SNK 40th Anniversary Collection (Sony Playstation 4)

No seguimento da Sega Mega Drive Ultimate Collection, apeteceu-me ir jogando mais uma compilação retro e a escolhida acabou mesmo por ser esta colectânea lançada originalmente na Nintendo Switch em 2018 e no ano seguinte para os restantes sistemas. Foi uma colectânea trabalhada pela Digital Eclipse (que acabei de saber que era a mesma Backbone que trabalhou na compilação da Sega acima mencionada) tendo eles trabalhado também na excelente TMNT: The Cowabunga Collection que já cá trouxe no passado. O meu exemplar foi comprado numa loja cá no norte do país há uns bons meses atrás.

Compilação com disco. Podia ter vindo com mais qualquer coisa!

A compilação foi lançada originalmente para a Switch com suporte a 14 jogos no total, com o lançamento noutros sistemas a introduzir 11 novos jogos (cujos poderiam ser descarregados sem custos para os donos da versão switch) trazendo o total para 25 jogos sendo que a versão Xbox traz ainda um outro jogo exclusivo para essa versão, o Baseball Stars da NES. Sinceramente não acho que se tenha perdido grande coisa. Desses 25 jogos, 2 deles são exclusivos da NES/Famicom, os restantes são arcade mas alguns deles possuem também versões NES / Famicom para serem jogadas. Todos os jogos aqui presentes suportam save states, rewind e algumas customizações adicionais, desde várias opções de vídeo ou mesmo alterar algumas das opções de jogo no caso dos títulos arcade. Para além de todos estes jogos temos também uma secção de museu, onde poderemos ver pequenas apresentações sobre todos os jogos da SNK lançados entre 1979 e 1990, excepto claro os jogos do sistema Neo Geo. Para além disso temos também acesso a vários scans de folhetos arcade e artwork e outros materiais promocionais da SNK dessa geração. Por fim temos também acesso a umas quantas banda sonoras de jogos desta compilação.

Se há coisa que eu acho que a Digital Dreams acertou, foi na maneira como a arte dos jogos SNK está integrada com todos os menus

Falando um bocadinho de todos os jogos aqui presentes e irei mencioná-los por order alfabética, visto que é a única opção de ordenação que temos disponível, infelizmente. Começamos então pelo Alpha Mission, que é um shmup de 1985 e que vai buscar muitas inspirações ao Xevious, nomeadamente a possibilidade de dispararmos projécteis ar-ar para atacar outros inimigos aéreos e ar-terra para alvos terrestres. À medida que vamos avançando poderemos apanhar toda uma série de power ups que nos melhoram as armas existentes ou aumentam a nossa barra de energia que surge no fundo do ecrã. Temos também outros power ups que nos permitem transformar a nossa nave, que por sua vez contém armas super poderosas que vão consumindo essa barra de energia. Existem várias transformações diferentes com diferentes habilidades associadas e como devem calcular é um jogo bastante desafiante por todos os inimigos no ecrã que se tornam cada vez mais agressivos e numerosos à medida que vamos avançando no jogo. Visualmente é um jogo repetitivo, pois não há grande variedade de cenários. A versão NES está também aqui presente mas não perdi muito tempo com a mesma, sendo uma adaptação bem mais modesta do original arcade. Uma vantagem da versão NES é o facto de termos de pausar o jogo e seleccionar qual das transformações que queiramos activar, logo que as tenhamos coleccionado. Na versão arcade teremos de fazer isso em tempo real, o que é mais desafiante.

Os extras incluem pequenas apresentações de todos os jogos da SNK pré-Neo Geo, alguns documentos adicionais e bandas sonoras para ouvir

O Athena é um jogo de plataformas de 1986 onde controlamos uma princesa de mesmo nome. Começamos por jogar de bikini e apenas munidos de um pontapé, mas à medida que vamos explorando, derrotando inimigos e apanhar diversos power ups, poderemos equipar diferentes armas e armaduras que Athena passa a usar. Os níveis vão sendo variados, atravessando diferentes florestas, montanhas, cavernas ou até zonas subaquáticas onde Athena se transforma em sereia para melhor as atravessar. Não é um jogo do outro mundo, mas até que é um platformer interessante quanto mais não seja por oferecer alguma não linearidade na exploração, o que não era muito usual para a data. É bem melhor que a versão NES que está aqui também incluída, embora essa seja uma versão que gostaria um dia destes de arranjar para a colecção.

Em cada jogo podemos optar pela versão ocidental ou japonesa, assim como as suas versões NES, caso existam.

Segue-se o Beast Busters de 1989. Este é um light-gun shooter algo parecido com o Operation Wolf, com a distinção de sermos nós contra várias hostes de zombies e outras criaturas mutantes, assim como ser um jogo que suportava multiplayer para até 3 jogadores em simultâneo. Tal como o Operation Wolf no entanto, é um jogo bastante desafiante na medida em que vamos ser atacados constantemente e é practicamente impossível não sofrer dano. Para além disso as munições são limitadas, pelo que teremos também de ir apanhando power ups para as restabelecer (balas de metralhadora e diversos tipos de granadas). Bem mais raros são no entanto os itens que nos regeneram a barra de vida, pelo que esperem por perder uns quantos créditos aqui. No entanto é um jogo que ganha pontos pela sua violência extrema e pelo design original de várias das criaturas que vamos combater. Infelizmente a banda sonora não é grande coisa e embora eu não o tenha referido até agora, tal é comum em todos os jogos que já mencionei aqui até agora.

Cada jogo pode ser jogado com diversos filtros visuais e resoluções

O título seguinte é o Bermuda Triangle de 1987, mais um shmup vertical exclusivo das arcadas mas com um conceito interessante. É um jogo onde vamos viajando para trás no tempo, começando por combater no algures no século XVI, regredindo nível após nível até ao ano de 981 em pleno antigo Egipto. De qualquer das formas as mudanças de época apenas se reflectem nos cenários, pois todos os inimigos são naves futuristas. É também um jogo com mecânicas fora do comum na medida em que é um twin-stick shooter, com ambos os analógicos a serem utilizados para controlar a nossa nave e a direcção de disparo respectivamente. Os restantes botões servem para disparar ou para alterar a disposição das naves satélite que vamos apanhando. O jogo possui uma barra de energia que quanto maior estiver, mais forte se torna a nossa nave, por outro lado esta é também bastante grande, tornando-se difícil esquivar de todo o fogo inimigo. É também um jogo curioso na medida em que todos os níveis começamos por seguir em frente, para depois andar o caminho todo de marcha-atrás, seguindo em frente novamente até ao boss.

