Tekken 4 (Sony Playstation 2)

Tekken 4 PlatApesar do Tekken Tag Tournament ter sido o primeiro jogo da série na Playstation 2, esse jogo não era nada mais que um “dream match” com as novas mecânicas de “Tag Team”. Tekken 4 é o verdadeiro sucessor do excelente jogo que a Playstation original recebeu, embora o seu leque de lutadores seja mais reduzido que Tag Tournament, pois este jogo segue a linha temporal da história da saga. Já comprei este Tekken 4 há uns aninhos, não me recordo quanto custou mas sei que foi muito barato, pois foi comprado em bundle no antigo leiloes.net juntamente com o já referido Tekken Tag Tournament, Tekken 5 e Virtua Fighter 4, tendo o conjunto custado-me menos de 10€ se a memória não me falha. Apesar de ser a versão platinum, acho que foi uma boa compra. E esta edição traz um dvd bónus com trailers de vários outros jogos disponíveis para a PS2.

Tekken 4 Platinum - Sony Playstation 2
Jogo completo com caixa, manual francês, papelada e dvd bónus com vários videos de outros jogos da PS2. Versão Platinum.

A história é algo que se evidencia bastante neste jogo, havendo uma distinção entre o arcade mode – conversão directa do original das arcadas e o story mode, que pouco mais é do que o arcade mode com cutscenes iniciais, antes do boss final e finais. Mas pela primeira vez vi que tentaram realmente dar mais atenção à história do jogo, com os eternos conflitos entre Heihachi, Jin Kazama e Kazuya Mishima (que marca o seu regresso após a sua aparição em Tekken 2) a tomarem o foco principal. Mais uma vez Heihachi a convoca o King of Iron Fist Tournament 4, de forma a atrair Jin e Kazuya para mais um dos seus planos maquiavélicos, mas também onde a promessa de obter uma autêntica fortuna com a empresa de Heihachi atrai lutadores de todo o mundo, cada um com as suas distintas razões em participar no torneio. Mas esse “filme” já todos o vimos em dezenas de outros jogos de porrada.

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O menu principal mostra-nos muitas opções de jogo

A jogabilidade é semelhante á fórmula tradicional de Tekken, existindo porém um maior cuidado com as “arenas” e o que nos rodeia, com a possibilidade de usar o meio ambiente para causar mais dano aos adversários. De resto, e não sendo eu um expert na matéria, nem nunca foi, pois jogo este género de videojogos de uma forma mais casual, as coisas parecem-me semelhantes aos anteriores, o que para os fãs dos Tekken é certamente uma boa notícia. Os modos de jogo existentes também são similares aos Tekken anteriores, onde para além desta pequena distinção entre o Arcade e o Story mode não há grandes novidades neste campo. Podem então contar com modos secundários como o Time Attack, onde o objectivo é chegar ao final do modo arcade no menor tempo possível, o survival que nos coloca numa série de lutas e o objectivo é, tal como o nome indica, sobreviver ao maior número de combates possível. O Team battle também tem aqui o seu regresso, onde podemos juntar equipas de até 8 lutadores e lutar entre si até eliminar todos os lutadores adversários. Obviamente também temos o versus para combates multiplayer e existem não um mas dois modos de treino/tutoriais. Um onde podemos treinar livremente todos os movimentos existentes para cada personagem e um outro com um maior foco nos timings necessários para desencadear combos e afins. O que marca também o seu regresso do Tekken 3 é o beat ‘em up à moda antiga, o Tekken Force, onde podemos escolher um lutador e temos de o levar ao longo de vários níveis, enfrentando as forças do exército privado de Heihachi aos magotes, sempre com um boss no final de cada nível, até enfrentarmos Heihachi no final. Este é um minijogo que eu acho muito benvindo, pena pela pouca variedade nos inimigos e níveis, mas compreende-se pois esse é apenas um extra e não o foco principal deste Tekken 4.

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Family’s issues. Yep, são abundantes em Tekken.

