O extremo sucesso do Street Fighter II nas arcades levou a que surgisse um grande boom no género nos anos que lhe seguiram. A SNK, que continha também ex-funcionários da Capcom no seu lineup, foi uma das empresas que mais apostou nos jogos de luta 1 contra 1, da mesma forma que a Capcom, ao produzir series como Fatal Fury, Art of Fighting ou mais tarde o King of Fighters. Em 1993 lançaram um outro jogo com mecânicas de jogo diferentes dos restantes, o Samurai Shodown. Em vez do jogo ser passado nos tempos modernos como nos outros Fighters da altura, este remete-nos para o Japão Feudal, com vários guerreiros equipados com armas brancas. É portanto um dos primeiros fighters que dão especial ênfase ao combate armado.
A maioria dos lutadores são orientais, sendo que dentro desses, a maioria são também japoneses. As grandes excepções à regra são a Charlotte, uma cavaleira francesa, ou norte-americano Galford, que luta acompanhado de um lobo. Ao contrário dos outros fighters da altura, aqui não há um grande foco em combos, mas sim em ataques certeiros, pois estamos a usar espadas e/ou outras armas brancas. No último round de cada combate é possível até fazer fatalities, onde conseguimos cortar o nosso oponente ao meio. Temos é uma barra de energia, a POW, que se encontra na parte inferior do ecrã e que vai enchendo à medida em que levamos pancada. Quando essa barra de energia estiver cheia (e curiosamente a cor da pele da personagem também vai mudando de cor), poderemos desencadear alguns golpes bastante poderosos.
A nível gráfico este era um jogo excelente nas arcades. Os cenários eram incrivelmente detalhados, assim como as personagens. Tal como no Art of Fighting, aqui também há na versão arcade um sistema de zoom in e zoom out, que vai ampliando a acção à medida em que os lutadores se aproximam, ou fazendo zoom out quando se afastam. Nesta conversão para a Mega Drive não temos este mecanismo, com o jogo a apresentar os lutadores sempre próximos entre si. Nesse aspecto, acaba por levar a melhor sobre a SNES, pois esta apresenta os lutadores mais pequenos e com menos detalhe. No entanto, a versão Mega Drive possui algumas lacunas como menos uma personagem, menos alguns apetrechos gráficos e menos alguns golpes de várias personagens. Ainda assim deixa-nos jogar com o último boss no modo multiplayer sem ser necessário recorrer a códigos.
A banda Sonora também foi algo que me impressionou neste Samurai Shodown. A mesma é bastante minimalista, usando muitos instrumentos folclóricos, especialmente os japoneses. Isto contribui bastante para uma atmosfera mais tensa nos combates! A música do nível da Charlotte é uma excepção à regra, com elementos de instrumentos mais clássicos. Naturalmente que, comparando com a versão original ou mesmo a SNES, as músicas em si têm menor qualidade na Mega Drive, mas no entanto ainda assim ouvem-se bem.
No fim de contas, mesmo não sendo a melhor adaptação possível da arcade, esta versão para a Mega Drive deste classic da SNK acaba por se jogar bastante bem! Para além desta versão em cartucho, temos também uma versão Mega CD que acaba por ser superior a esta, na medida em que não há cortes nos golpes que faltavam, a cutscene de abertura e os finais dos lutadores estão mais fiéis à versão arcade, assim como a música que é idêntica. Mas infelizmente não é uma versão que seja muito fácil de aparecer.