Alien Soldier (Sega Mega Drive)

Tempo de finalmente voltar para a Mega Drive e ficarmos aqui com um grande jogo da Treasure, que por sua vez já havia produzido uns quantos jogos de acção bastante bons para a consola da Sega, como é o caso dos clássicos Gunstar Heroes ou Dynamite Headdy. Este Alien Soldier tem no entanto uma outra peculiaridade, visto que não chegou a receber nenhum lançamento físico nos Estados Unidos, mas sim apenas através do serviço Sega Channel como um jogo descarregável. O mesmo aconteceu com um certo lançamento do Mega Man… e como este é um excelente jogo de acção da Treasure, naturalmente que é um jogo bastante coleccionável, pelo que as cópias japonesas e também europeias têm vindo a ser alvo de importações massivas por parte de coleccionadores norte-americanos. Ou seja, não é um jogo barato e o meu exemplar também não o foi, embora tenha tido a vantagem de utilizar alguns cupões para atenuar bastante o seu preço final.

Jogo com caixa.

Este é então um run-n-gun shooter tal como no Gunstar Heroes, mas na verdade acaba por ser practicamente um boss rush, pois os segmentos entre bosses são bastante curtos, já os bosses, esses são bastante numerosos (na casa das dezenas), pelo que há que dar algum mérito à Treasure pela variedade de bosses que temos de enfrentar, todos com múltiplos padrões de ataque. As mecânicas de jogo e os controlos são também complexos, pelo que a curva de aprendizagem é algo elevada e tendo em conta que este não é propriamente um jogo fácil (como é habitual na Treasure), vai-nos também obrigar a muita práctica e memorização dos diferentes padrões de ataque que os bosses têm para nos mostrar. Antes de começar o jogo, podemos escolher 4 armas de 6 possíveis para equipar na nossa personagem, estas variam em vários tipos de projécteis, explosivos, raios laser ou lança-chamas, todos com diferentes alcances e trajectórias de fogo. As armas que usamos não têm munição infinita, mas vão-se recarregando com tempo quando não são usadas. No entanto, ao longo do jogo, os power ups que podemos apanhar podem-nos restaurar vida, mas também podemos ver itens com armas, cujas vão alternando com o tempo. Apanhar esse power up substitui a arma que temos equipada no momento, mas caso apanhemos a mesma arma que temos equipada, essa tem as suas munições restabelecidas ou até expandidas!

Antes de o jogo propriamente dito começar teremos de escolher 4 armas distintas para equipar

No que diz respeito aos controlos, o direccional move a personagem, o botão A serve para alternarmos de arma (em conjunto com o direccional e depois pressionar A novamente para confirmar), o botão B dispara e o C salta. Mas existem muitas mais particularidades a ter em conta. Por exemplo, pressionar baixo e A permite-nos alternar entre métodos de disparo: por defeito apenas podemos disparar estando estáticos e usar o direccional para direccionar o fogo, mas podemos alternar e activar um método de disparo na direcção do nosso movimento. O botão B serve para disparar e temos autofire activado por defeito, mas se apenas apertarmos ligeiramente o botão B duas vezes seguidas activamos um escudo capaz de deflectir projécteis inimigos. Por fim, o botão C é o que tem mais que se lhe diga. Por exemplo, a altura que saltamos depende do tempo que tivermos o botão pressionado e se o pressionarmos em conjunto com o direccional para cima permite-nos saltar ainda mais alto. Pressionar o botão C novamente a meio de um salto faz com que o nosso jetpack se active e fiquemos estáticos no ar. Pressionar o botão de salto uma vez mais faz com que saltemos novamente. Durante um salto se tocarmos no tecto a nossa personagem cola-se ao mesmo, podendo-se mover normalmente de cabeça para baixo. Mas a habilidade mais importante de todas é o dodge, que pode ser activado ao pressionar no botão C em simultâneo com o direccional para baixo, com a nossa personagem a teleportar-se para a direcção onde está virada. Somos invencíveis durante a animação do dodge, pelo que será uma habilidade extremamente valiosa ao longo de todo o jogo. Para além disso, se tivermos a barra de vida no máximo quando o fazemos, a nossa personagem é envolta numa bola de fogo, retirando uma grande percentagem de dano aos inimigos em questão. No entanto também perdemos parte da nossa vida sempre que usamos esta habilidade.

