Puggsy (Sega Mega CD)

Tempo de voltar às rapidinhas para um jogo de Mega CD que apesar de ser um jogo bastante interessante e me despertar um grande sentimento de nostalgia por ser um jogo que joguei bastante com amigos meus na minha infância, na verdade já cá trouxe no passado a versão Mega Drive, a tal que já havia jogado na minha infância/adolescência. Assim sendo, este artigo irá-se focar principalmente nas diferenças que esta versão traz. O meu exemplar foi-me trazido do reino unido por um amigo meu algures no passado mês de Dezembro, tendo-me custado menos de 30 libras.

Jogo com caixa e manual embutido com a capa.

Como já referi na versão de Mega Drive, este Puggsy é um muito interessante puzzle platformer, onde ao longo de dezenas de níveis teremos de procurar a saída dos mesmos, sendo que para isso deveremos interagir com muitos dos itens que poderemos vir a encontrar. Desde soluções simples como construir escadinhas com os objectos uns em cima dos outros, passando por puzzles bem mais complexos e inteligentes onde teremos de utilizar as habilidades inerentes desses objectos, bem como interagir com alavancas, interruptores, e muitos outros. Puzzles que utilizem o sistema de física deste jogo podem também ser encontrados e tal como na versão Mega Drive existem inúmeras saídas secundárias que nos levam a níveis extra e que poderemos descobrir se assim o desejarmos.

Uma das principais novidades desta versão é a inclusão de novos bosses

O que traz então esta versão Mega CD de diferente? Nos controlos temos uma novidade muito bem-vinda: aqui deixa de ser necessário carregar para baixo depois de saltar, quando quisermos atacar um inimigo ao saltar para cima deles. Basta apenas saltar! Temos também aqui presente um novo modo de jogo, o Time Trial, onde o objectivo é o de derrotar os bosses no menor tempo possível. De resto, contem com alguns bosses novos e exclusivos desta versão, assim como músicas em formato CD Audio e várias cut-scenes em CGI ao longo de todo o jogo. Um dos novos bosses inclusivamente é todo ele uma cut-scene em CGI em plano de fundo. Naturalmente que a qualidade desses full motion videos não é a melhor, mas para um sistema com as limitações da Mega CD nesse campo, e para um jogo de 1993, nem ficaram nada más. A banda sonora é também bastante eclética nos seus géneros musicais e bastante agradável de se ouvir no geral.

A outra são as várias cut-scenes em CGI e a banda sonora em CD audio!

Em suma, o Puggsy é um jogo bastante interessante como um todo e esta versão Mega CD é de facto a versão definitiva do mesmo, por todo o conteúdo extra aqui presente, e os controlos ligeiramente mais simplificados também são um ponto a seu favor. Ainda assim, para quem já tiver servido da versão Mega Drive, a menos que apanhem uma boa oportunidade com a versão Mega CD, o conteúdo extra não justifica o preço (bem) mais caro de hoje em dia desta versão CD.

Mickey Mania (Sega Mega CD)

Vamos a mais uma rapidinha a um excelente jogo de plataformas. A razão pela qual este artigo é uma rapidinha prende-se apenas por já cá ter trazido no passado tanto a sua versão Mega Drive, assim como a da Playstation, pelo que irei-me focar apenas nas diferenças entre versões e recomendo-vos que dêm uma leitura nesses outros artigos complementares. Este meu exemplar foi comprado a um amigo meu por 5€ no passado mês de Maio.

Jogo com caixa e manual

Tal como já referido nos outros artigos, este Mickey Mania é um interessante jogo de plataformas criado para homenagear a personagem do rato Mickey da Disney, introduzindo níveis retirados de muitos dos cartoons onde o mesmo participou, desde o Steamboat Willie de 1928, até ao Prince and the Pauper de 1990. É um óptimo jogo de plataformas e com mecânicas simples (um botão para saltar e outro para atirar projécteis), bem como óptimos gráficos para os sistemas de 16bit.

Sempre gostei do facto de jogarmos este primeiro nível a preto e branco, tal como no cartoon.

O que traz esta versão de diferente portanto? Bom, o mais óbvio é mesmo ter mais clipes de voz para o Mickey (comparando com as versões MD e SNES) e claro, a inclusão de músicas em formato CD audio. O último nível antes do boss final (relativo ao Prince and the Pauper) inclui um segmento adicional não presente nas versões MD e SNES e pouco mais, para além de ecrãs de loading não presentes na versão de Mega Drive.

