Bugs Bunny in Double Trouble (Sega Mega Drive)

Vamos voltar aos jogos de plataformas, ficando agora com um dos jogos que joguei na minha infância mas que por algum motivo nunca me tinha aparecido um exemplar a bom preço para a colecção. E inicialmente estava para escrever uma rapidinha, mas depois de ter relido o que escrevi na versão Game Gear deste jogo, sinto que devo aprofundar um pouco melhor algumas das mecânicas de jogo aqui introduzidas. Mas já lá vamos. O meu exemplar foi comprado no passado mês de Novembro numa CeX, tendo custado uns 25€.

Jogo com caixa e manuais

Ora como referi na versão Game Gear este é um jogo de plataformas que é uma espécie de analogia ao que a Disney havia feito com o Mickey Mania, ao produzir um jogo de plataformas que servia de homenagem à conhecida personagem, por alturas do seu 65º aniversário (embora isto não se tenha vindo a materializar pois o jogo saiu 1, 2 ou até 3 anos após esse aniversário, dependendo da plataforma e região). No Mickey Mania cada nível havia sido inspirado em diferentes filmes de animação ao longo da já longa carreira do rato. Este Bugs Bunny serve o mesmo propósito, apesar de que há uma história por detrás e que une todos os filmes/níveis entre si. Basicamente é o Yosemite Sam que, agora no papel de um cientista maléfico, quer capturar o pobre coelho e extrair o seu cérebro para construir um poderoso robô.

No primeiro conjunto de níveis temos de atrair o Duffy Duck para que este passe por estas placas e as troque

Os dois primeiros níveis podem ser jogados em qualquer ordem e infelizmente são esses níveis que possuem as mecânicas de jogo mais rebuscadas. O primeiro nível (dividido em duas fases) coloca Bugs Bunny a competir com Daffy Duck, que nos persegue constantemente. A ideia é a de fazer com que o Duffy Duck nos siga através dos dois níveis labirínticos, virando as tabuletas de “caça aberta a coelho” para “caça aberta a pato”. Temos um tempo limite para virar todas as tabuletas, antes que o caçador Elmer Fudd apareça e nos dê um tiro. O problema é que o Daffy Duck é por vezes bastante rápido e se nos toca causa dano, pelo que teremos de aproveitar os baldes de cola que estão espalhados pelos níveis e atirar-lhos, de forma a atrasá-lo um pouco e permitir que exploremos melhor os cenários. A qualquer momento, se o Daffy Duck nos perder de vista, podemos sempre chamá-lo com o botão C. A ideia é então ludribiá-lo pelos níveis para que o próprio Duffy Duck vire todas as tabuletas, dentro do tempo limite.

O segundo nível é sem dúvida o mais rebuscado que irão encontrar em todo o jogo

O segundo nível é de longe o que tem as mecânicas de jogo mais confusas. Começamos numa arena com um touro gigante e o objectivo é o de montar uma armadilha para o touro, sendo que para isso precisamos de recolher uma série de objectos, que estão escondidos em cavernas repletas de leões e outros perigos. O problema é que as entradas para as diferentes cavernas estão seladas com tábuas de madeira… a ideia será então saltar para as costas do touro, que nos atira para o ar, onde estão barras de dinamite suspensas. Ao apanhar uma dessas barras de dinamite, vamos deslizando levemente até à superfície, onde teremos de ter o cuidado em aterrar em cima de um dos buracos tapados, para destruir as tábuas. Uma vez feito isso, lá teremos de explorar a caverna em questão em busca dos vários itens assinalados na parte superior do ecrã. O problema é que as cavernas são escuras, labirínticas e repletas de leões, cujos poderemos encaminhar para jaulas e fechá-los lá ao interagir com uma alavanca para fechar a jaula. Mas como disse acima, as cavernas são escuras, labirínticas e obrigam-nos a uma exploração bastante exaustiva, muitas vezes forçando-nos a interagir com uma série de alavancas para abrir ou fechar passagens. Tudo isto com um tempo limite e temos de explorar umas 3 cavernas diferentes, cada uma mais complexa que a anterior! Ao menos a animação de vermos a armadilha em acção está muito engraçada!