Quando saltamos se tocarmos no tecto ficamos lá agarrados, o que também dá algum jeito em certos níveis.

Como podem observar, há muitas nuances nos controlos do Alien Soldier e sim, os bosses vão sendo bastante variados tanto no seu aspecto como habilidades e padrões de ataque, pelo que utilizar todas as habilidades que temos à nossa disposição torna-se crucial, bem como saber que armas utilizar em cada situação. Portanto sim, é um jogo difícil também pela sua curva de aprendizagem, mas por outro lado é também bastante recompensador quando conseguimos derrotar alguns desses mesmos bosses! Temos duas dificuldades: super easy e super hard, mas são ambas difíceis. No modo “fácil” a acção pode ser mais lenta o que nos dá um melhor tempo de reacção mas por outro lado não nos dão temos mais tempo para completar cada nível, pelo que o tempo acaba por ser um inimigo também bastante importante se decidirmos optar por esse caminho.

Visualmente é um jogo muito bem conseguido, em particular na grande variedade de bosses, bem detalhados e animados

A nível audiovisual, uma das coisas que a versão europeia deste Alien Soldier perdeu é a mensagem “VISUALSHOCK! SPEEDSHOCK! SOUNDSHOCK! NOW IS THE TIME TO THE 68000 HEART ON FIRE!” o que tirando os erros de tradução para inglês, nos indica que este é um jogo que tira máximo partido do processador Motorola 68000. E na verdade é um jogo impressionante com as suas sprites grandes, múltiplos efeitos de parallax scrolling, cenários bastante diversificados e bem detalhados e bosses gigantes, muitos deles constituídos por várias sprites articuladas, como tem sido habitual noutros jogos da Treasure. Tudo isto com uma boa performance, sem os abrandamentos comuns na rival da Nintendo. Uma das coisas que mais gostei é a maneira dinâmica pela qual os níveis vão estando divididos, onde um nível acaba, o seguinte começa logo nesse preciso local e os cenários vão lentamente se transformando à medida que progredimos no jogo. São muito poucas as mudanças bruscas de cenários! De resto, nada de especial a apontar ao som. Já a banda sonora, apesar de não ser má, confesso que gostaria de ouvir algo mais próximo de um rock pesado, algo que a Mega Drive sempre fez muito bem e a meu ver até se adequaria bem neste jogo.

A Treasure é muito engraçada. O SuperEasy é na mesma difícil, mas tem um sistema de passwords e permite-nos também controlar a velocidade do jogo.

Portanto este Alien Soldier é então um excelente jogo de acção da Treasure e apesar de não ter sido seu o último lançamento na Mega Drive (essa honra recaiu no Light Crusader) este acaba por ser um jogo bem à imagem do que a Treasure nos havia habituado até então e sim, sabe bem mais a despedida do que o action RPG acima referido. Um jogo de acção absolutamente recomendado que pode ser jogado de forma legítima e mais económica em várias compilações que foram sendo lançadas ao longo dos anos ou em lançamentos do tipo virtual console da Nintendo.

Sin and Punishment: Successor of the Skies (Nintendo Wii)

Tempo de tirar o pó à Nintendo Wii (se bem que na verdade até joguei isto na Wii U) para um jogo da Treasure, uma das (até então) raras sequelas que o estúdio produziu. Estou-me a referir claro ao Sin and Punishment: Successor of the Skies, uma sequela de um dos jogos da Nintendo 64 que infelizmente nunca havia chegado até nós em formato físico, o Sin and Punishment. Felizmente no entanto, este jogo acabou por sair em todo o lado e o meu exemplar veio de uma Cash Converters, embora já não consiga precisar quando o comprei, muito menos quanto terá custado mas foi seguramente barato.