Segue-se o Chopper I de 1988 e até ver nunca houve nenhum Chopper II, portanto o nome do jogo é algo curioso. É mais um shmup vertical, embora este seja mais simples nas suas mecânicas. Tal como o nome indica, controlamos um helicóptero militar e o objectivo é o de derrotar todo um exército inimigo sendo que vamos tendo uma série de power-ups para apanhar que nos auxiliarão nesse desafio. Uns aumentam o nosso poder de fogo e dão-nos ainda o extra de ter mísseis teleguiados, enquanto podemos também acumular um máximo de 4 specials que poderão ter efeitos diferentes entre si e que podem ser usados com um botão próprio. De resto é um jogo com gráficos coloridos e bem detalhados e uma banda sonora que apesar de algo discreta não me pareceu nada má de todo.

O Beast Busters foi a primeira grande surpresa desta compilação, sendo um light gun shooter bastante violento e bem detalhado

O Crystalis é para mim um dos maiores destaques desta compilação, visto ser um dos poucos exclusivos de NES que a SNK produziu. É também um jogo de 1990, lançado originalmente no Japão meras semanas antes da Neo Geo, plataforma sobre a qual a SNK se passou a focar inteiramente desde então. É também o jogo mais recente desta compilação. E este Crystalis é nada mais nada menos que um RPG de acção que até é bastante competente no que faz. Decorre num mundo pós-apocalíptico, embora já deva ter passado tanto tempo que os vestígios da “nossa” civilização já nem são visíveis. Nós encarnamos numa personagem anónima, um suposto cientista que acorda do seu “crio-sono” 100 anos após a tragédia e à medida que vamos explorando, vamo-nos apercebendo que um vilão anseia novamente dominar o mundo. A nível de mecânicas este é um RPG de acção onde vamos ganhando experiência e dinheiro à medida que vamos derrotando inimigos. A primeira faz com que subamos de nível e assim possamos ficar mais fortes, enquanto o dinheiro serve para ser gasto em lojas, sejam em itens como equipamento diverso. As espadas que vamos coleccionando dão dano elementar e adquirindo certos itens mágicos permitem-nos também desencadear alguns ataques mágicos capazes de causar bem mais dano, bem como abrir certas passagens no mapa. Os controlos são simples com um botão para atacar e outro para utilizar algum item que tenhamos eventualmente equipado. É um jogo bastante competente nas suas mecânicas, gráficos e possui uma banda sonora bastante boa para um jogo 8bit. A única coisa que me chateou um pouco é o facto de existirem inimigos com resistência total a certos elementos, o que nos obriga, em certas dungeons, a estar constantemente a mudar de espada.

Uma óptima maneira de termos o Crystalis na colecção sem ter de pagar com órgãos

Depois do Crystalis segue-se um dos jogos mais antigos desta compilação, o Fantasy de 1981. É um jogo arcade extremamente simples nas suas mecânicas pois apenas temos o joystick para controlar a nossa personagem que procura resgatar a sua namorada. E o jogo tem 8 níveis, muitos deles eles com jogabilidades bem distintas entre si, onde ora teremos de escapar de certos inimigos ou obstáculos durante algum tempo/distância, escalar plataformas num nível que certamente terá sido influenciado pelo Donkey Kong ou outros níveis onde teremos de derrotar certos inimigos para resgatar a Cherri. De acordo com o “museu” desta compilação, este é dos primeiros jogos arcade a ter um fim, o que é uma curiosidade interessante. Ah, e tem várias vozes digitalizadas, o que também não deveria ser assim tão comum para 1981.

Um jogo com Che Guevara e Fidel Castro como protagonista nunca poderia ser chamado assim nos Estados Unidos. Mas foi mais uma boa surpresa!

Depois viajamos novamente para 1987 para este Guerilla War e escrever sobre este jogo antes do Ikari Warriors é uma injustiça pois foi seguramente influenciado pelo mesmo. É então um shooter com uma perspectiva vista de cima onde sozinhos (ou com um amigo) teremos um autêntico exército para combater, assim como resgatar uns quantos reféns para pontos de bónus adicionais (ou subtraídos caso os matemos por acidente). Tal como o Ikari Warriors este é um twin stick shooter, na medida em que um dos analógicos controla o movimento enquanto o outro controla a direcção de fogo. É um jogo curto, porém repleto de acção e violência e até podemos conduzir tanques! Um detalhe curioso sobre este jogo é que o mesmo é conhecido como Guevara no seu lançamento original nipónico e controlamos nada mais nada menos que Che Guevara ou Fidel Castro. Compreende-se o porquê do nome do jogo ter sido alterado no território americano. De resto a versão NES está aqui também incluída e esta, ao contrário do Ikari Warriors, até que é uma conversão bem competente no sistema da Nintendo!

A introdução de várias versões NES sempre que aplicável (e variantes Famicom) foi uma boa adição… mas ali o Time Soldiers de Master System sentiu-se discriminado.

O jogo que se segue é então o famoso Ikari Warriors de 1986, um dos muitos clones de Commando que foram surgindo ao longo dos anos. É um daqueles jogos inspirados em filmes como o Rambo II onde sozinhos (ou com um amigo) teremos uma selva para atravessar e um autêntico exército inimigo para enfrentar. É também um twin stick shooter, onde poderemos disparar a nossa metralhadora ou atirar granadas. Para além disso, poderemos também conduzir tanques que esses já têm uma barra de vida que poderá ser restabelecida ao apanhar itens com gasolina. Usar os tanques com perícia é chave para o sucesso, visto que os inimigos surgem às dezenas, explosões por todo o lado e ter a capacidade de sofrer algum dano é imprescindível. Temos também a versão NES que infelizmente é uma conversão não muito bem sucedida.

O segundo Ikari Warriors é bastante diferente do seu predecessor a nível estético!

O Ikari Warriors II (também conhecido por Victory Road) é também um jogo de 1986 e apesar de se manter um twin stick shooter onde enfrentaremos dezenas de inimigos, muda radicalmente na sua apresentação e conceito. Isto porque iremos combater criaturas fantasiosas e os próprios cenários são bastante diferentes do habitual. Em vez de tanques temos armaduras e desta vez teremos também diferentes armas que poderemos vir a usar, incluindo uma grande espada que é também capaz de deflectir os projécteis inimigos. Sinceramente não gostei tanto deste jogo, apesar de algumas novidades terem sindo benvindas. A versão NES está também aqui disponível mas pouco a joguei. Felizmente nesta versão podemos “trancar” a nossa direcção de disparo ao manter o botão pressionado, o que já é uma grande ajuda perante a adaptação da prequela.

