No seguimento da Sega Mega Drive Ultimate Collection, apeteceu-me ir jogando mais uma compilação retro e a escolhida acabou mesmo por ser esta colectânea lançada originalmente na Nintendo Switch em 2018 e no ano seguinte para os restantes sistemas. Foi uma colectânea trabalhada pela Digital Eclipse (que acabei de saber que era a mesma Backbone que trabalhou na compilação da Sega acima mencionada) tendo eles trabalhado também na excelente TMNT: The Cowabunga Collection que já cá trouxe no passado. O meu exemplar foi comprado numa loja cá no norte do país há uns bons meses atrás.
A compilação foi lançada originalmente para a Switch com suporte a 14 jogos no total, com o lançamento noutros sistemas a introduzir 11 novos jogos (cujos poderiam ser descarregados sem custos para os donos da versão switch) trazendo o total para 25 jogos sendo que a versão Xbox traz ainda um outro jogo exclusivo para essa versão, o Baseball Stars da NES. Sinceramente não acho que se tenha perdido grande coisa. Desses 25 jogos, 2 deles são exclusivos da NES/Famicom, os restantes são arcade mas alguns deles possuem também versões NES / Famicom para serem jogadas. Todos os jogos aqui presentes suportam save states, rewind e algumas customizações adicionais, desde várias opções de vídeo ou mesmo alterar algumas das opções de jogo no caso dos títulos arcade. Para além de todos estes jogos temos também uma secção de museu, onde poderemos ver pequenas apresentações sobre todos os jogos da SNK lançados entre 1979 e 1990, excepto claro os jogos do sistema Neo Geo. Para além disso temos também acesso a vários scans de folhetos arcade e artwork e outros materiais promocionais da SNK dessa geração. Por fim temos também acesso a umas quantas banda sonoras de jogos desta compilação.

Falando um bocadinho de todos os jogos aqui presentes e irei mencioná-los por order alfabética, visto que é a única opção de ordenação que temos disponível, infelizmente. Começamos então pelo Alpha Mission, que é um shmup de 1985 e que vai buscar muitas inspirações ao Xevious, nomeadamente a possibilidade de dispararmos projécteis ar-ar para atacar outros inimigos aéreos e ar-terra para alvos terrestres. À medida que vamos avançando poderemos apanhar toda uma série de power ups que nos melhoram as armas existentes ou aumentam a nossa barra de energia que surge no fundo do ecrã. Temos também outros power ups que nos permitem transformar a nossa nave, que por sua vez contém armas super poderosas que vão consumindo essa barra de energia. Existem várias transformações diferentes com diferentes habilidades associadas e como devem calcular é um jogo bastante desafiante por todos os inimigos no ecrã que se tornam cada vez mais agressivos e numerosos à medida que vamos avançando no jogo. Visualmente é um jogo repetitivo, pois não há grande variedade de cenários. A versão NES está também aqui presente mas não perdi muito tempo com a mesma, sendo uma adaptação bem mais modesta do original arcade. Uma vantagem da versão NES é o facto de termos de pausar o jogo e seleccionar qual das transformações que queiramos activar, logo que as tenhamos coleccionado. Na versão arcade teremos de fazer isso em tempo real, o que é mais desafiante.

O Athena é um jogo de plataformas de 1986 onde controlamos uma princesa de mesmo nome. Começamos por jogar de bikini e apenas munidos de um pontapé, mas à medida que vamos explorando, derrotando inimigos e apanhar diversos power ups, poderemos equipar diferentes armas e armaduras que Athena passa a usar. Os níveis vão sendo variados, atravessando diferentes florestas, montanhas, cavernas ou até zonas subaquáticas onde Athena se transforma em sereia para melhor as atravessar. Não é um jogo do outro mundo, mas até que é um platformer interessante quanto mais não seja por oferecer alguma não linearidade na exploração, o que não era muito usual para a data. É bem melhor que a versão NES que está aqui também incluída, embora essa seja uma versão que gostaria um dia destes de arranjar para a colecção.

