Body Harvest (Nintendo 64)

Vamos voltar para a Nintendo 64 e ficar com este Body Harvest, um interessante shooter com elementos de open world produzido por nada mais nada menos que a DMA Design, que mais tarde se viria a tornar num estúdio não muito conhecido… uns tais de Rockstar North! Apesar deste Body Harvest ser um dos primeiros jogos anunciados para a consola, pois a Nintendo seleccionou a DMA Design como um dos estúdios third party que fizeram parte da Dream Team, na verdade este jogo acabou por sofrer inúmeros atrasos no seu desenvolvimento precisamente por interferência da própria Nintendo, que inclusivamente acabou por desistir de publicar o jogo em seu nome. Então o Body Harvest acabou por ser lançado apenas em 1998, já com outros publishers, com a Gremlin a assumir esse cargo na Europa. O meu exemplar foi comprado algures em Novembro de 2018 numa loja online e creio que me custou uns 14€.

Jogo com caixa

Mas em que consiste este Body Harvest? Bom, uma raça de aliens tem vindo a invadir a Terra para se alimentarem dos humanos e a única salvação somos nós, que encarnamos numa espécie de super soldado e o plano é o de viajar pelo tempo e ir repelindo a invasão alienígena ao longo de várias décadas. Começamos por visitar a Grécia em 1916, passando para a ilha de Java em 1941, para depois visitar uma cidade norte-americana em 1966, uma visita à Sibéria (repleta de zombies por algum motivo) em 1991 e depois encaramos os aliens na sua própria base, algures no “futuro” de 2016. Em cada uma destas nossas viagens temporais vamos ter um mapa de dimensões consideráveis para explorar, estando este dividido em diversas secções que estão inicialmente bloqueadas. O objectivo em cada uma dessas secções é o de repelir os “Alien Processors”, que são uma espécie de mini-bosses. Mas antes de lá chegar, temos tipicamente de cumprir uma série de outras missões mais básicas, como resgatar humanos, procurar objectos/veículos ou chaves que nos desbloqueem o acesso a certas áreas de jogo, e isto sempre entre combates intensos com as forças alienígenas.

A quantidade de veículos que podemos vir a usar é impressionante!

Pelo meio vamos poder ter acesso a inúmeras armas e veículos, desde pequenos jipes, camiões, blindados, barcos ou diferentes tipos de aviões e/ou helicópteros, mediante a época onde estejamos a visitar. À medida que vamos desbloqueando as novas áreas de jogo mantemos na mesma o acesso às áreas anteriores e de facto por vezes até convém as revisitar novamente, quanto mais não seja para ir buscar algum veículo que nos dê jeito ou mesmo gravar o nosso progresso no jogo, que apenas fica disponível após derrotar o tal miniboss daquela zona. Para além de aliens e veículos, temos de ter em atenção os outros humanos que pelo mapa se passeiam. Por um lado não devemos deixar que sejam colhidos pelos aliens, por outro lado também temos de ter cuidado em não sermos nós os seus carrascos. É que no ecrã de jogo, para além da nossa barra de vida, em baixo temos também uma barra com as casualidades humanas e, caso essa se encha, então os aliens triunfam e temos um game over.

Os aliens têm quase todos um aspecto de insectos gigantes!

A nível de controlos, o movimento é dado pelo analógico, enquanto que para disparar temos de usar o botão Z. O botão A serve para múltiplas acções ou acelerar caso estejamos nalgum veículo, enquanto o B serve para travar/conduzir de marcha atrás. Os C-buttons servem para controlar a câmara, excepto o C-down que serve para entrar/sair de veículos. Ainda assim, se estivermos a disparar, os C-left e C-right servem para fazer strafing nessas direcções, o que irá dar muito jeito! O botão R serve para apontar manualmente a mira (em conjunto com o analógico), bem como activar waypoints no mapa, enquanto que o botão L serve para consultar as mensagens que eventualmente vamos receber. Já o d-pad servem para alternar por entre as armas equipadas. Para usar diferentes itens, como combustível para abastecer o veículo que estejamos a conduzir, já teríamos de pausar o jogo, ir a um menu e seleccionar esse item… no fim de contas os controlos não são os melhores, mas isso também é muito por demérito do comando da Nintendo 64.

