Eliminate Down (Sega Mega Drive)

Vamos voltar agora para a Mega Drive para um excelente título no seu catálogo e que até há bem pouco tempo apenas estava disponível para as “elites” do coleccionismo, pois é um jogo exclusivo japonês (e coreano também, na verdade) mas a um preço demasiado alto. Eis que este ano a retro-bit relançou-o pelo que acabou por ficar disponível a um preço bem mais em conta, pelo menos para quem o conseguiu encomendar, o que foi o meu caso, tendo o meu exemplar me chegado às mãos algures em Julho deste ano.

Jogo com sleeve exterior, caixa e manual. Excelente qualidade como é habitual na retro-bit.

E este jogo é um shmup horizontal desenvolvido pela Aprinet, um pequeno estúdio nipónico bastante obscuro e há muito tempo fora destas lides. Na verdade até já cá tinha trazido um jogo do seu cardápio, o Nakajima Satoru Super F-1 Hero, que na verdade nada tem a ver com o género deste jogo. Os controlos aqui são simples, com o botão B a servir para disparar (podemos activar também um modo rapid-fire) e os botões A e C a servirem para circular as diferentes armas que temos equipadas. Faz lembrar as mecânicas do Hellfire, de certa forma. A nossa nave está então equipada com diversas armas logo de início, uma que foca o poder de fogo frontal, outra que dispara projécteis à nossa retaguarda (e suas diagonais) e uma outra que dispara mísseis nas 4 diagonais, sendo que esses mísseis seguem as superfícies assim que entram em contacto com as mesmas. Com inimigos e obstáculos a surgirem de todas as direcções, é então esperado que rodemos estas diferentes armas regularmente, o que é mais fácil dito que feito, naturalmente.

Eliminate Down é um shmup horizontal bem desafiante, mas igualmente repleto de acção

De resto, independentemente de qual a arma que temos equipada no momento, a nossa nave dispara sempre uns pequenos projécteis para a frente também. E como não poderia deixar de ser temos também toda uma série de power ups a ter em conta. Os do tipo P aumentam o poder de fogo das nossas armas “especiais”, enquanto os do tipo E melhoram a arma que está constantemente equipada. Por fim temos também itens do tipo B, bem mais raros e que são na verdade escudos capazes de absorver algum dano. E como seria de esperar, o jogo vai-se tornando bastante desafiante, com inúmeros inimigos a surgirem no ecrã vindos de várias direcções, com ataques rápidos e agressivos, assim como outros ocasionais obstáculos que teremos de ultrapassar. Felizmente ao perder uma vida recomeçamos imediatamente no mesmo sítio, com a penalização de perder algum do poder de fogo amealhado. Já se precisarmos de gastar um continue, então somos convidados a jogar o mesmo nível de novo.

Se há coisa que não falta aqui são bosses e mid bosses

A nível audiovisual este é um jogo excelente e foi então uma boa surpresa. Apesar de os níveis não apresentarem cenários originais (espaço, cavernas, estações espaciais gigantes ou aqueles níveis mais orgânicos à lá R-Type), estão repletos de momentos bonitos, como aquele em que voamos à superfície de um planeta, logo na recta final do primeiro nível. Os inimigos vão sendo também bastante variados e os bosses são particularmente grandes e bem detalhados! Nada de especial a apontar aos efeitos sonoros que cumprem o seu papel, já a banda sonora também foi bastante do meu agrado. Estão a ver a banda sonora pesada do Thunder Force IV? É no mesmo espírito, embora tenha ocasionalmente alguns momentos mais calmos e nada descabidos.

O jogo está repleto de bonitos momentos visuais, pena que não vamos poder prestar muita atenção!

Portanto este Eliminate Down acabou por se revelar uma óptima surpresa e agora é insistir com a retro-bit para que consiga fazer o mesmo com outros títulos raros ou em grande demanda da Mega Drive como é o caso do MUSHA, já que a M2 conseguiu ficar com os direitos da série Aleste.

