Power Strike (Sega Master System)

Voltando às rapidinhas, o jogo que cá trago hoje é um óptimo shmup da Compile. A série Aleste, que apesar de ter tido as suas origens nos computadores MSX no Japão, viu o seu primeiro jogo convertido para a consola da Sega, um shmup vertical que acabou por se tornar num dos melhores do género para a Master System. No ocidente, o jogo passou a ser conhecido por Power Strike. O meu exemplar foi comprado há um mês atrás, tendo-me custado 40€ no eBay.

Jogo com caixa

A história por detrás deste Power Strike é algo original. Em vez de enfrentarmos aliens ou poderosos impérios como costuma ser o habitual em videojogos deste calibre, aqui o objectivo é livrar o planeta Terra de uma série de plantas geneticamente modificadas que procuram dominar o mundo, tendo já infectado e zombificado muitos humanos que teimam em lutar contra nós.

Pessoalmente acho o R-Type ou o Sagaia mais bonitos graficamente

Para isso lá pilotaremos um poderoso avião, onde teremos ao nosso dispor várias armas e power-ups diferentes. Com o botão 1 disparamos a arma principal, que pode ser melhorada ao apanhar os power-ups com o símbolo P que vão surgindo no ecrã à medida que vamos destruindo as naves inimigas. O botão 2 serve para disparar as armas especiais, que podem ser activadas ao apanhar os power ups numerados que também vão aparecendo no ecrã. Estas correspondem a poderosos projécteis que vão sendo disparados de diferentes formas e feitios. Por defeito carregamos a arma especial número 1, que consiste em disparar bolas de energia no sentido em que nos movemos, permitindo assim disparar projécteis de lado ou pelas traseiras, ao contrário das armas principais que apenas são disparadas para a frente. Outros consistem em modos de disparo onde podemos armazenar energia e depois dispará-la numa grande bola de fogo, outras que disparam em círculos, entre outros. Apenas podemos carregar uma destas armas de cada vez, muitas delas possuem munições limitadas por quantidade e/ou tempo, e a sua potência pode ser duplicada à medida em que vamos apanhando outros power ups do mesmo número. Algumas armas não nos deixam também atingir alvos terrestres, pelo que têm de ser escolhidas com algum critério.

Por vezes as coisas ficam bastante caóticas!

Os inimigos também vão surgindo um pouco por todos os lados, com padrões de movimento nem sempre muito previsíveis, e muitas vezes com muito poder de fogo, obrigando-nos a ter uma boa agilidade e esquivar dos projécteis inimigos. É um jogo rápido e por vezes bastante frenético, mas com tanta acção no ecrã, em alturas em que haja muita coisa a acontecer ao mesmo tempo, notamos alguns slowdowns. Graficamente é um jogo colorido, embora os cenários e as naves inimigas não sejam das mais fascinantes que possamos ver num shmup da Master System. Por outro lado as músicas são excelentes, especialmente se o jogarmos numa Mark III ou Master System japonesa com o suporte ao FM Unit, o som nessa versão é mesmo muito bom.

Portanto este é um excelente shmup, mesmo tendo alguns slowdowns aqui e ali. É um jogo que supostamente seria relativamente comum na Europa (ao contrário dos Estados Unidos onde apenas poderia ser comprado através de encomenda), mas infelizmente o seu preço tem vindo a subir bastante pelo Power Strike II ser um jogo raro (e também excelente!). Se o apanharem baratinho, não hesitem!

FIFA International Soccer (Super Nintendo)

Continuando pelas rapidinhas, vamos a mais um jogo da Super Nintendo onde não vou perder muito tempo a falar, pois é de futebol e é uma conversão de um jogo que saiu originalmente para a Mega Drive, e cuja versão eu preferiria abordar com mais detalhe. É o jogo que deu origem à franchise FIFA da Electonic Arts e o meu exemplar veio de um bundle que comprei recentemente para a SNES e Nintendo 64, à volta de 30 cartuchos que nos ficaram a menos de 1€. E por esse preço porque não ficar com mais um FIFA?

