Vamos continuar pelos jogos da Nintendo Wii, desta vez com um remake de um jogo clássico da Namco lançado originalmente na Playstation, o primeiro Klonoa! Ora eu nunca cheguei a jogar o original, pelo que não poderei fazer grandes comparações entre ambas as versões, pelo que este artigo será inteiramente focado no remake, lançado em 2008/2009. O meu exemplar foi comprado numa CeX algures em Janeiro de 2020, onde após umas trocas me terá ficado apenas por 10€.
Jogo com caixa, manual e papelada
A história leva-nos ao mundo de Phantomile, onde controlamos Klonoa, um estranho animal com umas orelhas gigantes. A narrativa é muito ligeira, mas basicamente os sonhos são um tema muito importante e Klonoa há muito que sonhava com uma avioneta despenhar-se numa montanha lá perto. Até que chega um dia em que isso acontece e lá decidem ir investigar. Lá descobrem o vilão misterioso Ghadius, que anda à procura de uma jóia na forma de lua para transformar Phantomile num mundo de pesadelos. Claro que iremos ter de o impedir, como Klonoa e o seu fiel amigo Huepow, um espírito que habita no seu anel.
Libertando 6 habitantes de cada nível, irá-nos desbloquear um nível adicional no final do jogo.
Klonoa é um jogo de plataformas simples nas suas mecânicas, mas muito divertido. Este é então um jogo que possui uma jogabilidade tipicamente 2D, mas num mundo inteiramente tridimensional. Ou seja, vamos seguindo um caminho linear ao longo dos níveis, mas esse caminho pode seguir em múltiplas direcções e sentidos. Os controlos são simples e felizmente este remake do Klonoa suporta múltiplos comandos diferentes, podendo ser jogado apenas com um wiimote, a dupla wiimote e nunchuck, mas suporta também comandos de GameCube ou Classic Controller, que acabou por ser a opção que eu usei por conforto. E aqui temos de ter em conta apenas 3 botões: um para saltar, outro para atacar e um outro para a habilidade do whirlwind, capaz de abrandar temporariamente os inimigos. O ataque em questão consiste em Klonoa usar o tal anel que tem o espírito Huepow, que é a mecânica fulcral em todo o jogo. Com esse anel podemos sugar (e agarrar) inimigos, sendo que com o mesmo botão podemos posteriormente atirá-los, não só contra outros inimigos, mas também contra certos objectos, quanto mais não seja para resolver alguns pequenos puzzles e que nos permitam progredir no nível. Pressionando o botão de salto uma segunda vez faz com que Klonoa bata as suas orelhas gigantes, flutuando por breves segundos ou, caso tenhamos um inimigo na nossa posse, ao pressionar o botão de salto novamente faz com que usemos esse mesmo inimigo como plataforma para um segundo salto. Alguns desafios de platforming vão-nos mesmo obrigar a usar esta técnica múltiplas vezes para conseguir realizar uma série de saltos consecutivos ao saltar, agarrar um novo inimigo, saltar outra vez e por aí fora. Ao longo dos níveis vamos vendo também inúmeros itens que poderemos apanhar. Alguns como os cristais coloridos, chaves ou corações que nos restabelecem a barra de vida são apanhados simplesmente tocando nos mesmos. Outros itens como relógios (que servem de checkpoints) ou uma fada que nos duplica temporariamente o valor dos cristais coloridos estão envoltos numa bolha, pelo que têm de ser atacados primeiro. Itens por detrás de ovos já precisam de serem atacados com inimigos para que os mesmos partam e revelem os seus segredos!
