Voltando às rapidinhas a jogos desportivos, o artigo de hoje será mesmo curto. Isto porque vamos abordar a conversão do FIFA International Soccer para a Mega CD que, tal como podem desde já adivinhar, é essencialmente a mesma versão da Mega Drive com algumas ligeiras modificações. O meu exemplar veio do Reino Unido, tendo sido comprado por 10£ algures no passado mês de Abril.
Jogo com caixa e manual
Portanto este é o mesmo jogo que a versão Mega Drive, com as mesmas mecânicas (perspectiva isométrica que se manteve em todos os outros FIFAs para sistemas 16bit), mesmos modos de jogo (desde partidas amigáveis, passando por vários tipos de torneios ou campeonatos) e as mesmas equipas, neste caso apenas selecções nacionais.
Será que por esta versão ter algumas cutscenes em FMV compensa face à versão da Mega Drive? Eu diria que não
Mas o que trouxe esta versão Mega CD de diferente? Bom, temos agora uma cutscene em FMV na abertura e fecho do jogo, algumas músicas ambiente com qualidade CD Audio e os efeitos sonoros, em especial os do público, parecem-me ter mais qualidade. E é basicamente isso. Claro que temos também outras desvantagens como é o caso dos ecrãs de loading antes de cada partida e nos seus intervalos e, pode ser apenas impressão minha, mas esta versão Mega CD não me pareceu tão fluída quanto o original em cartucho.
Portanto esta adaptação acaba por ser um item interessante apenas para coleccionadores. Full motion videos em jogos de futebol não é algo que faça grande diferença pelo que a versão original em cartucho acaba por ser uma escolha melhor.
Wonder Boy é uma série altamente confusa por várias razões. Sejam lançamentos com diferentes nomes no Japão e Ocidente que lancem algumas confusões, seja pelo facto de a série Adventure Island ser uma derivação do primeiro Wonder Boy para as consolas da Nintendo, ou até pelas outras conversões para as consolas da NEC que também usam nomes e protagonistas diferentes. Outra das confusões está mesmo no facto de no ocidente existirem dois Wonder Boy III e que nada têm a ver um com o outro. Um é o excelente Wonder Boy III: The Dragon’s Trap para a Master System, o outro é este título que cá vos trago hoje para a Mega Drive. O meu exemplar foi comprado algures no passado mês de Abril, num leilão online por 21€.
Jogo com caixa e manual
Este WBIII: Monster Lair é uma adaptação de um outro Wonder Boy lançado originalmente nas arcades, mas ao contrário dos Monster Land/Monster World, não é propriamente um jogo de plataformas com elementos de metroidvania como tanto gostamos. É sim uma evolução do Wonder Boy original com o ecrã com auto scroll, misturando alguns conceitos de shmup. Aqui cada nível está dividido em duas partes, onde na primeira temos na mesma níveis de platforming, onde a única diferença é que Wonder Boy lança projécteis da sua espada. Na segunda parte do nível já voamos nas costas de um dragão, com o jogo a assumir as mecânicas de um shmup horizontal em pleno e no final desse segmento temos sempre um confronto contra um boss.
Se não fosse pelos projécteis que disparamos pela espada, inicialmente o jogo assemelha-se muito ao primeiro Wonder Boy
Tanto num caso como no outro podemos apanhar vários power ups que mudam o nosso tipo de disparos, existindo várias possibilidades, desde projécteis mais largos, outros que são disparados em diferentes direcções em simultâneo, outros perfurantes e capazes de atingir mais que um inimigo em simultâneo, entre outros. A diferença é que estes power ups duram apenas alguns segundos, retornando depois ao ataque normal. Nos segmentos de platforming temos mais outra mecânica do Wonderboy clássico. Se virem no canto superior esquerdo temos uma pequena barra de vida que vai diminuindo com cada dano que sofrermos, mas também diminui automaticamente com o tempo. Ao apanhar peças de fruta podemos restabelecer parte desta barra de energia, tal como no primeiro jogo. Nos segmentos onde voamos às costas de um dragão, esta barra só diminui mesmo caso soframos dano.
No final de cada nível, um boss espera-nos!
A nível audiovisual, é um jogo que cumpre bem o seu papel, ao apresentar gráficos coloridos e com detalhe quanto baste. As sprites do Wonder Boy e inimigos possuem aquele look familiar para quem é fã da série. As músicas são também agradáveis, mas não particularmente memoráveis. No entanto, tal como no primeiro Wonderboy, é um jogo que acaba por cansar um pouco ao fim de algum tempo, por se tornar algo repetitivo.