Segue-se o Beast Busters de 1989. Este é um light-gun shooter algo parecido com o Operation Wolf, com a distinção de sermos nós contra várias hostes de zombies e outras criaturas mutantes, assim como ser um jogo que suportava multiplayer para até 3 jogadores em simultâneo. Tal como o Operation Wolf no entanto, é um jogo bastante desafiante na medida em que vamos ser atacados constantemente e é practicamente impossível não sofrer dano. Para além disso as munições são limitadas, pelo que teremos também de ir apanhando power ups para as restabelecer (balas de metralhadora e diversos tipos de granadas). Bem mais raros são no entanto os itens que nos regeneram a barra de vida, pelo que esperem por perder uns quantos créditos aqui. No entanto é um jogo que ganha pontos pela sua violência extrema e pelo design original de várias das criaturas que vamos combater. Infelizmente a banda sonora não é grande coisa e embora eu não o tenha referido até agora, tal é comum em todos os jogos que já mencionei aqui até agora.
O título seguinte é o Bermuda Triangle de 1987, mais um shmup vertical exclusivo das arcadas mas com um conceito interessante. É um jogo onde vamos viajando para trás no tempo, começando por combater no algures no século XVI, regredindo nível após nível até ao ano de 981 em pleno antigo Egipto. De qualquer das formas as mudanças de época apenas se reflectem nos cenários, pois todos os inimigos são naves futuristas. É também um jogo com mecânicas fora do comum na medida em que é um twin-stick shooter, com ambos os analógicos a serem utilizados para controlar a nossa nave e a direcção de disparo respectivamente. Os restantes botões servem para disparar ou para alterar a disposição das naves satélite que vamos apanhando. O jogo possui uma barra de energia que quanto maior estiver, mais forte se torna a nossa nave, por outro lado esta é também bastante grande, tornando-se difícil esquivar de todo o fogo inimigo. É também um jogo curioso na medida em que todos os níveis começamos por seguir em frente, para depois andar o caminho todo de marcha-atrás, seguindo em frente novamente até ao boss.
Segue-se o Chopper I de 1988 e até ver nunca houve nenhum Chopper II, portanto o nome do jogo é algo curioso. É mais um shmup vertical, embora este seja mais simples nas suas mecânicas. Tal como o nome indica, controlamos um helicóptero militar e o objectivo é o de derrotar todo um exército inimigo sendo que vamos tendo uma série de power-ups para apanhar que nos auxiliarão nesse desafio. Uns aumentam o nosso poder de fogo e dão-nos ainda o extra de ter mísseis teleguiados, enquanto podemos também acumular um máximo de 4 specials que poderão ter efeitos diferentes entre si e que podem ser usados com um botão próprio. De resto é um jogo com gráficos coloridos e bem detalhados e uma banda sonora que apesar de algo discreta não me pareceu nada má de todo.

O Crystalis é para mim um dos maiores destaques desta compilação, visto ser um dos poucos exclusivos de NES que a SNK produziu. É também um jogo de 1990, lançado originalmente no Japão meras semanas antes da Neo Geo, plataforma sobre a qual a SNK se passou a focar inteiramente desde então. É também o jogo mais recente desta compilação. E este Crystalis é nada mais nada menos que um RPG de acção que até é bastante competente no que faz. Decorre num mundo pós-apocalíptico, embora já deva ter passado tanto tempo que os vestígios da “nossa” civilização já nem são visíveis. Nós encarnamos numa personagem anónima, um suposto cientista que acorda do seu “crio-sono” 100 anos após a tragédia e à medida que vamos explorando, vamo-nos apercebendo que um vilão anseia novamente dominar o mundo. A nível de mecânicas este é um RPG de acção onde vamos ganhando experiência e dinheiro à medida que vamos derrotando inimigos. A primeira faz com que subamos de nível e assim possamos ficar mais fortes, enquanto o dinheiro serve para ser gasto em lojas, sejam em itens como equipamento diverso. As espadas que vamos coleccionando dão dano elementar e adquirindo certos itens mágicos permitem-nos também desencadear alguns ataques mágicos capazes de causar bem mais dano, bem como abrir certas passagens no mapa. Os controlos são simples com um botão para atacar e outro para utilizar algum item que tenhamos eventualmente equipado. É um jogo bastante competente nas suas mecânicas, gráficos e possui uma banda sonora bastante boa para um jogo 8bit. A única coisa que me chateou um pouco é o facto de existirem inimigos com resistência total a certos elementos, o que nos obriga, em certas dungeons, a estar constantemente a mudar de espada.
Depois do Crystalis segue-se um dos jogos mais antigos desta compilação, o Fantasy de 1981. É um jogo arcade extremamente simples nas suas mecânicas pois apenas temos o joystick para controlar a nossa personagem que procura resgatar a sua namorada. E o jogo tem 8 níveis, muitos deles eles com jogabilidades bem distintas entre si, onde ora teremos de escapar de certos inimigos ou obstáculos durante algum tempo/distância, escalar plataformas num nível que certamente terá sido influenciado pelo Donkey Kong ou outros níveis onde teremos de derrotar certos inimigos para resgatar a Cherri. De acordo com o “museu” desta compilação, este é dos primeiros jogos arcade a ter um fim, o que é uma curiosidade interessante. Ah, e tem várias vozes digitalizadas, o que também não deveria ser assim tão comum para 1981.