No que diz respeito aos audiovisuais, este Tekken 4 é uma notória evolução do jogo anterior em ambos os aspectos. No quesito gráfico, os lutadores possuem um nível de detalhe superior e o mesmo se pode dizer das “arenas” que são variadas e possuem um bom nível de detalhe. As cutscenes em CG também não são más de todo, apresentando na minha opinião diferentes qualidades, com a cutscene de abertura a ter um nível de detalhe superior às outras. O voice acting é competente e achei interessante o facto de termos lutadores a falar em japonês e outros em inglês, embora sempre com legendas. Naturalmente Heihachi e Kazuya a terem as prestações mais imponentes. No que diz respeito às músicas, este parece-me ser o Tekken com mais variedade neste campo também, apresentando uma óptima evolução desde os primeiros 2 jogos com músicas electrónicas de qualidade questionável, pelo menos para mim. Aqui para além da electrónica e rock, até chegamos a ouvir alguns laivos de jazz, o que me agradou bastante.

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O Tekken Force é mais uma vez uma alternativa bem agradável às lutas 1 contra 1.

No fundo este é mais um jogo de luta que a meu ver me parece bastante competente, embora como já referi várias vezes não sou jogador hardcore neste campo, pelo que os haters de Tekken até poderão ter razão nas críticas que fazem à série. Para mim passa-me ao lado e tirando o design de algumas personagens e a história demasiado mastigada, acho uma boa série e este jogo não lhe foge à regra.

Ecco: The Tides of Time (Sega Mega Drive)

Ecco 2Voltando agora à Mega Drive para mais um jogo de uma das séries mais originais do portefólio da Sega que apenas muito recentemente eu aprendi a gostar. Ecco 2, lançado originalmente em 1994 para ambas as plataformas de 16bit da Sega, existindo então tanto esta versão em cartucho como uma outra versão para a Mega CD com banda sonora em red book audio, herda muitas mecânicas de jogabilidade do primeiro jogo, mas também introduziu umas quantas novas. Comprei-o há uns bons meses atrás por 2€ na Feira da Vandoma no Porto, estando completo e em óptimo estado.

Ecco The Tides of Time - Sega Mega Drive
Jogo completo com caixa, manuais e papelada

A história segue os acontecimentos do primeiro jogo, onde Ecco conseguiu parar a ameaça extra-terrestre da raça Vortex, que ameaçou toda a vida do planeta e resgatar todos os golfinhos do seu grupo, tendo para isso também utilizado uma máquina do tempo perdida algures na cidade afundada da Atlântida. A certa altura acontece um grande terramoto e Ecco perde os poderes que tinha herdado de Asterite (uma estranha forma de vida ancestral que parece um conjunto gigante de ADN) da aventura anterior. Algo está errado e aparentemente alguém assassinou Asterite. Ao tentar descobrir o que terá acontecido, Ecco encontra-se com um estranho golfinho que diz ser seu descendente longínquo e leva-nos para o futuro. Aqui, num estranho planeta Terra, Ecco encontra-se com Asterite que lhe diz que apesar de ter derrotado a Vortex Queen no jogo anterior, ela sobreviveu e voltou a atacar e devido a Ecco ter utilizado a máquina do tempo, criou 2 linhas temporais diferentes, uma com um futuro brilhante, onde Ecco estava na altura e uma outra com um futuro que deixou a Terra em ruínas. O resto do jogo será então passado a tentar ressuscitar Asterite e combater mais uma vez a ameaça dos Vortex.

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Mais uma vez os gráficos estão muito bons