Eu prefiro de longe as mecânicas mais metroidvania introduzidas pelos Monster Worlds. O facto de terem introduzido aqui alguns mecanismos de shmup pode não ter sido uma má ideia de todo até porque o jogo foi desenvolvido para as arcades e as mecânicas de metroidvania, introduzidas no jogo anterior que também saiu nas arcades primeiro, não resultam bem nesse segmento do mercado. No entanto, para mim a Westone acertou mesmo na mouche no seu jogo seguinte, o outro Wonder Boy III e a partir daí a série teve sempre as consolas como mercado primário.
A Telltale já há muito que vinha a experimentar diferentes mecânicas de jogo nos seus jogos de aventura point and click, tendo encontrado finalmente uma fórmula de sucesso no primeiro The Walking Dead, que nos presenteou com uma óptima narrativa e com escolhas muito difíceis pela frente. Este The Wolf Among Us acaba então por ser um jogo muito similar nas suas mecânicas, mas com um background completamente diferente. O meu exemplar foi comprado algures no mês de Março a um amigo meu, estando ainda selado, por 10€. A versão PC veio de um humble bundle comprado a um óptimo preço.
Jogo com caixa e manual
Confesso que a temática do jogo me surpreendeu bastante, pois não conhecia as suas origens. Sempre achei que era uma história algo negra com um protagonista lobisomem, mas é muito mais que isso. Baseado nas comics da Vertigo chamadas Fables, a nossa personagem é nada mais nada menos do que o Lobo Mau dos contos de fada da nossa infância, aqui apelidado de Bigby Wolf (diminutivo de Big Bad Wolf). Por algum motivo uma série de personagens dos contos de fada foge do seu mundo encantado e reunem-se na Fabletown, um distrito da cidade de Nova Iorque, misturando-se entre os humanos e tendo as suas próprias rotinas. As personagens humanas, como é o caso da Branca de Neve, Bela, ou a Pequena Sereia conseguem viver normalmente, enquanto as não humanas, como é o caso do Monstro e do próprio Wolf necessitam de usar uns encantamentos que os transformam em humanos. O problema é que esses encantamentos são caríssimos e nem todos os conseguem pagar. Nesses casos, os fables como é o caso de Colin, um dos três porquinhos, devem permanecer na Farm, uma quinta encantada afastada de tudo o resto, onde podem viver livremente nas suas formas normais.
O Lobo Mau a viver com um dos três porquinhos? Por essa não estavam a contar.
E qual o papel de Wolf? Bom, é o xerife lá do sítio e devido ao seu passado é temido e pouco respeitado por todos os que o rodeiam. E a aventura começa com Wolf a receber um pedido de ajuda de Mr. Toad (sim, um sapo) a alertar que algo de grave se passa num dos apartamentos do seu prédio. E quando lá chegamos descobrimos nada mais nada menos que o lenhador do Capuchinho Vermelho, completamente bêbedo, a agredir uma prostituta. Após um inevitável combate e uma breve conversa com a rapariga no final, Bigby segue a sua vida. Horas depois, descobre à porta do seu prédio nada mais nada menos que a cabeça decapitada da prostituta com quem falou há pouco tempo. Ao longo do jogo iremos investigar esse homicídio, numa trama que se vai tornando cada vez mais complexa e com uma série de reviravoltas.
Como sempre temos alguns QTEs pela frente
No que diz respeito às mecânicas de jogo, estas são muito similares às de Walking Dead, sendo um jogo de aventura gráfica com várias sequências de acção compostas por Quick Time Events, onde temos de seguir as indicações visuais no ecrã de que botões devemos pressionar naquela altura. Temos alturas de exploração, onde podemos nos movimentar não tão livremente quanto isso ao longo dos cenários e interagir com objectos ou outras personagens, que são sinalizados no ecrã, facilitando-nos a tarefa de ter de procurar coisas com que interagir. Ocasionalmente podemos apanhar alguns itens que podem posteriormente ser usados para interagir com outros objectos, ou mesmo com outras personagens através dos seus diálogos. Para os diálogos temos um tempo limite para responder, e caso não escolhemos nenhuma resposta, Bigby mantém-se em silêncio, o que por si só já é uma resposta válida, e pode alterar um pouco a forma como as personagens à nossa volta nos percepcionam, ou mesmo alterar ligeiramente os acontecimentos seguintes.
Na maior parte das vezes, as escolhas que podemos tomar têm um tempo limite.