É ao explorar os interiores onde poderemos interagir com personagens e coleccionar vários itens

A nível audiovisual, é um jogo que envelheceu muito mal, infelizmente. Os cenários até que são bem grandes para o que estavamos habituados, mas muito a custo de texturas muito simples e de baixa resolução, e o tal efeito de nevoeiro que não nos deixa ver um palmo à frente do nariz (ok não é assim tão mau, mas vocês compreendem). Nos interiores a câmara também não é a melhor e há muito clipping, mas felizmente não há combates dentro de edifícios. Ainda nos gráficos, os efeitos especiais como as explosões também deixam bastante a desejar, bem como os humanos que são meras sprites em 2D. Os inimigos até que possuem designs bem interessantes, no entanto. Por outro lado a música até que ficou bem conseguida, com a banda sonora a alternar entre pequenas melodias calmas e temas bem mais épicos e orquestrais quando a acção se torna bem mais intensa! A nível de efeitos sonoros nada de especial a apontar.

Nalgumas zonas o efeito de nevoeiro é bastante intenso!

O jogo até que tem os seus momentos e é muito divertido conduzir os diferentes veículos bem como as experimentar as diferentes armas que poderemos encontrar, ao explorar os interiores dos edifícios. Mas como um open world, ainda está muito longe do que a Rockstar conseguiria mais tarde alcançar, não só pelas limitações técnicas da consola, mas também, naturalmente, porque o género em si ainda era extremamente primitivo. É porreiro podermos activar waypoints no mapa para nos ajudar a chegar a algum lado, mas por outro lado não faz sentido que as barreiras impostas pelos aliens se mantenham activas mesmo depois de derrotarmos o alien processor respectivo. O facto do protagonista ser também algo lento, e especialmente vulnerável na água, também nos limita um pouco a nossa liberdade. Ainda assim gostaria de ver o que este Body Harvest se poderia tornar caso a Nintendo não tivesse interferido tanto com o seu desenvolvimento!

Lemmings 2: The Tribes (Sega Mega Drive)

Voltando às rapidinhas na Mega Drive, o jogo que cá vos trago agora é a sequela do Lemmings, cuja conversão para a Mega Drive desta vez não ficou a cargo da Sunsoft, mas sim foi subcontratada pela Psygnosis a um estúdio mais pequeno, os Digital Developments, que sinceramente não conheço mais nenhum jogo em que tenham eventualmente trabalhado. O meu exemplar foi comprado algures em Novembro de 2019, numa das minhas idas à feira da Vandoma. Ficou-me por 10€ se bem me recordo.

Jogo com caixa e manual

Neste segundo jogo dos Lemmings, as criaturas estão divididas em diferentes tribos, mas o objectivo é o mesmo de sempre: temos de guiar os pequenos roedores em segurança, com o mínimo de casualidades possível, por uma série de níveis repletos de obstáculos e armadilhas até as suas respectivas saídas. Tal como no seu predecessor, teremos uma série de skills que podemos assignar individualmente aos lemmings que vão surgindo e que lhes permitem escavar em diferentes direcções, construir escadas ou pontes, entre outras, para que possam ultrapassar esses tais obstáculos e abrir um caminho seguro aos Lemmings que venham atrás. A diferença é que agora temos muitas, muitas mais habilidades embora várias delas acabem por ter funcionalidades semelhantes. Por exemplo em vez de cavar um buraco à mão, é possível usar uma arma capaz de abrir um túnel em segundos. Ou o lança rockets que cria buracos em paredes, mas o lança-chamas serve para o mesmo, embora em curta-distância. Ou as diferentes skills de construção de escadas/pontes, sendo que também temos uma arma que lança um gancho com um cabo que se enterra numa parede e os Lemmings podem atravessar o seu cabo em segurança.