O Ikari Warriors III é um jogo de 1989, pelo que corre num hardware mais capaz e de certa forma é um regresso às origens, pelo menos a nível de ambiente. Uma ou duas pessoas numa selva e a defrontar um enorme exército! No entanto a jogabilidade é também bastante diferente dos anteriores, pois este jogo foca-se muito mais no combate corpo a corpo, como se um beat ‘em up se tratasse (embora seja jogado numa resolução vertical). Socos e pontapés, ocasionalmente lá poderemos encontrar facas ou metralhadoras (com munições muito limitadas), assim como poderemos tirar partido de alguns explosivos como barris de combustível ou simplesmente granadas que os inimigos nos atiram e poderemos devolver o presente se formos rápidos o suficiente. Visualmente o jogo é muito superior aos seus predecessores com sprites grandes e bem detalhadas, não estando nada longe daquilo que os primeiros jogos da NeoGeo nos ofereceram. Como tem sido habitual temos também uma versão NES aqui presente que é muito mais simplificada, embora tenha um nível extra.

Já o terceiro Ikari é mais beat ‘em up do que shooter mas gostei bem mais do que o segundo.

Segue-se o Iron Tank, o segundo jogo exclusivo da NES/Famicom desta compilação, também originalmente lançado em 1988. Este jogo é influenciado pelo TNK III das arcadas, que por sua vez é um precursor do primeiro Ikari Warriors (seria muito mais fácil manter uma linha condutora se a compilação permitisse ordenar os jogos por ano de lançamento…). Ora o jogo em si até não é mau, mas os seus controlos requerem habituação. Isto porque o direccional controla o tanque e os botões A e B controlam as suas armas (metralhadora e canhões, respectivamente). Mas ao pressionar o botão A em simultâneo com uma direcção, passamos a disparar exclusivamente nessa direcção, enquanto poderemos movimentar o tanque noutra direcção totalmente diferente. Visto que iremos atravessar vários segmentos onde seremos atacados de todos os lados, isto é uma técnica que teremos rapidamente de dominar. De resto temos vários power ups para apanhar sob várias letras. Os mais comuns são os E, que nos restabelecem energia. V é rapid fire, F são munições capazes de atravessarem superfícies, B são munições explosivas e L de longo alcance. R são reservas de combustível e por fim temos o ponto de interrogação, uma super arma capaz de destruir todos os inimigos no ecrã. Todas estas funcionalidades possuem usos limitados e podem ser activadas/desactivadas num menu próprio. Alguns outros detalhes interessantes deste jogo é a sua não linearidade repleta de caminhos alternativos e as comunicações por rádio, onde frequentemente nos chamam de “Snake”.

O jogo que se segue é o Munch Mobile de 1983. É um jogo bastante original na medida em que controlamos um carro com olhos e braços. Em níveis de scrolling automático a ideia é a de percorrermos o percurso em segurança, sem sair da estrada e evitar todos os obstáculos que iremos cada vez mais encontrar. Os braços servem para apanhar itens como comida, dinheiro ou combustível que se encontram espalhados nas bermas da estrada. O dinheiro apenas nos dá pontos, a comida também mas se conseguirmos depositar os restos em caixotes do lixo também espalhados pela estrada mais pontos ganhamos ainda. O combustível é para nos permitir continuar a jogar, visto que teremos de ir reabastecendo várias vezes ao longo de cada nível.

No meio de tanto (twin stick) shooter, não se pode dizer que a SNK não tenha aqui alguns jogos bastante originais no seu conceito. O Munch Mobile é um deles.

O Ozma Wars é o jogo mais antigo desta compilação, tendo sido lançado em 1979! Como muitos jogos arcade dessa época, não existe qualquer final, pelo que o objectivo é mesmo o de sobreviver o máximo que conseguirmos e fazer a melhor pontuação possível. E este é um shooter como muitos jogos o eram depois do sucesso do Space Invaders da Taito. Mas os inimigos são bem mais móveis e dinâmicos. A nossa vida é representada por um número com energia que vai diminuindo constantemente e ainda mais de cada vez que somos atingidos. Ocasionalmente lá aparece a nossa nave mãe para nos reabastecer de energia. E é isto, um jogo simples nas suas mecânicas.

Segue-se o Paddle Mania de 1988, sendo este mais um jogo bastante original no seu conceito. Inicialmente parece um jogo de ténis, mas na verdade é muito mais que isso. Apesar de controlarmos um tenista, o objectivo é na verdade o de marcar golos na baliza inimiga e evitarmos sofrermos golos também. No final do tempo, quem tiver marcado mais avança para a fase seguinte. E o curioso deste jogo é que não vamos só enfrentar outros tenistas, mas também adversários curiosos como equipas de vólei, lutadores de Sumo, surfistas ou até atletas de natação sincronizada! É bastante engraçado!

Apesar de a imagem não lhe fazer justiça, o Paddle Mania até é um jogo bem engraçado. Afinal não é qualquer um que mistura ténis, futebol e nos coloca a competir contra lutadores de sumo ou equipas de natação sincronizada!

O jogo que se segue é o P.O.W.: Prisoners of War, um beat ‘em up de 1988. Como o nome do jogo indica nós somos um prisioneiro de guerra e, depois de escaparmo-nos da nossa cela, lá teremos de enfrentar todo um exército uma vez mais, até que consigamos finalmente escapar e evacuados para segurança. Apesar de não ser um jogo que reinventa a roda, tem bonitos visuais e os controlos ainda nos permitem fazer umas quantas coisas. Originalmente apenas teríamos 3 botões de acção para socos, pontapés e saltos, mas nesta versão conseguimos assignar botões para acções que originalmente requeriam mais que um botão pressionado em simultâneo, como é o caso das cabeçadas ou socos para trás. Também temos uma versão NES que é apenas single player, não nos permite executar todo o tipo de golpes, mas possui novos inimigos, bosses, armas e power ups.

Prehistoric Isle, o boss final é qualquer coisa a nível de detalhe! Passava facilmente por um jogo Neo Geo.