A jogabilidade herda então muitas mecânicas do primeiro jogo, tal como referi acima. Com Ecco navegamos os oceanos, sempre com a preocupação que, sendo Ecco um mamífero, necessita de ar e para isso teremos que vir à superfície com alguma regularidade. O sonar de Ecco é elemento central na jogabilidade, servindo para ecolocalização (a função de mapa do nível), comunicar com outros golfinhos ou cetáceos, interagir com os cristais/glyphs para abrir passagens ou ganhar habilidades como invencibilidade temporária, por exemplo. Mas outras coisas fazem parte do cardápio de Ecco, como os peixes que podemos comer para recuperar vida. Mas também introduziram coisas novas, como uma perspectiva pseudo-3D onde a cama se posiciona na retaguarda do golfinho e temos de o guiar por uma série de anéis, evitando os inimigos que também navegam pelo oceano e caso falhemos um determinado número de anéis, teremos de recomeçar do início. Estes anéis tanto podem estar debaixo de água como no ar, pelo que teremos também de espreitar lá fora de vez em quando. Outros power-ups novos consistem num ataque ainda mais poderoso do sonar, lançando ondas em todas as direcções. Infelizmente apenas podemos usar essa habilidade apenas nos níveis em que os encontramos. Existem ainda umas esferas estranhas que nos transformam temporariamente noutros animais, como uma gaivota, tubarão ou até um cardume de peixes, entre outros. Isto tema vantagem de podermos passar despercebidos por um conjunto de tubarões, mas por outro lado teremos os golfinhos a atacar. O primeiro jogo era difícil e este parece-me ainda mais. Os níveis estão repletos de inimigos e existem imensos níveis estranhos em que a exploração se torna mais complicada. Em especial no futuro, temos secções de água que percorrem os céus e temos de as percorrer, ou no futuro sinistro dos Vortex, também exploramos uma enorme base com tanques de água separados por secções sem água e outras coisas como gravidades invertidas. Claro que teremos também vários combates com bosses que geralmente também não são pera doce.

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No futuro, os golfinhos voam

Graficamente é mais um jogo muito bonito, com as paisagens subaquáticas cheias de detalhe e os oceanos cheios de vida. Nos níveis que decorrem no futuro temos também gráficos bonitos, por um lado os cenários paradisíacos e estranhos corredores de água que atravessam os céus, e por outro no futuro alternativo governado pelos vortex, toda a vida terrestre erradicada e a água a tornar-se em algo muito escaço com os cenários a parecerem mais os de uma gigante fábrica. Os efeitos sonoros são OK tal como no jogo anterior e a música é mais uma vez um destaque. Para além daquelas melodias mais calminhas e atmosféricas, temos também várias outras cheias de energia, bem mais “rockalhadas” que sinceramente me surpreenderam. E isto tudo em chiptune da Mega Drive, estou bastante curioso em ouvir o que fizeram com a versão da Mega CD.

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Agora temos vários níveis com esta perspectiva onde temos de passar por esses portais

Resumindo, este Ecco 2 é mais um jogo bastante original e com inovações que só alguém com muita imaginação é que se lembraria (água nos céus? golfinhos com asas/barbatanas??). Mas continua a não ser um jogo para todos e o seu grau de dificuldade certamente deixará muita frustração.

 

The 7th Guest (PC)

7th Guest

Vamos voltar aos jogos retro mas para o PC, com uma análise ao 7th Guest. Lançado originalmente em 1993, este é um jogo produzido pela Trilobyte, tornando-se num dos maiores impulsionadores dos jogos de aventura em full motion video com a temática de terror, como os Phantasmagoria ou Gabriel Knight que lhe seguiram, apesar de aqui as coisas ainda serem naturalmente muito “cruas” e pouco elaboradas, mas a semente foi definitivamente plantada. Este jogo entrou na minha colecção há poucos meses atrás, após ter sido comprado num bundle com outros jogos na Feira da Ladra em Lisboa. Infelizmente apenas contém a caixa em jewel case com os discos e o manual embutido em livrete. A edição Big Box trás muito mais coisas, mas foi o que se arranjou e o baixo preço que lhe paguei, não posso mesmo me queixar. Mais tarde encontrei também numa feira de velharias e ao desbarato, uma big box foleira mas vazia, pelo que a juntei à colecção.

