Sega GT (Sega Dreamcast)

Sega GT foi a reposta da Sega à série Gran Turismo da Sony. Se são fãs de jogos de corrida com um foco bem maior na simulação e realismo, como a tal série da Polyphony Digital ou os Forza da rival Xbox, então é melhor não lerem o resto do artigo pois será certamente redutor. Eu prefiro de longe os jogos de corrida mais arcade, onde não temos de tirar cartas de condução para desbloquear carros e onde podemos fazer com altos powerslides em vez de nos esbarrarmos continuamente contra alguma parede. Então porque fiquei com este jogo na colecção? Porque comprei-o num bundle de uma Dreamcast mais uns quantos jogos algures no passado Agosto e, sendo eu um grande fã da Sega, decidi ficar com o jogo. Até porque também tenho o Sega GT 2002 para a Xbox e gostava pelo menos de experimentar o primeiro antes de testar a sequela.

Jogo com caixa e papelada. Não estava nada à espera de ver um Renault Clio na capa.

Este é então um jogo de corridas que possui um maior foco no realismo. Logo no ecrã título dispomos de vários modos de jogo, sendo Championship o principal modo de jogo competitivo no single player, pelo que irei abordá-lo com mais detalhe em breve. Dispomos também do single race que, como o nome indica, são corridas simples onde teremos à disposição uma série de carros disponíveis para ultrapassar cada desafio em diferentes graus de dificuldade. Será sem dúvida um bom ponto de partida para ficar com uma boa ideia dos controlos! Temos também o Time Attack que como devem calcular é um modo de jogo onde somos desafiados a completar corridas abaixo de um tempo limite e aqui poderemos correr com os carros que tenhamos adquirido no modo Championship. Temos também um modo multiplayer para 2 jogadores mas não o cheguei a experimentar.

Sendo um GT, teremos à nossa disposição uma vasta gama de carros, incluindo alguns que não são propriamente conhecidos por racers.

No modo campeonato, começamos com 10000 créditos para comprar um carro e começar a correr. Não é muito dinheiro, pelo que teremos de escolher um carro usado modesto e talvez ainda nos sobre dinheiro para comprar alguns upgrades, seja no motor, na transmissão ou noutro dos diversos componentes que poderemos customizar. Depois há todo um mundo de diferentes competições que se abre. Vamos tendo também uma vasta gama de carros de diversos fabricantes que poderemos eventualmente comprar, sendo esses carros divididos em diversas categorias consoante a sua potência. Os maios fracos estão na classe Extra, sendo seguidos pela classe B, A e SA. Mas para poder competir com carros destes, teremos primeiro de tirar as respectivas licenças de condução, que são desafios onde tipicamente teremos de bater um tempo pré-determinado numa corrida. Outras licenças que podemos tirar são as licenças de fabricante, que nos permitem fabricar carros de raiz de acordo com as diferentes categorias de veículos. Este é um conceito interessante e há desafios no jogo que nos obrigam mesmo a competir com carros criados desta forma. Teremos também pequenos eventos onde poderemos inclusivamente ganhar patrocínios de empresas como a McDonalds, Virgin, Pioneer, entre outros. O bom destes patrocínios é que são permanentes e recompensam-nos com algum dinheiro extra sempre que tenhamos uma vitória nalguma corrida oficial. E como poderemos acumular patrocinadores (e ainda são um número considerável) é sempre bom termos dinheiro extra a entrar, pois teremos muito que gastar em comprar/fabricar carros novos e customizá-los para ficarem mais competitivos.

Ao começar um jogo novo, a primeira coisa a fazer é comprar um carro usado, tentar melhorá-lo e procurar obter algumas licenças de condução para podermos participar em provas

Portanto no que diz respeito a modos de jogo, variedade de carros e licenças e eventos, este Sega GT até me parece ter bastante conteúdo. Mas tendo em conta que foi um jogo criado a pensar em destronar o Gran Turismo 2 e sinceramente esse foi jogo que nunca devo ter jogado mais de 10minutos, também não vos sei dizer o quão bem o Sega GT se portou. A nível de dificuldade é, como esperava, um jogo que nos obriga a ter uma condução cuidada, especialmente em curvas apertadas. Para além de evoluir os carros ao comprar peças mais potentes, poderemos também customizar os settings de alguns dos seus componentes, como a caixa de velocidades ou o motor, de forma a tentar tirar uma resposta diferente da sua condução. Tal como referi no início do artigo, eu não jogo jogos de corrida regularmente e quando o faço tipicamente são jogos bem mais arcade e com uma jogabilidade mais directa.