O Prehistoric Isle é mais um shmup, embora este seja horizontal. É um jogo lançado em 1989 e controlamos um pequeno avião que explora uma ilha perdida no triângulo das Bermudas. Ilha essa que está pejada de dinossauros e homens das cavernas que nos atacam incessantemente. A mecânica interessante aqui é a de podermos equipar um satélite que voa à nossa volta e manipular a posição em que o mesmo nos acompanha, para além de podermos apanhar toda uma série de power ups que tornam o nosso avião mais poderoso ou mais rápido. É um jogo com gráficos bem competentes (como é o caso de todos os títulos de 1989 que joguei nesta compilação) e uma banda sonora também muito agradável. Um dos melhores desta compilação, sinceramente.

Foi bom descansar um pouco de shmups e twin stick shooters com este beat ‘em up!

A letra P termina com o Psycho Soldier de 1987, uma sequela espiritual do Athena lançado um ano antes. Isto porque uma das protagonistas é também chamada Athena, embora seja uma descendente da protagonista do primeiro jogo. É a mesma Athena da série King of Fighters, que neste jogo está também acompanhada pelo Sie Kensou, uma outra personagem do KOF. E este jogo é bastante diferente do seu predecessor, na medida em que é bem mais linear, o ecrã tem auto scrolling e frequentemente vamos atravessando áreas com 3 níveis de plataformas onde poderemos caminhar. Existem imensos power ups, com itens que nos melhoram os ataques normais e outras esferas que uma vez apanhadas começam a orbitar à nossa volta. Essas podem-nos proteger de algum dano inimigo, mas podem também serem utilizadas para ataque, consumindo uma barra de energia que vemos no fundo do ecrã. Outros itens podem-nos permitir transformar numa fénix com um ataque poderoso. Muitos power ups estão escondidos em paredes destrutíveis, uma das poucas coisas que este Psycho Soldier herda do Athena original. De resto, naturalmente que é um jogo bastante desafiante, mas confesso que não gostei tanto do jogo quanto isso. É também um lançamento notável por ter algumas músicas cantadas com vozes reais, bem como outras amostras de vozes digitalizadas com boa qualidade. E isso, para um jogo de 1987 há-de ter sido realmente impressionante.

Apesar de achar o Psycho Soldier mais aborrecido que o Athena, o engrish é real (e está longe de ser caso único nesta compilação). Terá também impressionado pelas vozes cantadas, embora quem tenha cantado em inglês não é fluente. Nem cantora.

Segue-se o SAR: Search and Rescue, mais um título de 1990 e mais um twin stick shooter que até achei bastante interessante. Fez-me lembrar o Alien Syndrome da Sega, embora muito mais sangrento e com criaturas bem mais diversas que iremos enfrentar, como aliens, zombies ou máquinas. No entanto ao contrário do que o seu nome indica, não andamos aqui a salvar ninguém… parece que se ficaram pela procura. O objectivo é então o de ir percorrendo uma série de níveis, enfrentando inimigos cada vez mais agressivos e numerosos, com bosses à nossa espera no final de cada área. Os controlos são simples, com um botão para disparar e outro para nos desviarmos, sendo que teremos à nossa disposição várias armas diferentes para coleccionar. Mais uma boa surpresa desta compilação, é um jogo que desconhecia completamente.

Search and Rescue, mais um twin stick shooter violento e uma boa surpresa

Em seguida voltamos ao ano de 1980 para o Sasuke vs Commander. Como devem calcular, este é um jogo bastante primitivo e eu diria que algo influenciado por títulos como Space Invaders ou Galaxian. Mas em vez de lutarmos contra naves inimigas, atacamos ninjas que se atiram do alto do ecrã na nossa direcção e também nos teremos de desviar dos seus projécteis. No final do nível somos levados para um nível de bónus onde teremos um inimigo mais poderoso para enfrentar dentro de um tempo limite. Se o conseguirmos derrotar, óptimo, caso contrário apenas não recebemos pontos extra e seguimos para o nível seguinte, onde todo este processo se repete, com a dificuldade a tornar-se cada vez maior.

Apesar de serem jogos bem mais simples, é muito interessante poder experimentar estes títulos do início dos anos 80/finais de 70.

Depois é altura de voltarmos ao ano de 1989 para o Street Smart, um jogo de luta da SNK bastante peculiar nas suas mecânicas. Basicamente pensem num jogo de lutas de rua como se um beat ‘em up se tratasse onde nos podemos movimentar livremente pelo cenário, mas com combates de um contra um. Temos botões de socos, pontapés e saltos, assim como a possibilidade de encadear os golpes uns nos outros com combos. Não é de longe um Street Fighter II ou mesmo um Fatal Fury, mas é um jogo interessante. De notar que a nossa barra de vida não é regenerada entre combates, assim como não vermos a barra de vida dos nossos oponentes. Apenas quando eles piscam a vermelho é que sabemos que estão próximos de serem derrotados.

Street Smart, talvez o primeiro jogo de luta de 1 contra 1 da SNK, embora seja muito diferente do que nos viria a habituar num futuro próximo

O jogo que se segue é um título de 1987, o Time Soldiers, que já cá trouxe no passado a sua versão de Master System. Esta versão é notoriamente bem melhor a nível audiovisual, estando muito melhor detalhada, embora a banda sonora não seja nada do outro mundo. É um twin stick shooter, controlando-se então muito melhor dessa forma e onde teremos de viajar no tempo para resgatar uns quantos colegas nossos. É um jogo com progresso não-linear, o que era também algo original para a época.

A versão arcade do Time Soldiers é bem superior à da Master System mas seria interessante ter cá essa versão também.

Depois regressamos ao ano de 1985 para o TNK III, mais um twin stick shooter e um predecessor da série Ikari Warriors, pois apesar de controlarmos um tanque, esse é conduzido nada mais nada menos pelo Ralf Jones, uma das personagens de Ikari Warriors. É também o jogo que inspirou o Iron Tank da NES, já aqui acima mencionado. A maior parte dos power ups mencionados na versão da NES também aqui existem, embora a sua utilização seja directa. É no entanto um jogo mais repetitivo pois os inimigos e cenários não são muito variados entre si, nem muito detalhados. A banda sonora é practicamente não existente.

Vanguard, um jogo de 1981 com scrolling horizontal, vertical e diagonal!

