Se forem fãs da Sega como eu, muito provavelmente já sabem que a Saturn teve um lançamento algo atabalhoado no ocidente. Para tentar combater a Sony com a sua Playstation, a Sega decidiu anunciar completamente de surpresa na E3 de 1995 que a sua consola estaria disponível para venda logo no dia seguinte nos Estados Unidos, apenas em certas cadeias de lojas. Foi um movimento que apanhou todos de surpresa: as empresas que estavam a desenvolver software para a Saturn não puderam acompanhar esta nova data e durante vários meses os únicos jogos disponíveis para a Saturn no ocidente foram os do lançamento, que por sua vez também tinham sido produtos um pouco apressados e com uma qualidade algo abaixo do que seria expectável, tal como aconteceu com o Daytona USA ou o Virtua Fighter. Para além do mais, as outras cadeias de lojas que não foram “presenteadas” com este lançamento surpresa da Saturn decidiram-se vingar da Sega e encurtaram o seu espaço de exposição para as suas competidores directas. Boa Sega! Mas desses jogos de lançamento havia um que não tinha sido apanhado por estas confusões e surpreendentemente era mesmo um óptimo jogo: o Panzer Dragoon. O meu exemplar foi-me oferecido pelo meu amigo do Game Chest, o Mike Silva, a quem eu muito agradeço!
Mas então o que consiste este Panzer Dragoon? É um shooter tri-dimensional, um pouco como um Space Harrier, mas em que viajamos montados nas costas de um dragão equipado com uma armadura. Se só isso já não fosse motivo para gerar curiosidade em experimentar este jogo, a equipa de desenvolvimento (Team Andromeda) ainda teve tempo de preparar toda uma mitologia por detrás, com direito a um novo dialecto e tudo, embora isso ainda não seja completamente perceptível neste primeiro jogo. O mundo de Panzer Dragoon é uma espécie de mundo pós-apocalíptico, onde uma antiga, porém tecnologicamente altamente avançada civilização foi dizimada tendo sido vítima da sua própria tecnologia. O nosso herói anónimo estava apenas a participar numa caçada quando se vê envolvido num confronto entre dois dragões e seus “cavaleiros”, até que um deles é ferido mortalmente e pede-nos, no seu leito de morte, que continuemos a sua missão. Somos então levados a montar um dragão azul (mesmo como eu gosto!) e lutar contra as forças imperiais de forma a impedi-los de activarem uma poderosa arma, rélica dessa civilização antiga.

A cutscene inicial até é bem mais longa do que eu estaria à espera, são entre 6 a 7 minutos para nos contextualizar, mas ainda muito fica por descobrir deste mundo misterioso
Este é um shooter on-rails, ou seja seguimos um caminho pré-determinado (com alguns graus de liberdade) e temos de tentar atingir todos os inimigos que sobrevoam connosco, bem como evitar obstáculos e os seus projécteis. Mas também temos um controlo de 360º da nossa vista, através dos botões de cabeceira do comando da Saturn. Clicando no L ou no R giramos a câmara 90º para a esquerda ou direita respectivamente e isto é mesmo muito útil pois os inimigos podem surgir de qualquer lado e convém acertarmo-lhes o quanto antes. Para isso temos um radar no canto superior direito que nos vai mostrando as posições inimigas ao qual vamos ter de ir prestando alguma atenção. Para os derrotar temos 2 tipos de armas de fogo. Podemos disparar no nosso revólver, mas também podemos dar uma de “After Burner” e utilizar um mecanismo de lock-on para disparar a partir do nosso dragão bolas de energia teleguiadas. Podemos seleccionar vários alvos ao mesmo tempo e isso acaba por ser a chave de obtermos uma boa performance. Claro que no final de cada nível temos sempre um boss para enfrentar onde teremos de por em prática todas estas mecânicas de jogo. Mediante a nossa performance (e é bem difícil termos uma performance boa) poderemos ganhar uma vida extra!

Os níveis são bastante simples a nível técnico, mas são suficientes para darmos azo à imaginação do potencial que toda a arte desta série tem
De resto, a nível técnico este ainda é um jogo algo simples, sendo um produto do início de vida da Saturn, consola essa que por si só já tinha os seus quês no hardware e na dificuldade de programação para se tirar um bom rendimento nos jogos 3D. Temos então um framerate baixo e cenários ainda bastante simplistas, no entanto não deixa de ser um jogo belíssimo por todo o imaginário que apresenta. Quem não gostaria de “conduzir” um dragão de guerra?? As músicas infelizmente é que já achei que não fossem as mais adequadas à “epicidade” que este Panzer Dragoon tenta deixar transparecer.
Existem outras versões deste Panzer Dragoon. A mais conhecida é talvez a versão Windows que foi lançada não muito tempo depois da versão Saturn. Infelizmente os problemas de performance persistem nessa versão, mas ao menos poderia ser jogada numa resolução mais alta. Existe também uma conversão para a PS2, mas essa infelizmente ainda não lhe deitei as mãos. De resto, apesar de ser um jogo ainda um pouco cru, não deixa de ser um óptimo aperitivo a uma série que tenho muita pena que a Sega tenha deixado cair no esquecimento após o Panzer Dragoon Orta.
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