Graficamente o jogo levou um remake completo, tornando-se muito mais bonito e detalhado que o lançamento original de PS1
De resto, para além de ser um jogo de plataformas divertido e com uma jogabilidade muito sólida, é também um jogo curto, com apenas 13 níveis no total. São 6 mundos de dois níveis cada, onde o segundo nível possui sempre um boss no final, mais o nível final onde iremos defrontar o último boss. Mas temos também uma série de conteúdo desbloqueável. A Balue’s Tower, que também existia na versão original de PS1, é desbloqueada se conseguirmos libertar todos os 72 habitantes, que por sua vez espalhados e escondidos em cada nível (6 em cada). Essa torre é um nível extra com uma dificuldade acima da média e que nos vai apresentar uma série de desafios de platforming mais exigentes. Exclusivos deste remake estão alguns modos de jogo adicionais que são também desbloqueados quando terminamos o jogo principal, como um modo time attack e um reverse mode. O primeiro leva-nos a enfrentar todos os bosses do jogo e o objectivo é o de fazer o melhor tempo possível. O último tem um pouco mais que se lhe diga. Para além de reintroduzir todos os níveis de forma espelhada, poderemos também encontrar portais que nos levam a salas com desafios bem exigentes de platforming. Outro conteúdo bónus, como a possibilidade de vestir Klonoa com diferentes roupas, são também desbloqueados ao terminar o jogo.
Graficamente esta é uma grande evolução face ao original da Playstation.
Graficamente é um jogo bastante interessante até porque foi completamente refeito face ao lançamento original de 1997 para a primeira Playstation. Enquanto esse possuía gráficos em 3D poligonal para os cenários e sprites 2D para Klonoa, inimigos e itens, este remake é completamente em 3D e com gráficos muito bonitos para uma Nintendo Wii. Os níveis são bastante variados entre si e com cenários muito bonitos como a típica aldeia de Klonoa e os seus moinhos, florestas, montanhas, cavernas ou os imponentes templos do Sol e Lua, com este último a ser particularmente interessante. A acompanhar os bonitos gráficos temos uma banda sonora muito relaxante e um voice acting simples, que poderemos optar por ouvi-lo em inglês, ou em phantomilian, a língua fictícia daquele mundo. Naturalmente que escolhi esta opção!
Portanto este Klonoa é um clássico de plataformas. Agora entendo perfeitamente o porquê do original da Playstation ser um jogo muito querido pelos fãs do género, pois é um título que possui uma jogabilidade simples, mas aliciante e acima de tudo que funciona. Este remake para a Wii mantém essa jogabilidade base, mas moderniza bastante os seus gráficos, pelo que será uma alternativa muito boa ao original, até porque esse tem vindo cada vez mais a escalar de preço, infelizmente. O próprio Klonoa da Wii também não tem ficado muito barato mas recentemente foi anunciada uma compilação com remakes/remasters dos dois Klonoas principais para sistemas recentes, pelo que essa será seguramente a versão definitiva a ter em conta.
Vamos voltar à Nintendo Wii para mais uma das muitas compilações de títulos e séries da SNK que foram saíndo para os sistemas daquela geração. Esta compilação, que se ficou apenas pela PS2, PSP e Wii contém 15 jogos da Neo Geo e, apesar de possuir “Volume 1” no seu título, infelizmente não chegaram a sair mais volumes. Quer dizer, pelo menos no Ocidente, visto que o Japão recebeu também um “Volume 0” na PSP que incluía títulos ainda mais old school, que saíram em sistemas anteriores ao Neo Geo. O meu exemplar foi comprado numa CeX no interior do país há uns anos atrás, sinceramente já não consigo precisar quando foi comprado mas não terá custado mais de 15€ seguramente.
Jogo com caixa, manual e papelada
Ora o objectivo deste artigo é abordar, de uma forma algo ligeira, cada um dos jogos presentes nesta colectânea. Mas vários desses jogos já foram cá trazidos cá noutros artigos, quer nos seus lançamentos originais, quer noutras compilações, ou até conversões. Portanto esses jogos não serão tidos em conta neste artigo. É o caso dos Art of Fighting, Fatal Fury, Metal Slug, The King of Fighters ’94 ou Samurai Shodown, embora este último tenha cá trazido a versão Mega Drive apenas, que é notoriamente uma conversão inferior.
Felizmente esta compilação suporta diversos controlos, não precisam de usar o wiimote e nunchuck!