Jogo com caixa em jewel case, os dois discos e livrete/capa

A história é das coisas mais bizarras que já joguei. Inicialmente assistimos a uma cutscene sobre a vida do demente Henry Stauf, que era uma pessoa perfeitamente normal, mas devido à grande depressão sentida nos finais dos anos 20, tornou-se num sem abrigo e ladrão. Certo dia decide assaltar uma mulher e acabou por a assassinar. A partir dessa altura as coisas ficaram estranhas, pois Stauf começou a ter visões de brinquedos, construíndo-os em seguida. Os seus brinquedos acabaram por ter um enorme sucesso e Stauf ficou rico. Até que tem uma outra visão e decide construir uma mansão sinistra numa colina. Por essa altura um estranho vírus incurável afectou várias meninas que tinham bonecas do Stauf e para além disso, Stauf convida um conjunto de pessoas a passar um serão na sua casa misteriosa e é aí que a acção começa. Nós encarnamos numa misteriosa personagem simplesmente chamada de “Ego”, que tem o cliché de sofrer de amnésia e não saber como foi ali parar. Também vamos vendo alguns clips de vídeo dos anteriores convidados a chegar à casa, como se fantasmas se tratassem.

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Henry Stauf, o antagonista do jogo também tem direito ao seu próprio puzzle

A exploração da casa é toda ela feita na primeira pessoa, onde com o rato podemos clicar em vários locais no ecrã e de acordo com o tipo de ponteiro do rato que nos aparece, podemo-nos deslocar nessa direcção, ver cutscenes “dramáticas” dos restantes convidados que vão contribuindo para a história, outros eventos mais “assustadores”, ou então a resolução de puzzles. Inicialmente dispomos apenas de 2 locais que podemos visitar e à medida que vamos resolvendo mais puzzles, novos locais da casa vão sendo desbloqueados, com mais puzzles para resolver e cutscenes para assistir. Os puzzles ao contrário de muitos outros jogos de aventura point and click aqui fazem completa justiça ao seu nome, pois são mesmo puzzles lógicos (e não só) que teremos de resolver, como vários baseados em peças de xadrez, cartas, adivinhar palavras ou ordenar letras e por aí fora, ou outros bem mais “chatinhos” como um jogo de Reversi num microscópio ou mesmo seguir uma melodia de 18 notas num piano. Felizmente existe um hint book localizado na biblioteca da casa que nos vai dando algumas dicas de como resolver cada puzzle. Se o livro for consultado três vezes para um determinado puzzle, o jogo assume que o jogador completou o puzzle, mas com uma pequena penalização de não ver a cutscene que seria desbloqueada ao completá-lo normalmente.

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A baixa resolução e poucas cores não permitiram filmagens de elevada qualidade, mais uma razão para o jogo ter envelhecido mal

Graficamente é um jogo algo primitivo, apesar dos seus cenários completamente pré-renderizados e as tais cutscenes em full motion video com actores reais terem sido verdadeiramente impressionantes na época em que o jogo saiu. Hoje em dia, esses mesmos cenários pré-renderizados são bastante simples e a qualidade das filmagens também deixa a desejar, até porque o jogo corre em resoluções muito baixas para os standards actuais. Mas este é mesmo daqueles jogos em que temos forçosamente de os analisar tendo em conta o contexto temporal e para os padrões de 1993 está um produto muito bem conseguido. Os actores em si não são propriamente um elenco de luxo, o acting não é o melhor, mas sinceramente acho que isso também faz parte do charme, assim como de vez em quando até sabe bem ver uma paródia qualquer de Bollywood só para nos divertirmos. Devo dizer no entanto que gostei bastante das distorções “maléficas” que foram dando a algumas vozes de forma a torná-las mais assustadoras. A música no geral é algo atmosférica e tensa, mas infelizmente não é muito variada. De qualquer das formas não é nada que não se aguente.

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Muitos dos puzzles existentes abordam regras do Xadrez… pena que eu não as saiba!

Concluindo, acho este The 7th Guest um clássico dos jogos de aventura de PC da primeira metade da década de 90. Embora tenha envelhecido mal com todos estes anos, o que é normal em practicamente todos os jogos do género com FMV à mistura, não deixou de ser uma peça fundamental dentro do género, abrindo caminho a clássicos como os Phantasmagoria de serem produzidos. Actualmente é um jogo que se consegue arranjar com alguma facilidade no steam com boas promoções, pelo que recomendo a sua compra a todos os que ficaram curiosos com o jogo.