Graficamente é um jogo competente, embora eu acho que o MSR consegue ter mais detalhe nos carros e cenários

Já no que diz respeito aos audiovisuais, este parece-me ser um jogo minimamente competente para uma Dreamcast, com os carros bem modelados e facilmente reconhecíveis, embora alguns efeitos especiais como os reflexos da luz ainda não estejam assim tão convincentes. As pistas estão com um nível adequado de detalhe, principalmente longe de cidades ou de bancadas de público, pois essas zonas acho que poderiam ter um pouco mais de brilho. O Metropolis Street Racer que saiu no mesmo ano para a mesma plataforma possui gráficos bem mais detalhados a meu ver, tanto nos detalhe dos carros como no das pistas. Nada de especial a apontar aos efeitos sonoros, pois eu não sou connoisseur de carros, não faço ideia se os barulhos do motor são fiéis aos carros que representam, mas acredito que não pois esse nível de detalhes foram coisas bem mais exploradas nas gerações seguintes. Já as músicas achei-as bastante agradáveis. É uma banda sonora com uma forte pegada electrónica, mas com ritmos suaves e ocasionalmente ainda piscam os olhos a temas mais com uma toada mais rock também.

Sherlock Holmes: Consulting Detective Vol. 2 (Sega Mega CD)

Voltando às rapidinhas, mas agora na Mega CD, vamos ficar com o segundo volume do Sherlock Holmes Consulting Detective, uma série produzida pela ICOM Simulations, originalmente para diversos computadores, mas que certas consolas capazes de correr jogos em CD-Rom também foram recebendo algumas conversões, como é o caso da Mega CD, que recebeu conversões dos primeiros dois jogos. O meu exemplar foi comprado por alturas do Black Friday numa loja online, tendo-me custado algo em torno dos 15€.

Jogo com caixa, manual e papelada

Este artigo será uma rapidinha pois as mecânicas de jogo são em todo idênticas às do primeiro jogo da série, que já cá trouxe no passado. Aqui temos novamente 3 casos distintos para investigar, e as mecânicas de jogo são em tudo similares na sua prequela conforme já referi acima. Temos então no menu inicial vários ícones que podemos clicar e explorar, seja ler artigos do jornal do The Times, consultar o bloco de notas de Sherlock, explorar o directório de contactos de Sherlock, onde poderemos visitar diversas pessoas ou instituições, que poderão ter ou não informações relevantes para os casos que estamos a investigar. Estas resultam sempre em algumas cutscenes em full motion video que tanto podem ser relativamente longas ou muito curtas, no caso de termos visitado alguém que não traz nada de novo à investigação. Podemos também envolver os Baker Street Irregulars, as crianças vizinhas de Sherlock, que o podem também ajudar a bisbilhotar as ruas de Londres. Quando acharmos que temos todas pistas reunidas para identificar o culpado, clicamos no ícone com um martelo de juiz, que nos leva ao tribunal e o juiz nos irá fazer uma série de perguntas sobre o caso. Se as conseguirmos responder a todas correctamente, caso fechado!

As instruções ilustram o que cada ícone representa ao longo do jogo

Agora sendo as mecânicas de jogo as mesmas que o anterior, infelizmente os pontos menos positivos também estão de volta. O primeiro é que condenamos pessoas apenas com base no cruzamento de testemunhos que outros nos vão dando, não há quaisquer provas ou análise forense, ao contrário dos Sherlock Holmes produzidos pela Frogwares. A outra coisa que também não gostei é a pontuação que nos é dada no final de qualquer caso. A ideia é ter o mínimo de pontos possível, o que se traduz em apenas falar com um número reduzido de testemunhas que nos permita afirmar quem são os culpados. Sinceramente eu gosto de explorar todas as opções, pois enriquece bem mais a narrativa.