El Viento (Sega Mega Drive)

Adoro o que a retro-bit tem vindo a fazer ultimamente com jogos de Mega Drive. De alguma forma eles conseguiram obter os direitos de certos jogos que a norte-americana Renovation lançou nos Estados Unidos, sendo que a esmagadora maioria desses títulos lá lançados por eles são jogos que nunca chegaram cá à Europa e, pelo menos até agora, têm escolhido bem o que relançar. Foi assim com os Valis, Gaiares e mais recentemente este El Viento. Desenvolvido pela Wolfteam, este El Viento é o primeiro de uma trilogia de jogos que também se incluem o Earnest Evans e Anetto Futatabi, este último exclusivo de Mega CD em solo japonês. O meu exemplar foi comprado na loja Xtralife, tendo-me chegado às mãos algures no passado mês de Janeiro.

Jogo com sleeve exterior de cartão, manual a cores e certificado. Relançamento da retro-bit.

A história coloca-nos no papel de Annet Myer, uma feiticeira que está no encalço de um misterioso culto que procura reviver uma divindade qualquer diabólica, Hastur. Aparentemente sim, é o mesmo Hastur do universo de Cthullu de H.P. Lovecraft. Annet e Restiana são descendentes de Hastur, mas Restianna é uma das vilãs, enquanto que Annet está do lado da raça humana e o jogo vai-nos providenciar toda uma série de cutscenes que ilustram o progresso da história, que decorre algures nos anos 20 (1920) nos Estados Unidos, onde iremos percorrer toda uma série de locais conhecidos.

O culto está a ser ajudado por uma organização mafiosa. Na versão original nipónica, este Vincente é nada mais nada menos que o Al Capone

No que diz respeito à jogabilidade, este é um jogo de acção 2D sidescroller com alguns elementos de plataformas também. O direccional serve para Annet se mover enquanto que o botão B salta (pressionando baixo e B fazemos um slide que também nos permite atravessar precipícios pequenos). O botão A serve para despoletar o nosso ataque principal, que são uma série de bumerangues atirados por Annet. Felizmente podemos atirar bastantes destes bumerangues em simultâneo e por vezes poderemos até encontrar alguns power ups que lhes dão algum movimento teleguiado para inimigos perto da sua trajectória. O botão C serve então para despoletar ataques mágicos, cujos vão consumindo uma barra de magia sempre que são executados e que se vai regenerando rapidamente quando não os utilizamos. O primeiro ataque mágico que desbloqueamos são bolas de fogo, seguindo-se uma serpente de água que atravessa o ecrã à superfície de onde a lançamos, passando por uma onda de ar capaz de causar dano com uma amplitude vertical considerável, ou bolas de fogo que explodem quando entram em contacto com algum inimigo. Por fim, o último ataque mágico que desbloqueamos são projécteis teleguiados que vão sendo disparados automaticamente ao longo de vários segundos. Para usar todos estes feitiços teremos no entanto de manter o botão C pressionado o suficiente para a selecção ir “rodando”. No entanto essa selecção não volta ao início enquanto não largarmos o botão (e assim despoletar o ataque seleccionado no momento), o que às vezes irrita um pouco.

Alguns bosses possuem um design bastante interessante, como é o caso desta criatura gelatinosa. Os seus pontos vulneráveis estão, naturalmente, dentro da gelatina.

Este não é apenas um jogo puramente de acção, pois à medida em que vamos atravessando os seus variados níveis vamos também encontrar vários desafios de platforming algo exigentes ou até algumas alturas onde teremos de utilizar alguns destes poderes para conseguir avançar no jogo e abrir caminho. No final de cada nível temos também um boss para enfrentar e estes tipicamente até que têm uma barra de vida consideravelmente larga. O último nível é um salto de dificuldade bastante grande, pois iremos constantemente ser atacados por pequenos morcegos que surgem constantemente em grande número e são bastante agressivos.