Lemmings 2 traz muitas novas habilidades. Ainda bem que temos um modo de treino para as por em práctica!

Também temos outras skills para controlar o movimento dos lemmings, como a possibilidade de os por a correr individualmente ou saltar em posições chave. Para além de todas estas skills, temos também outros controlos como é o caso do fast forward quando quisermos acelerar o tempo, o botão de suicídio em massa para tentar o nível novamente, ou uma hélice. Esta hélice serve para complementar algumas skills específicas, como o caso do Twister ou de algumas habilidades voadoras, como a asa-delta ou tapete voador. Basicamente ao activar a hélice, o cursor ganha essa forma e cria vento, podendo manter a asa-delta ou o tapete voador no ar por mais tempo, ou no caso das habilidades do twister ou super-homem, poderemos mesmo controlar o seu movimento, onde o lemming se afasta ou aproxima da ventoinha numa linha recta perante a sua posição. Como podem ver, há aqui muita coisa nova a explorar e uma vez mais, em cada nível teremos um conjunto prédeterminado de habilidades para gastar, pelo que teremos mesmo que nos habituar a usá-las.

Antes de cada nível saberemos de antemão quais as habilidades que teremos à disposição, o tempo disponível e um mini layout do nível

No que diz respeito aos audiovisuais, este é um jogo competente e há agora uma maior coerência no seu design. Isto porque o jogo está dividido em 12 tribos diferentes, onde em cada tribo teremos 10 níveis para completar. As tribos possuem níveis com temáticas diferentes, como a praia, desportos, antigo egipto, era medieval, o espaço, entre outros. Portanto cada nível correspondente a cada tribo não só possui temáticas diferentes, bem como algumas habilidades, obstáculos e armadilhas exclusivos. As músicas são também distintas em cada zona e são geralmente agradáveis, mas a minha preferida é facilmente a da cutscene de abertura, onde nos é contada a história por detrás deste jogo. Aliás, essa cutscene é excelente, e mesmo a Mega Drive não ter uma paleta de cores tão diversificada quanto os Amiga, mesmo aqui a cutscene é fantástica. A Psygnosis adorava todo este eye candy e aqui também resultou bem.

Graficamente tem de ser um jogo simples, até porque temos 50 sprites em constante movimento no ecrã,

Portanto este Lemmings 2 é uma sequela sólida. Por um lado mantém a mesma jogabilidade do original, sendo um excelente crossover entre um jogo de plataformas com puzzle game. Continua exigente, continua a requerer uma precisão pixel-perfect em certas alturas, mas que gostou do original irá certamente gostar deste, até porque temos muitas novas habilidades para usar.

Lemmings and Oh No! More Lemmings (Sony Playstation)

Depois de ter analisado com algum detalhe a versão Mega Drive do Lemmings, é tempo para mais uma rapidinha, trazendo cá agora a versão Playstation do mesmo jogo. A nível gráfico, esta versão é mais fiel ao original Commodore Amiga, com os níveis mais longos que  foram retirados ou modificados na versão Mega Drive a marcarem aqui a sua presença. Para além disso inclui também a expansão Oh No! More Lemmings, uma de muitas que foram lançadas originalmente para o Commodore Amiga. O meu exemplar foi comprado em Janeiro de 2018 na feira da Vandoma no Porto por 4€.

Jogo com caixa e manual

Temos ao todo mais de 200 níveis pela frente em diversos graus de dificuldade, onde tal como antes, o objectivo de cada nível é o de guiar os lemmings em segurança para a saída de cada nível. O número mínimo de lemmings que temos de salvar, o tempo limite, bem como as habilidades que poderemos usar vão diferindo de nível para nível, sendo cada vez mais restringidos em níveis de dificuldade superiores, tanto na conversão do Lemmings original quanto da sua expansão/sequela. O Oh No! More Lemmings traz então uma série de níveis novos, distribuídos em 5 graus de dificuldade distintos, desde os fáceis Tame, até aos Havoc. A nível de mecânicas de jogo tudo está aqui presente, e uma vez mais alguns níveis exigem uma precisão practicamente pixel perfect para activar as habilidades de forma a chegar à sua conclusão, pelo que esperem na mesma por alguns níveis bastante frustrantes. A expansão/sequela não inclui nenhumas novas habilidades, possuindo apenas gráficos algo distintos.