Avançando então na compilação, vamos começar pelo Baseball Stars 2 que sendo um jogo de baseball, naturalmente não entendo metade do que estou a fazer. No entanto é um jogo que quase me dá vontade de aprender o desporto a sério, tal é a sua qualidade gráfica. As animações estão incríveis, especialmente nos duelos entre o “atirador” e o homem que detém o taco. As expressões faciais dos seus retratos vão mudando consoante a performance no jogo, uma vez acertando na bola a câmara transita para uma vista aérea do campo, mas temos uma janelinha que mostra, em detalhe o jogador a correr para a base seguinte. A banda sonora, toda rock, aliada às intervenções vigorosas dos árbitros, tornam este jogo num lançamento repleto de atitude! Só é pena ser mesmo de baseball…
Temos sempre uma explicação detalhada dos controlos antes de começar a jogar
Passando para títulos mais interessantes, o Burning Fight é um dos vários beat ‘em ups que existem no catálogo deste sistema da SNK. É um óbvio clone de Final Fight/Streets of Rage e, apesar de não introduzir nada de realmente novo à fórmula dos beat ‘em ups urbanos, não deixa de ser um título bastante decente. A jogabilidade é simples, com um botão para saltar, outro para socos e um outro para pontapés. Podemos no entanto executar também alguns golpes especiais, únicos para cada uma das 3 personagens jogáveis. Tal como tem sido habitual neste tipo de jogos poderemos destruir alguns objectos e apanhar não só armas para usar em combate, como itens regenerativos ou bens preciosos que nos aumentam a pontuação. Graficamente é um jogo competente, embora ainda ache que o Final Fight tenha muito mais carisma, principalmente pelas personagens principais e inimigos. As áreas de jogo são na sua maioria urbanas como bairros, centros comerciais ou até o típico elevador de carga, que não escapa! As músicas por outro lado não as achei nada demais. Não é um mau jogo de todo!
Burning Fight, um clone de Final Fight, não tão carismático mas relativamente competente
O King of the Monsters confesso que nunca foi um jogo que me tenha agradado assim tanto, pelo menos a versão da Mega Drive que foi a que mais joguei. Pensem num híbrido entre o Rampage e um jogo de Wrestling, com uma perspectiva pseudo-3D. Basicamente podemos escolher um de vários monstros disponíveis (baseados em gigantes conhecidos como o King Kong, Godzilla e seus amigos) e a ideia é andar à porrada numa cidade japonesa. Tal como num jogo de wrestling o objectivo é o de esvaziar a barra de vida do nosso oponente, deitarmo-nos em cima dele e aguentar uns quantos segundos até haver um vencedor. Pelo meio temos também uma cidade inteira para destruir, forças militares começam também a atacar-nos com tanques, helicópteros, artilharia pesada ou aviões e quanta mais destruição causarmos, mais pontos ganhamos. Esta versão da Neo Geo é naturalmente muito melhor detalhada que a conversão da Mega Drive, as músicas são sempre bastante tensas e os efeitos sonoros também cumprem bem o seu papel.
King of the Monsters, caos urbano com wrestling entre criaturas gigantes
O Last Resort já é um shmup horizontal que achei bastante interessante. A pricipal mecânica de jogo é que desde cedo temos uma espécie de satélite que orbita à nossa volta, disparando numa direcção contrária à do nosso movimento. Podemos no entanto trancar a direcção de disparo desse satélite e, de forma parecida ao R-Type, podemos carregar esse satélite de energia, lançando-o na direcção pretendida, causando bastante dano por onde passe. Naturalmente que iremos encontrar imensos power ups e armas diferentes pelo caminho e graficamente achei o jogo excelente e repleto de pequenos detalhes deliciosos. Por exemplo, logo no primeiro nível sobrevoamos uma auto estrada com uma cidade muito bem detalhada em plano de fundo. Na estrada vão atravessando pequenos carros civis, que poderão ser destruídos tanto de forma directa, como indirectamente ao levarem com destroços em cima. Gostei bastante deste!