Vamos ter imensos vídeos para ver, mas tal como na prequela, a qualidade da imagem não é de todo a melhor na versão Mega CD

De resto, a nível audiovisual, esperem por muitas cutscenes em full motion video, talvez mais que no primeiro jogo pois este até traz 2 CDs. E se por um lado não tenho nada a apontar ao acting que me parece bem competente, particularmente o de Sherlock Holmes e Dr. Watson, a qualidade dos vídeos infelizmente não é a melhor. A janela de vídeo é pequena, os vídeos possuem pouca cor e definição, mas isso já é habitual na Mega CD e prende-se também com as limitações de cor nativas da Mega Drive.

The Ooze (Sega Mega Drive)

A Sega Technical Institute, o principal estúdio de videojogos ocidental que a Sega detinha, lançou dois jogos para a Mega Drive em 1995, ambos com conceitos e jogabilidade bastante originais, mas bastante diferentes entre si. Um deles é o famoso Comix Zone, o outro é este The Ooze. O meu exemplar foi comprado algures em Outubro de 2020, tendo vindo num bundle de uma Mega Drive 2 com um número considerável de jogos. Tendo em conta que planeio vender a consola e todos os repetidos, conto que este meu exemplar acabe por ficar practicamente de graça.

Jogo com caixa e manual

E este é também um jogo muito peculiar pois o seu protagonista é nada mais nada menos que uma poça de gosma com uma cabeça no centro e que controlamos ao longo de diversos níveis numa perspectiva top-down. Mas o herói nem sempre foi uma gosma, mas sim um cientista humano que, desconfiado que os seus patrões estavam a esconder alguma coisa decide investigar. E a sua empresa estava mesmo a planear infectar todos os reservatórios de água do mundo com uma doença que iria afectar toda a humanidade, para que depois pudessem vender a cura por rios de dinheiro. Mas o cientista é apanhado a bisbilhotar o que não deve e como castigo recebe uma injecção misteriosa de uma substância verde, que o acabou por tornar naquela forma hedionda.

Uma coisa é certa, o conceito do jogo é bastante original

A jogabilidade é, na sua essência, até que relativamente simples. O d-pad é usado para movimentar a poça de gosma pelo ecrã e dispomos de 2 ataques distintos. O botão B faz com que a gosma cuspa um pouco de si, servindo de projéctil mas ao mesmo tempo retira-lhe um pouco do seu corpo. O botão A serve para a gosma estender um “braço” e socar os inimigos, cuja direcção pode ser controlada pelo d-pad e a extensão máxima depende do tamanho actual da gosma. Cada vez que sofremos dano perdemos um pouco de gosma e, caso soframos dano directamente na cabeça, ou a gosma fique demasiado pequena, perdemos uma vida.

Um dos power ups que podemos apanhar aumenta-nos a velocidade temporariamente, mudando a nossa cor para amarelo também

Iremos percorrer vários níveis numa perspectiva topdown, onde teremos de enfrentar inúmeros inimigos, mas também ultrapassar imensos obstáculos e armadilhas. Teremos também de interagir com diversos interruptor para activar/desactivar certas armadilhas e abrir portas. Sinceramente é um jogo bastante desafiante, pois não só os níveis vão tendo um design cada vez mais labiríntico, é também muito fácil sofrer dano pois o que não falta é perigos à espreita no virar de cada esquina. Os inimigos podem usar ataques que queimam uma grande parte da gosma caso a atinjam, e mesmo navegar em áreas livres de inimigos pode ser um desafio. Basta haverem alguns buracos como sarjetas no chão, ou pequenas poças de ácido, que sugam ou dissolvem parte da gosma se por lá passarmos. Então quando precisarmos de passar por corredores estreitos cheios de obstáculos destes… E infelizmente, sendo um jogo com um design de níveis cada vez mais labiríntico, não haver nenhuma maneira de gravar o progresso no jogo também não é muito agradável.