A nível audiovisual considero o jogo excelente. A nível gráfico tudo está renderizado em cell shading, o que dá um look muito fiel às bandas desenhadas dos Fables. Por outro lado, o mundo de Fabletown é sombrio, e toda a ambiência do jogo dá um aspecto de um filme noir da década de 80, o que por si só me agrada bastante. A caracterização das personagens, e a maneira decadente como representam algumas personagens que todos nós conhecemos da nossa infância está também muito bem elaborada. O voice acting é igualmente muito bem conseguido por todas as personagens, o que uma vez mais também contribui para uma narrativa muito noir.
Fabletown não é uma cidade particularmente afável, vamos visitar muitos locais não recomendáveis a boas famílias
No fim de contas este jogo agradou-me bastante. Mantém as mesmas mecânicas de jogo dos The Walking Dead, onde as nossas escolhas vão alterando ligeiramente o desenrolar da história, mas nunca as alteram tão radicalmente assim quanto a Telltale nos quer fazer pensar. No entanto, devo dizer que fiquei bastante agradado pela narrativa negra e adulta que o jogo tem, pois isto de contos de fadas para crianças não tem nada, e o rating para maiores de 18 é perfeitamente compreensível. Aparentemente The Wolf Among Us serve de prequela aos acontecimentos narrados na comic Fables, fiquei bastante curioso e muito provavelmente vou começar a lê-la em breve. A Telltale estava a trabalhar numa sequela, mas como abriram falência há relativamente pouco tempo, esse projecto acabou por ser enfiado no saco, o que é pena.
Aztec Adventure, que dos Astecas não tem nada a não ser o título, é um jogo de acção/aventura lançado pela Sega no final da década de 80, onde um jovem aventureiro percorre a américa do Sul em busca de um tesouro. No Japão é conhecido por Nazca 88, sendo que mudaram o seu nome para Aztec Adventure no Ocidente, talvez por se referir a uma civilização mais conhecida. Os adornos peruanos do protagonista e de alguns inimigos não são então por acaso! O meu exemplar foi comprado online algures em Abril deste ano, tendo-me custado 10€ se bem me recordo.
Jogo vom caixa e manual
Numa primeira observação, parece estarmos a jogar um clone de Zelda. Isto porque ambos possuem a mesma perspectiva, sem scrolling mas sim uma série de ecrãs interligados e o nosso protagonista, o jovem Niño, está munido de uma espada para atacar os inimigos, sendo que poderemos descobrir outros itens/armas que poderemos igualmente usar. Mas as semelhanças terminam aí, pois este não é um jogo em mundo aberto e com vários puzzles ou dungeons para resolver e explorar. Este está então dividido em vários níveis onde para além de descobrirmos a sua saída, temos de derrotar uma certo número de diferentes mini-bosses (indicados no ecrã antes de começarmos cada nível) de forma à saida se desbloquear.
Antes de começar o jogo vemos os inimigos que podemos contratar para nos ajudar e quanto nos vai custar por cada tipo.
Para além da nossa espada, poderemos vir a encontrar uma série de outros itens ao derrotar os inimigos. Coisas como sacos de dinheiro, bolas de ferro ou lanças que podem ser atiradas para os inimigos e um outro item adicional que varia de nível para nível. Nos níveis da floresta, este item especial são bolas de fogo que podem ser usados para incendiar algumas árvores que bloqueiam o nosso caminho ou atacar inimigos, botas que nos permitem caminhar em rios sem sofrer dano, raios que nos dão invencibilidade temporária, ou furacões que causam algum dano numa área do ecrã. E o dinheiro, para que serve? Bom, serve para aliciar alguns inimigos específicos para que se juntem a nós! Existem três tipos de inimigos que podemos subornar, sendo que os mais resistentes precisam de mais dinheiro para serem subornados. Podemos ter até 3 destes mercenários a acompanhar-nos sendo que nos seguem para onde vamos e atacam ao mesmo tempo que nós. No entanto seria muito mais interessante se estes mercenários fossem mais autónomos, pois é difícil controlá-los e fazê-los de facto ajudarem-nos a defrontar alguns dos inimigos mais chatos, até porque muitas vezes estes atacam-nos bem mais rapidamente do que o que nos conseguimos mover e seriam uma boa ajuda.
Alguns itens são únicos em cada tipo de nível. Na floresta temos de usar as chamas para destruir algumas árvores que obstruem o nosso caminho
No que diz respeito aos audiovisuais, é um jogo bem conseguido para 1988, com sprites grandes, com detalhe e coloridas. Os níveis possuem também algum detalhe quanto baste, embora sejam algo simples e repetitivos. O mais interessante é sem dúvida o último, com as suas representações algo sobrenaturais das linhas de Nazca – e por isso me irrita que tenham mudado o nome do jogo para Aztec Adventure!! As músicas sinceramente não são nada do outro mundo, a menos que estejam a jogar a versão japonesa, que possui uma suporte ao FM Unit, com músicas de muito melhor qualidade.