Não sei o que é que andar nas costas de um golfinho tem a ver com evitar a invocação de uma divindade demoníaca, mas a Wolfteam saberá certamente.

A nível audiovisual sinceramente acho o jogo um bocado fraco. É verdade que há uma grande variedade de níveis pois tanto atravessamos cidades norte-americanas dos anos 20, como passamos pelo famoso monte Rushmore, outros níveis passados em montanhas, cavernas ou desfiladeiros (como o Grand Canyon), culminando no Empire State Building que aparentemente estava ainda em construção. Um dos níveis é passado em Detroit, outrora o motor da construção automóvel Norte-Americana, pelo que o nível é passado… numa fábrica de carros! Mas tirando algum efeito gráfico interessante que vai surgindo aqui e ali, considero os gráficos deste jogo no geral como algo fracos. Há qualquer coisa no design dos níveis que não me agrada, mas isto é algo bastante comum nos jogos da Wolfteam nas consolas da Sega. Por outro lado alguns dos bosses estão muito interessantes. Entre cada nível teremos também toda uma série de cut-scenes (na verdade uma colecção de imagens algo estáticas) todas no estilo anime e que vão contando a história. A imagem que nos apresentam no final do último boss é um pouco desconcertante, no bom sentido, pelo menos para mim! De resto a banda sonora acho que até é bastante agradável, já os efeitos sonoros nem por isso.

Portanto este El Viento até que se revelou uma surpresa interessante. Não é um jogo muito bom, longe disso, mas é suficientemente original e interessante para me ter despertado o interesse. Fico ainda mais curioso para voltar jogar no o Earnest Evans, que já havia jogado em emulação há cerca de 25 anos atrás e ficou-me na memória como uma experiência bastante desagradável. Pode ser que a retro-bit o relance em breve!

Gleylancer (Sega Mega Drive)

Vamos voltar à Mega Drive para ficarmos agora com mais um relançamento da Retro-bit que ultimamente tem acertado em cheio em trazer de volta ao mercado, de forma “oficial” vários jogos de Mega Drive que são no mínimo incomuns. Este Gleylancer, cujo nome completo é nada mais nada menos que Advanced Busterhawk Gley Lancer é um shmup da Masaya lançado originalmente para a Mega Drive em 1992 exclusivamente no Japão. Curiosamente o jogo havia sido relançado (também no mercado Japonês) em 2019 por uma distribuidora de nome Columbus Circle, que o voltou a relançar em 2022 numa nova edição especial. No mesmo ano a retro-bit anuncia um lançamento ocidental, cujo meu exemplar foi encomendado algures no final de 2022, mas apenas me chegou às mãos à poucos meses atrás. Antes disso (em 2021) o jogo já havia sido relançado devidamente localizado de forma digital para as plataformas actuais do mercado.

Jogo com caixa, sleeve exterior de cartão, manual integralmente a cores e certificado de autencidade.

A primeira coisa que salta à atenção neste jogo é mesmo a sua longa cut-scene de introdução (tal como acontece no Gaiares, por exemplo). Esta conta a história entre uma violenta guerra espacial entre duas civilizações e nós encarnamos na jovem Lucia Cabrock, que decide “pedir emprestado” um protótipo de uma nova poderosa nave espacial e que seria a última esperança para a raça humana para ir salvar o seu pai cuja nave havia sido “raptada” pelo inimigo em pleno combate.

O jogo oferece-nos múltiplas opções de controlo e curiosamente isto já estava completamente em inglês no lançamento original