O próximo (e penúltimo) jogo desta compilação é o Vanguard de 1981, mais um shmup que acredito que tenha sido bastante interessante para a altura. É um jogo onde percorremos uma série de cavernas pejadas de inimigos e onde podemos disparar em 4 direcções, cada uma com um botão próprio. É quase um twin stick shooter portanto! Algumas vozes digitalizadas, mas muito simples a nível audiovisual como seria de esperar para um título de 1981. E como muitos jogos da época, não tinha qualquer final.

Por fim, a compilação termina com o World Wars, que é nada mais nada menos que uma sequela do Bermuda Triangle acima referido, e também lançada no mesmo ano de 1987. E claro, é na mesma um shmup vertical que mantém as mesmas mecânicas de jogo, mas em vez de viajarmos no tempo vamos viajando pelo mundo e derrotando inimigos. É também um twin stick shooter onde podemos direccionar o nosso fogo independentemente do movimento da nossa nave, que por sua vez é consideravelmente mais pequena, tornando a tarefa de esquivar do fogo inimigo mais fácil dessa forma.

O “documentário” da SNK mostra-nos mais alguns jogos que seriam interessantes de ter também nesta compilação. O Mechanized Attack é seguramente um deles. Quaisquer semelhanças com o Terminator são mera coincidência. Ou não.

E pronto, chegamos finalmente ao fim de uma óptima compilação que me deu a conhecer muito do trabalho que a SNK produziu nos seus anos pré-Neo Geo. Alguns já conhecia ou tinha jogado como é o caso do Athena, Crystalis ou o primeiro Ikari Warriors. Já outros foram completas e agradáveis surpresas, como é o caso do Beast Busters, Paddle Mania ou Search and Rescue. A emulação está fantástica e o conteúdo extra é satisfatório, embora sinta que se esta compilação tivesse sido produzida originalmente por um estúdio nipónico iriamos ter acesso a muito mais conteúdo bónus. Pena que nalguns jogos não tenham incluído também versões para outros sistemas, embora compreenda que isso já possa ter estado fora do orçamento. Em suma um bom trabalho da Digital Eclipse e um óptimo ensaio para o excelente trabalho que fizeram mais tarde com a TMNT: The Cowabunga Collection.

Fantasy Zone: The Maze (Sega Master System)

Vamos voltar à Master System para aquele que é o terceiro título da série Fantasy Zone, tendo sido uma vez mais lançado inicialmente em arcades e só depois na Master System. E ao contrário dos cute ‘em ups pelos quais a série bem que ficou conhecida, este lançamento é uma espécie de clone de Pac-Man, mas herdando também algumas mecânicas próprias da série Fantasy Zone. O meu exemplar veio de uma loja de usados no Porto por 10€, algures no mês passado. Custou-me um pouco dar os 10€ por um cartucho solto, mas lá acabou por vir e eventualmente o irei completar. Edit: recentemente um amigo meu ofereceu-me uma caixa que por lá tinha a mais. Está quase!

Jogo com caixa

No lançamento ocidental, este jogo é visto como uma sequela dos seus predecessores, mas isso não é verdade. O lançamento original Japonês coloca este FZ: The Maze como uma prequela, onde Opa-Opa (e seu amigo Upa-Upa) treinam para lutar contra a tal invasão alienígena que é retratada nos títulos originais arcade.

Ao contrário do que poderíamos estar à espera, este é um misto de Pac-Man com mecânicas da série Fantasy Zone

O objectivo de cada nível, tal como no Pac-Man, é o de percorrer uma série de labirintos e coleccionar uma série de esferas amarelas (que são na verdade moedas) e evitar toda uma série de inimigos. Uma vez coleccionadas todas as moedas, o nível acaba e avançamos para o seguinte. No entanto, vamos ver espalhados pelos níveis uma série de ícones familiares para quem jogou os títulos anteriores. Estes são power ups como diferentes armas, boosts de velocidade ou até invencibilidade temporária. O problema é que esses itens apenas podem ser coleccionados se tivermos dinheiro suficiente para os comprar e mesmo assim a sua durabilidade é consideravelmente limitada e não transitam de nível para nível. Se perdermos uma vida também perdemos o item que tenhamos eventualmente comprado. Portanto estes power ups deverão apenas ser comprados em momentos de maior aperto, até porque o jogo vai produzindo mais inimigos se não nos despacharmos. Para além disso poderemos também encontrar alguns power ups gratuitos como vidas extra, cupões de desconto ou Flickies que simplesmente nos dão mais pontos.

Entre níveis vamos tendo este ecrã que mostra o Opa-Opa a vaguear pelos cenários de fundo

Os labirintos são todos baseados nos níveis do primeiro Fantasy Zone, embora sejam ecrãs de fundo estáticos. Os inimigos são também familiares e minimamente variados e bem detalhados. As músicas até que são agradáveis, mas este é um daqueles casos em que a versão japonesa é nitidamente superior, devido ao seu suporte ao chip de som FM apenas lançado nesse território. Nós apenas ficamos limitados ao velhinho som PSG que sempre foi o calcanhar de Aquiles desta consola da Sega. Nada de especial a apontar aos efeitos sonoros.

Ocasionalmente lá teremos direito a alguns níveis de bónus onde o objectivo é o de apanhar o máximo de moedas dentro de um tempo limite e com as “luzes” a apagarem-se após alguns segundos.

Portanto este até que é um jogo interessante pela forma como misturaram as diferentes mecânicas de jogo de um Pac-Man e um shooter como o Fantasy Zone. É também um jogo consideravelmente longo, incluindo uns 51 níveis ao todo para jogar! Peca no entanto, a meu ver, pelo facto de os power ups serem tão limitados na sua utilização, se bem que de outra forma compreendo que pudesse tornar o jogo demasiado fácil.

The King of Fighters XI (Sony Playstation 2)

Vamos voltar à PS2, desta vez para o décimo-primeiro título da série The King of Fighters (não contando com o Neowave) e o primeiro jogo da série a deixar de lado o seu ano de lançamento no titulo. Tal como o já referido KoF Neowave e o NeoGeo Battle Coliseum é um jogo lançado originalmente nas arcades em 2005, sob o sistema Atomiswave da Sammy, que por sua vez era muito semelhante ao Naomi da Sega e por conseguinte à Dreamcast. Não foi por acaso que não há muitos anos atrás, um grupo de fãs se decidiu a modificar muitos destes jogos Atomiswave e torná-los compatíveis com a consola da Sega! O meu exemplar foi comprado numa Cash Converters algures em Março de 2015 por 3€.