Depois viajamos novamente para 1987 para este Guerilla War e escrever sobre este jogo antes do Ikari Warriors é uma injustiça pois foi seguramente influenciado pelo mesmo. É então um shooter com uma perspectiva vista de cima onde sozinhos (ou com um amigo) teremos um autêntico exército para combater, assim como resgatar uns quantos reféns para pontos de bónus adicionais (ou subtraídos caso os matemos por acidente). Tal como o Ikari Warriors este é um twin stick shooter, na medida em que um dos analógicos controla o movimento enquanto o outro controla a direcção de fogo. É um jogo curto, porém repleto de acção e violência e até podemos conduzir tanques! Um detalhe curioso sobre este jogo é que o mesmo é conhecido como Guevara no seu lançamento original nipónico e controlamos nada mais nada menos que Che Guevara ou Fidel Castro. Compreende-se o porquê do nome do jogo ter sido alterado no território americano. De resto a versão NES está aqui também incluída e esta, ao contrário do Ikari Warriors, até que é uma conversão bem competente no sistema da Nintendo!

O jogo que se segue é então o famoso Ikari Warriors de 1986, um dos muitos clones de Commando que foram surgindo ao longo dos anos. É um daqueles jogos inspirados em filmes como o Rambo II onde sozinhos (ou com um amigo) teremos uma selva para atravessar e um autêntico exército inimigo para enfrentar. É também um twin stick shooter, onde poderemos disparar a nossa metralhadora ou atirar granadas. Para além disso, poderemos também conduzir tanques que esses já têm uma barra de vida que poderá ser restabelecida ao apanhar itens com gasolina. Usar os tanques com perícia é chave para o sucesso, visto que os inimigos surgem às dezenas, explosões por todo o lado e ter a capacidade de sofrer algum dano é imprescindível. Temos também a versão NES que infelizmente é uma conversão não muito bem sucedida.
O Ikari Warriors II (também conhecido por Victory Road) é também um jogo de 1986 e apesar de se manter um twin stick shooter onde enfrentaremos dezenas de inimigos, muda radicalmente na sua apresentação e conceito. Isto porque iremos combater criaturas fantasiosas e os próprios cenários são bastante diferentes do habitual. Em vez de tanques temos armaduras e desta vez teremos também diferentes armas que poderemos vir a usar, incluindo uma grande espada que é também capaz de deflectir os projécteis inimigos. Sinceramente não gostei tanto deste jogo, apesar de algumas novidades terem sindo benvindas. A versão NES está também aqui disponível mas pouco a joguei. Felizmente nesta versão podemos “trancar” a nossa direcção de disparo ao manter o botão pressionado, o que já é uma grande ajuda perante a adaptação da prequela.
O Ikari Warriors III é um jogo de 1989, pelo que corre num hardware mais capaz e de certa forma é um regresso às origens, pelo menos a nível de ambiente. Uma ou duas pessoas numa selva e a defrontar um enorme exército! No entanto a jogabilidade é também bastante diferente dos anteriores, pois este jogo foca-se muito mais no combate corpo a corpo, como se um beat ‘em up se tratasse (embora seja jogado numa resolução vertical). Socos e pontapés, ocasionalmente lá poderemos encontrar facas ou metralhadoras (com munições muito limitadas), assim como poderemos tirar partido de alguns explosivos como barris de combustível ou simplesmente granadas que os inimigos nos atiram e poderemos devolver o presente se formos rápidos o suficiente. Visualmente o jogo é muito superior aos seus predecessores com sprites grandes e bem detalhadas, não estando nada longe daquilo que os primeiros jogos da NeoGeo nos ofereceram. Como tem sido habitual temos também uma versão NES aqui presente que é muito mais simplificada, embora tenha um nível extra.