Se apanharmos todas as estrelas cinzentas espalhadas pelos níveis, vamos poder jogar alguns níveis de bónus

Felizmente os níveis que se seguem são mais genéricos nas suas mecânicas. O terceiro nível faz-me lembrar o Aladdin da Mega Drive e o objectivo é, em cada fase, o de encontrar uma lâmpada mágica que tipicamente temos de derrotar um mini-boss para a apanhar. Em seguida temos um nível num castelo medieval labiríntico onde temos de encontrar uma espada mágica e depois descobrir e derrotar o boss. O conjunto de níveis seguinte leva-nos a uma casa assombrada onde teremos de encontrar umas quantas chaves para ir destrancando as portas que nos permitem progredir no nível até encontrar a sua saída. Já o conjunto seguinte é exclusivo da versão Mega Drive e é um shooter no espaço, numa perspectiva semelhante à do Space Harrier. Mas logo depois temos os níveis em Marte, que são agora shmups horizontais. Por fim, os últimos níveis são também passados em Marte e são novamente de plataformas.

Um clone de Space Harrier? Por esta não estava à espera

A nível gráfico, os cenários, personagens e inimigos estão bem coloridos (quase nem parece jogo de Mega Drive!) muito bem detalhados e animados. É uma vantagem de ser um título que já saiu no final de vida da consola, em 1996, por altura em que os programadores talentosos já conseguiam mesmo tirar o melhor proveito do sistema. Os gráficos parecem também, por vezes, serem pré-renderizados, um pouco à imagem do Donkey Kong Country da Super Nintendo, o que se calhar também explica o seu bom aspecto. As músicas são também agradáveis e nada de especial a apontar aos efeitos sonoros.

Portanto este é um jogo que apesar de ser bastante bonito, peca principalmente pelo design dos dois primeiros conjuntos de níveis. O segundo então, o do touro, é de bradar aos céus. Mas ao menos a Probe tentou fazer algo de diferente e há uma boa variedade de cenários e mecânicas ao longo de todo o jogo. Pena também que na maioria dos níveis de plataformas o design dos mesmos seja labiríntico… ao menos na maior parte não temos tempo limite.

Pastel Lime (PC-Engine CD)

Vamos continuar com a PC-Engine para uma rapidinha a uma visual novel, desta vez. Resolvi experimentar usar o Google Lens para passar um jogo inteiramente em japonês e este Pastel Lime era a cobaia perfeita. Isto porque tinha lido que era um jogo curto, uma visual novel linear e impossível de chegar a um game over, bem como pelo facto da maior parte do voice acting estar também legendado, pelo que aproveitei então para testar este método. O meu exemplar foi comprado em conjunto com a minha PC-Engine Duo RX a um coleccionador francês.

Jogo com caixa, manual embutido na capa, spine e registration card

Antes de falar do jogo em si, vamos lá comentar melhor como o joguei. Basicamente usei o emulador Medfanen, pausava a emulação sempre que tivesse uma frase completa no ecrã e apontava o Google Lens para lá, para traduzir o texto de japonês para inglês. As traduções não eram perfeitas, mas deu perfeitamente para ir percebendo a história, o que era o mais importante. Infelizmente o facto de ter constantemente de pausar (por vezes haviam diálogos mais longos que me obrigavam a pausar a emulação) e apontar o google lens para traduzir tornou-se um pouco cansativo. Mas provavelmente será um método que voltarei a usar no futuro para atacar mais alguns jogos similares que tenho na colecção.

Para terem uma noção de como o Google Lens ajudou na tradução

Mas vamos ao jogo em si. Pastel Lime é, como já referi, uma visual novel muito ligeira em termos interactivos. É completamente linear, não existem ramificações na história nem nenhuma maneira de ficarmos presos ou perder o jogo. É então uma questão de ir lendo o texto que nos vai aparecendo no ecrã e ir percorrendo as escolhas a tomar para ir avançando na história. A história é sem dúvida o mais bizarro. Conta a aventura de uma fada chamada Yu que ao treinar a sua magia vê-se transportada para a Terra, mais precisamente para o quarto de uma pequena adolescente no Japão. No meio da confusão, a fada lança acidentalmente um feitiço à miúda que a faz tornar mais adulta (leia-se, os seus peitos crescem) e o resto do jogo será passado ao explorar as imediações da cidade (mais precisamente um hospital e uma praia) em busca de jóias que permitam à fada Yu voltar ao seu mundo, mas também restaurar a forma original da protagonista. Resumidamente é isto, naturalmente iremos interagir com muitas outras personagens, mas a narrativa nunca fica muito interessante.

