The King of Fighters: Neowave (Sony PlayStation 2)

Vamos voltar uma vez mais à série The King of Fighters para mais uma rapidinha. Este Neowave marca uma nova era na vida da SNK/Playmore, pois tinha sido algures perto do final do mês de Abril de 2004 que a SNK lança o seu último jogo nas arcades Neo Geo (Samurai Shodown V Special), com lançamentos para a AES a surgirem uns meses em seguida. A Neo Geo, que em 2004 já detinha uns belíssimos 14 anos de vida útil foi finalmente substituída pela SNK Playmore como o seu sistema de eleição para jogos arcade. O substituto escolhido foi nada mais nada menos que o sistema Atomiswave da Sammy, que por sua vez era baseado na arquitectura da Sega Dreamcast, tal como a Sega Naomi. E o primeiro jogo que a SNK Playmore decide desenvolver para este sistema foi precisamente este KOF Neowave, também lançado originalmente nas arcades em Julho de 2004. Eventualmente surgiram conversões para outros sistemas, entre os quais este lançamento da PS2, cujo lançamento ocidental é exclusivo europeu. O meu exemplar foi comprado às prestações, com a caixa e manual a terem-me custado uns 50 cêntimos numa feira de velharias há uns bons anos atrás. Infelizmente o jogo completo começou a ficar cada vez mais caro e mesmo CDs soltos não se viam muito, mas lá houve uma altura algures antes do Brexit ter sido colocado em práctica que comprei um CD solto no ebay, seguramente por menos de 10€.

Jogo com caixa e manual

Este Neowave é, tal como os KOF 98 e 2002, um dream match, na medida em que não segue nenhum arco de história em particular, podendo assim incluir personagens que supostamente já nem deveriam aparecer. No que diz respeito aos modos de jogo as coisas são bastante simples: tanto podemos jogar contra o CPU como contra um amigo, seja na modalidade tradicional da série KOF, ou seja com equipas de 3 a combaterem entre si, ou combates de 1 contra 1 puros e duros. Temos também um modo endless que, tal como o nome indica é um modo de sobrevivência onde o desafio é o de vencer o máximo de oponentes com um crédito. É através desse modo de jogo onde desbloquearemos vários extras como personagens secretas ou galerias com arte.

O elenco de personagens é bastante generoso, existindo ainda umas quantas desbloqueáveis

Já no que diz respeito às mecânicas de jogo, há também aqui algumas coisas novas. Por um lado este é um jogo que descarta todos os conceitos de strikers e batalhas tag team, introduzidas pelo KOF 2003. Para além dos 4 botões tradicionais para socos e pontapés, temos aqui um quinto botão de acção introduzido, que nos permite activar o heat mode, um estado onde somos recompensados com mais poder de ataque, com o custo de a nossa barra de vida se ir esvaziando com o tempo. É um modo que pode ser activado a qualquer momento, excepto se a nossa personagem já tiver com pouca vida. De resto é um jogo de luta bem competente, com um leque de personagens bem grande e como é habitual, todas as personagens têm um cardápio considerável de golpes especiais que deveremos dominar, muitos deles que só podem ser executados em certas condições. E é precisamente essas condições que mudam, consoante as mecânicas que queremos usar para os specials: Super Cancel, Guard Break ou MAX2, sendo que todos possuem particularidades bem distintas entre si e às quais eu não vou entrar em detalhe aqui até porque sinceramente não entendi muito bem algumas delas.

A ordem das personagens é agora definida em segredo, com recurso aos botões faciais acima representados

A nível audiovisual acho sinceramente que este jogo tem resultados mistos. Por um lado as sprites 2D continuam repletas de animações fantásticas e aparentemente foram reaproveitadas do próprio KOF 2002, mantendo portanto o mesmo nível de detalhe da Neo Geo nesse aspecto. O que para mim não é uma coisa má, pois eu adoro pixel art e a SNK sempre foi exímia no detalhe, estética e animações das suas personagens em jogos de luta. Já os cenários, bom aqui se visitarmos as opções poderemos alternar entre cenários 2D ou 3D. Os 2D são os cenários originais da versão arcade, que em vez do pixel art característico dos jogos Neo Geo, são agora cenários bem mais realistas com sprites pré renderizadas. Compreendo que a Neo Geo não os conseguisse representar com esse detalhe, mas sinceramente para mim é um passo atrás. Caso optemos pelos cenários em 3D, estes são então substituídos por cenários semelhantes mas agora em 3D poligonal e os mesmos vão-se alterando com o decorrer dos rounds, com as lutas a decorrerem em diferentes fases do dia ou os cenários a alterarem-se ligeiramente. É algo que já tem vindo a ser normal nas adaptações dos King of Fighters para sistemas da sexta geração de consolas. A banda sonora tem mais qualidade a nível dos instrumentos em si, soando também mais realistas e menos a videojogo e as músicas vão sendo algo ecléticas, com umas mais agradáveis que outras, na minha opinião.