Um dos ataques que temos à disposição é um “braço” que podemos disparar e controlar a sua trajectória com o d-pad

Para nos auxiliar vamos tendo também diversos power ups que podemos encontrar. Uns círculos verdes são gosma extra, que fazem o corpo crescer e poder “esmurrar” inimigos de forma mais distanciada. Outros podem ser vidas extra, boosts temporários de velocidade ou invencibilidade, onde conseguimos derrotar os inimigos pelo toque. Também poderemos encontrar itens que simbolizam checkpoints para recomeçar o nível naquela posição sempre que percamos uma vida e claro, vidas extra. Muitos destes itens têm de ser bem procurados e estão ocasionalmente em salas secretas ou escondidos pelos cenários. Isto é particularmente verdade no caso do último power up que falta mencionar: as hélices de ADN. Existem 50 espalhadas ao longo dos níveis e temos de as apanhar a todas se queremos desbloquear o melhor final do jogo: restaurar a humanidade ao protagonista.

O que não falta aqui são inimigos, obstáculos e armadilhas!

No que diz respeito aos visuais, o jogo apresenta uma perspectiva aérea que até faz lembrar jogos como o The Chaos Engine, que não só usa uma perspectiva semelhante, como o próprio design dos níveis vai sendo cada vez mais labiríntico também. Os níveis estão divididos ao longo de 5 zonas, que começam numa zona exterior extremamente poluída, passando por zonas mais industriais, como os laboratórios genéticos ou as fábricas da empresa responsável por esta catástrofe. Sinceramente não sou o maior fã dos gráficos do jogo, seja no design dos níveis como dos inimigos, mas tecnicamente não é um jogo com maus gráficos. E o som também não é nada mau, gosto particularmente da banda sonora que tem sempre uma toada rock e, sendo um jogo que usa o driver Gems, a qualidade do som em si também é bastante agradável.

Portanto este The Ooze é um jogo que possui um conceito e jogabilidade bastante originais. Porém é também um jogo com uma dificuldade bem acima da média, e não haver qualquer maneira de gravar o progresso no jogo também não ajuda nada, pois os níveis são grandes, tendencialmente labirínticos e repletos de perigos e passagens secretas que nos obrigam a explorá-los bastante e sempre com muito cuidado.

Global Defense (Sega Master System)

Vamos voltar para a Master System com mais uma conversão de um jogo arcade da própria Sega. Lançado originalmente em arcade em 1987 como SDI: Strategic Defense Initiative e posteriormente na Master System como Global Defense este é um shmup muito peculiar onde controlamos um satélite. Strategic Defense Initiative é também o nome de um programa militar lançado pelo governo Norte Americano que visava em montar um sistema de defesa contra mísseis balísticos a partir do espaço, portanto este foi um jogo largamente inspirado por esse conceito. O meu exemplar comprei-o numa loja online por alturas do black friday, tendo-me custado algo em volta dos 6€.

Jogo com caixa e manual

Tal como referi acima, este é um shmup onde controlamos um satélite com o objectivo de abater todas as ameaças inimigas que surjam no ecrã, sejam elas mísseis balísticos, satélites, bases inimigas ou outros. Mas temos algumas mecânicas de jogo particulares, pois cada nível está dividido em duas fases, uma ofensiva e outra defensiva. Começamos sempre na fase ofensiva com as mecânicas a assemelharem-se mais a um shmup horizontal tradicional. Bem, é quase isso, pois as mecânicas de disparo assemelham-se mais a um Forgotten Worlds do que a um R-Type. Ou seja, não só podemos controlar o movimento do satélite pelo ecrã, mas também a sua mira. O lançamento original nas arcades era composto por um Joystick com um botão no topo para a movimentação do satélite e disparo, bem como uma track ball para a mira. Já na Master System tiveram de fazer alguns compromissos, pois mesmo que o jogo tivesse suporte ao Sports Pad, ficaria a faltar na mesma o método de controlo da nave. Portanto aqui o d-pad é usado para mover a mira, já se quisermos mover o satélite temos de pressionar o botão 1 em simultâneo com a direcção pretendida. Já o botão 2 serve para disparar. Um detalhe curioso é que nas últimas páginas do manual é-nos explicado que podemos usar um esquema de controlo que usa dois comandos, onde um d-pad controla a nave, outro controla a mira e a nave tem auto-fire. É um workaround interessante que infelizmente não cheguei a experimentar, mas duvido que seja um método confortável para jogar.