Jogo com caixa, manual e um autocolante bem chato da Cash Converters no disco

No que diz respeito à história, este jogo segue os acontecimentos introduzidos pelo KoF 2003, com o personagem Ash Crimson como protagonista principal e uma vez mais os poderes dos Orochi metidos ao barulho. Na verdade a história não interessa muito, mas é sempre interessante ver as cut-scenes finais que vão sendo distintas entre si consoante a equipa de lutadores que seleccionamos. E as equipas pré-definidas nesta edição por vezes são algo estranhas. Por exemplo, a equipa do Fatal Fury consiste no Terry Bogard (com a sua vestimenta do Mark of the Wolves), Kim Kaphwan (que antes tinha uma equipa própria) e Duck King, uma das personagens do Fatal Fury 2 que marca aqui a sua estreia nos KOF. Ou a equipa do Art of Fighting que tem a King a fazer companhia aos irmãos Ryo e Yuri Sakazaki. Para além do Duck temos mais algumas personagens a estrear-se na série e umas outras tantas completamente novas. Naturalmente muitas das caras conhecidas (como é o caso do Robert Garcia ou Mai Shiranui) podem ser desbloqueadas posteriormente.

Apesar do elenco extenso, há várias personagens habituais que não estão cá. Algumas poderão no entanto serem desbloqueadas. Pena é pela arte dos seus retratos, que não é do meu agrado.

E este é então mais um jogo de luta entre equipas de 3 lutadores onde muitas das mecânicas de jogo introduzidas em títulos anteriores aqui se mantêm. De destaque nas novidades temos os quick shift, que nos permitem trocar de lutador a meio de um ataque ou os saving shift, que nos permitem fazer o mesmo enquanto estamos a ser atacados, sem que soframos mais dano durante as animações de troca das personagens. O dream cancel é outra das novidades, que nos permite executar certos golpes poderosos enquanto cancelamos outros (mas apenas o líder da nossa equipa pode fazer isto, aparentemente). A última novidade aqui introduzida a nível de mecânicas de jogo é a introdução da barra de skill, uma outra barra de energia para além dos specials e que é necessária para muitas destas técnicas acima mencionadas. Outra das novidades é, caso um combate termine o seu tempo, já não vence quem tem mais vida, mas sim para quem tenha lutado melhor.

Os cenários são em 2D mas com muito mais detalhe, já as sprites são ao mesmo estilo das Neo Geo. Há um contraste claro, mas não consigo deixar de gostar destas sprites assim!

Já no que diz respeito aos modos de jogo temos vários, começando pelo arcade que dispensa apresentações. O team play e o single play são variações que nos permitem participar em combates de 3 contra 3 (sem possibilidade de trocar de lutador) ou 1 contra 1. Todos estes modos de jogo podem também serem jogados como versus para 2 jogadores. O Endless é uma espécie de survivor com combates de 1 contra 1 onde a nossa vida será apenas parcialmente restabelecida entre combates. O modo challenge coloca-nos vários desafios cada vez mais complexos como executar uma série de técnicas especiais no mesmo combate. Terminar o modo challenge irá desbloquear tudo o que o jogo nos tem para oferecer, embora vários dos desbloqueáveis possam também ser desbloqueados de outras formas. Por fim temos um modo treino que é sempre bastante útil para practicar todas estas técnicas mais complexas.

Posso não ser muito bom nestes jogos, mas adoro a sua arte!

A nível audiovisual devo dizer que gostei bastante desta entrada na série. As personagens continuam muito bem detalhadas e com animações incríveis, mas mantendo o mesmo espírito pixel art das personagens que nos habituamos na NeoGeo. Mesmo as personagens novas foram desenhadas neste estilo e ficaram muito bem! Os cenários apesar de por vezes terem um aspecto um pouco mais realista, são completamente em 2D também, mas com uma qualidade bem superior ao que a velhinha NeoGeo conseguiria representar. A única coisa que já não gostei tanto, e isto é uma vez mais uma mera questão de gosto pessoal, é a diferença gritante entre a arte das personagens no jogo propriamente dito, e a que vemos nos menus e cutscenes. Estas últimas têm um aspecto bem mais anime e por vezes com feições bastante diferentes das personagens que controlamos. Esta arte é também utilizada nos retratos das personagens que estão actualmente a lutar e infelizmente sem nenhuma menção do seu nome. Portanto quando lutava contra alguma personagem nova, continuava sem saber quem era. De resto o som está muito bom e a banda sonora é bastante eclética e agradável.

O modo arcade possui 8 combates sendo que os últimos dois são bosses. O quarto combate é também um boss mas a personagem que enfrentamos depende da nossa performance nos combates anteriores.

Portanto esta é mais uma entrada bastante sólida da série King of Fighters. A versão PS2 inclui vários modos de jogo adicionais e muitas personagens desbloqueáveis, várias delas presenças assíduas na série mas que no seu lançamento original arcade ficaram de fora, como é o caso da Mai, por exemplo. Este King of Fighters XI é também o último jogo que tem um estilo gráfico que nos faz lembrar a Neo Geo, com os que lhe sucederam a terem visuais mais modernos.

Danan: The Jungle Fighter (Sega Master System)

Tempo de voltar às rapidinhas na Master System para um jogo que desde miúdo sempre me despertou a curiosidade. Lembro-me perfeitamente de ver um único screenshot deste Danan: The Jungle Fighter num catálogo da Sega e ter apreciado o facto das sprites das personagens serem bem detalhadas. Uns valentes anos mais tarde, depois de o finalmente ter jogado em emulação, o jogo até que é bastante competente. Outros tantos anos depois, foi no passado mês de Junho que o comprei na vinted, completo por 40€. É um jogo que infelizmente tem vindo a encarecer…

Jogo com caixa e manual

E aqui encarnamos no papel de Danan, um jovem guerreiro que cresceu numa tribo de amazonas e a certo dia encontra o seu mentor morto. Lá lhe dizem que anda aí gente a tramar alguma e o que é certo é que acabaremos por lutar contra uma série de gente que procura ressuscitar uma antiga entidade maléfica que havia sido derrotada muitos, muitos anos antes.

O que não faltam aqui são cut-scenes com diálogos! A história pode não ser grande coisa, mas sempre apreciei este tipo de coisas em jogos mais antigos.