O contraste entre os cenários realistas e as sprites 2D Neo Geo é um pouco estranho. Sinceramente por mim era tudo pixel art!

Portanto para mim este é um mais um King of Fighters que me parece um jogo de luta bem competente, tanto a nível de mecânicas de jogo, jogabilidade e elenco de personagens disponível. A razão pela qual a SNK abandonou a Neo Geo era por esse sistema já estar bastante datado e a Atomiswave representar possibilidades bem superiores a nível tecnológico. No entanto, para o meu gosto pessoal, o pixel art é mesmo uma arte que a SNK foi aperfeiçoando ao longo dos anos e aqui começou a se perder, com uma transição gradual para cenários e personagens mais realistas.

FIFA 2005 (Nokia N-Gage)

Vamos agora para algo completamente diferente e que já há algum tempo gostaria de trazer cá: o telemóvel/consola Nokia N-Gage. Lançado no último trimestre de 2003, o N-Gage é um híbrido entre um smartphone da Nokia com SO Symbian da série S-60 e com a capacidade de correr videojogos, não só aqueles mais típicos e baseados em Java que qualquer smartphone da época corria, mas também videojogos dedicados e lançados num formato físico na forma dos cartões de memória MMC, um formato muito em voga nessa época também. Tecnologicamente era um modelo impressionante, com jogos a apresentar gráficos 3D bastante avançados para uma consola portátil da época. No entanto, não deixa de ser um telefone, pelo que jogar videojogos com os botões minúsculos do teclado numérico não é a melhor ideia de todas. E nem vou entrar pelas falhas de design do primeiro modelo, posteriormente endereçadas no sucessor QD. O meu exemplar é precisamente um N-Gage QD, que foi comprado a um amigo algures em 2016/2017 por 40€. A parte curiosa é que este foi um prémio não reclamado de um concurso que acabou depois por ficar esquecido nos escritórios da empresa que o sorteou. Um deles lá veio parar às minhas mãos, tendo vindo com o FIFA 2005 e um Tomb Raider também selado.

N-Gage edição com FIFA 2005 de oferta, onde infelizmente apenas traz o manual e cartão MMC com o jogo. A caixinha do jogo cabia perfeitamente!

Irei aproveitar este artigo para escrever um pouco sobre o FIFA 2005 no N-Gage. No entanto devo dizer que apesar de ter tentado jogá-lo no hardware original, o meu N-Gage está com problemas pois mesmo depois de uma noite inteira a carregar a bateria, o telemóvel simplesmente não liga. Apesar de já ter planeado em jogos mais complexos jogá-los através de emulação, simplesmente queria ter uma melhor noção do quão confortável o N-Gage seria para jogar e o FIFA 2005 seria o candidato perfeito para tal. Não sendo possível, acabei então por experimentar o emulador EKA2L1 que emula toda uma série de telemóves Symbian, incluindo o N-Gage.

No modo carreira podemos optar por deixar o CPU simular a partida ou jogá-la nós próprios

E vamos começar precisamente pelos controlos. O direccional é usado para controlar o jogador seleccionado no momento, como seria natural. E sinceramente não gostei muito da maneira como o d-pad responde ao toque, mas como não consegui jogar no N-Gage isto é apenas especulação da minha parte. As acções durante o jogo estão mapeadas para o teclado numérico e as acções principais estão mapeadas para os botões 5 e 7, que no próprio N-Gage têm um relevo diferente das restantes teclas, o que acredito que ajude e para jogos simples que não exijam muitos botões de acção, isso até ajude a simplificar os controlos. Neste caso, se tivermos na posse da bola, o botão 5 remata e o 7 passa, com os botões 6 e 8 a servirem para outros tipos de passe. Não estando na posse de bola, o botão 5 serve para tentar roubar a bola ao adversário e o 7 para alternar de jogador que controlamos. Os botões 6 e 8 servem uma vez mais para acções secundárias e em qualquer um dos casos o botão 4 serve para correr, onde teremos também de ter atenção à fadiga dos jogadores. No emulador o mapping dos botões por defeito é dado para as setas e o teclado numérico, mas a ordem dos números no telemóvel é contrária à dos teclados numéricos, pelo que se recomenda também alterar a sua ordem para uma melhor aproximação ao original.