Last Resort, um shmup cheio de detalhes gráficos deliciosos
Segue-se o Magician Lord, um dos primeiros jogos a serem lançados para o sistema Neo Geo. Este é essencialmente um jogo de acção/plataformas em 2D com um ambiente de dark fantasy, onde teremos de derrotar inúmeras criaturas diabólicas e impedir um poderoso feiticeiro de dominar o mundo. Os controlos são simples, com um botão para saltar e outro para atacar, com a nossa personagem (também ela um feiticeiro) a lançar projécteis de energia. É um jogo muito desafiante, os níveis vão sendo cada vez mais labirínticos com múltiplos caminhos a explorar e à medida que vamos jogando poderemos encontrar várias esferas coloridas. Coleccionando duas leva-nos transformar numa criatura com novas habilidades. Existem várias combinações de esferas coloridas que poderemos apanhar, logo várias criaturas diferentes que também nos podemos transformar, como um guerreiro dragão capaz de cuspir fogo, um ninja, um samurai, entre outros, cada qual com o seu tipo de ataque distinto. Visualmente nota-se bem que é um título do início de vida da Neo Geo, pois as sprites ainda não têm tanto detalhe quanto isso. Ainda assim, de certeza que era um jogo impressionante para os padrões de 1990. A banda sonora é óptima, muito rock.
Magician Lord, um jogo de lançamento que mostrava desde cedo as potencialidades do sistema Neo Geo
O segundo jogo de desporto presente nesta compilação é o Neo Turf Masters. Produzido pela mesma equipa que nos trouxe o Metal Slug e lançado em 1996, este é um jogo tecnicamente impressionante e com uma jogabilidade muito boa também. Basicamente antes de cada tacada o direccional serve para definir a direcção da mesma, ou seleccionar o taco a usar. Felizmente no ecrã está sempre visível a informação da distância máxima que cada taco alcança, bem como a direcção e intensidade do vento. Quando quisermos disparar temos de ter em conta os habituais dois medidores de energia, um para definir a potência da tacada, já o segundo surpreendentemente define a altura pretendida. Para fazer uma tacada com efeito (hook ou slice) é algo que teremos de definir antes de cada tacada recorrendo aos botões B e C. Graficamente é um jogo soberbo, com visuais em 2D num estilo realista e muito bem detalhado. As músicas são calmas, agradáveis e o jogo está repleto de vozes digitalizadas de muito boa qualidade. Um óptimo jogo também.
Bom, já entendi porque o Neo Turf Masters é um jogo muito bem conceituado dentro do género!
O Sengoku é um beat ‘em up muito peculiar. Forças demoníacas repletas de guerreiros do período do Japão feudal invadem a terra e cabe-nos a nós limpar-lhes o sebo. Vamos percorrer cidades em ruínas, bem como ocasionalmente transitar para outras dimensões com cenários muito característicos do Japão tradicional, onde teremos não só de defrontar soldados, ninjas e samurais, mas demónios e outras criaturas tenebrosas, tudo com um toque muito japonês. À medida que vamos jogando poderemos apanhar esferas coloridas que nos dão acesso a diferentes armas, mas também vamos tendo a ajuda de certos espíritos. E por ajuda quero dizer que por um tempo determinado poderemo-nos transformar nessas mesmas criaturas, como samurais, ninjas ou mesmo lobos e usar as suas habilidades. É também um jogo muito desafiante, usar as armas e/ou espíritos certas nos momentos certos é muito importante. Graficamente é um jogo muito interessante por todo o seu conceito, mas as personagens poderiam ter um pouco mais de detalhe, algo que veio a ser feito nas suas sequelas.
Sengoku, um beat ‘em up difícil, mas bastante original e bizarro
O Shock Troopers é um shooter à semelhança de Commando, Mercs, ou Ikari Warriors, onde sozinhos teremos de enfrentar um exército inteiro e impedir que levem os seus planos nefastos avante. Temos uma equipa de 3 mercenários que poderemos representar, cada qual com a sua arma explosiva diferente (granadas, artilharia ou bombas incendiárias). Poderemos escolher jogar com apenas uma dessas personagens ou com as três, permitindo-nos alternar entre as mesmas com o pressionar de um botão. Antes de começar o jogo podemos também seleccionar uma de 3 rotas diferentes para alcançar a base inimiga, o que lhe aumenta a longevidade. É um jogo de acção repleto de adrenalina, com gráficos 2D muito bem detalhados e também com um certo carisma (pensem numa espécie de Metal Slug mas com uma perspectiva vista de cima). Mais uma excelente surpresa desta compilação!