É seguro dizer que a Traveller’s Tales dominava o hardware da Mega Drive, tendo em conta o seu histórico nas plataformas de 16bit da Sega

Portanto estamos perante mais uma óptima versão deste bom jogo de plataformas da era 16bit. Resumindo, no que diz respeito às versões 16bit, a versão da SNES é mais colorida (sem tirar mérito às versões da Sega que são igualmente boas no departamento gráfico), mas falta-lhe algum conteúdo relevante. Esta versão Mega CD é muito similar à da Mega Drive com alguns extras mencionados acima e melhor som/banda sonora, pelo que se tivessem de optar entre ambas eu recomendaria a da Mega CD. No entanto, todas estas versões são suplantadas pela da Playstation, que inclui todo este conteúdo adicional e gráficos redesenhados, com muito mais detalhe sendo essa sim, a versão definitiva.

The Legend of Galahad (Sega Mega Drive)

Este The Legend of Galahad da Traveller’s Tales é um interessante jogo de acção em 2D sidescroller com algumas influências de action RPGs. Lançado originalmente através da saudosa Psygnosis para o Commodore Amiga sob o nome de Leander, acabou por receber mais tarde uma conversão para a Mega Drive sob um novo nome (e com algumas modificações nos gráficos e história no geral). O meu exemplar foi comprado a um particular no passado mês de Julho por cerca de 5€.

Jogo com caixa e manual

O jogo possui uma história simples onde temos de salvar uma princesa das garras de um poderoso feiticeiro. Na versão original para o Amiga, o protagonista chama-se Leander, já nesta conversão para a Mega Drive decidiram dar um tema mais “Arturiano” à história, pois Galahad era um dos seus cavaleiros. À medida que vamos avançando no jogo vamo-nos apercebendo das influências orientais tanto nalguns inimigos como os dragões ou alguns soldados. Mas na versão original do Amiga essas referências orientais eram ainda mais notórias nos protagonistas.

Antes de cada nível é-nos dada uma indicação do objecto que temos de descobrir e onde estará

No que diz respeito à jogabilidade este é então um jogo de plataformas/acção que mistura alguns elementos de RPG também. O jogo está dividido em 3 mundos com 7 níveis cada, sendo que o último nível de cada mundo culmina sempre no confronto contra um boss. Os restantes níveis possuem todos a mesma mecânica de jogo: antes de começar cada nível é-nos indicado que devemos procurar um determinado objecto e depois o portal que nos levará para o nível seguinte. Nessa introdução são também-nos dadas algumas dicas das direcções que teremos de tomar para encontrar o tal objecto e a sua saída. Os controlos são simples, com um botão para saltar e outro para atacar com a espada. À medida que vamos defrontando inimigos e/ou abrir baús de tesouros espalhados pelos níveis, poderemos encontrar vários itens como dinheiro, bombas, vidas extra ou itens que nos regeneram a vida.

As influências orientais da versão original são ainda notórias nalguns cenários e inimigos

Também espalhados nalguns níveis apenas estarão lojas onde poderemos gastar o dinheiro amealhado e comprar novas armas, bombas e armaduras. As armas quanto mais poderosas forem menos golpes necessitamos para matar os inimigos, já as armaduras quanto mais poderosas forem mais pontos de vida podemos ter. As bombas que referi há pouco podem apenas ser usadas quando compramos a espada Lion Blade. Ao manter o botão de ataque pressionado durante alguns segundos, iremos carregar um ataque que usará uma destas bombas, capazes de causar dano considerável em todos os inimigos à nossa volta. De resto é um jogo repleto de obstáculos e armadilhas, pelo que devemos explorar os níveis com o devido cuidado. No final de cada mundo somos recompensados com uma password que nos facilitará a tarefa de recomeçar o jogo caso percamos todas as vidas.