Apenas cartucho

Este foi o jogo que introduziu a jogabilidade que se manteve fiel nas suas sequelas de 16-bit ao longo dos anos, como a perspectiva isométrica que lhe dava algum sentido de realismo. A jogabilidade ainda não é tão refinada quanto a de um International Super Star Soccer ou FIFA 97, mas começa aqui a dar os seus primeiros passos. Dispomos de vários modos de jogo, como partidas amigáveis ou provas mais longas como campeonatos ou torneios, com fases de grupos ou apenas através dos Playoffs.

A nível de conteúdo parece-me ser idêntico à versão Mega Drive. Já nos audiovisuais a história é outra.

A nível técnico é uma versão que se difere da original precisamente por ser mais colorida, tanto nos estádios, como nos menus que são muito mais agradáveis de se navegar. A música na versão SNES, que também só tocam durante os menus, intervalos e afins, também é agradável nesta versão, com um bom baixo. No resto, na minha opinião a versão Mega Drive é superior. Apesar de possuir menos cor, os jogadores e o detalhe dos estádios pareceu-me melhor na Mega Drive.

Mas pronto, é mais um FIFA e na SNES também temos uns quantos para experimentar, escusamo-nos de ficar pelo primeiro.

Streets of Rage II (Sega Game Gear)

Voltando às rapidinhas na Game Gear, o jogo que cá trago hoje é uma das adaptações 8bit do clássico da Mega Drive, e um dos melhores beat ‘em ups de sempre, Streets of Rage II. A outra versão 8bit seria claro a da Master System, que sinceramente até preferia arranjar devido a já ter o primeiro também para essa plataforma. Mas entretanto lá apareceu este cartucho para a Game Gear numa das minhas idas à feira da Vandoma no Porto e não pude dizer que não.

Apenas cartucho

Esta versão segue a mesma história do mesmo jogo para a Mega Drive, onde 1 ano após os acontecimentos do primeiro jogo, que viram o império do crime organizado ser derrubado pelo trio composto por ex-polícias, o Mr X, líder do gangue criminoso, volta à carga e rapta Adam, um dos heróis da aventura anterior. Axel, Blaze e as novas caras de Skate (irmão mais novo de Adam) ou Max juntam-se e lutam novamente contra o gangue, nas ruas da fúria 2.  Infelizmente Max não está nem nesta, nem na versão Master System.

Em relação à versão Master System, para além de possuir alguns níveis distintos, esta versão está ampliada para melhor se adaptar ao ecrã da Game Gear

A jogabilidade é muito superior à do primeiro Streets of Rage para a Game Gear, que tinha vários problemas. Aqui as coisas são mais fluídas e com uma dificuldade mais balanceada (algo que a versão Master System deste mesmo jogo é muito criticada) e a jogabilidade replica um pouco aquilo que vemos na Mega Drive. Os golpes especiais são também possíveis de ser executados aqui, mas ao contrário do original, não há qualquer penalização para o fazer. Existe também um modo cooperativo para 2 jogadores, que requer o cabo que serve para interligar 2 Game Gears, mas nunca o cheguei a testar.

Graficamente é um jogo colorido e bem detalhado, tendo em conta as limitações da consola e do seu ecrã. No entanto quando temos mais que dois oponentes no ecrã ao mesmo tempo o jogo sofre um pouco com quebras de framerate. Os níveis em si são em menor número e variedade que o original da Mega Drive, embora existam também alguns segmentos inteiramente novos. As músicas são muito boas, até porque mais uma vez o Yuzo Koshiro meteu aqui a mão. Alguns dos temas são logo reconhecíveis da versão Mega Drive e não ficaram nada mal.

Um dos níveis exclusivos desta versão tem um feeling muito alienígena

Streets of Rage II é facilmente o melhor jogo do género para a Game Gear, embora sinceramente a portátil da Sega nunca teve grande concorrência dentro desse género, no seu catálogo de jogos. Está longe do brilhantismo da versão Mega Drive, mas para uma portátil 8bit ficou muito bom.

Lylat Wars (Nintendo 64)

Voltando à Nintendo 64, Lylat Wars, mais conhecido internacionalmente como Star Fox 64, foi uma espécie de remake do primeiro jogo da série, lançado originalmente para a Super Nintendo. Por algum motivo nem este, nem o original da SNES (que por aqui se chamou de StarWing) tiveram o nome de Star Fox na Europa, mas isso foi algo que mudou quando a série chegou à Gamecube. Desde cedo foi dos jogos que mais curiosidade me despertou, do catálogo da Nintendo 64 e o meu exemplar foi comprado algures durante o ano passado, na Cash Converters de Alfragide. Se a memória não me falha custou-me 7€.