Shock Troopers, outra excelente surpresa!
O último jogo de desporto aqui incluído é o Super Sidekicks 3: The Next Glory e este é um jogo de futebol. Temos 64 selecções nacionais que poderemos escolher, bem como umas quantas competições diferentes onde competir. A nível de jogabilidade, esperem por um jogo arcade e rápido, com uma perspectiva lateral do campo. A nível de controlos temos 3 botões que servem para diferentes tipos de passes ou remates se estivermos em controlo da bola, ou para roubar a bola ao adversário (encontrões ou carrinhos) ou mudar o jogador que controlamos no momento, caso estejamos sem posse de bola. Um detalhe engraçado é o de quando estivermos próximos da baliza adversária, por vezes surge a indicação “chance!” por cima do jogador que controlamos. Ao pressionar o botão de remate, a câmara muda para uma perspectiva de primeira pessoa, onde em meros segundos poderemos escolher ao certo para onde queremos colocar a bola na baliza adversária.
Cada jogo possui uns quantos achievements que nos vão desbloqueando conteúdo de bónus
O “último” jogo é o Top Hunter: Roddy & Cathy, que se revelou em mais uma óptima surpresa. Basicamente é um jogo de acção 2D sidescroller que também pode ser jogado com 2 jogadores em co-op. Controlamos o Roddy, Cathy ou ambos, que são caçadores de prémios intergalácticos e que terão de enfrentar um grupo de piratas do espaço ao longo de vários planetas. A jogabilidade é simples, porém repleta de adrenalina. Os níveis possuem dois planos distintos dos quais nós podemos alternar livremente (através do botão C) com o botão A e B a servirem para atacar ou saltar respectivamente. Sem armas, a jogabilidade até faz lembrar um pouco a do Ristar da Mega Drive, na medida em que as personagens podem esticar os braços, agarrar os inimigos e atirá-los uns contra os outros. Podemos no entanto ir encontrando diferentes armas ou até veículos, tal como no Metal Slug. Graficamente é também um jogo bem detalhado e com muito carisma.
Top Hunter, uma espécie de protótipo de Metal Slug, também cheio de personalidade!
De resto, e voltando à compilação em si, esta versão da Wii suporta vários modos de controlo mas eu não me atrevi a usar nada que não fosse o Classic Controller, que por sua vez funciona muito bem. Aparentemente é também esta versão da Wii que possui uma melhor performance quando comparada às versões PS2 ou PSP! Por fim, convém também mencionar que esta compilação possui um sistema de achievements interno com objectivos distintos para cada um dos jogos aqui presentes e ao completar pelo menos 10 achievements desbloqueamos um jogo adicional, o primeiro World Heroes. Outros conteúdos bónus como música ou galerias de arte poderão também ser desbloqueados, o que são sempre bons extras. É portanto uma compilação interessante e equilibrada, incluindo jogos de vários tipos incluindo alguns menos conhecidos e que não haviam ainda sido lançados em compilações anteriormente.
De volta à série Shining da Sega, este segundo Shining Force é mais um RPG estratégico desenvolvido pela extinta Sonic! Software Planning, agora mais conhecida como Camelot. E foi um dos jogos que já tinha terminado há cerca de 20 anos atrás, pelo que resolvi voltar a jogá-lo uma vez mais antes de escrever este artigo. É um jogo mais longo que o seu antecessor e introduz também uma ou outra novidade interessante que já veremos em seguida. O meu exemplar foi comprada na antiga loja da 1UP em Lisboa, algures em Julho de 2018 por 60€.