Os níveis mais longos que ficaram de fora de algumas conversões para plataformas mais limitadas estão aqui presentes.

A nível audiovisual, esta é uma conversão muito mais fiel aos originais do ponto de vista gráfico, o que por um lado é bom, por outro também poderíamos estar à espera de cenários mais detalhados pois a Playstation já é um hardware que teria bem mais capacidade para tal. Ainda assim, mesmo tendo mais de 200 níveis pela frente, nem todos os níveis de ambos os jogos estão aqui presentes, o que sinceramente não se entende muito bem o porquê. Se cabiam num par de disquetes no Commodore Amiga, 650MB num CD não seriam suficientes? É verdade que temos algumas cutscenes em CGI ocasionalmente, bem como toda a banda sonora em CD audio, mas mesmo assim acredito que haveria espaço suficiente para mais níveis, não?

Esta versão possui algumas cutscenes em CGI mas não esperem por nada de espectacular

Portanto esta conversão do Lemmings, apesar de não ser perfeita, é mais uma sólida conversão do clássico da Psygnosis/DMA Design. O facto de ter sido lançada num sistema mais acessível nos dias de hoje, incluir o Oh No! More Lemmings e possuir quase todo o seu conteúdo original, são pontos decididamente fortes. Esperaria no entanto que esta versão tivesse sofrido alguns melhoramentos a nível gráfico, mas tivemos de esperar até 2006 para que isso acontecesse. Na PSP e PS2.

Lemmings (Sega Mega Drive)

Desenvolvido pela mesma equipa que veio mais tarde criar a série Grand Theft Auto, Lemmings é um muito interessante jogo de puzzle lançado originalmente em 1991 através da Psygnosis para uma série de computadores como o Commodore Amiga. Acabou por ser convertido para inúmeras outras plataformas, com a versão Mega Drive (e Super Nintendo também) a ser convertida nada mais nada menos do que o braço nipónico da Sunsoft. O meu exemplar foi adquirido em duas fases: numa primeira comprei a caixa e manual por uns 2/3€, já há vários anos atrás numa das minhas idas à feira da Vandoma no Porto. Andei depois muito tempo a ver se encontrava um cartucho solto, algo que acabou por acontecer algures em Abril do ano passado, cujo acabou por me ser oferecido por um particular.

Jogo com caixa e manual

Ora então qual é o conceito deste Lemmings? Estas criaturas são roedores que vivem já perto do Árctico e ficaram muito conhecidos pelas suas suas concentrações em grande número e supostas tendências suicidas, ao serem filmados a atirarem-se de penhascos. Pelos vistos não são suicidas, mas também não sou especialista na espécie, de qualquer das formas a DMA design achou boa ideia desenvolver um jogo à volta desse conceito. Basicamente o que aqui teremos são dezenas de níveis cheios de obstáculos onde teremos de encaminhar um determinado número de Lemmings até á saída do mesmo. Para isso teremos ao nosso dispor uma série de habilidades que podemos assignar individualmente aos Lemmings que vão caindo de um alçapão. Mas quais as habilidades que temos disponíveis, bem como o número de vezes que as podemos assignar é também variável consoante o nível em questão, pelo que teremos de ser por vezes muito criativos e ocasionalmente, sacrificar alguns lemmings acaba memso por ser inevitável.