No que diz respeito aos controlos, o botão A serve para mudar a velocidade da nave enquanto o B dispara, já o C poderá ter múltiplos usos, como irei mencionar em seguida. Isto porque uma vez terminada a longa cut-scene de introdução, é tempo de começar a jogar e a primeira escolha a fazer é decidir como queremos que os dois satélites que eventualmente nos acompanham (aqui apelidados de gunners) se comportam. O modo normal faz com que os satélites disparem na mesma direcção de movimento da nave, enquanto no modo reverse disparam na direcção contrária. Tanto num como no outro, o botão C serve para “trancar” a direcção de disparo numa direcção específica. O modo search faz com que os satélites disparem para o inimigo mais próximo, com o botão C a obrigar a mudar de alvo. Os modos multi e multi reverse são algo semelhantes na medida em que permitem os satélites moverem-se em conjunto com a direcção de disparo ou o seu oposto. O modo shadow faz com que os satélites sigam o movimento da nave, no entanto apenas disparam em frente e podemos usar o botão C para trancar a sua posição. Por fim temos o roll, onde os satélites orbitam à volta da nossa nave e o botão C faz com que estes disparem para a frente, ou em direções opostas entre si.

Visualmente o jogo tem os seus momentos mas é por vezes algo inconsistente no detalhe

De resto à medida que vamos jogando iremos poder apanhar toda uma série de power ups, que alternam o tipo de arma que temos equipada no momento. Desde os típicos lasers que perfuram inimigos e causam dano em vários em simultâneo, o spread shot que faz com que cada satélite dispare 5 projécteis em leque, projécteis de energia com explosões secundárias, outros que fazem ricochete em superfícies, entre outros. Vidas extra são também alguns dos itens que poderemos apanhar. O jogo está então dividido em 11 níveis com vários bosses e/ou mid bosses, inimigos cada vez mais numerosos, agressivos ou com padrões de ataque rápidos e vários obstáculos nos cenários que teremos de evadir ou destruir. Tudo o que um bom shmup pede!

A cut-scene inicial dura vários minutos e mantém este estilo anime. Totalmente traduzida para inglês neste relançamento!

A nível audiovisual é um jogo interessante. Por um lado adoro o facto de existirem várias cut-scenes num estilo anime (embora a de introdução seja de longe a mais longa e trabalhada), que ajuda bastante a tornar mais cativante uma história que de outra seria algo desinteressante ou passaria completamente ao lado, pois isto é um shmup. Os níveis em si vão sendo algo variados, levando-nos a combates em pleno espaço ou à superfície de diferentes planetas, os seus sistemas de cavernas ou no interior de gigantes bases inimigas. Existem uns quantos efeitos bonitos de parallax scrolling e alguns bonitos momentos da destruição à nossa volta, mas infelizmente o design dos níveis e inimigos é algo inconsistente, pois há inimigos que sinceramente não gostei do seu design, assim como certos segmentos de níveis bastante pobres graficamente quando comparado com outros. A banda sonora no entanto é muito boa, com melodias rock que bem acompanham a acção do jogo. Ocasionalmente temos também algumas vozes digitalizadas, mas essas infelizmente soam demasiado “arranhadas”.

Não são só os inúmeros inimigos que temos de nos preocupar. Obstáculos também!

Portanto este Gleylancer é um excelente shmup. O seu lançamento original japonês sempre foi muito cobiçado e por isso este sempre foi um jogo caro. Os relançamentos oficiais, tanto da nipónica Columbus Circle como da norte-americana Retro-bit ajudaram bastante na carteira para conseguir este jogo para a colecção. Se não ligam a isso, podem sempre jogar a ROM, já que também existe um patch de tradução feito por fãs para as cut-scenes (os menus e afins sempre estiveram todos em inglês). A outra alternativa passa por comprar o relançamento digital nas consolas actuais, pois essa versão traz também algumas melhorias de qualidade de vida interessantes como save states, rewind, a possibilidade de alternar o método de disparo a qualquer momento ou mesmo controlar os satélites com o segundo analógico como um twin stick shooter.