Visualmente o jogo não difere muito da sua versão GBA, embora os gráficos sejam mais nítidos aqui.

Já no que diz respeito aos modos de jogo, bom mesmo sendo este um jogo portátil, o que não falta aqui é conteúdo. Para além das partidas amigáveis, temos também a hipótese de participar em diversas competições no formato campeonato ou taça, tanto de clubes como de selecções nacionais. Existe um grande número de equipas aqui disponível, todas devidamente licenciadas e com plantéis que acredito que tenham sido o mais fiéis possível para aquela temporada. Para além desses dois modos de jogo temos também um modo challenge, onde somos convidados a ultrapassar certos desafios como ultrapassar uma desvantagem já com poucos minutos de sobra para o final da partida e temos também um modo “carreira”, onde teoricamente estamos no papel de um treinador e ao longo de várias temporadas vamos ter uma série de objectivos mínimos para ultrapassar como terminar numa certa posição da tabela e à medida que os atingimos, poderemos também melhorar a qualidade da equipa. Temos também a hipótese de jogar ou não as partidas nós próprios. Para além de tudo isto o jogo tinha também uma vertente multiplayer com recurso à tecnologia bluetooth.

Uma das novidades desta versão é a possibilidade de manipularmos as repetições e gravá-las se desejarmos

Já no que diz respeito aos audiovisuais o jogo creio que partilha do mesmo motor gráfico e assets da versão Game Boy Advance, tendo no entanto visuais um pouco mais detalhados que na portátil da Nintendo. Existem no entanto jogos de N-Gage graficamente bem mais impressionantes que este. Esta versão possui no entanto a desvantagem do ecrã do N-Gage ter uma predominância vertical e tendo em conta que a câmara do jogo é horizontal acaba por nos roubar alguma visão de jogo útil. É verdade que temos um mapa no ecrã inferior esquerdo com as posições de todos os jogadores em campo, mas honestamente nunca consegui perder tempo para olhar para tal gráfico com atenção. Já no som este parece-me ser um jogo bem competente, com as partidas a serem acompanhadas dos cânticos e protestos dos adeptos, assim como os ruídos dos pontapés na bola e apitos dos árbitros. Fora das partidas o jogo tem uma série de músicas licenciadas de vários artistas e que me parecem aqui serem tocadas na íntegra. É uma banda sonora bem mais extensa do que eu esperaria encontrar num videojogo portátil de 2004/2005, embora se note bem que as músicas foram bastante comprimidas para ocuparem o mínimo de espaço possível.

Portanto sinceramente este FIFA 2005 parece-me ser um jogo de futebol bem competente para uma portátil daquela época, embora ainda tenha algumas reservas nos controlos, já que infelizmente não o consegui experimentar no hardware original. É que as teclas 5 e 7 terem maior destaque faz todo o sentido até por uma questão de ergonomia, mas para acções mais complexas, como por exemplo correr e depois entrar de carrinho para roubar uma bola, vão-nos obrigar a pressionar a tecla 4 e posteriormente a 8, o que não é muito viável num teclado numérico daquele tamanho.

Tom and Jerry in Infurnal Escape (Nintendo Game Boy Advance)

Vamos voltar à Game Boy Advance para uma rapidinha a um jogo que confesso que comprei mais por impulso do que por outra coisa. Veio de uma das minhas visitas à Cash Converters algures no passado mês de Outubro onde encontrei uma série de jogos de Game Boy Advance em caixa, mas infelizmente nenhum deles era particularmente bom. Fiquei no entanto curioso com este Tom and Jerry pois a GBA por vezes tem alguns títulos interessantes baseados em desenhos animados e que acabam por passar bastante despercebidos, como é o caso do Shin Chan, por exemplo. O que não é o caso, pois o jogo foi desenvolvido pela NewKidCo, da qual eu já cá trouxe no passado o Tom and Jerry in Mouse Attacks.