Jogo com caixa e manuais
A história decorre após os eventos do primeiro Shining Force (e por consequência, após os eventos do Shining Force CD / Gaiden 1 e 2), embora não exista nenhuma ligação directa entre as narrativas e personagens dos dois jogos (algo que o SF Gaiden 3 veio corrigir). Aliás, a narrativa é apresentada de uma forma algo surpreendente. Logo após o logotipo da Sega desaparecer do ecrã, vemos uma cena com um conjunto de ladrões a entrar num monumento antigo e roubar um dos seus tesouros. O problema é que esse tesouro era a única coisa que estava a selar uma entidade maligna muito poderosa numa outra dimensão. Após essa introdução, somos levados a controlar o Bowie, mais um jovem espadachim e alguns dos seus amigos para investigar o que aconteceu na noite passada. E os espíritos e demónios libertados naquela noite começam a causar problemas. A princesa Elis do reino de Granseal foi raptada e um espírito possuiu o rei de Galam, reino vizinho, que decide começar uma guerra com Granseal que os força a emigrar para um outro continente, onde terão de recomeçar a sua vida do zero.
Tal como nos predecessores, cada personagem possui um inventário limitado de 4 itens, incluindo equipamento
No que diz respeito às mecânicas de jogo, este é mais um RPG táctico onde em cada batalha poderemos controlar as nossas forças individualmente, sendo que cada personagem da nossa party pertence a uma classe, que por sua vez terá particularidades e stats diferentes. O tipo de terreno também influencia a mobilidade de cada tipo de tropa, temos unidades de combate próximo que apenas conseguem atacar inimigos que lhes estejam adjacentes, mas também vamos ter arqueiros ou cavaleiros que, quando equipados com lanças, nos permitem atacar com alguma distância. Feiticeiros e curandeiros possuem magias que tanto podem ser ofensivas ou de suporte e muitas delas também permitem inclusivamente serem usadas em mais que um alvo em simultâneo. As batalhas decorrem por turnos, onde cada unidade no terreno (aliado ou inimigo) terá o seu próprio turno. Lá teremos então de movimentar as tropas para as posições que pretendemos, sendo que posteriormente poderemos atacar (caso exista algum inimigo no nosso alcance), mas também usar magias, usar/equipar itens ou até trocar itens entre unidades aliadas adjacentes. À medida que vamos avançando no jogo vamos também recrutar muitas mais personagens que se juntam à nossa causa, mas temos um número máximo de tropas que podem combater, pelo que também teremos de fazer essa gestão.
Tal como no primeiro Shining Force, podemos explorar livremente o mundo e suas localizações
Mas já o primeiro Shining Force não era um RPG táctico tradicional, pois também tinha a componente de exploração do mapa mundo e aldeias/cidades, repletas de NPCs para dialogar e lojas para visitar tal como noutros JRPGs clássicos. E isso está também aqui presente. Uma das novidades nesta sequela é o facto de ser mais não-linear, na medida em que a história não está dividida em capítulos e poderemos revisitar locais antigos a qualquer momento. Para além disso, temos também algumas áreas específicas no mapa capazes de despoletar batalhas aleatórias, o que é uma mais valia para treinar as nossas forças, até porque os inimigos escalam consoante o nível actual do Bowie. No entanto, a estratégia de derrotar todos os inimigos excepto o boss, desistir da batalha e voltar a tentar do início continua a uma boa forma de ganhar experiência. Tal como no primeiro jogo, poderemos também promover unidades para classes superiores, permitindo inclusivamente ganhar habilidades novas. A novidade aqui é que certas classes podem ser promovidas para duas classes distintas, mediante se tivermos algum item específico equipado ou não. Por exemplo, os Knights tipicamente podem ser promovidos a Paladins, mas se encontrarmos o item Pegasus Wing e o equiparmos num cavaleiro, este poderá ser promovido a Pegasus Knight, que apesar de possuir menos defesa, tem a vantagem de ser um cavaleiro alado, logo sem qualquer restrição de movimento. Os Mages tipicamente são promovidos para Wizards, mas se encontrarmos o item Secret Book, poderemos promover um Mage à classe de Sorcerer, onde perdemos todas as magias previamente aprendidas, mas ganhamos a possibilidade de aprender feitiços ofensivos (summons) inteiramente novos, muito poderosos, e exclusivos a esta classe. Entre outros exemplos, como os Barons, Brass Gunners ou Master Monks que por sua vez já existiam nos Shining Force anteriores.
