The 7th Guest (PC)

7th Guest

Vamos voltar aos jogos retro mas para o PC, com uma análise ao 7th Guest. Lançado originalmente em 1993, este é um jogo produzido pela Trilobyte, tornando-se num dos maiores impulsionadores dos jogos de aventura em full motion video com a temática de terror, como os Phantasmagoria ou Gabriel Knight que lhe seguiram, apesar de aqui as coisas ainda serem naturalmente muito “cruas” e pouco elaboradas, mas a semente foi definitivamente plantada. Este jogo entrou na minha colecção há poucos meses atrás, após ter sido comprado num bundle com outros jogos na Feira da Ladra em Lisboa. Infelizmente apenas contém a caixa em jewel case com os discos e o manual embutido em livrete. A edição Big Box trás muito mais coisas, mas foi o que se arranjou e o baixo preço que lhe paguei, não posso mesmo me queixar. Mais tarde encontrei também numa feira de velharias e ao desbarato, uma big box foleira mas vazia, pelo que a juntei à colecção.

Jogo com caixa em jewel case, os dois discos e livrete/capa

A história é das coisas mais bizarras que já joguei. Inicialmente assistimos a uma cutscene sobre a vida do demente Henry Stauf, que era uma pessoa perfeitamente normal, mas devido à grande depressão sentida nos finais dos anos 20, tornou-se num sem abrigo e ladrão. Certo dia decide assaltar uma mulher e acabou por a assassinar. A partir dessa altura as coisas ficaram estranhas, pois Stauf começou a ter visões de brinquedos, construíndo-os em seguida. Os seus brinquedos acabaram por ter um enorme sucesso e Stauf ficou rico. Até que tem uma outra visão e decide construir uma mansão sinistra numa colina. Por essa altura um estranho vírus incurável afectou várias meninas que tinham bonecas do Stauf e para além disso, Stauf convida um conjunto de pessoas a passar um serão na sua casa misteriosa e é aí que a acção começa. Nós encarnamos numa misteriosa personagem simplesmente chamada de “Ego”, que tem o cliché de sofrer de amnésia e não saber como foi ali parar. Também vamos vendo alguns clips de vídeo dos anteriores convidados a chegar à casa, como se fantasmas se tratassem.

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Henry Stauf, o antagonista do jogo também tem direito ao seu próprio puzzle

A exploração da casa é toda ela feita na primeira pessoa, onde com o rato podemos clicar em vários locais no ecrã e de acordo com o tipo de ponteiro do rato que nos aparece, podemo-nos deslocar nessa direcção, ver cutscenes “dramáticas” dos restantes convidados que vão contribuindo para a história, outros eventos mais “assustadores”, ou então a resolução de puzzles. Inicialmente dispomos apenas de 2 locais que podemos visitar e à medida que vamos resolvendo mais puzzles, novos locais da casa vão sendo desbloqueados, com mais puzzles para resolver e cutscenes para assistir. Os puzzles ao contrário de muitos outros jogos de aventura point and click aqui fazem completa justiça ao seu nome, pois são mesmo puzzles lógicos (e não só) que teremos de resolver, como vários baseados em peças de xadrez, cartas, adivinhar palavras ou ordenar letras e por aí fora, ou outros bem mais “chatinhos” como um jogo de Reversi num microscópio ou mesmo seguir uma melodia de 18 notas num piano. Felizmente existe um hint book localizado na biblioteca da casa que nos vai dando algumas dicas de como resolver cada puzzle. Se o livro for consultado três vezes para um determinado puzzle, o jogo assume que o jogador completou o puzzle, mas com uma pequena penalização de não ver a cutscene que seria desbloqueada ao completá-lo normalmente.

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A baixa resolução e poucas cores não permitiram filmagens de elevada qualidade, mais uma razão para o jogo ter envelhecido mal

Graficamente é um jogo algo primitivo, apesar dos seus cenários completamente pré-renderizados e as tais cutscenes em full motion video com actores reais terem sido verdadeiramente impressionantes na época em que o jogo saiu. Hoje em dia, esses mesmos cenários pré-renderizados são bastante simples e a qualidade das filmagens também deixa a desejar, até porque o jogo corre em resoluções muito baixas para os standards actuais. Mas este é mesmo daqueles jogos em que temos forçosamente de os analisar tendo em conta o contexto temporal e para os padrões de 1993 está um produto muito bem conseguido. Os actores em si não são propriamente um elenco de luxo, o acting não é o melhor, mas sinceramente acho que isso também faz parte do charme, assim como de vez em quando até sabe bem ver uma paródia qualquer de Bollywood só para nos divertirmos. Devo dizer no entanto que gostei bastante das distorções “maléficas” que foram dando a algumas vozes de forma a torná-las mais assustadoras. A música no geral é algo atmosférica e tensa, mas infelizmente não é muito variada. De qualquer das formas não é nada que não se aguente.

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Muitos dos puzzles existentes abordam regras do Xadrez… pena que eu não as saiba!

Concluindo, acho este The 7th Guest um clássico dos jogos de aventura de PC da primeira metade da década de 90. Embora tenha envelhecido mal com todos estes anos, o que é normal em practicamente todos os jogos do género com FMV à mistura, não deixou de ser uma peça fundamental dentro do género, abrindo caminho a clássicos como os Phantasmagoria de serem produzidos. Actualmente é um jogo que se consegue arranjar com alguma facilidade no steam com boas promoções, pelo que recomendo a sua compra a todos os que ficaram curiosos com o jogo.

Sobre cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.
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2 respostas a The 7th Guest (PC)

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