Valis III (Sega Mega Drive)

Vamos agora voltar à série Valis para o seu terceiro jogo, que no caso da Mega Drive acaba por ser o primeiro título a sair nessa plataforma, pois tanto o Valis como o Syd of Valis acabam por ser remakes dos primeiros jogos que saem mais tarde nesta plataforma (o Syd of Valis é ainda bastante diferente do Valis II original). Portanto, sinceramente esperava que este jogo estivesse uns furos abaixo do Valis (algo semelhante acontece na PC Engine mas isso fica para depois), mas na verdade acabo por o achar superior! De resto, tal como os outros jogos desta série na Mega Drive, este nunca acabou por sair oficialmente em solo europeu, pelo que aproveitei para comprar algures em Junho deste ano a edição de coleccionador que traz os três jogos, relançados recentemente pela retro-bit.

A colecção como um todo

A história coloca-nos uma vez mais no papel de Yuko, uma jovem adolescente que terá uma vez mais de travar as forças do mal recorrendo aos poderes que a sua espada Valis lhe confere. Desta vez no entanto iremos ter a companhia de mais algumas personagens (Cham e Valna) que poderemos inclusivamente alternar o controlo entre as mesmas durante o jogo. De qualquer das formas, mesmo sendo o terceiro jogo da série (e o primeiro na Mega Drive), a cutscene inicial resume o que aconteceu nos primeiros dois jogos, pelo que os norte-americanos que jogaram isto em 1991 não perderam muito.

Valis III com sleeve de cartão, caixa, manual a cores bilingue e papelada

O remake do primeiro Valis na Mega Drive usa os mesmos controlos deste Valis III, pelo que nesse departamento não há muito a acrescentar: o botão C serve para saltar, sendo que se pressionado em conjunto com o direccional para cima nos permite saltar mais alto (o que nunca achei muita piada, confesso) e para baixo permite-nos descer de plataformas. O botão B ataca e se pressionarmos o direccional para cima em simultâneo poderemos activar várias magias elementais, cuja barra de MP poderá ser regenerada ao coleccionar cristais azuis, e as próprias magias que equipamos são também power ups que coleccionamos. O botão A serve para irmos alternando entre as personagens disponíveis ou se pressionado em conjunto com o direccional para baixo faz com que Yuko (ou as restantes) faça um slide e assim conseguir-se esgueirar entre passagens estreitas ou desviar do fogo inimigo.

Os diálogos que vamos assistindo mesmo durante a acção dão outro charme ao jogo!

No entanto, apesar da espada de Yuko disparar projécteis, ao contrário dos Valis anteriores não podemos evoluir/trocar o tipo de projécteis lançados. Abaixo das barras de vida e magia vemos uma outra barra de energia na forma de uma espada que se vai enchendo com o tempo e esvaziando sempre que atacamos. Tal como em jogos como o The Legendary Axe, os nossos ataques dão mais dano quando essa barra de energia está no máximo e menos quando a mesma estiver ainda a ser preenchida. Existem no entanto alguns power ups que podemos apanhar e podem expandir essa barra de energia (com os ataques causando mais dano quando a energia estiver no máximo) e outros que façam com que essa barra se encha mais rápido. Mas existem sim algumas variedades nos ataques que poderemos desencadear, bastanto para isso trocar de personagens. Cham ataca com um chicote à lá Simon Belmont e Valna usa uma arma mágica que dispara projécteis em várias direcções. Todos eles partilham a mesma barra de vida e magia no entanto e sempre que alguém morre lá se vão todos os power ups amealhados. Num jogo sem continues como é o caso, obriga-nos a jogar então de forma mais cautelosa. De resto só mesmo mencionar que nem sempre podemos alternar entre personagens escolhidas. No canto superior direito vemos uma série de caras, que correspondem às personagens que podemos controlar. A cara que está voltada para nós é a personagem que controlamos no momento, enquanto as caras de perfil significam que podermos alternar para essas personagens. Existem no entanto níveis ou outras alturas onde teremos de jogar com alguma personagem específica, com os retratos das personagens restantes a ficarem de costas para nós.