Wip3out (Sony Playstation)

Wip3outDe volta para a primeira consola da Sony, para a quarta iteração de uma série que infelizmente nos dias que correm me parece caminhar para o limbo. Wip3out, ou para os americanos Wipeout 3 – espera lá, não disseste que era o quarto jogo da série, perguntam vocês – sim, pois entretanto tinha saído o Wipeout 64 para a consola da Nintendo. Este jogo saiu já no ano de 1999, altura em que um estúdio competentíssimo como a Psygnosis já não guardava segredos com o hardware da Playstation, sendo o produto final um resultado tecnicamente impressionante e do ponto de vista de jogabilidade também. Foi comprado há coisa de um mês a um particular por cerca de 5/6€, onde infelizmente a caixa apresentava imensos danos e foi eventualmente substituída.

Wip3out - Sony Playstation
Jogo com caixa, manual e papelada

Tal como os jogos anteriores, este Wip3out decorre num futuro onde corridas a alta velocidade com naves que planam pelo ar e com recurso a armas destrutivas são perfeitamente permitidas no meio de grandes cidades e não só. Dispomos de bastantes modos de jogo diferentes, onde poderemos desbloquear uma série de circuitos e naves adicionais mediante a nossa performance nas corridas. Desses temos o Single Race que é auto explanatório e podemos escolher qualquer circuito ou nave que já tenhamos desbloqueado anteriormente nesse modo de jogo, para além de existirem também vários graus de dificuldade. O Time Trial coloca-nos sozinhos (ou contra a nossa nave fantasma) a correr num circuito sem armas ou checkpoints onde o único objectivo é alcançar o melhor tempo possível. Dentro dos Challenges temos 3 tipos diferentes de desafios: O Race Challenge exige que terminemos em primeiro lugar num circuito, o Time Challenge obriga-nos a bater um determinado tempo prédefinido e o Weapon Challenge obriga-nos a eliminar, com recurso às armas que vamos ganhando à medida que navegamos nos circuitos, uma série de oponentes. Por fim temos o Combo Challenge que nos exige tudo dos outros 3 desafios.

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Os menus são completamente minimalistas e funcionais. Ah, e o jogo tem um suporte nativo a widescreen.

Para além do mais ainda temos o Elliminator, que é uma espécie de deathmatch, onde o objectivo é fazer X pontos e o primeiro que o fizer vence a prova. Os pontos são ganhos cada vez que eliminamos um oponente ou completamos uma volta. Por fim temos o Tournament onde o objectivo é fazer o máximo de pontos possível em cada corrida, onde os primeiros 3 lugares dão direito a medalhas de ouro, prata ou bronze. Para além do mais temos ainda a vertente multiplayer, que tanto pode ser jogada no single race, elliminator ou tournament. De resto este é um jogo que começa relativamente fácil, mas rapidamente o grau de dificuldade sobe à medida que nos vamos aventurando por graus de dificuldade mais elevados. Os controlos são bons, mas com a enorme velocidade (aqui excelentemente representada) e circuitos por vezes com curvas apertadas e outros obstáculos, exigem alguma maestria dos controlos avançados, como utilizar os air brakes laterais para curvas mais apertadas ou tirar partido do hyperthrust para andar ainda mais rápido. Para nos ajudar temos ao nosso dispor vários itens que podemos apanhar nas corridas que tanto podem ser armas, como vários tipos de mísseis ou minas, ou mesmo powerups que nos deixam temporariamente invisíveis, com um escudo ou a função de autopiloto, bastante útil em alguns troços de alguns circuitos. De resto, existindo armas é também normal que exista alguma protecção e de facto temos uma barra de energia que vai sendo diminuída cada vez que sofremos dano, sejam de armas ou colisões, podendo ser regenerada ao passar por uma espécie de “boxes”, trechos secundários dos circuitos, como se vê nos F-Zeros.