Jogo com caixa e manual

A premissa do jogo até que é algo surpreendente pois no meio das habituais perseguições e confrontos entre o gato e rato, Tom leva com um piano em cima e morre. Sim, morre e vai para o inferno, onde está prestes a passar por tormentas eternas. Mas eis que aparece uma gata anjo que se propõe a salvar Tom, mas para isso ele terá de passar por uma série de desafios. E por desafios entenda-se atravessar níveis cada vez mais labirínticos em busca de objectos ou outros gatos.

A história é contada através de algumas imagens estáticas que acredito terem sido retiradas dos desenhos animados

O jogo está então dividido em dois mundos distintos com vários níveis, começando por visitar uma base militar repleta de bulldogs. O objectivo em cada um destes níveis é o de explorá-lo ao máximo, coleccionar toda uma série de ossos dourados e descobrir a saída do nível. O segundo conjunto de níveis é passado num castelo onde teremos de encontrar e libertar uma série de gatos feitos prisioneiros e posteriormente descobrir a saída. Pelo meio teremos inúmeros inimigos para enfrentar, obstáculos para atravessar e armadilhas para evitar, tudo isto com os níveis a ficarem cada vez mais complexos e labirínticos. Precisaremos também de interagir com alavancas e rebentar com barris de dinamite para activar plataformas ou abrir passagens. De resto as mecânicas de jogo são simples, com um botão para saltar e um outro para atacar e vamos tendo também a hipótese de encontrar diversos itens e power ups como aquários com peixes que nos regeneram vida, itens que nos dão invisibilidade ou invencibilidade temporária, enormes paus que servem para atacar ou um queijo que sinceramente nunca descobri bem para que serve e não tive grande vontade de consultar o manual para entender o seu propósito. Um jogo simples de plataformas 2D portanto, embora os saltos e a detecção de colisões não seja de todo a melhor.

Graficamente até que é um jogo bonitinho, mas poderia ter sido mais polido na jogabilidade

Passando agora para os gráficos, bom o jogo até que é bonitinho com sprites bem detalhadas (se bem que não gosto muito da sprite e animações do Tom para ser sincero) e com níveis muito bem detalhados. No entanto, preferia de longe que os níveis fossem um pouco mais curtos e houvesse maior variedade de cenários, pois temos apenas 2 conjuntos de níveis. É verdade que os cenários vão-se alterando ligeiramente de nível para nível, mas gostava que houvessem mais temas distintos. Depois de todos esses níveis temos também um confronto contra um boss final no inferno, cuja sprite é gigante e muito bem detalhada. Os efeitos sonoros estão repletos daqueles sons típicos de desenhos animados e as músicas sinceramente não as achei nada de especial.

Um detalhe interessante é que se perdermos todas as vidas somos levados a um nível no inferno onde teremos de recolher uma série de almas para ganhar novas vidas e tentar novamente

Portanto este Tom and Jerry é um jogo que apesar de ser graficamente bonito e bem detalhado, apresenta uma jogabilidade algo aborrecida e também um pouco frustrante por vezes, devido aos saltos não serem lá muito fluídos e a precisão dos ataques também não ser a melhor.

Danganronpa: Trigger Happy Havoc (Playstation Vita)

Já há muito tempo que não trazia cá nada da Playstation Vita e num dos últimos fins de semana lá me decidi voltar a ligar a portátil da Sony e jogar mais um jogo do meu backlog. O escolhido foi mesmo este primeiro Danganronpa, um jogo inspirado em títulos como o 999 (também da Spike Chunsoft) e a série Ace Attorney da Capcom. O meu exemplar foi comprado a um coleccionador que vive perto de mim, mas já não me recordo ao certo quando o comprei nem quanto custou. Lembro-me que foi a um preço bem acessível!