Jogo com caixa, manual e papelada

As mecânicas de jogo deste segundo Sin and Punishment são as mesmas na sua génese do seu antecessor. Contem então com um on-rails shooter repleto de adrenalina, inimigos e projécteis por todo o lado e felizmente este é um jogo que também suporta muitos diferentes métodos de controlo. Apesar de achar que este é um exemplo de um jogo que potencialmente a combinação de wiimote e nunchuck resulte bem, acabei no entanto por utilizar antes um classic controller, com os controlos a assumirem o seguinte setup: um analógico para movimentar a personagem, outro para a mira e os botões de cabeceira a servirem toda uma série de funções separadas. O L serve para saltar, enquanto o ZL para fazer dodge numa direcção, o que é super valioso pois não sofremos dano enquanto fazemos essa animação. O R serve para disparar (com auto-fire) enquanto que se mantivermos o botão ZR pressionado faz com que carreguemos um ataque mais poderoso, sendo disparado quando largamos o botão. Por outro lado, um simples toque no R faz com que usemos um ataque de corpo-a-corpo, o que pode também ser usado para deflectir projécteis e lançá-los para a direcção de onde aponta a nossa mira. Um simples toque no ZR permite-nos fazer lock ao inimigo onde tenhamos a mira apontada. Os disparos trancados num inimigo causam menos dano, no entanto permitem-nos acertar mais vezes nos mesmos! O controlo com nunchuck e wiimote é similar, com o apontador do wiimote a mira, analógico a controlar a personagem e os restantes botões do nunchuck com as mesmas funções do L e ZL. Já o B e A do wiimote replicam o R e ZR respectivamente.

Jogabilidade frenética e excelentes visuais para uma Wii. O que pedir mais?

Como devem calcular, todas estas mecânicas de jogo, em particular o dodge, os charged shots, usar locks ou deflectir projécteis são todas mecânicas que teremos eventualmente que dominar se quisermos ter sucesso no jogo. É que este, tal como os restantes títulos da Treasure, é um jogo repleto de acção e adrenalina, onde iremos ter zonas com um nível de desafio acima da média e claro, inúmeros bosses para enfrentar onde teremos de colocar todas estas técnicas à prova. Felizmente temos checkpoints e continues ilimitados, pois há vários bosses que nos irão por a nossa destreza à prova. Não me vou alongar na história porque a mesma é super bizarra e sinceramente não entendi nada do que ali se passou. Digo apenas que temos duas personagens jogáveis com ligeiras diferenças. Isa é o rapaz, os seus tiros são mais poderosos, já Kaichi (a “menina”) tem habilidade de auto-lock e os seus disparos charged podem atingir mais que um alvo também, porém causam menos dano.

Uma das novidades face ao primeiro jogo é o facto de podermos voar livremente

A nível audiovisual este é um jogo excelente. É certo que as personagens principais não têm um detalhe por aí além, mas visualmente o jogo entrega principalmente nos seus cenários muito bem detalhados e variados entre si. Os bosses são também grandes e bem detalhados e no fim de contas este é seguramente um dos jogos mais bonitos da Wii que alguma vez joguei. Já no que diz respeito ao som, o jogo tem voice acting que está por defeito em inglês. No entanto temos a possibilidade de activar o voice acting original em japonês e legendas, o que foi o que acabei por fazer e não tenho ali nada a apontar. A banda sonora é bastante enérgica como seria de esperar e resulta também muito bem.

Os níveis são todos bastante diversificados entre si também.

Portanto este segundo Sin and Punishment foi uma bela surpresa. É um excelente jogo de acção sendo desafiante, com óptima jogabilidade e super frenético, sendo felizmente acompanhado de gráficos muito bons para um sistema como a Wii. É muito provavelmente a melhor sequela que a Treasure alguma vez fez, visto que é um jogo que supera largamente o original da Nintendo 64 em todos os aspectos.