Ocasionalmente vamos vendo alguns power ups na forma de cápsulas coloridas. Devemos apanhá-los sempre que possível!

Mas as mecânicas de jogo não se ficam aqui. Qualquer inimigo que deixemos escapar vai em direcção à Terra e na parte inferior do ecrã vemos uma barra de dano que se vai preenchendo com cada objecto que deixamos escapar. Se essa barra for totalmente preenchida a vermelho é game over. Basta deixar escapar um inimigo que no final da fase ofensiva transitamos para a fase defensiva que é um shmup mais parecido com o Missile Command, pois decorre num ecrã estático e a ideia é uma vez mais a de destruir qualquer míssil inimigo que se aproxime da base. Mas mesmo que na fase ofensiva apenas tenhamos deixado para trás um ou dois mísseis ou bases inimigas, na fase defensiva teremos uma vez mais de enfrentar dezenas de mísseis inimigos. Para além disso, a barra de dano transita entre a fase ofensiva e a defensiva e uma vez mais se a deixarmos alcançar o máximo é game over. Por outro lado, se conseguirmos limpar todos os inimigos na fase ofensiva, recebemos um belo bónus de pontos e transitamos automaticamente para a fase ofensiva do nível seguinte. Para além de tudo isto teremos ainda de ter em conta que poderemos apanhar 3 tipos de power ups diferentes, uns aumentam o nosso poder de dano, outros a agilidade e por fim outros reduzem o dano sofrido em 5 unidades.

Na fase defensiva o jogo já se comporta mais como um Missile Command, onde temos de abater todos os mísseis que se aproximem do planeta

A nível audiovisual a versão original arcade saiu para o hardware Sega System-16, uma placa de 16bit superior à própria Mega Drive pelo que esta versão é bem mais modesta graficamente. As paisagens serão sempre o espaço, seja à orbita do planeta Terra, da Lua, da faixa de asteróides após Marte, ou em órbita do planeta Saturno, com os níveis finais a apresentarem um cenário mais sinistro. De resto confesso que não sou o maior fã do design que deram à grande parte dos inimigos que enfrentamos. Pessoalmente também não gostei das músicas mas, sendo este um jogo que teve um lançamento no Japão, tem também uma banda sonora em FM que é bastante superior na qualidade do som, mas não necessariamente nas suas composições.

No final de cada nível temos sempre uma estatística da nossa performance

Portanto este Global Defense até que é um jogo algo curioso pelas suas mecânicas de jogo, mas para mim já é uma experiência bastante frustrante. Eu já não sou um jogador exímio no que diz respeito a shmups, num jogo onde não só tenho de manobrar a nave para evitar o fogo inimigo mas também ir rodando a mira, acaba por ser um trabalho redobrado e ingrato. Muito como o Forgotten Worlds, apesar de pelo menos esse ser mais apelativo.

X-Men vs. Street Fighter (Sony Playstation)

Vamos voltar às rapidinhas, agora para o primeiro verdadeiro crossover fighter que a Capcom lançou. Depois de terem produzido o X-Men: Children of the Atom e posteriormente o Marvel Super Heroes, alguém na Capcom achou que seria uma boa ideia fazer um jogo de luta em que colocassem as personagens da Marvel e da Capcom à batatada uns com os outros. O primeiro desses crossovers inclui apenas as personagens do universo X-Men da Marvel e Street Fighter do universo da Capcom, mas como todos sabemos isso acabou por mudar muito rapidamente. O meu exemplar foi comprado na Cash Converters algures em Dezembro deste ano, ficou-me por cerca de 40€ se bem me recordo.