A nível de controlos o jogo é muito similar ao remake do primeiro Valis da Mega Drive, com a novidade de podermos controlar outros protagonistas e um diferente sistema de power ups

A nível audiovisual confesso então que fiquei impressionado por este jogo, que sai us valentes meses antes do remake do primeiro Valis, possuir gráficos melhores! Os cenários são mais interessantes e variados a meu ver, mas para além disso também me pareceram mais bem detalhados que os do remake do primeiro Valis. As sprites, particularmente as dos inimigos e bosses, são também mais bem detalhadas que as do remake do primeiro jogo! As cut-scenes anime que vão ocorrendo ocasionalmente estão muito boas para um cartucho de Mega Drive com 1MB de ROM. Para além de estarem tão bem detalhadas quanto as do remake, ainda vão tendo algumas pequenas animações aqui e ali que lhes dão um aspecto ainda melhor! Para além disso, mesmo durante o jogo ocasionalmente vamos tendo alguns diálogos com NPCs que também ajudam bastante à boa apresentação do jogo. A banda sonora é no entanto bastante agradável, tirando bom partido das capacidades do chip de som da Mega Drive para produzir melodias chiptune agradáveis e que ficam bem no ouvido.No entanto, o lançamento original deste Valis III foi para a PC Engine CD, que por sua vez trazia cut-scenes bem mais animadas e em maior número, voice acting, uma banda sonora em CD audio e vários níveis que foram cortados nesta versão. A Mega Drive possui no entanto alguns efeitos de parallax scrolling em vários níveis bem como um nível extra não presente na versão original.

As cutscenes anime continuam bastante boas e sempre foi o que me chamou à atenção desta série, quando a descobri através da emulação há mais de 20 anos atrás.

Portanto devo dizer que fiquei bastante surpreendido pela positiva com este Valis III na Mega Drive porque mesmo tendo saído antes do remake do primeiro Valis, parece-me ter mais qualidade no geral, o que me leva a assumir que o remake foi feito um pouco à pressa. Ainda assim o lançamento original é o da PC Engine em formato CD, que inclui bem mais níveis, cutscenes e voice acting que foram cortados nesta transição para cartucho. Mas isso será tema para um outro artigo futuro!

Data East Classic Collection (Super Nintendo)

Tempo de voltar a trazer um lançamento after market aqui ao blogue. Lançado pela retro-bit, esta Data East Classic Collection é uma compilação de 5 jogos que foram originalmente produzidos pela Data East e lançados para a Super Nintendo/Super Famicom durante os anos 90. Apesar de não ser, a meu ver, a melhor selecção de títulos da Data East disponíveis para esta consola, o seu ponto forte é a inclusão de muitos jogos que nunca chegaram a sair em solo europeu, e uns quantos que é a primeira vez que saem no ocidente como um todo. O meu exemplar veio de uma loja francesa algures no passado mês de Dezembro, tendo-me custado quase 30€. Este artigo será então um conjunto de rapidinhas dos 5 jogos aqui incluídos.

Jogo com caixa, manual e autocolantes

O primeiro é o Fighter’s History, um jogo de luta muito influenciado por Street Fighter II. Na verdade é quase um clone: o jogo utiliza os mesmos controlos de 3 botões de socos e outros 3 de pontapés, golpes especiais despoletados da mesma forma e até elementos visuais como o fundo azul com os retratos de cada lutador entre cada combate são muito idênticos ao de Street Fighter II. Tanto que a Capcom até processou a Data East por violar os seus direitos de autor, embora a Data East tenha conseguido vencer o processo.

Fighter’s History é um clone descarado de Street Fighter II em muitos aspectos. Até na qualidade!

E este acaba por ser então um bom clone de Street Fighter II, com 9 personagens jogáveis bem distintas entre si (embora não tenham o mesmo carisma que o elenco da Capcom) mais dois bosses sendo que o último é nada mais nada menos que Karnov, uma personagem já conhecida da Data East de outros videojogos. A jogabilidade é boa e graficamente também foi um jogo que me impressionou pela positiva, por ter alguns cenários bem detalhados, coloridos e com bonitos efeitos de parallax scrolling. Foi uma boa surpresa e a Data East não se ficou por aqui, lançando nos anos seguintes mais duas sequelas, incluindo a que irei mencionar já de seguida.

