Voltando agora à Mega Drive para mais um jogo de uma das séries mais originais do portefólio da Sega que apenas muito recentemente eu aprendi a gostar. Ecco 2, lançado originalmente em 1994 para ambas as plataformas de 16bit da Sega, existindo então tanto esta versão em cartucho como uma outra versão para a Mega CD com banda sonora em red book audio, herda muitas mecânicas de jogabilidade do primeiro jogo, mas também introduziu umas quantas novas. Comprei-o há uns bons meses atrás por 2€ na Feira da Vandoma no Porto, estando completo e em óptimo estado.
A história segue os acontecimentos do primeiro jogo, onde Ecco conseguiu parar a ameaça extra-terrestre da raça Vortex, que ameaçou toda a vida do planeta e resgatar todos os golfinhos do seu grupo, tendo para isso também utilizado uma máquina do tempo perdida algures na cidade afundada da Atlântida. A certa altura acontece um grande terramoto e Ecco perde os poderes que tinha herdado de Asterite (uma estranha forma de vida ancestral que parece um conjunto gigante de ADN) da aventura anterior. Algo está errado e aparentemente alguém assassinou Asterite. Ao tentar descobrir o que terá acontecido, Ecco encontra-se com um estranho golfinho que diz ser seu descendente longínquo e leva-nos para o futuro. Aqui, num estranho planeta Terra, Ecco encontra-se com Asterite que lhe diz que apesar de ter derrotado a Vortex Queen no jogo anterior, ela sobreviveu e voltou a atacar e devido a Ecco ter utilizado a máquina do tempo, criou 2 linhas temporais diferentes, uma com um futuro brilhante, onde Ecco estava na altura e uma outra com um futuro que deixou a Terra em ruínas. O resto do jogo será então passado a tentar ressuscitar Asterite e combater mais uma vez a ameaça dos Vortex.
A jogabilidade herda então muitas mecânicas do primeiro jogo, tal como referi acima. Com Ecco navegamos os oceanos, sempre com a preocupação que, sendo Ecco um mamífero, necessita de ar e para isso teremos que vir à superfície com alguma regularidade. O sonar de Ecco é elemento central na jogabilidade, servindo para ecolocalização (a função de mapa do nível), comunicar com outros golfinhos ou cetáceos, interagir com os cristais/glyphs para abrir passagens ou ganhar habilidades como invencibilidade temporária, por exemplo. Mas outras coisas fazem parte do cardápio de Ecco, como os peixes que podemos comer para recuperar vida. Mas também introduziram coisas novas, como uma perspectiva pseudo-3D onde a cama se posiciona na retaguarda do golfinho e temos de o guiar por uma série de anéis, evitando os inimigos que também navegam pelo oceano e caso falhemos um determinado número de anéis, teremos de recomeçar do início. Estes anéis tanto podem estar debaixo de água como no ar, pelo que teremos também de espreitar lá fora de vez em quando. Outros power-ups novos consistem num ataque ainda mais poderoso do sonar, lançando ondas em todas as direcções. Infelizmente apenas podemos usar essa habilidade apenas nos níveis em que os encontramos. Existem ainda umas esferas estranhas que nos transformam temporariamente noutros animais, como uma gaivota, tubarão ou até um cardume de peixes, entre outros. Isto tema vantagem de podermos passar despercebidos por um conjunto de tubarões, mas por outro lado teremos os golfinhos a atacar. O primeiro jogo era difícil e este parece-me ainda mais. Os níveis estão repletos de inimigos e existem imensos níveis estranhos em que a exploração se torna mais complicada. Em especial no futuro, temos secções de água que percorrem os céus e temos de as percorrer, ou no futuro sinistro dos Vortex, também exploramos uma enorme base com tanques de água separados por secções sem água e outras coisas como gravidades invertidas. Claro que teremos também vários combates com bosses que geralmente também não são pera doce.
Graficamente é mais um jogo muito bonito, com as paisagens subaquáticas cheias de detalhe e os oceanos cheios de vida. Nos níveis que decorrem no futuro temos também gráficos bonitos, por um lado os cenários paradisíacos e estranhos corredores de água que atravessam os céus, e por outro no futuro alternativo governado pelos vortex, toda a vida terrestre erradicada e a água a tornar-se em algo muito escaço com os cenários a parecerem mais os de uma gigante fábrica. Os efeitos sonoros são OK tal como no jogo anterior e a música é mais uma vez um destaque. Para além daquelas melodias mais calminhas e atmosféricas, temos também várias outras cheias de energia, bem mais “rockalhadas” que sinceramente me surpreenderam. E isto tudo em chiptune da Mega Drive, estou bastante curioso em ouvir o que fizeram com a versão da Mega CD.
Resumindo, este Ecco 2 é mais um jogo bastante original e com inovações que só alguém com muita imaginação é que se lembraria (água nos céus? golfinhos com asas/barbatanas??). Mas continua a não ser um jogo para todos e o seu grau de dificuldade certamente deixará muita frustração.
Bem, a SEGA pode ter feito muitas más decisões mas também eram os únicos a publicarem jogos tão estranhos como o Ecco. É pena é os Ecco serem tão difíceis (o único que acabei foi o Jr. quando era mais novo :P) mas têm um aspecto fantástico. As capas do Boris Vallejo, a pixel art fantástica que me faz lembrar os jogos da Psygnosis (o Agony por exemplo) e essa história esquisita com máquinas do tempo, água no céu e golfinhos voadores…
Não podia concordar mais com o teu comentário!!
Tens de experimentar o Defender of the Future, se é que já não o fizeste! 😉
Joguei ao Defender of the Future quando o meu irmão me emprestou a Dreamcast dele à uns bons anos atrás. Na altura adorei o jogo mas perdi a vontade de continuar a jogar quando cheguei às cavernas 😛 Um dia destes tenho que voltar a pegar no jogo, apesar de não ser nada fácil.
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