Jogo com caixa

Devido às diferenças na arquitectura de hardware entre a Sega Saturn e Playstation, por vezes compromissos tiveram de ser feitos ao converter jogos para ambas as plataformas. Como é de cultura geral no retrogaming, o hardware da PS1 está mais preparado para renderizar gráficos em 3D poligonal, enquanto o da Saturn possui uma arquitectura (e mais memória RAM) que lhe permite um melhor processamento de sprites 2D. No caso de conversões de jogos 2D de origem arcade, como é o caso dos sistemas Capcom CPS2, CPS3 ou NeoGeo da SNK, tradicionalmente as versões Saturn são mais fieis às originais, enquanto que as versões Playstation tipicamente levam alguns cortes nas animações das personagens. Infelizmente esta versão do X-Men vs Street Fighter, para além dos cortes nas animações dos lutadores, teve outros cortes severos na jogabilidade.

Infelizmente a versão Playstation cortou quase por completo o conceito de tag team. Aqui a segunda personagem apenas pode ser invocada nalguns golpes especiais

Isto porque este é um fighter que, tal como os outros fighters da Capcom da mesma era, é um jogo de luta frenético com grande foco em combos e ataques especiais. Para além disso, é um jogo de luta no formato tag team, ou seja, em vez de escolhermos apenas uma personagem para jogar, temos de escolher também uma adicional. No original arcade e na conversão para a Sega Saturn (que infelizmente se ficou pelo Japão), poderíamos alternar livremente entre ambas as personagens escolhidas durante os combates, já na versão Playstation isso não acontece. Temos na mesma de escolher duas personagens, mas a segunda é apenas usada como um caracter secundário em que é invocada apenas em alguns ataques ou counters especiais. Para colmatar estas falhas, a Capcom introduziu outros modos de jogo adicionais que não estão presentes na versão Saturn. Para além do modo arcade e versus para 2 jogadores, temos também um modo de treino e um survival onde o objectivo é precisamente o de sobreviver o máximo de tempo possível a combates sucessivos. Infelizmente não acho que seja suficiente. De resto não deixa de ser um jogo de luta bastante sólido, e já com um leque bastante considerável de personagens disponíveis. Inicialmente dispomos de 8 personagens da Marvel e outras tantas da Capcom, mas podemos também desbloquear tanto o Apocalypse como o Akuma também.

Sempre gostei dos fighters 2D da Capcom pelos seus gráficos 2D muito bem detalhados

Do ponto de vista gráfico, este é um jogo que, como a Capcom tão bem nos habituou naquela época, possui sprites e backgrounds muito bem detalhados. É um jogo visualmente bastante apelativo, particularmente por todos os golpes especiais que podemos desencadear. Mas tal como referi acima, a versão Playstation não é a melhor opção, pois a nível gráfico as animações foram cortadas por limitações de memória, pelo que não é o jogo mais fluído. Ainda assim, numa primeira análise, o impacto visual é sempre positivo. Eu posso ser uma autêntica nódoa neste tipo de jogos, mas sempre adorei a arte visual destes fighters da Capcom e da SNK. A nível de som, nada de relevante a apontar, pois possui músicas competentes e efeitos sonoros também, embora eu prefira particularmente aqueles temas mais rock.

Portanto, se olharmos para este X-Men vs Street Fighter como se apenas esta versão PS1 existisse, não deixa de ser um jogo de luta em 2D bastante sólido como a Capcom bem nos habituou. No entanto o corte da jogabilidade por tag team parece-me mesmo uma medida drástica que sinceramente não estava à espera. Já contava que a versão Playstation pudesse ter animações menos fluídas comparando com as outras versões, mas um corte tão grande nas mecânicas de jogo foi mesmo uma grande surpresa. Infelizmente a opção mais barata é mesmo a de emular o original da MAME, pois a versão PS1 é caríssima e mesmo a versão Saturn que, apesar de superior, é também bastante cara, particularmente a versão que inclui a expansão de memória RAM que é necessária para o jogo correr.