Pelos vistos ligaram o ar condicionado no frio, lá no hospital. Bandidos!

A nível técnico esta visual novel está repleta de diferentes cenas e a maioria dos diálogos são narrados com voice acting, que sinceramente até me pareceu bastante decente tendo em conta o resto. As músicas são em formato CD Audio e são também agradáveis, abrangindo diferentes géneros musicais consoante o ambiente. Já o design das personagens, sinceramente deixa muito a desejar. É meramente uma questão de gosto pessoal, mas não gosto do traço usado pelo artista.

Portanto estamos perante uma visual novel muito simples a nível de mecânicas de jogo, com uma história bizarra no seu conceito, mas rapidamente se torna bastante aborrecida também. Foi no entanto uma cobaia perfeita para avaliar se o uso de sistemas como o Google Lens pode ajudar a passar a barreira linguística nalguns videojogos japoneses!

Doraemon: Nobita no Dorabian Night (PC-Engine)

Vamos voltar à PC-Engine para um jogo de plataformas com Doraemon como protagonista. Mas ao contrário do Doraemon: Meikyuu Daisakusen que chegou ao ocidente através do nome Crater Maze, este já é um jogo de plataformas clássico, mas que se ficou apenas pelo Japão. Compreende-se pois apesar de o Doraemon tornar-se um sucesso nalguns países europeus, a Turbografx foi uma plataforma que chegou cá sem grande esforço de marketing, pelo que rapidamente chegou e desapareceu. O meu exemplar foi comprado em Outubro numa loja japonesa e custou-me cerca de 10 dólares.

Jogo com caixa e manual embutido na capa

Ora aparentemente este jogo é baseado no filme de animação de mesmo nome, mas não sei até que ponto é que é mesmo fiel ao filme. É que aparentemente o filme é todo passado nas arábias, mas aqui isso apenas acontece nos últimos níveis. Já neste jogo, os amigos do Doraemon decidem visitar o mundo dos seus livros favoritos mas acabam por ficar lá presos, pelo que caberá ao pobre gato azul entrar em cada um desses mundos e resgatá-los. Começamos por visitar a pré-história, no tempo dos dinossauros, passando depois para a antiga civilização chinesa, onde iremos percorrer o que aparenta ser a grande muralha. O terceiro mundo é baseado em filmes de terror, com florestas e castelos assombrados e por fim o quarto mundo já é passado nas arábias, com Doraemon a colocar um turbante na cabeça.

Na cutscene de introdução vemos Nobita e os seus amigos a saltarem para dentro dos seus livros preferidos, por alguma razão estúpida, certamente

Estamos então perante um jogo de plataformas com mecânicas de jogo simples, com um botão para saltar e um outro para disparar a arma que tenhamos actualmente equipada. Os primeiros níveis são bastante simples como seria de esperar de um jogo para um público mais infantil, mas a partir do terceiro mundo as coisas começam a complicar, devido à maior quantidade de inimigos no ecrã e desafios de platforming mais exigentes. O jogo até tem continues infinitos, mas cada vez que usamos um continue temos de recomeçar o mundo onde estávamos a partir do seu primeiro nível. Já perder uma vida obriga-nos a recomeçar o nível onde estávamos. Começamos com uma barra de vida de 4 quadradinhos, cuja pode ser restabelecida ao comer alguns bolos que poderemos encontrar em plantas enterradas no chão (quaisquer semelhanças com Doki Doki Panic não devem ser mera coincidência), ou noutros itens que poderemos encontrar em salas bónus.