Segue-se o Iron Tank, o segundo jogo exclusivo da NES/Famicom desta compilação, também originalmente lançado em 1988. Este jogo é influenciado pelo TNK III das arcadas, que por sua vez é um precursor do primeiro Ikari Warriors (seria muito mais fácil manter uma linha condutora se a compilação permitisse ordenar os jogos por ano de lançamento…). Ora o jogo em si até não é mau, mas os seus controlos requerem habituação. Isto porque o direccional controla o tanque e os botões A e B controlam as suas armas (metralhadora e canhões, respectivamente). Mas ao pressionar o botão A em simultâneo com uma direcção, passamos a disparar exclusivamente nessa direcção, enquanto poderemos movimentar o tanque noutra direcção totalmente diferente. Visto que iremos atravessar vários segmentos onde seremos atacados de todos os lados, isto é uma técnica que teremos rapidamente de dominar. De resto temos vários power ups para apanhar sob várias letras. Os mais comuns são os E, que nos restabelecem energia. V é rapid fire, F são munições capazes de atravessarem superfícies, B são munições explosivas e L de longo alcance. R são reservas de combustível e por fim temos o ponto de interrogação, uma super arma capaz de destruir todos os inimigos no ecrã. Todas estas funcionalidades possuem usos limitados e podem ser activadas/desactivadas num menu próprio. Alguns outros detalhes interessantes deste jogo é a sua não linearidade repleta de caminhos alternativos e as comunicações por rádio, onde frequentemente nos chamam de “Snake”.
O jogo que se segue é o Munch Mobile de 1983. É um jogo bastante original na medida em que controlamos um carro com olhos e braços. Em níveis de scrolling automático a ideia é a de percorrermos o percurso em segurança, sem sair da estrada e evitar todos os obstáculos que iremos cada vez mais encontrar. Os braços servem para apanhar itens como comida, dinheiro ou combustível que se encontram espalhados nas bermas da estrada. O dinheiro apenas nos dá pontos, a comida também mas se conseguirmos depositar os restos em caixotes do lixo também espalhados pela estrada mais pontos ganhamos ainda. O combustível é para nos permitir continuar a jogar, visto que teremos de ir reabastecendo várias vezes ao longo de cada nível.

O Ozma Wars é o jogo mais antigo desta compilação, tendo sido lançado em 1979! Como muitos jogos arcade dessa época, não existe qualquer final, pelo que o objectivo é mesmo o de sobreviver o máximo que conseguirmos e fazer a melhor pontuação possível. E este é um shooter como muitos jogos o eram depois do sucesso do Space Invaders da Taito. Mas os inimigos são bem mais móveis e dinâmicos. A nossa vida é representada por um número com energia que vai diminuindo constantemente e ainda mais de cada vez que somos atingidos. Ocasionalmente lá aparece a nossa nave mãe para nos reabastecer de energia. E é isto, um jogo simples nas suas mecânicas.
Segue-se o Paddle Mania de 1988, sendo este mais um jogo bastante original no seu conceito. Inicialmente parece um jogo de ténis, mas na verdade é muito mais que isso. Apesar de controlarmos um tenista, o objectivo é na verdade o de marcar golos na baliza inimiga e evitarmos sofrermos golos também. No final do tempo, quem tiver marcado mais avança para a fase seguinte. E o curioso deste jogo é que não vamos só enfrentar outros tenistas, mas também adversários curiosos como equipas de vólei, lutadores de Sumo, surfistas ou até atletas de natação sincronizada! É bastante engraçado!