Este segundo Fighter’s History continua com uma boa jogabilidade e boa apresentação audiovisual no geral

A primeira sequela foi o Karnov’s Revenge, lançada desta vez para a Neo Geo e com uma jogabilidade ligeiramente modificada, passando do esquema de 6 botões tradicional do Street Fighter para 4 botões. No ano seguinte sai em exclusivo para a Super Famicom no Japão o Fighter’s History: Mizoguchi Kiki Ippatsu que está também aqui incluído. Usa o mesmo esquema de 4 botões de ataque (dois para socos e outros dois para pontapés) e continua a ser um jogo de luta bem competente, com vários novos modos de jogo. O principal é o Mizoguchi, um modo história onde somos obrigados a jogar com a personagem de mesmo nome. Este está repleto de cutscenes em japonês entre cada combate, pelo que não se entende muito bem o que se está para ali a dizer. Temos também um modo de jogo similar ao tradicional arcade e versus para 2 jogadores. Para além disso, dentro do menu “extra” temos dois modos de jogo adicionais: um tag que nos permite entrar em combates do género tag team com até 4 jogadores em simultâneo e um survival que é na verdade uma espécie de team battle onde são formadas equipas e os combates terminam quando uma das equipas tiver sido completamente derrotada, como nos King of Fighters clássicos.

No menu extra vemos alguns modos de jogo adicionais que a Data East decidiu incluir

Este segundo Fighter’s History aqui introduzido é também um jogo com uma boa jogabilidade e uma boa apresentação audiovisual. Temos uns quantos novos personagens e pessoalmente até prefiro as sprites novas que as anteriores. Apesar de ligeiramente mais pequenas, têm melhores animações e detalhe no geral. As arenas já têm um resultado algo misto. Algumas ficaram muito boas, cheias de detalhe, animações e bonitos efeitos de parallax scrolling tal como no primeiro jogo, já outras são bem mais simples. Nada de especial a apontar à música que é agradável, assim como os efeitos sonoros e vozes digitalizadas. Pena no entanto que este jogo não tenha sido traduzido, pois gostava de ter entendido melhor o que estava para ali a acontecer no modo história.

A versão SNES do Magical Drop nunca saiu do Japão, no entanto neste cartucho foi completamente traduzida!

Mencionei a questão da tradução porque os próximos dois jogos tiveram esse mimo. O primeiro é o Magical Drop, um jogo de puzzle também com as suas origens nas arcades. Recebeu conversões para vários sistemas ao longo dos anos, mas apenas a versão Gameboy Color teve um lançamento físico no ocidente. A versão SNES foi no entanto traduzida nada mais nada menos pelo pessoal da Aeon Genesis, agora também com um projecto profissional chamado de Time Capsule Games, pelo que a poderemos jogar em inglês neste cartucho. É um puzzle game, não há muito para traduzir, mas não deixa de ter sido uma óptima ideia e só tenho pena que não tenham traduzido também o Fighter’s History acima mencionado.

Magical Drop é um jogo colorido e bem viciante!

Em relação ao jogo em si, pensem numa espécie de Puzzle Bobble/Bust-A-Move, com uma série de balões coloridos a surgirem no tecto e em baixo controlamos uma personagem que pode puxar e atirar esses balões numa linha vertical. A ideia será então reorganizar os balões de forma a que se forme uma linha vertical de pelo menos 3 da mesma cor. Quando isso acontece, esses 3 balões explorem, assim como todos os da mesma cor que lhes forem adjacentes. É um jogo que mesmo sozinhos se joga num esquema de versus contra outra personagem pelo que quanto melhor for a nossa performance e mais combos conseguirmos executar, mais “lixo” mandamos para o ecrã do nosso oponente e o contrário também pode acontecer. Se um balão ou mais atravessar a linha inferior, essa personagem perde o jogo. Em suma é um puzzle game simples e divertido, com vários modos de jogo como o modo história para cada personagem, um versus para 2 jogadores, um modo endless e um modo puzzle onde com um número prédeterminado de movimentos teremos de limpar o ecrã de todos os balões. As músicas não são nada de especial, mas o jogo é muito colorido e bem detalhado.