No final da década de 80 a Sega possuía imensos jogos de acção que se tornaram clássicos nas arcades. Jogos como Shinobi, Shadow Dancer, E-Swat, Golden Axe são apenas alguns exemplos desses jogos e que acabaram por sair também na consolas da empresa nipónica. Alien Storm é uma espécie de Golden Axe que decorre nos dias de hoje, onde uma série de aliens invadiram o planeta terra e nós encarnamos numa pequena força de mercenários para combater os invasores. O meu exemplar foi comprado no mês passado de Abril a um particular por 25€.
Jogo completo com caixa e manual
Tal como Golden Axe e Streets of Rage, temos 3 personagens que podemos escolher inicialmente: Gordon, Karla e o robot Slammer, sendo que cada um deles possui uma arma diferente. Gordon tem uma arma eléctrica e uma bazooka, Karla usa um lança chamas e o Slammer usa uma espécie de chicote de energia. Energia é o que cada arma usa, sendo que temos também um número limitado de ataques melee que podemos também usar, especialmente quando corremos de um lado para o outro. Infelizmente não há é muitos combos e algumas armas são um pouco difíceis de acertar nos inimigos, pelo que, especialmente nos níveis mais avançados, temos de nos manter sempre em movimento para evitar males maiores com os inimigos que já são mais resilientes e rapidamente nos tentam cercar. Para além disso, cada personagem possui um ataque especial capaz de fazer muito dano (como no Streets of Rage, é invocado ao pressionar o botão A), mas esses usam muito mais energia. Energia essa que, tal como a nossa barra de vida, são regeneradas ao apanhar power ups para esse efeito.
Por vezes temos alguns bosses para enfrentar
Cada nível possui um segmento de beat ‘em up, onde vamos percorrendo ruas e batalhando inimigos, culminando sempre numa de 3 coisas diferentes: ou enfrentamos um boss, ou exploramos uma sala numa perspectiva de primeira pessoa, com o jogo a assumir mecânicas de jogo algo semelhantes a outros light gun shooters da época como o Operation Wolf. É nestes segmentos de primeira pessoa onde a maior parte dos power ups que nos regeneraram a vida ou energia das armas podem ser apanhados, pelo que para além de enfrentar os aliens, também somos encorajados a destruir todos os cenários à nossa volta. Para além disto também podemos ter outros segmentos de jogo diferentes, os das perseguições. Aqui a nossa personagem corre a toda a velocidade pelas ruas da cidade enfrentando aliens pelo caminho e evitando alguns obstáculos. É quase como um shmup se tratasse!
As cenas na primeira pessoa são bastante agradáveis e distintas entre si
Estas diferentes mecânicas de jogo são benvindas, pois o número limitado de golpes que podemos desencadear, bem como o número reduzido de diferentes aliens que enfrentamos acabam por tornar o jogo um pouco aborrecido na sua reduzida variedade. De resto, para além deste modo arcade, que pode também ser jogado com um amigo, temos um modo versus para multiplayer competitivo e um “The Duel”, tal como em Golden Axe. Este é basicamente um modo survival, onde vamos enfrentando ondas de inimigos cada vez mais fortes, sobrevivendo com uma única vida.
Por vezes também temos alguns segmentos onde corremos muito rapidamente, com o jogo a assemelhar-se a um shmup
No que diz respeito aos audiovisuais sinceramente é um jogo bem competente. Os níveis decorrem quase todos em áreas urbanas que, apesar de não serem tão coloridas como outros jogos da Mega Drive, não deixam de estar minimamente bem detalhadas. Os últimos níveis já decorrem a bordo de uma nave alienígena, com os cenários a mudarem radicalmente nessa fase. Gosto também do aspecto bastante bizarro que os aliens têm, só é pena é serem poucos modelos diferentes. As músicas são excelentes, muito funky com linhas de baixo cheias de groove na maior parte das músicas! E se chegarem ao final do jogo, a sequência de créditos é simplesmente das melhores que já vi!
Portanto este Alien Storm é mais um jogo interessante para a Mega Drive, embora nunca tenha tido tanto reconhecimento quanto Shinobi, Golden Axe e Streets of Rage. E de certa forma até se compreende porquê, pois apesar de ser um jogo bastante agradável, não há muita variedade nos golpes que podemos executar e inimigos que enfrentamos.