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Estes rastos de luz sempre me fascinaram desde o primeiro jogo

Enquanto a dificuldade deste Wip3out poderá alienar muitos jogadores, é difícil ficar indiferente a tamanha fluidez, sensação de velocidade e bons gráficos que este jogo nos proporciona. As naves e os circuitos estão muito bem representados e mesmo com as velocidades estonteantes que por vezes corremos, a draw distance porta-se bastante bem. O framerate do jogo não me deixou com razões de queixa, não me lembro de ter havido algum slowdown das vezes que joguei e a sensação de velocidade está muito bem conseguida, bem como a alta resolução a que o jogo corre (e o suporte nativo a widescreen que não sei que mais outro jogo da PS1 suporte). O design aparentemente foi todo renegado para uma empresa profissional da área, resultando nuns menus extremamente fluídos e com um aspecto bastante futurista, algo que não é de todo novo nos WipEout, mas aqui ficou muito melhor. Mesmo a informação presente durante as corridas me parece muito atractiva, e o mesmo pode ser dito dos ícones que representam os powerups/armas que apanhamos, estão muito cuidados e no aspecto visual este é um jogo muito consistente. Os efeitos sonoros também são bons e bastante futuristas, como a voz automatizada que nos informa os powerups que apanhamos. As músicas mais uma vez apostam numa onda bem techno que, não sendo de todo “a minha cena”, tenho de admitir que está mais uma vez uma banda sonora coesa e que se adequa perfeitamente ao estilo do jogo.

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As pistas estão bem desenhadas e são em locais variados

Por fim, e apesar deste Wip3out me parecer ser o melhor da série nesta era Saturn/PS1/N64, para nós europeus ainda tivemos direito a um brinde extra que recomendo a todos a sua compra se a oportunidade vos surgir. Wip3out Special Edition é uma reedição do mesmo jogo lançada em 2000, que contém todo o conteúdo desta versão normal, bem como a reintrodução de 8 circuitos dos 2 jogos anteriores da Playstation (3 do primeiro WipEout, 5 do WipEout 2097), mais 2 circuitos protótipos, alguns melhoramentos ao jogo como um todo e por fim multiplayer para 4 jogadores com recurso a 2 TVs e Playstations, ligadas com o Link Cable.

SpellCaster (Sega Master System)

SpellcasterVoltando para uma das minhas consolas preferidas, o jogo que escreverei agora não diria que é uma hidden gem, mas sim um daqueles jogos que muita curiosidade me despertou quando era pequeno e ficava a imaginar como seriam os jogos da Master System simplesmente ao olhar para um screenshot num catálogo. Com um screenshot apenas, esse jogo sempre me deixou com vontade de o jogar, tal era o poder da imaginação naquela altura. E na verdade é um jogo bastante peculiar, misturando conceitos de RPG, sidescroller de acção e aventura gráfica. Este Spellcaster entrou na minha colecção há uns meses atrás, após ter sido comprado a um particular por 7€, faltando-lhe o manual.

Spellcaster - Sega Master System
Jogo com caixa

Originalmente no Japão o jogo chama-se Kujakuou, seguindo a história de uma manga/anime do mesmo nome. Penso que alterações para a release ocidental foram inevitáveis, mas para além do nome da personagem principal, que aqui se chama Kane, não sei que mais foi alterado, até porque desconheço por completo a obra original de onde o jogo se inspira. Basicamente Kane é uma espécie de guerreiro com poderes místicos, onde desde jovem treinou sob a alçada de Kaikak, líder do Summit Temple e dominou uma série de poderes mágicos e poderosos feitiços, tornando-o num grande guerreiro. Ainda assim a vida de Kane era pacífica até que uma onda de violência levada a cabo por um exército desconhecido e com criaturas maléficas destruiu muitos dos outros templos e matou também muitos dos seus guardas. Kane é então enviado ao templo mais próximo de Enriku para investigar esses acontecimentos, e é aí que começa a nossa aventura onde teremos muitos combate e exploração para fazer.