O jogo que se segue é o P.O.W.: Prisoners of War, um beat ‘em up de 1988. Como o nome do jogo indica nós somos um prisioneiro de guerra e, depois de escaparmo-nos da nossa cela, lá teremos de enfrentar todo um exército uma vez mais, até que consigamos finalmente escapar e evacuados para segurança. Apesar de não ser um jogo que reinventa a roda, tem bonitos visuais e os controlos ainda nos permitem fazer umas quantas coisas. Originalmente apenas teríamos 3 botões de acção para socos, pontapés e saltos, mas nesta versão conseguimos assignar botões para acções que originalmente requeriam mais que um botão pressionado em simultâneo, como é o caso das cabeçadas ou socos para trás. Também temos uma versão NES que é apenas single player, não nos permite executar todo o tipo de golpes, mas possui novos inimigos, bosses, armas e power ups.

O Prehistoric Isle é mais um shmup, embora este seja horizontal. É um jogo lançado em 1989 e controlamos um pequeno avião que explora uma ilha perdida no triângulo das Bermudas. Ilha essa que está pejada de dinossauros e homens das cavernas que nos atacam incessantemente. A mecânica interessante aqui é a de podermos equipar um satélite que voa à nossa volta e manipular a posição em que o mesmo nos acompanha, para além de podermos apanhar toda uma série de power ups que tornam o nosso avião mais poderoso ou mais rápido. É um jogo com gráficos bem competentes (como é o caso de todos os títulos de 1989 que joguei nesta compilação) e uma banda sonora também muito agradável. Um dos melhores desta compilação, sinceramente.
A letra P termina com o Psycho Soldier de 1987, uma sequela espiritual do Athena lançado um ano antes. Isto porque uma das protagonistas é também chamada Athena, embora seja uma descendente da protagonista do primeiro jogo. É a mesma Athena da série King of Fighters, que neste jogo está também acompanhada pelo Sie Kensou, uma outra personagem do KOF. E este jogo é bastante diferente do seu predecessor, na medida em que é bem mais linear, o ecrã tem auto scrolling e frequentemente vamos atravessando áreas com 3 níveis de plataformas onde poderemos caminhar. Existem imensos power ups, com itens que nos melhoram os ataques normais e outras esferas que uma vez apanhadas começam a orbitar à nossa volta. Essas podem-nos proteger de algum dano inimigo, mas podem também serem utilizadas para ataque, consumindo uma barra de energia que vemos no fundo do ecrã. Outros itens podem-nos permitir transformar numa fénix com um ataque poderoso. Muitos power ups estão escondidos em paredes destrutíveis, uma das poucas coisas que este Psycho Soldier herda do Athena original. De resto, naturalmente que é um jogo bastante desafiante, mas confesso que não gostei tanto do jogo quanto isso. É também um lançamento notável por ter algumas músicas cantadas com vozes reais, bem como outras amostras de vozes digitalizadas com boa qualidade. E isso, para um jogo de 1987 há-de ter sido realmente impressionante.

Segue-se o SAR: Search and Rescue, mais um título de 1990 e mais um twin stick shooter que até achei bastante interessante. Fez-me lembrar o Alien Syndrome da Sega, embora muito mais sangrento e com criaturas bem mais diversas que iremos enfrentar, como aliens, zombies ou máquinas. No entanto ao contrário do que o seu nome indica, não andamos aqui a salvar ninguém… parece que se ficaram pela procura. O objectivo é então o de ir percorrendo uma série de níveis, enfrentando inimigos cada vez mais agressivos e numerosos, com bosses à nossa espera no final de cada área. Os controlos são simples, com um botão para disparar e outro para nos desviarmos, sendo que teremos à nossa disposição várias armas diferentes para coleccionar. Mais uma boa surpresa desta compilação, é um jogo que desconhecia completamente.
Em seguida voltamos ao ano de 1980 para o Sasuke vs Commander. Como devem calcular, este é um jogo bastante primitivo e eu diria que algo influenciado por títulos como Space Invaders ou Galaxian. Mas em vez de lutarmos contra naves inimigas, atacamos ninjas que se atiram do alto do ecrã na nossa direcção e também nos teremos de desviar dos seus projécteis. No final do nível somos levados para um nível de bónus onde teremos um inimigo mais poderoso para enfrentar dentro de um tempo limite. Se o conseguirmos derrotar, óptimo, caso contrário apenas não recebemos pontos extra e seguimos para o nível seguinte, onde todo este processo se repete, com a dificuldade a tornar-se cada vez maior.