Ocasionalmente poderemos encontrar portas ou cavernas que nos levam a itens ou mini-jogos de bónus

Inicialmente estamos munidos de uma arma que apenas paralisa os inimigos por breves segundos, mas à medida que vamos avançando no jogo vamos desbloquear outras armas. A segunda arma é a que provavelmente será a que usamos a maior parte do tempo, pois também é uma pistola, mas que derrota os inimigos. A terceira arma dispara umas bombas lentas, mas teleguiadas ao inimigo mais próximo, já a quarta é um pano vermelho (tipo de toureiros) que consegue reflectir os projécteis de volta para quem os atira, ou atirar os próprios inimigos também! No último nível recebemos uma arma que teremos mesmo de usar contra o boss final. Ao longo do jogo poderemos também encontrar diversos outros power ups, como invencibilidade temporária, paralisar os inimigos também temporariamente, ganhar a habilidade de voar, um escudo, entre outros. As armas e muitos destes itens que vamos encontrando ficam disponíveis para seleccionar no ecrã de inventário. Também espalhados pelos níveis vamos encontrando diversas cavernas ou salas onde poderemos também encontrar alguns itens ou a possibilidade de participar em mini-jogos de bónus, que nos podem levar a ganhar vidas extra ou ter a nossa barra de vida regenerada.

Os mini jogos de bónus podem-nos recompensar com bolos que regeneram a nossa barra de vida, vidas extra ou itens mistério que deixam de o ser se souberem ler japonês

A nível visual é um jogo algo simples no detalhe dos níveis, mas bastante colorido. Os quatro mundos são naturalmente bastante distintos entre si, existindo ainda alguma variedade dentro dos níveis de cada mundo. Os inimigos possuem sempre um aspecto algo fofinho, o que é normal visto ser um jogo do Doraemon. Destacava talvez o último boss que, apesar de ser uma sprite simples, não deixou de impressionar pelo seu tamanho inicial! Nada de especial a apontar aos efeitos sonoros, já as músicas sinceramente houve ali algumas mais mexidas que gostei bastante!

No primeiro nível há uma parte onde podemos andar nas costas de um triceratops, o que dá jeito pois a arma que temos na altura não serve de muito

Portanto este é um jogo de plataformas que apesar de começar de forma muito simples, rapidamente se torna um maior desafio assim que chegamos à sua segunda metade. Possui algumas mecânicas de jogo divertidas, nomeadamente as diferentes armas que vamos desbloqueando e todos os power ups que poderemos acumular em inventário antes de os usar. De notar que a Hudson lançou em 1992 uma nova versão deste mesmo jogo em formato CD, que inclui novas cutscenes mais detalhadas, algum voice acting e pouco mais (a música continua chiptune).

Apollo Justice: Ace Attorney (Nintendo DS)

Vamos voltar agora à série Ace Attorney para o quarto jogo da saga. Enquanto a primeira trilogia tinha sido desenvolvida originalmente para a Gameboy Advance no Japão e trazida posteriormente para a Nintendo DS no Ocidente (e remasterizada em HD para múltiplas plataformas depois), em 2007/2008 a Capcom lança este Apollo Justice: Ace Attorney para a Nintendo DS. Agora com um novo advogado de defesa como protagonista principal e uma vez mais com um nome muito exótico, o Apollo Justice. A Capcom introduz aqui umas quantas novas mecânicas de jogo, no meio de muitas outras já conhecidas, como iremos ver daqui para a frente. O meu exemplar foi comprado a um particular no passado mês de Novembro por 40€.

Jogo com caixa, manual e papelada na sua versão norte-americana

Na sua essência, este jogo continua a ser um híbrido de uma aventura gráfica e uma visual novel, onde, ao longo de vários capítulos, iremos lutar para ilibar os nossos clientes das suas acusações de homicídio. Cada capítulo conta um crime diferente e tipicamente a narrativa oscila entre 2 tipos de jogabilidade distintos: a investigação e o julgamento. Na primeira iremos percorrer diversos cenários a pente fino em busca de pistas ou provas que potencialmente ilibem o nosso cliente, assim como falar com várias testemunhas. A parte do julgamento é onde as coisas tipicamente mais aquecem, com ambos os advogados a trocarem acusações entre si e com diversas testemunhas para serem interrogadas, onde temos de rever os seus testemunhos com grande escrutínio, em busca de contradições ou verdades ocultas.