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O ecrã título japonês é bem mais trabalhado do que o que tivemos direito

O jogo está então dividido em 2 modos de jogo distintos: as secções de sidescrollers, geralmente passadas quando queremos ir de uma localização à outra ou até em combates contra bosses, ou os segmentos de exploração que de acção têm muito pouco. Nos primeiros temos a fórmula tradicional de jogos como Contra ou Shinobi, onde andamos do ponto A ao ponto B, tentando destruir tudo o que mexa e ultrapassar alguns obstáculos de platforming. A diferença é que aqui em vez de termos uma metralhadora, ou armas brancas, Kane está munido dos seus poderes, lançando bolas de energia que podem até ser carregadas para um golpe mais devastador. Na parte de cima do ecrã temos 2 indicadores: força e energia. Os primeiros referem-se aos pontos de vida, se deixarmos que chegue a zero não é nada difícil adivinhar o que acontecerá. O outro é o medidor de energia, que vai sendo gasto à medida em que usamos os feitiços. Tanto uma como a outra podem ser restabelecidas ao apanhar orbs deixadas pelos inimigos e à medida em que vamos progredindo no jogo o seu limite máximo também pode ser aumentado. Mas falando nos feitiços, parte integral deste jogo, os mesmos podem ser consultados ao pressionar o botão de pausa. Desde o início do jogo que temos logo todos os feitiços à disposição (excepto um que gera uma password com os dados do jogo, para “save game”, que aprendemos pouco depois do início da nossa aventura), o que na minha opinião seria melhor se fossemos aprendendo ou desbloqueando esses feitiços gradualmente.

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Era por causa de screenshots como este que sempre tive curiosidade com este jogo quando era novinho

De qualquer das formas, esses feitiços são bastante variados, abrangendo coisas como voar, um escudo que nos torna temporariamente invulneráveis, ataques mais fortes, regenerar os pontos de vida, ou então ataques devastadores que afectam todos os inimigos no ecrã e que são bastante úteis contra os bosses. Mais uma vez, o facto de termos todo este arsenal ao nosso dispor logo desde o início do jogo penso que retira algum do desafio do mesmo, mediante a nossa disponibilidade de pontos de energia, para usar estes feitiços continuamente. Avançando para o modo aventura, aqui somos apresentados a vários ecrãs estáticos e com um menu onde podemos escolher vários comandos como “olhar”, “falar”, “mover”, “pegar” ou “usar”. São mecânicas de jogo algo arcaicas mas bastante comuns em jogos de aventura de consolas ou mesmo nos PCs na década de 80, onde o uso dos ratos era ainda uma miragem. Infelizmente estas secções são bastante lineares e não apresentam grandes desafios, a não ser aquela secção em que temos de procurar um item no fundo do mar, isso foi chatinho. Os elementos RPG estão também na parte de podermos equipar várias armas e armadura, aumentando os nossos stats gerais.

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É nesta parte de “aventura” que os diálogos vão surgindo

Graficamente achei o jogo bom. Nas partes de acção temos sprites detalhadas e níveis coloridos, com vários inimigos no ecrã e coisas a acontecer. Na parte de aventura as coisas são também bastante coloridas e detalhadas, usando bem as capacidades da Master System nesse campo. Os efeitos sonoros, que sempre foram o calcanhar de Aquiles da Master System são OK, assim como as músicas que apesar de não serem memoráveis, também não são irritantes.

No fim de contas, apesar de não considerar este jogo como uma hidden gem da Master System, acabei por gostar bastante dele na mesma pela sua originalidade. O jogo perde na sua linearidade, tornando as secções de exploração e aventura algo inúteis, bem como os elementos de RPG a poderem ser um pouco melhor trabalhados e o facto de termos logo de início acesso a todo o arsenal de poderes não me pareceu a melhor decisão. Mas não deixa de ser um bom jogo e as fases de acção são realmente boas. Para a Mega Drive existe uma sequela que mais uma vez chegou cá com um nome completamente diferente: Mystic Defender. Esse jogo sempre me passou ao lado, mas estou bastante curioso em ver como foi a evolução desde este SpellCaster.