O detalhe gráfico dos combates em si está melhorado face ao primeiro Shining Force
A nível gráfico nota-se uma boa evolução perante o primeiro Shining Force. Nomeadamente no detalhe das sprites, cenários e animações de batalha. O jogo está portanto dividido entre as secções de exploração e de posicionamento táctico durante as batalhas, que ambas possuem uma perspectiva vista de cima, típica dos JRPGs das eras 8 e 16bit. Porém quando nas batalhas existe um confronto, a câmara transita para uma perspectiva nas costas do nosso soldado que está a atacar ou defender. E aí também se nota uma boa evolução no detalhe gráfico e animações de combate quando comparados com o primeiro jogo. A banda sonora é também mais variada, com músicas mais alegres particularmente quando exploramos o mapa mundo e algumas localidades, mas também com aquelas músicas com uma percursão mais típica de marchas militares, quando estamos em batalha.
Portanto este Shining Force II é mais um excelente RPG da era 16bit, e tendo sido lançado numa consola que não tem uma biblioteca tão grande de RPGs quanto a dos seus concorrentes directos (SNES e PC-Engine), acaba por ser um título que se destaca ainda mais por isso mesmo. Para mim é só ultrapassado pelo Phantasy Star IV! As suas mecânicas de jogo mais simples quando comparadas às de títulos como Fire Emblem ou Langrisser (para mencionar apenas títulos contemporâneos) tornam este título (assim como o seu predecessor) uma óptima porta de entrada para quem quiser se aventurar pelos RPGs mais tácticos.
Advanced V.G. ou Advanced Variable Geo, é o segundo jogo da saga Variable Geo, que começou por ser uma série de jogos de luta que se tem ficado apenas pelo Japão. E tal não é de estranhar, pois o seu primeiro jogo, chamado apenas de Variable Geo, foi lançado apenas para os computadores PC-98 e aparentemente continha bastante conteúdo hentai, o que aparentemente acontece em todos os jogos desta série lançados em computadores japoneses. Este Advanced V.G. é aparentemente uma conversão do Variable Geo original, mas com o conteúdo hentai removido e o mesmo parece acontecer para os restantes jogos da saga lançados em consolas. O meu exemplar foi comprado a um particular algures no mês de Janeiro por 20€.
Jogo com caixa, manual embutido na capa, registration card e spine
Ora este é então um jogo de luta de 1 contra 1 com um elenco completamente feminino. Muitas das lutadoras têm fatos de criada e estão a competir num torneio qualquer de artes marciais. Para um jogo que foi outrora hentai, tal não é de estranhar e deve fazer algum sentido. Dispomos no entanto diversos modos de jogo como o “Normal” que é essencialmente similar ao modo arcade de jogos de luta convencionais, o VS para dois jogadores e o modo história. Aqui neste último estamos restringidos a jogar com a personagem principal Yuka, defrontando cada uma das outras adversárias de cada vez e onde teremos direito a várias cutscenes animadas e narradas entre cada combate. A jogabilidade é simples e este é um dos jogos onde é recomendado o uso de um comando de 6 botões pois precisamos de pelo menos 4 botões faciais para socos e pontapés fracos ou fortes. Caso usemos um comando tradicional de 2 botões, lá teremos de fazer alguma ginástica adicional. Nesse caso, os botões I e II servem para socos e pontapés, mas a sua intensidade varia consoante o tempo em que mantemos cada botão pressionado.
Advanced V.G. é um clone de Street Fighter II até que bem competente. Pelo menos é fluído.
A nível audiovisual até que é um jogo bem conseguido para uma PC-Engine. As personagens estão bem detalhadas e animadas e visto que todas as personagens são femininas, assim como as origens hentai desta série, esperem por uns quantos momentos de fanservice. O jogo está repleto de cutscenes, particularmente se jogarmos o modo história. Mas mesmo antes de chegar ao ecrã título, temos umas quantas pequenas cutscenes narradas que apresentam todo o elenco. Estas cutscenes são igualmente coloridas, bem detalhadas e com o fanservice habitual. Sendo um jogo em formato CD esperem também por muitos diálogos, infelizmente inteiramente em japonês. As músicas são bastante variadas entre si e com uma qualidade CD audio e apesar de não serem propriamente desagradáveis, também não são necessariamente memoráveis.