Apesar de não ser o protagonista principal, Phoenix Wright acaba por nos acompanhar ao longo de toda a aventura

Até aqui nada de novo, mas na verdade este Apollo Justice introduz uma série de conceitos novos. Bom, o primeiro não é inteiramente novo: a jovem Ema Skye está de regresso (ela é uma das principais protagonistas do capítulo extra que foi desenvolvido para a conversão da Nintendo DS do primeiro jogo), pelo que em certas alturas teremos algumas análises forenses para realizar e que requerem o uso do touch screen e ocasionalmente do microfone da Nintendo DS. De resto, se jogaram o segundo ou terceiro jogo, devem-se lembrar da habilidade especial que o Phoenix Wright ganhou, para saber se as pessoas com as quais dialogava estavam a esconder alguma coisa. Aqui o Apollo Justice ganhou uma habilidade semelhante, mas ao contrário da do Phoenix Wright, que era apenas usada em diálogos fora dos tribunais, esta do Apollo é usada apenas nos interrogatórios das testemunhas em pleno tribunal. Basicamente o Apollo também consegue perceber quando as testemunhas estão a esconder alguma coisa ou a mentir, mas através da sua linguagem corporal ou tiques nervosos. A maneira como a Capcom introduziu estas novas mecânicas de jogo está muito bem conseguida, na minha opinião!

Ocasionalmente temos alguns momentos de análise forense pela frente

Sem querer revelar nada da história em si, o último caso que teremos de investigar é muito especial, pois resolve uma série de pontas soltas que foram sendo deixadas nos casos anteriores. A certa altura somos levados a uma espécie de sistema informático chamado Mason, que nos permite revisitar certos locais e falar com pessoas chave, tanto em acontecimentos num presente próximo, como outros de há sete anos atrás. Nesses segmentos voltamos a controlar o saudoso Phoenix Wright e com ele iremos revelar alguns detalhes chave que nos levarão a uma eventual vitória no julgamento final. Ao jogar com o Phoenix Wright nessa fase, voltamos a ter a sua habilidade de quebrar os psyche-locks e obrigar as pessoas a revelar os seus segredos.

A principal habilidade de Apollo é a detecção de tiques nervosos e linguagem corporal, quando as testemunhas estão a mentir

A nível audiovisual estamos perante um jogo sólido. Tendo sido desenvolvido propositadamente para a Nintendo DS, esperem por algumas das novidades que foram introduzidas no capítulo extra do primeiro jogo na DS. Por exemplo, a possibilidade de observar e manipular certos objectos em 3D (se bem que muito primitivo como é habitual na DS). De resto esperem por interagir com personagens cada vez mais bizarras, porém muito bem animadas. Ocasionalmente também vamos ter direito a assistir algumas cutscenes e animações em 3D, explicando como ocorreram certos crimes e não só. Já no som, as músicas continuam a ser bastante agradáveis e, sendo este um jogo da DS, podemos proferir as palavras Objection!, Take That! ou Hold it! nós próprios através do microfone da DS. Mas na verdade até podem dizer “batatas” que o microfone vai detectar a vossa voz na mesma e interpretar como se fosse a palavra certa.

Portanto este quarto Ace Attorney é mais um bom jogo desta série, que prima pelas suas personagens bizarras, porém bastante carismáticas, bem como pelos crimes cada vez mais mirabolantes. A mecânica da linguagem corporal foi muito benvinda e faz mais sentido que o poder das médiuns que acompanhavam o Phoenix Wright na primeira trilogia, se bem que no final o sistema Mason atirou todo o realismo para o lado… mas não interessa, continua a ser uma história bastante interessante na mesma.

Bikkuriman World (PC-Engine)

Vamos ficar agora para um jogo de lançamento da PC-Engine no Japão. O nome de Bikkuriman World pode ser algo exótico, mas este é na verdade uma conversão de um outro jogo bem mais conhecido e que já cá trouxe no passado: Wonder Boy in Monster Land. O meu exemplar foi comprado numa loja japonesa algures no final de Outubro e custou-me uns 13 dólares.