Apenas cartucho

Em Lylat Wars controlamos a raposa Fox McCloud, líder do esquadrão mercenário de pilotos de elite, Star Fox. Um cientista maluco, mas outrora brilhante, de nome Andross está novamente a aterrorizar a galáxia, anos depois do último conflito, onde o conseguiram aprisionar no longínquo planeta de Venom inclusivamente a custo da morte de James McCloud, antigo líder do esquadrão e pai de Fox McCloud. Vamos então começar a aventura, tal como na SNES, por defender planeta de Corneria que se encontra actualmente a ser atacado, avançando depois por vários outros locais como novos planetas, cinturas de asteróides, enormes estações espaciais, entre outros. Mais uma vez poderemos progredir por caminhos diferentes, embora por vezes seja necessário cumprir alguns objectivos opcionais numa dada missão para conseguir desbloquear uma outra num “caminho alternativo”. Ora, tal como no Star Wing, isto aumenta bastante a longevidade do jogo, o que é óptimo.

Sem comentários, Peppy

A perspectiva é mais uma vez uma perspectiva na terceira pessoa, com a câmara nas costas da Arwing. Grande parte do jogo é on-rails, onde a nave se vai deslocando automaticamente ao longo de um corredor invisível, restringindo-nos bastante a nossa liberdade de movimentos. Mas noutras alturas lá nos conseguimos mover livremente e explorar a àrea ao nosso redor á vontade. Isto acontece principalmente em confrontos com alguns bosses ou o esquadrão do Star Wolf, por exemplo, onde nos envolvemos em dogfights mais prolongadas. E mais uma vez temos os companheiros de Fox Mc Cloud a voar connosco, nomeadamente o jovem sapo Slippy, o coelho Peppy (que é o único membro restante do esquadrão Star Fox antigo) e Falco, o eterno rival de Fox. Ora eles nem nos ajudam assim tanto nos combates, a maior parte das vezes até nos pedem ajuda para os safar, mas vão dialogando connosco e dando várias dicas ao longo de cada missão.

Tal como no original da SNES; aqui também podemos chegar ao destino (o planeta Venom, à direita) através de diferentes caminhos.

A Arwing possui raios laser que podem ser carregados ao manter o botão de disparo pressionado. Quando o fazemos, conseguimos também fazer lock-on aos inimigos que passam à nossa volta, lançando depois uma bola de energia tele-guiada e capaz de causar algum dano considerável. Para além disso temos também as bombas que causam muito mais dano, mas vêm em munições limitadas, pelo que temos de as usar com cuidado. Ao longo de cada nível iremos também encontrar uma série de itens e power ups, como upgrades aos lasers, novas bombas, ou anéis que podem ser prateados ou dourados. Os prateados restauram um pouco da nossa energia da nave, enquanto que a cada 3 anéis dourados aumentamos a nossa barra de energia e/ou são-nos atribuídas vidas extra.

O jogo está muito bem conseguido na sua apresentação audiovisual

De resto a Arwing é também bastante flexível, e vamos estar a fazer “barrel rolls” constantemente, bem como outras manobras. Mas não é só no Arwing que nós vamos jogando, pois ao longo da aventura podemos também jogar no Landmaster, um tanque que possui o mesmo arsenal a nível de armas que a Arwing, e embora não tendo a mesma flexibilidade que a nave, pode ainda fazer barrel rolls e suspender-se temporariamente no ar. Num nível específico também iremos conduzir um submarino. O submarino possui raios laser e torpedos infinitos, que, visto o fundo do oceano ser escuro como o breu, acabam por servir de fonte de iluminação, iluminando ligeiramente o caminho que estão a atravessar.