Este é um “simples” jogo de acção em 2D sidescroller com certos elementos muito ligeiros de aventura e RPG. Isto porque a nossa vida é medida em pontos de vida e sempre que derrotamos algum inimigo ganhamos pontos de experiência, que eventualmente nos farão subir de nivel e ganhar mais vida. Os controlos são super simples, com um botão para saltar e outro para atacar, sendo que apenas estamos munidos de uma faca para isso. Ao longo de todo o jogo vamos poder coleccionar vários itens como comida que nos regeneram a vida, relógios que nos aumentam o tempo limite para concluir cada nível, estrelas que nos dão pontos de experiência extras ou outro equipamento como novas facas ou amuletos que nos melhoram a defesa ou ataque. Também iremos encontrar diversos tokens de animais e estes servem precisamente para invocar alguns animais para nos ajudarem durante o jogo. Temos um tatu que nos ajuda a combater os inimigos, uma águia que nos permite transportar para zonas mais altas ou um gorila que simplesmente nos cura. Cada animal tem um custo diferente destes tokens que podemos coleccionar.

O início do nível 3 troca-nos as voltas e é um nível subaquático, onde teremos de ter especial atenção ao nosso nível de oxigénio.

De resto, como já referi temos um tempo limite para concluir cada nível, ou mais concretamente, até chegar ao boss, onde não poderemos utilizar nenhum destes poderes dos animais. O jogo encoraja também a exploração visto existirem várias portas e caminhos alternativos que nos levam a vários itens que poderemos coleccionar e assim também fortalecer a nossa personagem. Pelo meio vamos ter muitos diálogos com os vários NPCs (e bosses) que vamos encontrando, o que também não é assim tão comum quanto isso em jogos de acção na Master System. A história não é nada de especial sinceramente, mas não deixa de ser um bonito toque.

Os baús amarelos escondem vários itens e o jogo encoraja-nos a explorar

A nível audiovisual este é um jogo bem conseguido como eu já referi acima. As sprites são grandes e bem detalhadas e os níveis vão sendo algo variados, estando também com um bom nível de detalhe para a consola. Peca é no entanto por ser um jogo bastante curto, com 4 níveis apenas. Se bem que o terceiro nível é consideravelmente longo, visto que tem uma secção inicial onde teremos de nadar numa caverna subaquática até chegarmos a um navio inimigo. Esse segmento obriga-nos também a estarmos atentos ao nosso nível de oxigénio, que pode também ser restabelecido ao apanhar alguns itens para o efeito. As músicas sinceramente não as achei nada de especial, mas já se sabe que esse sempre foi o calcanhar de Aquiles da Master System.

Desde miúdo que um ecrã não muito diferente deste me deixou com vontade de um dia poder vir a jogar este jogo!

Portanto este Danan The Jungle Fighter até que é um jogo bastante interessante, se bem que tinha potencial para ser um pouco melhor. Mais níveis eram bem-vindos e se calhar o tempo limite até nem seria algo tão importante assim manter. Gosto de jogos de plataforma/acção 2D que nos encorajam a explorar, mas o relógio nunca nos deixa fazer tal coisa de forma tranquila.

Escape From Monkey Island (PC)

Há já bastante tempo que estava a adiar jogar o quarto título da série Monkey Island da Lucasarts. Terminei o Curse of Monkey Island (jogo que adorei) já em Abril do ano passado e apesar de já ter este jogo na colecção há bastante tempo, tive bastantes reticências em jogá-lo, visto que já tinha a ideia que iria ter alguma dificuldade em jogá-lo num computador moderno. O meu exemplar físico foi comprado há cerca de 10 anos atrás (ou até mais que isso), se bem me recordo terá vindo da Game no Maiashopping, tendo sido um dos muitos jogos de PC que comprei lá ao desbarato. Entretanto, e para me ajudar a correr este jogo num computador moderno, comprei a sua versão GOG quando a apanhei em promoção por menos de 2.50€ algures no início deste mês. Infelizmente até essa versão tive dificuldade em correr, mas detalharei esses problemas mais à frente.

Jogo com caixa e papelada. Infelizmente sendo um relançamento budget não há cá manual físico

Ora este jogo foi lançado originalmente no ano de 2000, correndo no mesmo motor gráfico do Grim Fandango lançado um ano antes e que também planeio jogar em breve. Em 2000 o género das aventuras gráficas já estava num considerável declínio de popularidade e o facto de a LucasArts ter transitado a série Monkey Island para 3D poligonal também não foi a melhor ideia de todas (mais à frente também darei a minha opinião sobre isso). Entretanto, a história do jogo até que não é nada má, colocando-nos uma vez mais no pirata mais desastrado de todos os tempos, Guybrush Threepwood, que depois de vários meses de lua de mel com a sua agora esposa Elaine Marley, regressam à ilha de Mêlée e deparam-se com uma enorme confusão. A sua casa está prestes a ser demolida porque Elaine era a governadora lá do sítio e devido à sua ausência de 3 meses, foi declarada como morta, pelo que a câmara lá do sítio decidiu demolir a sua casa e convocar novas eleições, de onde surge um misterioso novo candidato (cuja aparência é algo familiar). Para além disso, todas as ilhas daquele arquipélago têm vindo a sofrer com a presença de um exímio investidor imobiliário australiano, que tem vindo a conseguir conquistar todas as propriedades dos piratas dessas ilhas. A nossa missão no imediato é arranjar uma tripulação e viajar a uma ilha vizinha, de forma a contactar os advogados da família de Elaine para que eles a possam ajudar a recuperar a sua posição de governadora. A situação nas outras ilhas não é a melhor, pelo que acabaremos também por nos vermos envolvidos noutros sarilhos.

Como é habitual na série os diálogos vão sendo bem humorados e temos sempre a vontade de explorar todas as opções

Para além da transição dos visuais, a Lucasarts achou também boa ideia alterar completamente a interface do jogo (sinceramente ainda não fui ver se o Grim Fandango sofre do mesmo mal), que é abolir toda a interface point and click. E isso sim, acabou por doer mais. Basicamente o jogo está repleto de vários cenários pré-renderizados e com ângulos de câmara fixa e à boa maneira dos Resident Evils, nós controlamos o Guybrush com tank controls. Mediante a direcção para onde estamos virados e a proximidade perante pontos de interesse, surgem na parte inferior do ecrã várias opções de interação, como “falar com X”, “observar Y” ou “observar Z”. Depois teríamos de utilizar as teclas page up ou page down para seleccionar a acção pretendida e ainda assim, caso queiramos interagir com Y ou Z em vez de os observar, teríamos também de usar algumas teclas de atalho para as diversas acções, como U para usar, L para observar, entre outros. É uma confusão de todo o tamanho e por muito que me custe admitir numa aventura gráfica de PC, é um jogo que se controla bem melhor com um comando.