Jogo com caixa e manual embutido na capa

A razão deste Bikkuriman não ser um Wonder Boy é simples. A WestOne, empresa que criou o jogo, detinha os direitos do jogo em si, enquanto que a Sega, empresa que o publicou, detinha os direitos do nome Wonder Boy e suas personagens. É por isso que em (quase) todas as conversões de jogos Wonder Boy para outros sistemas que não tenham tido o aval da Sega, o mesmo acaba por ter recebido nomes diferentes e com as suas personagens trocadas. Foi assim que aconteceu no Adventure Island (que por sua vez deu origem a essa série) quando a Hudson comprou uma licença à Westone para levar o primeiro Wonder Boy para a MSX e Famicom/NES e foi assim que aconteceu quando a mesma Hudson decide levar o Wonder Boy in Monster Land para a PC-Engine. Mas se Adventure Island era uma propriedade intelectual inteiramente nova, este Bikkuriman já era um nome conhecido no Japão. Tal como referi no Bikkuriman Daijikai, os Bikkuriman eram uns doces/chocolates/bolachas japonesas que na década de 80 introduzem uma colecção de cromos repletos de personagens bizarras. Esses cromos aparentemente fizeram um sucesso tremendo que levou ao surgimento de animes e, naturalmente, videojogos também, com este Bikkuriman World a ter sido o primeiro.

Por algum motivo começamos a aventura de cuecas

Então, em vez do Bock Lee/Tom-Tom como protagonista temos uma das personagens desse estranho universo do Bikkuriman World, assim como os bosses e alguns inimigos, bem como as personagens por detrás das lojas e casas que poderemos visitar. De resto é um jogo em tudo idêntico ao Wonder Boy in Monster Land que era um jogo de plataformas ainda algo linear por estar dividido em níveis, mas que aos poucos foi introduzindo muitas das mecânicas de jogo de metroidvania e action RPG que se viriam a popularizar nos Wonder Boy (Monster World) seguintes. Estamos então perante um jogo de plataformas num mundo medieval, onde atacamos os inimigos com uma espada e estes vão largando dinheiro, corações (que nos regeneram a barra de vida) ou outros itens que nos aumentam a pontuação. Espalhados ao longo dos níveis teremos também inúmeros edifícios e portas para explorar. Alguns têm lojas onde poderemos comprar equipamento ou regenerar a nossa barra de vida, outros possuem NPCs que nos dão dicas ou desbloqueiam o nosso progresso, mas muitas portas levam-nos também para armadilhas e bosses, alguns opcionais mas que nos dão como recompensa armas mais poderosas. Muitas passagens secretas e itens escondidos podem também ser descobertos com exploração mais exaustiva nos cenários.

Ao longo dos níveis poderemos encontrar múltiplas portas, algumas levam-nos a bares onde podemos beber um copo, dar duas de letra e regenerar um pouco a nossa barra de vida

No entanto, sendo este um jogo com as origens em arcade, todos os níveis têm um tempo limitado para serem completos, tempo esse que é medido com uma ampulheta visível na parte esquerda do ecrã. Sempre que essa ampulheta se esgota, perdemos um coração da nossa barra de vida e, sendo que temos apenas uma vida para terminar o jogo, rapidamente as coisas se tornam bastante desafiantes. O último nível em particular é um autêntico labirinto! De resto, este primeiro Wonder Boy in Monster Land (World) marca também por ser o primeiro jogo onde poderíamos encontrar e usar diversas magias ou armas secundárias como bombas, bolas de fogo, raios eléctricos que causam dano em todos os inimigos presentes no ecrã, entre outros.

Os bosses que iremos defrontar também são retirados do universo Bikkuriman

A nível audiovisual esta é uma conversão graficamente muito próxima ao original arcade, embora com as personagens principais trocadas. Mesmo a parte esquerda do ecrã, que mostra a nossa pontuação, barra de vida, itens ou magias equipados/seleccionados e o tempo limite é practicamente idêntica à versão original arcade, enquanto que na conversão para a Master System essa informação foi toda simplificada na parte superior do ecrã. As músicas são também bastante agradáveis.

Portanto temos aqui mais uma versão do Wonder Boy in Monster Land que por sua vez é um jogo algo estranho, mas que abriu caminho para os restantes títulos Monster World, onde as suas mecânicas de jogo foram aprimoradas, resultando em excelentes metroidvanias. Esta versão em específico é algo bizarra devido ao universo Bikkuriman ser muito estranho para nós, mas também o podemos jogar em inglês pois existe um patch de tradução feito por fãs.