Escondidos nalguns níveis vão estar algumas lojas que nos permitem comprar algum equipamento

A nível audiovisual acho um jogo interessante. De certa forma o design de alguns inimigos e dos próprios níveis me faz lembrar jogos como Shadow of the Beast, embora felizmente este Galahad não seja tão frustrante. Os níveis em si é que não têm muita variedade de cenários, com as mesmas montanhas, cavernas e fortalezas a serem exploradas. No entanto, quando comparado ao original do Amiga, esta versão Mega Drive graficamente até que é bastante interessante, ao incluir diversos efeitos de parallax scrolling nos seus cenários, algo que não existe no original. Nada a apontar aos efeitos sonoros que são bem competentes, já as músicas até devo dizer que gostei bastante das mesmas. São poucas músicas, para além da abertura e fecho do jogo, temos apenas 1 música por mundo. Mas apesar de poucas, são melodias agradáveis e o sound driver da Krisalis que é usado em muitos jogos britânicos na Mega Drive até que é bastante competente.

O design de alguns inimigos faz-me lembrar as criaturas do Shadow of the Beast

Portanto devo dizer que até gostei deste The Legend of Galahad. É um jogo de acção que nos obriga a explorar os níveis intensamente e com algumas mecânicas de RPG de acção. É uma pena que todos os níveis sejam fetch quests, isto se fosse um jogo mais aberto, mais metroidvania, seria certamente um clássico. Ainda assim parece-me bem competente e um óptimo jogo de estreia da Traveller’s Tales.

Puggsy (Sega Mega Drive)

Voltando agora para a Mega Drive, vamos ficar cá com mais um belíssimo jogo com o selo da Psygnosis. Produzido pela Traveller’s Tales, o mesmo estúdio que ficou mais tarde responsável pelo Sonic 3D, Puggsy é um jogo de plataformas com elementos de puzzle e um sistema de física de objectos muito interessante para a época. Foi também dos primeiros jogos que joguei quando descobri o admirável mundo da emulação de Mega Drive, no final de 1998, embora confesse que na altura não consegui progredir muito no jogo. O meu exemplar foi comprado no passado mês de Fevereiro a um amigo, tendo-me ficado algo próximo dos 5€.

Jogo com caixa

Puggsy é um alien com um corpo muito estranho, que estava simplesmente a passear pelo espaço e decide explorar um planeta que tinha acabado de descobrir. Pouco depois de aterrar, no entanto, os habitantes desse planeta acabam por lhe roubar a sua nave espacial, pelo que teremos então de a tentar recuperar, ao atravessar dezenas de níveis.

Temos dezenas de níveis para explorar, cujos podem ser seleccionados neste mapa

Na sua essência, Puggsy parece um simples jogo de plataformas com elementos de puzzle, como podemos ver nos níveis iniciais. Um botão serve para o alien saltar, e se pressionarmos para baixo durante o salto poderemos pisar os inimigos, outro para pegar/atirar num dos inúmeros itens que podemos encontrar, e outro para os usar, caso sejam itens que tenham uso. O objectivo primordial em cada nível é o de procurar a sua saída e inicialmente poderemos ter de montar pequenas escadas com esses itens para conseguir alcançar plataformas mais altas, mas rapidamente começamos a ver outros tipos de puzzles inteligentes que a Traveller’s Tales vai introduzindo. Por exemplo, num dos níveis vemos a saída bloqueada por um pequeno incêndio. Um dos itens que podemos encontrar é uma pistola de água, que a devemos encher primeiro de água e depois a usar para apagar as chamas. Outros níveis apresentam-nos puzzles cada vez mais complexos, que irão envolver várias alavancas para abrir passagens, ligar ou desligar ventoinhas, entre outros, onde teremos uma vez mais de usar os itens que dispomos de forma inteligente.

Os puzzles serão muito mais complexo do que meramente empilhar itens para servirem de plataformas

Falei também do sistema de física de objectos que o jogo inclui. E sim, apesar de não ser necessariamente super-realista, este é um outro aspecto muito bem conseguido deste Puggsy: Os objectos que atiramos fazem ricochete nas superfícies, os objectos possuem diferentes pesos, pelo que alguns flutuam na água. Ou transportar um peso pesado permite-nos atravessar um túnel de vento, onde caso contrário seríamos soprados para fora. No que diz respeito aos saltos, podemos aproveitar o motor de física para ajudar a alcançar zonas mais altas. Por exemplo, ao forçar um objecto flutuante dentro de água, ele vai sair disparado para a superfície, pelo que devemos aproveitar esse momento e aproveitar a sua propulsão para também saltar mais alto. Quando apanhamos um item (ou uma pilha deles), podemos também regular a sua altura ao mover os botões direccionais para cima ou para baixo. Se saltarmos para uma plataforma e pelo menos o objecto ficar preso na berma, podemos usar a força de braços do Puggsy para conseguir subir essa plataforma. Isto são tudo técnicas que poderemos ter de usar, até porque o jogo está repleto de segredos como saídas secundárias para níveis secretos. Alguns desses níveis secretos são também autênticas homenagens a outros videojogos como Space Invaders, Arkanoid ou Lunar Lander.