Em cada nível temos uma quota mínima de lemmings a salvar

Isto porque os Lemmings vão caindo de um alçapão (cujo spawn rate poderemos ajustar) e a partir do momento em que caem em segurança numa superfície começam imediatamente a andar para a direita. Caso embatam numa parede, mudam de direcção e por aí fora. Então teremos de ter cuidado com precipícios, poças de água, chamas, espinhos e outras armadilhas escondidas que iremos encontrar à medida que vamos experimentando os níveis. Com os números de lemmings sempre a aumentar, temos de garantir que “a manada” vai sendo encaminhada com segurança, quando temos alguns lemmings escolhidos por nós para ir abrindo caminho até à saída, usando para isso as habilidades que podemos escolher. Estas consistem em assignar um guarda-chuva que serve de pára-quedas, permitindo ao lemming cair em segurança de alturas maiores, outra para escalar paredes, três habilidades para cavar superfícies, uma verticalmente, outra horizontalmente e uma outra de forma diagonal, sempre de cima para baixo. Outra das habilidades muito úteis é a de construir pequenas escadas de 12 degraus, o que servirá para construir pontes ou escadarias. Temos ainda a possibilidade de assignar lemmings “bloqueadores”, servindo de paredes e por conseguinte fazendo com que os outros lemmings mudem de direcção assim que entrem em contacto. A última habilidade disponível é a de activar lemmings bombistas suicidas, que explodem ao fim de 5 segundos. Qual a utilidade disto a não ser para satisfazer o sadismo do jogador? Bom, o lemming ao explodir rebenta também com parte do cenário à sua volta, e por vezes não temos habilidades de escavação suficientes (ou nenhumas de todo!) para conseguir abrir caminho onde necessário, pelo que sacrificar alguns dos pobres roedores é mesmo a única opção.

Temos de ter em atenção que os lemmings nunca param, pelo que temos de arranjar forma de os encaminhar na direcção correcta

Portanto resumindo, em cada nível temos um determinado número de lemmings disponíveis, cuja taxa de “nascimento” pode ser algo controlada, e onde teremos de levar pelo menos uma determinada percentagem de lemmings até à saída do nível, dentro de um tempo limite também previamente estabelecido. Em cada nível também teremos uma série de habilidades que estamos autorizados a usar, bem como o número de vezes que podemos usar cada uma. Ao longo dos níveis temos de atravessar vários obstáculos como precipícios, escavar túneis ou pontes, sendo que os lemmings não páram de nascer e estão em constante movimento. Para além disso, existem superfícies impenetráveis e outras que apenas nos permitem escavar numa certa direcçao. Portanto, pegando em toda esta informação, o resultado é um jogo de puzzle muito interessante e desafiante, que nos obriga a ter reflexos rápidos e planear minuciosamente o que podemos fazer tendo em conta os recursos disponíveis. Para além deste extenso modo single player, o jogo oferece também a possibilidade de jogarmos com um amigo num modo multiplayer competitivo. Aqui cada jogador pode comandar apenas os lemmings correspondentes à sua cor, mas o objectivo é o de abrir caminhos e tentar encaminhar o maior número possível de lemmings para a sua saída, mesmo que sejam criaturas do outro jogador. Confesso que não perdi muito tempo com este modo de jogo, mas acredito que tenha sido bastante divertido para a altura.

O modo multiplayer tem pinta de ser viciante!

Temos ao todo no modo single player 180 níveis para completar, ao longo de 6 diferentes níveis de dificuldade, é muita coisa mas felizmente dão-nos uma password após completar cada nível. O original possuía 4 níveis de dificuldade, com 120 níveis ao todo. Aqui a conversão é mais ou menos fiel, com alguns níveis modificados, aparentemente aqueles que eram maiores nas versões Amiga e PC foram substituídos por níveis mais curtos ou até retirados da expansão Oh No! More Lemmings, como li por aí. De qualquer das formas, 180 níveis é muita coisa, pois alguns são mesmo muito desafiantes, obrigando-nos a timings muito precisos e uma gestão impecável de recursos.

