entre duas categorias: novos inimigos, missões, áreas a explorar e habilidades para desbloquear no mapa de jogo normal (e claro, mais coleccionáveis ainda) e um modo de jogo completamente distinto. Desse conteúdo novo para o mapa normal destaco mesmo as missões opcionais, que são consideravelmente diferentes das restantes. O novo modo de jogo confesso que não o cheguei a experimentar porque sinceramente não me interessou muito. Pelo que li, é um modo roguelike, onde temos uma dungeon repleta de níveis aleatórios, inimigos e itens aleatórios e missões para cumprir.

A nível audiovisual devo dizer que gostei do jogo, embora sinceramente não tenha visto ali nenhum motivo pelo qual justificasse que este fosse um exclusivo da geração actual de consolas. Acho que a PS4 o conseguiria correr sem problema, mesmo que se tivesse de sacrificar algumas pequenas coisas. Dito isto, e como tenho um certo fascínio pela cultura japonesa, foi fantástico poder percorrer as ruas de Shibuya! No entanto, para os que quiserem explorar tudo ao detalhe, vai ser um pouco complicado conseguir discernir entre as ruas que já visitamos e as que não, dadas todas as suas semelhanças. O design dos inimigos está muito bom e de resto só tenho mesmo a queixar-me de o jogo ser demasiado escuro, mas isso também pode ser problema das definições de HDR da minha TV. Confesso que a música me passou completamente despercebida ao longo do jogo, visto que a banda sonora é muito ambiental, o que até resulta bem tendo em conta o contexto. Já o voice acting é excelente e apesar de termos a opção de vozes em inglês, obviamente que preferi ouvir o elenco original. Até porque é um jogo que se passa no Japão, pelo que não faria sentido nenhum se fosse de outra forma! De relevante também dizer que este jogo utiliza bem a coluna do dualsense. A voz de KK tanto sai do comando como da TV e sempre que nos aproximamos de algum inimigo começa a soar o ruído de estática, o que resulta bastante bem para uma maior tensão!

Portanto, e apesar de ter gasto bem mais horas neste jogo do que o que estava inicialmente a prever (minha culpa por não me ter apercebido antes que este é um open world), acabei por me divertir bastante com este jogo, mesmo que por vezes possa ter sido um pouco repetitivo dada a imensidão de território a explorar. Ainda assim a sua história e mecânicas de jogo aliadas ao folclore nipónico ficaram muito bem conseguidas, pelo que dou as minhas mais de 40h neste Ghostwire Tokyo muito bem empregues. Por fim devo também salientar que se encontra disponível, para download gratuíto, uma pequeníssima visual novel que serve de prequela ao jogo, intitulada de Ghostwire: Tokyo – Prelude. É mesmo uma VN muito pequena e apesar de ser interessante mostrar um pouco do contexto do KK e seu grupo de amigos, poderiam ter ido um pouco mais longe e expandir mais a história. Mas é gratuito, não nos podemos queixar.





