E felizmente o bom humor continua uma constante com várias situações completamente absurdas

De resto, tirando toda esta interface horrível, o jogo está repleto de personagens interessantes como tem sido habitual, incluindo o regresso de muitas outras caras conhecidas. No entanto, nem todas as personagens ficaram lá muito bem conseguidas, na minha opinião. Um exemplo disso é o Stan, o vendedor chato que tem aparecido em todos os jogos e que agora se dedica a timeshares, um grande scam dos anos 90. Nesta incarnação Stan continua chato como sempre, mas com muito menos destaque que antes. Algumas personagens novas (como muitos dos turistas que iremos encontrar) são também bastante genéricos. De resto, o jogo está também repleto de puzzles como seria de esperar. Alguns são engraçados e bem pensados, como é o caso do paradoxo temporal, já outros são bem mais frustrantes, como é o caso do puzzle das pedras que temos de atirar por diferentes caminhos e dentro de timings muito restritos. Ou aquela viagem de canoa num rio de lava, que também nos irá obrigar a várias repetições até acertamos. Ambos os puzzles são já na recta final do jogo, o que me leva a pensar que a equipa já estava a ficar sem grandes ideias.

Várias caras conhecidas regressam nesta quarta aventura, embora algumas não estejam tão boas como é o caso do chato do Stan.

Outra coisa que regressa são todas aquelas piadas dos insultos, algo que teremos de utilizar frequentemente. No entanto, também na recta final, o jogo apresenta-nos o Monkey Kombat. Ora, pensem numa espécie de pedra-papel-tesoura bem mais complicado, pois em vez de 3 formas distintas temos 5, que são na verdade 5 formas de kung-fu protagonizadas por macacos. Cada forma vence duas outras formas, perde com mais duas e empata consigo mesma. Para além disso, para alternar de formas, teremos de vocalizar uma frase com vários sons de macacos do tipo chee, eek ou oop. Não vale a pena procurar soluções na internet, pois a relação de “força” entre as formas é aleatória, assim como as frases que nos permitem mudar de uma posição para outra. Teremos então de ir para a selva e lutar contra inúmeros macacos e ir apontando todas estas possibilidades, até finalmente conseguirmos ter um diagrama que nos permite ripostar com sucesso. Felizmente encontrei um programazinho na internet que nos ajuda a ir registando isso! Mas sim, escusado será dizer que este Monkey Kombat foi fortemente criticado pelos fãs e é fácil entender o porquê.

A transição para o 3D leva-nos a cenários pré-renderizados e com ângulos de câmara fixos, o que a meu ver não envelheceram tão bem. O detalhe dos anteriores era tão melhor, particularmente nas animações.

Voltando então para os audiovisuais, vamos focar-nos um pouquinho mais nos gráficos. Os primeiros dois Monkey Island são jogos totalmente em pixel art que eu bem aprecio. O terceiro já parece quase um filme em desenho animado que também está muito bem conseguido. Já este quarto título envelheceu muito mal na sua transição para o 3D. Os cenários são pré-renderizados mas sinceramente acho que ficaram bem mais pobres em detalhe do que todos os outros Monkey Island que lhe antecederam. As personagens são em 3D poligonal, mas também com um nível de detalhe e de animações bem mais fraco do que os seus antecessores. Felizmente a música e particularmente o voice acting continuam excelentes e é precisamente o voice acting a salvar muitas das personagens que aqui aparecem, pois em muitos casos a boa qualidade das suas vozes mascara alguma desinspiração nas mesmas.

Apesar dos visuais não estarem tão interessantes, o que me incomoda mais é mesmo a interface já não ser point and click mas desnecessariamente complexa.

O facto de o jogo ter gráficos pré-renderizados é também um dos grandes entraves em corrê-lo em sistemas operativos modernos, pois o jogo tranca a resolução em 640×480, o que está muito longe da resolução ultrawide (3440×1440) que utilizo actualmente. O que acontecia era que o monitor entrava nessa resolução e para manter o aspect ratio 4:3 ficava com dois gigantes “quadrados” pretos em ambos os lados do ecrã. Ao investigar na PC Gaming Wiki resolvi experimentar as duas sugestões para o jogo suportar resoluções maiores, ou na pior das hipóteses, correr em modo janela. Nem um nem outro funcionou correctamente no meu computador. Forçar o jogo numa resolução maior simplesmente fazia com que o mesmo fosse imediatamente abaixo, enquanto que o modo janela, quando o consegui implementar, trancava-me na mesma a resolução do monitor para 640×480, simplesmente o jogo corria numa janela que era do mesmo tamanho da área visível do monitor. A minha última solução foi mesmo experimentar o emulador ScummVM. Este Escape from Monkey Island está em vias de ser oficialmente suportado e se descarregarmos uma versão em desenvolvimento do emulador (não estável), lá consegui correr o jogo dessa forma e em modo janela. Infelizmente tive alguns bugs e de facto a emulação pelo ScummVM está longe de estar perfeita, mas ao menos o emulador suporta nativamente comandos de Xbox, pelo que foi bem mais fácil de o jogar dessa forma.

O Monkey Kombat é talvez o puzzle/mini jogo mais mal amado

Portanto este Escape from Monkey Island é um jogo que é considerado por muitos a ovelha negra na série e é fácil de entender o porquê. Os gráficos em 3D não foram uma boa ideia pois não envelheceram tão bem quanto os dos seus predecessores, bem como tornaram o jogo bem mais complexo de correr em sistemas operativos recentes. As personagens não são tão memoráveis quanto as de outras aventuras e o jogo possui alguns puzzles mais frustrantes. Mas acima de tudo para mim é mesmo o facto de terem descartado a interface point and click para uma interface e controlos bem mais obtusos. Mas ainda assim, com todos os seus defeitos, continua a ser um jogo bem humorado e se não fosse mesmo todos os problemas técnicos que tive, teria-me divertido bem mais a jogá-lo. De resto, para além desta versão PC o jogo sai também para a PS2, onde supostamente até é uma melhor versão em alguns aspectos, como o Monkey Kombat estar melhor explicado, por exemplo.