No que diz respeito aos audiovisuais, a nível gráfico é um jogo muito simples. Os níveis em si vão sendo algo variados nas suas temáticas (incluindo alguns mais infernais certamente inspirados em Shadow of the Beast), mas a implementação da Mega Drive acaba por sofrer alguns cortes no detalhe dos lemmings e as cores dos níveis, que são um pouco mais deslavadas nesta versão. As músicas são um prato misto, desde interpretações de alguns temas clássicos como Mozart ou Tchaikovsky, passando por músicas bem mais alegres e mexidas, típicas da comunidade Amiga. Já no que diz respeito aos efeitos de som, estes são quase inexistentes nas definições por defeito das opções. Isto porque podemos jogar com música e efeitos sonoros limitados, desligar a música e melhorar a qualidade e número de efeitos sonoros, ou desligar tudo.

As skills que podemos assignar vão sendo muito mais limitadas em níveis de dificuldade mais elevados

Mas mesmo com estas limitações técnicas, o que interessa da jogabilidade continua aqui presente, sendo esta, na altura, uma conversão bastante sólida do clássico original. Mas o Lemmings continuou a ser convertido para inúmeras plataformas, incluindo a versão Playstation que para além dos níveis originais, inclui também toda a expansão “Oh No! More Lemmings“. Ou um remake completo lançado em 2006 para a PSP e PS2 também poderão ser alternativas bem válidas. No que diz respeito às consolas da Sega, a Master System e Game Gear receberam também conversões, que acabam por ser muito mais humildes.

 

Blood Money (PC)

Bom, continuando pelas rapidinhas no PC, aproveito para trazer cá mais um daqueles jogos que comprei na feira da Vandoma há uns bons meses atrás, uns jogos para DOS ainda em disquete, em pequenas caixas de papelão, as chamadas edições TNT, que foram comercializadas em Portugal pela Portidata algures nos anos 90. E o título de hoje é um dos primeiros lançamentos da Psygnosis, um shmup não lá muito interessante, lançado originalmente nos computadores Commodore Amiga e adaptado para DOS.

Jogo em disquete, com caixa e papelada

Bom, na verdade o jogo não foi desenvolvido pela Psygnosis, pois ela apenas publicou, mas sim pela DMA Design, um modesto estúdio britânico que viria a criar, anos mais tarde, a franchise Grand Theft Auto. É também o sucessor de Menace, um outro shmup desenvolvido pela DMA antes deste Blood Money. O porquê do jogo se chamar Blood Money, ou o porquê do alien soldado na capa é um mistério. Aqui temos de explorar 4 mundos diferentes, cada qual com um veículo em específico. O primeiro mundo, mais metálico e industrial, é explorado com um helicóptero que me parece influenciado pelo jogo Mr. Heli. O segundo é o típico nível subaquático onde enfrentamos medusas e outras criaturas marítimas, controlando um submarino. O terceiro mundo, um mundo gelado, é explorado por alguém num fato espacial e o último, o mundo de fogo, num avião a jacto mais tradicional neste tipo de shmups.

Qualquer semelhança com Star Wars é mera coincidência

Ao contrário dos outros shooters da época, cada nível é gigante, onde teremos de defrontar dezenas de inimigos, esquivar de obstáculos e defrontar um boss no final. Por cada inimigo destruído, larga uma moeda que devemos tentar apanhar. Isto porque iremos passar por várias lojas ao longo de cada nível, onde poderemos gastar o dinheiro amealhado em diversos upgrades ou vidas extra. Os upgrades passam por  obter mísseis disparados em diferentes direcções, bombas que são disparadas em arco, ou upgrades das armas que já temos. A boa notícia é que quando mudamos de nível e consequentemente de veículo, herdamos na mesma os upgrades comprados.

Ao destruir os inimigos somos recompensados com dinheiro que pode ser usado para comprar upgrades

Graficamente não acho este jogo nada de especial. A versão Commodore Amiga é bastante superior, tanto a nível gráfico, por apresentar cores mais vivas e um framerate mais sólido, bem como no som. Os efeitos sonoros são em PC-Speaker, ao contrário da música de qualidade midi no Amiga. No entanto, diga-se de passagem que mesmo no Amiga não acho muita piada à única música do jogo. Mas pronto, pelos efeitos sonoros, vozes digitalizadas, melhores gráficos e performance, a versão Amiga acaba por levar de longe a melhor.