Jogo com caixa

A história leva-nos a encarnar no papel de Makoto Naegi, um adolescente perfeitamente banal que a certa altura recebe o convite para entrar numa prestigiada escola secundária nipónica, acessivel apenas a uma pequena elite de adolescentes que são muitíssimo bons em alguma coisa. Por exemplo, dos seus colegas de turma encontram-se alunos mestres em artes marciais, programação, pop idols ou até líderes de um gangue de motards. Makoto foi escolhido à sorte para entrar na escola, recebendo então o título de “prodígio sortudo”. No entanto quando colocamos um pé na escola, Makoto perde os sentidos. Acorda mais tarde e, em conjunto com os seus novos colegas, dirigem-se à entrada da escola e apercebem-se que a mesma está barrada do exterior com portas blindadas. Todas as janelas do edifício estão também barradas e não há qualquer forma de contacto com o exterior. É aqui que entra Monokuma, um urso robótico que lhes dá as boas vindas e lhes apresenta um jogo macabro. Ou os alunos resignam-se a uma vida em comunhão entre todos e vivem o resto das suas vidas presos na escola, ou então assassinam alguém para terem a oportunidade de serem libertados. Quando há um assassinato, os alunos terão algum tempo de investigar a escola em busca de pistas, sendo depois levados a um julgamento, onde os alunos debaterão entre si o que se terá passado e quem é o culpado. Se descobrirem o culpado, essa pessoa será executada. Caso o assassino não seja descoberto este é então libertado, enquanto que todos os restantes colegas acabam por ser executados também.

Os corredores da escola são explorados livremente e na primeira pessoa. Mas sendo este um jogo lançado originalmente para a PSP, não esperem um detalhe acima da média

O jogo possui então várias mecânicas de jogo distintas, sendo estas demarcadas por três diferentes fases. A primeira fase corresponde à vida quotidiana dos estudantes. Aí poderemos explorar a escola livremente (com mais zonas a ficarem acessíveis à medida que vamos progredindo no jogo) e falar com os outros estudantes e criar mais alguns laços no meio de todo o caos. Isto até que eventualmente alguém descobre um cadáver e aí o jogo entra na segunda-fase: a de recolha de provas. Tanto a primeira como segunda fases deixam-nos movimentar livremente a nossa personagem pelos corredores da escola numa perspectiva de primeira pessoa. Sempre que entramos numa sala aí já estamos numa posição estática, podendo no entanto mover um cursor (e câmara) que nos permite interagir com outras personagens e certos pontos de interesse nos cenários, pontos esses que podem ser realçados ao pressionar o botão triângulo. Sempre que recolhermos tudo o que precisamos para ter sucesso, o jogo transita automaticamente para a fase do julgamento.

Já quando entramos numa sala a nossa posição é fixa, podendo no entanto manobrar a câmara até certo ponto. O cursor serve para interagir com personagens ou investigar pontos de interesse.

E aqui, ao invés de simplesmente copiarem a fórmula dos Ace Attorney, a Spike Chunsoft decidiu apimentar as coisas. Não há cá advogados e juízes, isto é literalmente uma questão de vida ou morte para todos os participantes, pelo que terá de haver um consenso entre todos e no final uma votação de quem é o culpado. Portanto teremos todas as personagens a discutir entre si e nós também teremos de argumentar o nosso ponto de vista do caso, sendo suportado por todas as provas e testemunhos que recolhemos anteriormente. E em muitos dos casos teremos de participar em certos mini-jogos, seja para contrariar argumentos de alguém e/ou para apresentar os nossos próprios argumentos, sendo que temos sempre um tempo limite para agir. Caso falhemos a nossa barra de vida vai diminuindo e esta poderá ir sendo regenerada com cada resposta certa que dermos a seguir. É um pouco complicado descrever todos estes mini jogos, mas digamos que envolvem tempos de resposta algo rápidos e um deles até envolve ritmo. As mecânicas vão sendo introduzidas em tutoriais e antes de cada julgamento poderemos inclusivamente equipar algumas skills que nos poderão ajudar em certos momentos. Por exemplo, ter mais tempo para responder, ou mais vida. Essas skills são adquiridas ao passar algum tempo com cada personagem, nos momentos de “free time” que o jogo nos dá. É uma pequena mecânica de dating sim para melhorar a nossa relação com as personagens onde até lhes poderemos dar alguns presentes.