Para atravessar corpos de água, teremos de colocar itens que flutuem

No que diz respeito aos audiovisuais, devo dizer que este jogo está muito bem conseguido nesse aspecto. Os gráficos são coloridos e muito bem detalhados, ocasionalmente com alguns efeitos de paralaxe nos backgrounds, e outros efeitos gráficos como rotação, ampliação ou distorção de sprites, visíveis principalmente nos confrontos contra os bosses, cujos são também muito bem detalhados graficamente. Os níveis em si vão sendo bastante variados, atravessando uma série de diferentes cenários como praias, florestas, pirâmides, castelos ou cavernas, todos eles bem representados. As músicas são também muito bem conseguidas, tendo não só um som de qualidade agradável – tipicamente os jogos com o selo da Psygnosis na Mega Drive soam muito bem – bem como várias melodias agradáveis ao ouvido.

Portanto este Puggsy é um jogo muito competente, oferecendo uma série de puzzles cada vez mais desafiantes. Não é um jogo que irá agradar a todos, certamente, mas creio que a sua qualidade como um todo é inegável. Para além da versão Commodore Amiga, existe ainda a versão Mega CD que aparentemente possui ainda mais conteúdo como mais alguns bosses que não chegaram a sair nesta versão. Será algo a ter em conta se um dia me deparar com essa versão a preços apetecíveis.

Mickey’s Wild Adventure (Sony Playstation)

Um dos jogos mais bonitos do Mickey durante a era dos 16bit foi sem dúvida o Mickey Mania, que serve de homenagem à mascote da Disney, levando-nos por vários níveis inspirados em diversos filmes do rato mais popular do mundo, desde o primeiríssimo Steamboat Willie, ainda a preto e branco, datado de 1928, até ao The Prince and the Pauper de 1990. Esse foi um jogo desenvolvido de base para a Mega Drive, mas convertido também para uma série de outras plataformas. Um ano depois, a Sony Playstation recebeu também uma conversão deste jogo, melhorando-o em vários aspectos e mudando o nome para Mickey’s Wild Adventure. O meu exemplar é um platinum que veio da Feira da Vandoma do Porto algures durante Junho por 2€.

Jogo com caixa e manual. Versão Platinum

Aconselho-vos a ler o meu artigo do Mickey Mania para a Mega Drive, pois este vai-se focar mais nas diferenças face a essa versão. A nível de jogabilidade é practicamente a mesma coisa, com um botão para saltar e outro para atirar objectos, cujas são as únicas maneiras de atacar os inimigos, embora por vezes apenas tenhamos de usar um destes métodos para os derrotar. A maior diferença aqui está no maior número de loadings, face à versão Mega Drive, como seria de esperar.

E também como seria de esperar, as maiores diferenças estão na parte gráfica. As sprites estão ainda mais bem animadas, detalhadas e coloridas. Os efeitos de transparência da água ou de partes das sprites como as asas dos insectos ou os próprios fantasmas, possuem transparências muito mais nítidas e bem conseguidas. Aqueles níveis como os segmentos da escada em espiral ou da perseguição do Alce, que possuiam bonitos efeitos pseudo-3D foram redesenhados para incluir polígonos tri-dimensionais. Para além disso, existe ainda um novo segmento de perseguição, por alturas do Beanstalk, onde o Mickey é perseguido por um gigante. As músicas e efeitos sonoros como as vozes mantêm-se idênticas à versão Mega CD, pelo que li. São músicas orquestrais e pelo que investiguei tiveram mesmo o dedo de pessoal da Disney que costumam trabalhar nos seus filmes.

Um nível exclusivo da versão Playstation

Portanto, mesmo sendo esta uma conversão mais musculada de um jogo de uma geração anterior, acaba por envelhecer muito melhor do que muitos jogos em 3D primitivo da biblioteca da Playstation. Se não jogaram nenhuma das outras versões e encontrarem esta a um preço agradável, recomendo que lhe peguem.