Sin and Punishment (Nintendo 64)

Já há muito tempo que não trazia cá nada da Nintendo 64, pelo que acabei recentemente por jogar esta pérola da Treasure e que infelizmente nunca chegou a sair de forma oficial no ocidente, pelo menos nunca devidamente localizado. Lançado originalmente já no final do ano 2000 no Japão, entende-se de certa forma a hesitação de o mesmo ser lançado no ocidente, pois a geração seguinte já estaria em força no mercado aquando do seu possível lançamento por cá e a Nintendo decidiu focar-se na sua Nintendo Gamecube. O meu exemplar foi comprado a um particular na vinted algures no passado mês de Março.

Jogo com caixa, manual e papelada

A história é bastante bizarra pelo que não me vou alongar muito aqui, mas o conceito do jogo leva-nos ao “futuro” ano de 2007, onde o mundo vivia uma grave crise de fome, o que levou à comunidade científica criar toda uma série de novas espécies animais geneticamente modificadas para servir de sustento. A certo ponto, no entanto, essas criaturas começaram a mutar-se e revoltarem-se contra a raça humana, pelo que surge, no Japão, uma força militar para os combater. No entanto, esses também acabam por oprimir o povo nipónico, pelo que começam a surgir também grupos rebeldes para combater ambas as ameaças. E é aí onde entram Saki e Airan, as duas personagens humanas que iremos controlar ao longo do jogo.

Tal como é habitual nos jogos da Treasure, a acção é bastante frenética

A jogabilidade é então a de um run ‘n gun em 3D ou um rails shooter, com influências de títulos como Panzer Dragoon ou Starfox 64 na sua jogabilidade. A Treasure criou este jogo para tirar total partido do excêntrico comando da Nintendo 64, permitindo-o ser inteiramente jogado quer pelas pessoas que utilizem as pegas mais à esquerda, ou mais à direita deste comando. Os comandos são então os seguintes: o analógico serve para mover a mira pelo ecrã e o botão Z para disparar. Os botões L ou R servem para disparar, assim como o direccional (ou os botões C) servem para mover a nossa personagem para a esquerda ou direita. Até aqui tudo bem, o sistema de controlo está espelhado entre a parte esquerda ou direita do comando. O problema é que o botão A (à direita do comando) serve para alternar o sistema de mira: livre ou com lock-on. Tendo em conta que o lado esquerdo é mais natural para os jogos 3D modernos (o d-pad, à esquerda move a personagem enquanto que o analógico, mais à direita move a mira) seria o meu método de controlo de eleição, com o problema do botão A estar um pouco fora de mão. De resto, pressionar o direccional duas vezes para a esquerda ou direita permite-nos rodopiar (e desviar de fogo inimigo) rapidamente para um dos lados e no caso de os inimigos estarem muito próximos de nós, em vez de dispararmos um projéctil, a nossa personagem acaba antes por usar uma espada. Essa espada permite-nos inclusivamente fazer com que certos projécteis inimigos possam ser “atirados” de volta para os mesmos, sendo atirados na direção da nossa mira. Uma das opções que temos no ecrã inicial é justamente um modo de treino que nos explica todas estas mecânicas em detalhe.

Por vezes as mecânicas quase que se assemelham às de um shmup, devido aos padrões de ataque de certos inimigos

E este é então um jogo repleto de acção, com inimigos a surgirem por todos os lados, projécteis inimigos ou obstáculos que nos deveremos desviar. O método de mira manual é simples de se utilizar, com o jogo a ter também um sistema de lock-on, caso o queiramos utilizar. Aqui a mira muda de cor vermelha para azul e teremos na mesma de a controlar para a levar próximo de um inimigo, onde acaba por mudar para a cor amarela, sinalizando que a mesma está trancada. Mas tendo em conta a quantidade de inimigos que teremos pela frente, sinceramente não vejo nada de errado em utilizar a mira manual que nos dá mais controlo. De resto poderemos também ir coleccionando alguns power ups que tanto nos poderão dar pontos extra, mais tempo para completar a secção actual ou recuperar parcialmente a nossa barra de vida. Destruir 100 alvos de forma consecutiva é-nos recompensado com vidas extra.