O elenco de personagens é bastante diverso e por vezes bizarro

Quando terminamos o jogo principal, desbloqueamos ainda o School Mode que possui uma história alternativa e muito mais ligeira. Neste modo de jogo temos uma espécie de jogo de simulação/estratégia, onde Monokuma nos vai dando objectivos de construir novos robots dentro de prazos limite. Para isso teremos de colocar cada estudante a procurar recursos nas diversas divisões da escola, sendo que temos de ter também atenção à sua fadiga. Os itens que estes recolhem não servem apenas para construir as peças necessárias para o robot, mas também para criar vários itens de suporte como itens que regeneram a nossa barra de vida, outros que nos fazem subir de nível instantaneamente ou outros que potenciem a descoberta de materiais de diferentes géneros, para acelerar as coisas. Das primeiras vezes que jogamos este modo não conseguiremos de todo terminar todos os projectos, mas à medida que os estudantes vão ganhando experiência e aumentar os seus stats, passará a ser possível. Neste modo de jogo temos também alguns tempos livres onde poderemos aprofundar as relações com cada uma das personagens e assim conseguir completá-lo a 100%.

O método que usamos para encontrar contradições nos diálogos das personagens é no mínimo original. A bala seleccionada no canto inferior do ecrã representa o “tema” a argumentar, enquanto que as expressões a amarelo são os argumentos susceptíveis de serem interceptados, mas apenas uma combinação é a correcta.

A nível audiovisual estamos perante um jogo interessante, se bem que temos de nos lembrar que este é, na sua essência, um jogo de PSP, pelo que os poucos gráficos 3D que existem não são grande coisa, o que acontece quando exploramos na primeira os corredores da escola. De resto não deixa de ser uma visual novel, pelo que durante os diálogos vamos estar perante cenários estáticos e retratos das personagens com as quais vamos interagindo também sem grandes animações. Mas quando a acção transita para os julgamentos, tudo muda de figura. A começar pela banda sonora que é composta por música electrónica e que vai ficando cada vez mais acelerada à medida que os julgamentos se vão desenrolando, o que contribui de forma bastante positiva para a atmosfera. E a nível visual também fica tudo muito mais apelativo! Já no school mode não esperem por nada disto. No que diz respeito ao voice acting, o jogo permite-nos optar pela língua inglesa ou japonesa e eu obviamente que escolhi a segunda opção. Durante os diálogos “normais”, apenas ouvimos pequenas palavras ou sons proferidos pela personagem em questão, com a restante mensagem a surgir apenas em texto. No entanto, durante cutscenes importantes ou durante todos os julgamentos na íntegra, todas as falas são também narradas e aí não tenho nada a apontar, parece-me ser um trabalho competente (pelo menos na língua japonesa).

No final de cada julgamento a nossa performance é avaliada e somos recompensados com moedas (algumas podem também ser descobertas com a exploração). Moedas essas que podem ser utilizadas nesta máquina para coleccionar presentes que poderemos oferecer às outras personagens para mais nos aproximar-mos. Não é de todo obrigatório, mas algumas skills que desbloqueamos dessa forma ajudam bastante.

Portanto devo dizer que fiquei bastante agradado com este primeiro Danganronpa. Pegaram nos conceitos macabros de outros jogos da Spike Chunsoft como os Nonary Games e misturaram com a parte de investigação e argumentação dos Ace Attorney, no entanto com mecânicas de jogo inteiramente novas. Confesso que não sou o maior fã dos desafios baseados em ritmo, mas como um todo gostei bastante da aventura principal, principalmente pela sua história empolgante e o ritmo frenético a que se desenrolam os julgamentos. A ver se jogo a sequela em breve!

Energy (PC Engine)

Vamos voltar à PC Engine para um jogo que não é lá muito bom mas que recebeu recentemente um patch de tradução desenvolvido por fãs e onde para além de terem traduzido o texto do jogo para inglês, fizeram também algumas pequenas melhorias ao jogo em si, o que é sempre interessante. Uma das pessoas envolvidas nesse projecto traduziu também o Honey in the Sky que é mais um exemplo de um patch de tradução com melhorias na jogabilidade. O meu exemplar foi comprado num lote a um particular algures em Julho deste ano. Foi um jogo barato, mas como eu já tinha comprado vários jogos de PC-Engine/Turbografx à mesma pessoa, o vendedor lá me decidiu antes oferecer um exemplar selado em vez do usado que eu tinha escolhido inicialmente.