Se os nossos companheiros ficarem com as naves inutilizadas, não aparecem na missão seguinte

Para além da aventura principal o jogo possui também uma forte componente em multiplayer splitscreen com até 4 jogadores, mesmo como manda a lei na Nintendo 64. Inicialmente apenas podemos jogar com as Arwings, mas mediante a nossa performance no modo história poderemos desbloquear também o Land Master ou mesmo usar os membros do esquadrão Star Fox a pé, munidos de uma bazooka. Os modos de jogo multiplayer são variedades do deathmatch incluindo vertentes em que nos permitem definir um número limite de vitórias ou de tempo decorrido em cada partida. Tem tudo para ser divertido, mas confesso que não cheguei a experimentar.

A nível técnico, sempre achei um óptimo jogo para a Nintendo 64. Os Arwings e os membros da equipa Star Fox sempre estão bem detalhados a nível poligonal, com a única falha a ser mesmo aquela que é crónica da Nintendo 64 em jogos em 3D: a maior parte das texturas possuem muito pouco detalhe, muitas delas parecem até pinturas borradas. Isto é especialmente visível logo na cutscene inicial, onde vemos os protagonistas a correr por um corredor iluminado para as suas Arwings. Por outro lado, a nível de audio sempre achei uma obra muito bem conseguida. As músicas são na sua maioria bastante épicas e remetem-me logo para filmes como o Star Wars. E os diálogos são todos com voice acting, o que num jogo de cartucho não é assim tão usual.

Um contraste muito habitual na Nintendo 64. Óptimos gráficos nas personagens, e tudo à volta parece embaciado

Portanto, na minha opinião, Lylat Wars, ou Star Fox 64 como é mais conhecido, é um grande clássico da consola de 64bit da Nintendo. A sua jogabilidade é excelente e a Nintendo conseguiu fazer aqui um título de qualidade, com uma temática e jogabilidade que se acaba por demarcar bastante de outras franchises populares da gigante nipónica.

Snake Rattle ‘n Roll (Nintendo Entertainment System)

Vamos a mais uma rapidinha, agora voltando à NES. Snake Rattle ‘n Roll é um dos vários jogos produzidos pela Rare para a consola da Nintendo, este com uma perspectiva isométrica e com uma jogabilidade que de certa forma nos faz lembrar o Snake que tanto jogavamos no telemóvel. O meu exemplar veio por 2 fases. A caixa foi-me oferecida por um colega de trabalho no final de 2016. O cartucho veio de uma troca que fiz com um amigo, há coisa de um ou 2 meses atrás.

Jogo em caixa

Bom, o objectivo deste jogo é percorrer os níveis e ir comendo o maior número possível de bolas coloridas que vão surgindo pelo ecrã, o que faz com que a cobra cresça e aumente de peso. Quando estiver pesada o suficiente (existem balanças ao longo do jogo para o confirmar), a porta para o nível seguinte abre-se. Por outro lado também temos de ter cuidado em não sofrer dano, senão a cobra vai encolhendo novamente até se perder uma vida. Pelo meio teremos muitos inimigos para destruir e itens para coleccionar como power-ups que nos fazem extender a língua e assim conseguir comer bolas que estejam mais distantes, outros que nos dão mais tempo para completar o nível, entre muitos outros. Também é um jogo de exploração, pois teremos vários obstáculos para ultrapassar e como sabem, nem sempre o platforming é muito bom em jogos pseudo 3D, com uma perspectiva isométrica. Também temos uma espécie de tampas de esgoto para levantar, essas podem ter itens, inimigos ou mesmo entradas para pequenos níveis de bónus. Por fim convém também dizer que este é um jogo feito a pensar no multiplayer, pelo que podemos ter 2 cobras (a Rattle e a Roll) no ecrã a jogar em simultâneo.

Estes níveis com blocos de gelo inclinados vão-nos dar muitas dores de cabeça

Graficamente é um jogo competente, pois os cenários em perspectiva isométrica vão sendo coloridos e algo variados entre si, embora sejam sempre muito abstractos. As montanhas geladas, com os blocos inclinados vão-nos obrigar a skills muito maiores em platforming. As músicas são muito interessantes, sendo na sua maioria melodias que me remetem logo para músicas blues ou classic rock. Gostei.

No fundo este Snake Rattle ‘N Roll (que viu mais tarde um lançamento para a Mega Drive também) até é um jogo sólido e teve uma boa receptividade do público, pelo aquilo que li. Mas sinceramente não é dos jogos que mais me fascinam, quer no catálogo da NES, quer no reportório clássico da Rare.