A história é muito bizarra, mas mesmo no lançamento original as cut-scenes são inteiramente narradas em inglês

A nível audiovisual este jogo é bastante interessante nesse aspecto, embora traga consigo todas as limitações impostas pelo hardware da Nintendo 64. Por um lado o jogo possui uma óptima performance e fluidez e, apesar do design dos inimigos e personagens serem bastante originais, pecam por terem muito pouco detalhe e o mesmo pode ser dito dos níveis. Isto é um problema habitual da maioria dos jogos 3D que correm neste sistema, o que me faz suspirar por este não ser antes um lançamento de Playstation ou mesmo de Sega Saturn! É que nesses sistemas não só poderíamos ter direito a cutscenes bem mais detalhadas (e que bem seriam necessárias para melhor entender esta história bizarra), como as texturas como um todo poderiam ter mais detalhe, o que enriqueceria melhor este universo. Já no que diz respeito ao som, bom, a banda sonora é excelente como a Treasure bem nos habituou e nada de especial a apontar aos efeitos sonoros. O que é de louvar é, no entanto, o facto de o próprio lançamento original nipónico ter todas as cut-scenes narradas em inglês, com legendas em Japonês, o que por si só já fazia deste jogo um lançamento muito amigável à importação. Não tardou no entanto que fosse lançado um patch de tradução feito por fãs que traduzisse tudo o resto e foi assim que o acabei por jogar em emulação.

Apesar de curto, este é um jogo cheio de adrenalina!

Portanto este é um excelente jogo de acção da Nintendo 64 que pecou por ter saído muito tarde no seu ciclo de vida, o que seguramente levou à Nintendo a descartar qualquer possibilidade de o lançar no ocidente, mesmo tendo sido a própria Nintendo responsável pela sua publicação no Japão e ter contribuído para o seu desenvolvimento. A sua primeira aparição no Ocidente foi no já extinto serviço Virtual Console para a Wii e WiiU, tendo surgido também no serviço Nintendo Online para a Switch (com o seu pack de expansão). Ora visto que sou actualmente um subscritor de tal serviço acabei por o espreitar também nessa plataforma e joga-se bastante bem, pelo que é uma opção bastante válida para conhecerem esta pérola do catálogo da Nintendo 64. Esta versão foi ligeiramente localizada com a Nintendo a traduzir todos os menus e creio que também o modo tutorial, mantendo no entanto as legendas em Japonês para as cut-scenes. Isto potencialmente só nos trará problemas no final do jogo, onde durante os créditos não existe qualquer narração para o texto em japonês que vai surgindo nas legendas. Mas é para isso que serve o youtube! Felizmente a Nintendo acabou por lançar cá a sua sequela para a Wii, mas isso é tema para um outro artigo.

Gunstar Future Heroes (Nintendo Game Boy Advance)

A Treasure (fundada por antigos funcionários da Konami) foi um dos estúdios japoneses mais criativos, particularmente durante os anos 90 onde produziram alguns dos melhores jogos de acção da geração 16-bit e não só. Nessa época a Treasure era também conhecida por não produzir nenhuma sequela de nenhum dos seus jogos, por muito bem sucedidos ou bem recebidos pela crítica e/ou público. Essa tradição quebrou-se algures nos anos 2004/2005 na Game Boy Advance, que recebe também duas sequelas de clássicos da Treasure: Advanced Guardian Heroes, e este Gunstar Future Heroes, sequela do fantástico Gunstar Heroes da Mega Drive. O meu exemplar foi comprado em lote a um particular italiano, tendo este exemplar custado uns 45€. Estava selado!