O segundo Magical Drop inclui bem mais personagens jogáveis, novos modos de jogo e uns audiovisuais bem melhores que os do seu antecessor

Segue-se então o Magical Drop 2 que é uma sequela do jogo anterior e usa as mesmas mecânicas de jogo, tendo no entanto novas personagens jogáveis. No que diz respeito aos modos de jogo temos na mesma o modo história, o endless, puzzle e battle mode. O puzzle é diferente na medida em que já não temos um número limitado de movimentos para limpar o ecrã, mas sim somos encorajados a fazê-lo no mínimo tempo possível. Já o battle mode possui diversos sub-modos de jogo como o versus tradicional, ou um modo time attack, por exemplo. Visualmente é um jogo ainda mais colorido, bem detalhado e animado e a banda sonora é também amplamente superior à do primeiro. Diria sem dúvidas que é a versão a jogar!

Quando o jogo nos sugere um certo buraco ou bola devemos tentar seguir essa sugestão para amealhar mais pontos

Por fim temos o Side Pocket, um jogo de bilhar e o único desta compilação que tinha chegado a sair na Europa. Apesar de o original arcade ter sido desenvolvido pela Data East, a versão que aqui temos foi uma espécie de remake trabalhado pela Iguana. Dispomos de vários modos de jogo, como o Pocket Game que pode ser jogado sozinho ou contra um amigo, bem como o 9-Ball que poderá também ser jogado com um amigo. O Pocket Game é o principal modo de jogo, onde teremos de percorrer várias cidades norte-americanas e vencer uma série de desafios. O objectivo em cada partida é o de encaixar todas as bolas nos buracos do bilhar, tendo em conta que cada vez teremos um objectivo maior de pontos para avançar para o nível seguinte. Ganhamos pontos adicionais se conseguirmos encaixar bolas na sua sequência numérica, se as conseguirmos encaixar seguidas sem falhar jogadas ou se conseguirmos meter alguma bola no buraco que o jogo eventualmente indica. Depois dessa partida ainda poderemos vir a ter alguns desafios adicionais antes de avançar para a cidade seguinte, como encaixar algumas bolas sem partir copos de vidro que estejam espalhados pela mesa.

Os desafios são bastante exigentes e obrigam-nos a usar soluções criativas

A jogabilidade é simples, permitindo-nos escolher a direcção da tacada, a sua potência bem como em qual zona da bola queremos atingir, podendo inclusivamente lançá-la com alguns efeitos, que serão necessários para algumas das jogadas mais complexas. É um jogo que irá exigir uma práctica considerável pois alguns desafios não são fáceis e os limites impostos pelo modo de jogo normal serão cada vez mais elevados. Para quem gosta desse desafio temos ainda o modo de jogo Trick Shot que consiste nisso mesmo: um conjunto de desafios cada vez mais difíceis e que os teremos de completar com uma única tacada. De resto este é um jogo visualmente agradável, apesar de simples e com uma banda sonora muito relaxante à base de melodias jazz e que resultam lindamente no chip de som da Super Nintendo.

Portanto estamos aqui perante uma interessante compilação de vários títulos da Data East. Pessoalmente gostaria de ver os Metal Max ou Joe and Mac (se bem que estes últimos já receberam uma compilação similar da retro-bit), mas temos aqui uns quantos bons jogos. Os Fighter’s History, apesar de não trazerem nada de muito novo são bons jogos de luta, assim como os Magical Drop que são óptimos puzzle games e têm ainda o bónus das suas versões aqui incluídas terem sido integralmente traduzidas para inglês. O Side Pocket é também um jogo interessante, sendo o único que já tinha sido lançado originalmente em solo europeu.