Depois é altura de voltarmos ao ano de 1989 para o Street Smart, um jogo de luta da SNK bastante peculiar nas suas mecânicas. Basicamente pensem num jogo de lutas de rua como se um beat ‘em up se tratasse onde nos podemos movimentar livremente pelo cenário, mas com combates de um contra um. Temos botões de socos, pontapés e saltos, assim como a possibilidade de encadear os golpes uns nos outros com combos. Não é de longe um Street Fighter II ou mesmo um Fatal Fury, mas é um jogo interessante. De notar que a nossa barra de vida não é regenerada entre combates, assim como não vermos a barra de vida dos nossos oponentes. Apenas quando eles piscam a vermelho é que sabemos que estão próximos de serem derrotados.

O jogo que se segue é um título de 1987, o Time Soldiers, que já cá trouxe no passado a sua versão de Master System. Esta versão é notoriamente bem melhor a nível audiovisual, estando muito melhor detalhada, embora a banda sonora não seja nada do outro mundo. É um twin stick shooter, controlando-se então muito melhor dessa forma e onde teremos de viajar no tempo para resgatar uns quantos colegas nossos. É um jogo com progresso não-linear, o que era também algo original para a época.

Depois regressamos ao ano de 1985 para o TNK III, mais um twin stick shooter e um predecessor da série Ikari Warriors, pois apesar de controlarmos um tanque, esse é conduzido nada mais nada menos pelo Ralf Jones, uma das personagens de Ikari Warriors. É também o jogo que inspirou o Iron Tank da NES, já aqui acima mencionado. A maior parte dos power ups mencionados na versão da NES também aqui existem, embora a sua utilização seja directa. É no entanto um jogo mais repetitivo pois os inimigos e cenários não são muito variados entre si, nem muito detalhados. A banda sonora é practicamente não existente.
O próximo (e penúltimo) jogo desta compilação é o Vanguard de 1981, mais um shmup que acredito que tenha sido bastante interessante para a altura. É um jogo onde percorremos uma série de cavernas pejadas de inimigos e onde podemos disparar em 4 direcções, cada uma com um botão próprio. É quase um twin stick shooter portanto! Algumas vozes digitalizadas, mas muito simples a nível audiovisual como seria de esperar para um título de 1981. E como muitos jogos da época, não tinha qualquer final.
Por fim, a compilação termina com o World Wars, que é nada mais nada menos que uma sequela do Bermuda Triangle acima referido, e também lançada no mesmo ano de 1987. E claro, é na mesma um shmup vertical que mantém as mesmas mecânicas de jogo, mas em vez de viajarmos no tempo vamos viajando pelo mundo e derrotando inimigos. É também um twin stick shooter onde podemos direccionar o nosso fogo independentemente do movimento da nossa nave, que por sua vez é consideravelmente mais pequena, tornando a tarefa de esquivar do fogo inimigo mais fácil dessa forma.

E pronto, chegamos finalmente ao fim de uma óptima compilação que me deu a conhecer muito do trabalho que a SNK produziu nos seus anos pré-Neo Geo. Alguns já conhecia ou tinha jogado como é o caso do Athena, Crystalis ou o primeiro Ikari Warriors. Já outros foram completas e agradáveis surpresas, como é o caso do Beast Busters, Paddle Mania ou Search and Rescue. A emulação está fantástica e o conteúdo extra é satisfatório, embora sinta que se esta compilação tivesse sido produzida originalmente por um estúdio nipónico iriamos ter acesso a muito mais conteúdo bónus. Pena que nalguns jogos não tenham incluído também versões para outros sistemas, embora compreenda que isso já possa ter estado fora do orçamento. Em suma um bom trabalho da Digital Eclipse e um óptimo ensaio para o excelente trabalho que fizeram mais tarde com a TMNT: The Cowabunga Collection.

