Jogo com caixa, manual embutido com a capa e papelada

O jogo em si é francamente mau e repleto de problemas. Foi uma conversão de um título lançado originalmente em PCs nipónicos da família PC-88 e que até tinha algumas influências de Metroid, na medida em que precisávamos de revisitar áreas antigas depois de apanhar alguns itens que nos permitissem avançar mais no jogo. Não sei se o original PC-88 teria algum problema, mas algo terá corrido muito mal na conversão deste jogo para a PC Engine… logo a começar pela sua cut-scene inicial que demora imenso tempo a transitar entre ecrãs e não pode de forma alguma ser avançada. Tendo em conta que o jogo possui apenas uma vida, zero continues e sem qualquer forma de gravar o nosso progresso, se perdermos lá teremos de a ver novamente. Uma das melhorias do patch de tradução é precisamente tornar essa cut-scene mais rápida e a mesma a poder ser avançada livremente. A história? Essa coloca-nos no papel de uma espécie de super herói com poderes psíquicos e que travará uma luta contra um exército de mutantes/extraterrestres que invadiu e destruiu a cidade de Tóquio.

Na versão original temos de esperar imenso tempo que os diálogos da cut-scene inicial avancem. Tendo em conta que o jogo não tem vidas extra nem continues, quando perdemos teremos de ver tudo novamente.

Os controlos seriam consideravelmente simples também, tendo em conta que o direccional controla a nossa personagem, um botão salta e o outro ataca. Mas se saltarem e atacarem em pleno ar vão ver que o movimento dos saltos dá ali uma travadinha sempre que o fazemos, o jogo não tem qualquer animação da personagem parada, pelo que imaginem que se começamos a andar da esquerda para a direita e pararmos o movimento, é possível que o nosso boneco fique com as pernas abertas no ecrã, como se estivesse a correr. São pequenos detalhes como este que dá para ver a pouca qualidade que o jogo tem. Tendo em conta que foi um lançamento originalmente lançado em computadores nipónicos de 8bit, o jogo não tem scrolling, com os ecrãs a transitarem entre si sempre que cheguemos à sua extremidade. No entanto essa transição é também incrivelmente lenta! Alguns destes problemas como o scrolling entre ecrãs acabaram por ser corrigidos no patch de tradução, mas outros como as portas demorarem eternamente a destrancar ou o movimento algo errático da nossa personagem permaneceram inalterados infelizmente.

Os inimigos surgem muitas vezes em locais inapropriados, pelo que sofrer dano é uma constante

Tal como referi acima, o jogo tem alguns elementos de metroidvania e até um pouco de RPG, na medida em que muitas vezes teremos de interagir com NPCs que nos vão recompensando com alguns itens, habilidades ou power ups que nos permitirão avançar no jogo. Muitos desses podem ser seleccionados no ecrã de inventário e alguns itens, como os diferentes upgrades dos nossos ataques podem ser utilizados directamente, outros para serem activados obrigam-nos a usar ambos os botões faciais em simultâneo. De resto este é um jogo bastante desafiante pois temos apenas uma vida, nenhuma maneira de gravar o nosso progresso do jogo e é muito fácil sofrer dano. Isto porque muitas vezes os inimigos fazem respawn no mesmo local onde estamos e o facto de os saltos não serem grande coisa também não ajuda. Um outro bug incrivelmente irritante é o facto de os bosses continuarem a atacar-nos por alguns longos segundos mesmo depois de terem sido derrotados! Não é por acaso que o jogo tem má fama.

Existem salas onde somos obrigados a derrotar todos os inimigos no ecrã para avançar. A parte chata é que as portas apenas se abrem vários segundos depois de limparmos o ecrã

A nível audiovisual as coisas não ficam muito melhores pois é um jogo sem grande detalhe gráfico. A Master System tem jogos similares bem mais conseguidos nesse departamento, como por exemplo o Psychic World, mas por outro lado a música até que é bastante boa!

Portanto estamos aqui perante um jogo que é francamente mau devido a todos os problemas na jogabilidade que esta versão PC Engine introduz. O patch de tradução ainda dá alguma ajuda a resolver alguns destes problemas, mas nem todos. Ainda assim, se todos esses bugs fossem resolvidos o resultado final seria na mesma um jogo algo mediano, para ser sincero e precisei de recorrer algumas vezes a um walkthrough para entender o que era suposto fazer a seguir.