Jogo com caixa, manual e papelada

A história leva-nos alguns anos após os acontecimentos do primeiro jogo, onde depois dos Gunstar Heroes terem derrotado o Destructor, um poderoso vilão com uma base na Lua, a grande explosão faz com que 4 luas adicionais sejam criadas, sendo estas alvo de investigação por uma série de cientistas durante anos. Eventualmente uma quinta lua surge em acção, mas esta representa mesmo más notícias, pois é na verdade um satélite gigante criado por forças do Império que planeiam uma vez mais causar o terror no planeta e ressuscitar o tal Destructor. Claro que os novos Gunstar Super Heroes são chamados a intervir!

Graficamente este é um jogo repleto de excelentes efeitos gráficos e animações

Começamos por decidir que personagem queremos controlar, Red ou Blue. Ambas as personagens controlam-se da mesma forma, embora cada uma tenha uma arma e um super exclusivos. Infelizmente a variedade de armas é bem menor que no predecessor da Mega Drive, assim como a possibilidade de as combinar umas com as outras. O jogo possui no entanto um complexo sistema de controlos que exigirá alguma práctica para o dominar. Os botões faciais servem para saltar ou disparar, enquanto o L para alternar entre a arma a usar. No entanto, poderemos carregar em múltiplas combinações de botões para desencadear diversos golpes melee, slide, saltitar entre paredes ou pendurarmo-nos numa plataforma. Tal como o original da Mega Drive no entanto este é um jogo de acção bastante intenso e o jogo oferece-nos também alguns controlos mais avançados para melhor gerirmos o movimento e os disparos. Por exemplo, é possível fixarmo-nos no chão e disparar em todas as direcções, assim como fixarmos uma direcção de disparo e nos podermos mover em qualquer direcção. O jogo oferece-nos então diversos sistemas de controlo distintos para todas estas acções, cujos podem ser definidos no ecrã das opções.

Quaisquer semelhanças com níveis do primeiro jogo não são uma mera coincidência

Após um nível introducional somos então convidados a explorar cada uma daquelas 4 luas sendo que, tal como na prequela os poderemos explorar em qualquer ordem. Uma vez completados esses 4 níveis desbloqueamos o conjunto de níveis finais que deverão ser jogados numa sequência própria. E à medida que vão jogando este Gunstar Future Heroes vão-se aperceber de várias situações que nos remetem para o jogo original, com muitos bosses e situações semelhantes às que vivemos no clássico da Mega Drive. Lutar contra robots gigantes ao longo de um complexo sistema de túneis? Sim. Lutar a bordo de uma nave pilotada por um nosso colega? Também. Um nível em que temos de atravessar uma espécie de jogo de tabuleiro? Sim, também está cá. Nos últimos níveis vemos um ecrã gigante com todos os com quem bosses que teremos de lutar novamente a olhar para o que estamos a fazer? Claro que sim! Ocasionalmente até temos alguns níveis com mecânicas de jogo completamente distintas como os baseados em shmups!

Combates intensos em túneis contra um boss que muda várias vezes de forma? Sim, também temos disso cá.

Visualmente é um jogo muito colorido e com um excelente nível de detalhe, ao nível do melhor que a geração 16bit alguma vez produziu. Bonitos efeitos de parallax scrolling, Bosses gigantes compostos por várias sprites, boas animações, bonitos efeitos de rotação e scaling, por vezes até algo semelhantes aos do mode 7 da Super Nintendo. Há sempre explosões, inimigos e projécteis por todo o lado e o jogo sempre com uma boa performance! A acompanhar os excelentes gráficos está também uma banda sonora bastante enérgica. Entre níveis vamos tendo também uma série de cutscenes anime (e aqui confesso que já não gosto tanto da arte aqui usada), mas o que vemos enquanto jogamos mesmo já é bem mais próximo do material original. Os efeitos sonoros são OK e ocasionalmente temos também direito a pequenas vozes digitalizadas com uma óptima qualidade.