O jogo está repleto de cutscenes animadas e devido à sua origem questionável, esperem por muitos panty shots
Portanto este Advanced V.G. é um jogo de luta que apesar de todo o fanservice que possui devido às suas origens mais questionáveis, até que possui uma jogabilidade fluída e é um jogo capaz de entreter. Está também repleto de cutscenes bem detalhadas e narradas, particularmente no modo história. Existem no entanto outras versões deste jogo que aparentam ser, pelo menos visualmente, melhores. Em 1995 a Super Famicom recebeu uma versão intitulada de Super V.G. com gráficos mais coloridos e detalhados mas sem as vozes e cutscenes animadas. No ano de 1996 foi a vez da Playstation receber uma versão aparentemente melhorada e no ano seguinte a Saturn também recebeu uma conversão, pelo que essas versões 32bit deverão ser mais interessantes.
Vamos voltar às rapidinhas da PC-Engine com mais um jogo de desporto, desta vez o Naxat Stadium da própria Naxat, lançado originalmente em 1990. Ora, apesar de já entender um pouco melhor como se joga este desporto, eu continuo a não ser fã de baseball, daí o motivo deste artigo ser extremamente curto. O meu exemplar foi comprado algures em Dezembro do ano passado, veio em conjunto com uma PC-Engine Coregrafx completa em caixa que importei directamente do Japão.
Jogo com caixa e manual embutido na capa
Ora dispomos aqui de vários modos de jogo, incluindo partidas rápidas para 1 ou 2 jogadores, bem como o Pennant Mode que presumo que seja uma espécie de campeonato. Temos também o watch mode onde, tal como o seu nome indica, vamos poder observar 2 equipas controladas pelo CPU a jogarem entre si, algo que é tão divertido como ver a relva a crescer no jardim. Por fim temos também o edit mode, onde poderemos editar as equipas disponíveis, algo que não me atrevi de todo a fazer. As equipas por si parecem-me fictícias, mas não sei se serão inspiradas em equipas reais do campeonato nipónico.
O jogo possui algumas animações engraçadas que lhe dão um aspecto mais de desenho animado, o que a meu ver resulta bem em jogos de desporto desta geração
Já a jogabilidade até que me parece sólida, tendo em conta que estamos a abordar um jogo de uma consola da era das 16-bit. Não esperem por um simulador, e ainda bem! Isto porque os jogadores vão tendo um aspecto algo caricaturizado em certas situações. Por exemplo, sempre que algum jogador seja “apanhado” fora de uma base, é substituído por uma animação de um anjo a ascender ao céu. Ou quando um dos jogadores apanha com uma bola em cima, fica com uma careta que expressa dor, por exemplo. Tudo isto dá ao jogo um certo charme que acaba por resultar bem em consolas das gerações das máquinas 8 e 16bit.
Tal como é habitual em jogos deste tipo, quando nos preparamos para fazer um lançamento, temos também uma perspectiva das bases que estão actualmente ocupadas por membros da equipa atacante
A nível audiovisual é um jogo simples, mas cujos gráficos ganham precisamente com esse aspecto mais de desenho animado que referi acima. Durante o lançamento temos um ângulo próximo da acção que destaca quem vai tentar acertar com o taco na bola, podendo inclusivamente ajustar a sua posição e, uma vez acertando na bola, a câmara transita para uma perspectiva mais abrangente do campo em si. As músicas vão sendo algo variadas. Durante as partidas vamos ouvindo temas que soam um pouco a fanfarra, típicas de jogos deste desporto, já nos menus e afins vamos ouvindo outras músicas mais enérgicas, se bem que curtas. Temos também algumas vozes digitalizadas como strike, out ou foul.
Portanto este Naxat Stadium parece ser um jogo sólido e divertido de baseball, mas como eu não sou fã do desporto e ainda não entendo muitas das suas particularidades, também não consegui tirar grande prazer de o jogar.