Portanto este Gunstar Future Heroes é um dos melhores jogos de acção que existem no catálogo da Game Boy Advance, pelo menos garantidamente um dos melhores títulos originais (não ports ou remakes) dentro do género na portátil. É verdade que parte da dificuldade foi modificada (existem menos variedades de armas e a possibilidade de as combinar), mas ainda assim é um jogo com uma boa longevidade: isto porque apesar de a história ser a mesma, os diálogos são distintos mediante a personagem que escolhemos e, para chegar ao final verdadeiro teremos de o terminar em Hard, o que é um desafio bastante considerável. Para além disso, a história vai sendo também diferente entre os diversos níveis de dificuldade (easy, normal e hard) embora a narrativa não seja de todo o ponto forte do jogo. Mas como um jogo de acção é excelente.

Dynamite Headdy (Sega Game Gear)

Continuando pelas rapidinhas na Game Gear, o jogo que cá trago hoje é a segunda (e última) conversão que a Treasure alguma vez lançou para sistemas 8 bit, neste caso a Game Gear. Dynamite Headdy foi um interessante e frenético jogo de acção lançado originalmente na Mega Drive, com um foco bem maior no platforming quando comparado com outros jogos contemporâneos da Treasure, como o Gunstar Heroes ou Alien Soldier. O meu exemplar foi comprado a um colega meu por 5€ algures no mês passado.

Jogo completo com caixa e manual

Infelizmente esta acaba por ser uma conversão que tenta ser o mais fiel possível ao original, mas a Game Gear simplesmente não consegue dar o mesmo tipo de performance que a Mega Drive. É de louvar o esforço da Treasure, pois o jogo está muito bonito para uma consola 8bit, mas os níveis foram bastante simplificados, assim como os seus bosses.

Na sua essência, o jogo herda as mesmas mecãnicas do original, na medida em que Headdy é uma marioneta com uma cabeça descartável, que pode sair disparada do seu corpo, não só para atacar os inimigos, mas tal como Ristar, para se agarrar nalguns objectos e assim ajudar no platforming. Temos uma série de power ups que substituem temporariamente a cabeça normal do Headdy por uma outra com diferentes habilidades, tais como um martelo que é capaz de causar mais dano, outros que nos aumentam a agilidade, dão invencibilidade temporária, etc.

Este é possivelmente um dos jogos mais coloridos que a Game Gear tem na sua biblioteca

Graficamente é um jogo bastante colorido e bem detalhado tendo em conta que corre numa consola portátil com uma baixa resolução. A Treasure tentou manter o mesmo feeling do original, ao tentar apresentar o jogo como se um espectáculo de teatro se tratasse, até porque em cada nível temos umas cortinas a abrir e nalguns outros níveis os cenários notam-se bem que tentam imitar cenários de teatro. Apesar de ser um jogo bonito para a Game Gear, alguns bosses estão inclusivamente muito bem detalhados para uma consola 8bit, tiveram de cortar muita coisa da versão Mega Drive (expectável), e infelizmente não é um jogo tão fluído quanto o original. As músicas também não são tão boas, mas isso também seria de certa forma expectável.

Apesar de mais simples e curtos, os níveis mantiveram os mesmos níveis de bizarro

Portanto este Dynamite Headdy não é um mau jogo de todo, até acho que no geral foi um óptimo esforço pela Treasure em converter o mesmo para um sistema tecnicamente muito mais modesto. Mas não deixa de ser uma conversão do Dynamite Headdy de 16 bit e não um jogo novo adaptado à realidade da Game Gear, pelo que assim a versão Mega Drive acaba sempre por ser superior, tornando esta obsoleta à nascença. Existe também, embora exclusivamente no Brasil, uma conversão para a Master System por intermédio da Tectoy, pelo pouco que vi pareceu-me idêntica, embora corra numa resolução maior, e a nível de cores não é tão boa.