Shadow of the Beast (Sega Mega Drive)

Vamos a mais uma rapidinha, agora para a Mega Drive. Sim, eu sei que quando escrevi sobre o Shadow of the Beast para o ZX Spectrum prometi que um dia que comprasse a versão Mega Drive escreveria um artigo mais detalhado, mas a verdade é que já falei de grande parte do jogo, pois aqui a fórmula é a mesma, embora a nível audiovisual seja muito superior. O meu exemplar foi comprado em conjunto com a sua sequela também para a Mega Drive, a um vendedor no eBay, algures no mês passado. Ficaram-me ambos os jogos por 20€ + portes.

Jogo com caixa e manual

A história desta aventura é uma de vingança. O protagonista, agora monstro, era um bébé humano quando foi raptado por uns feiticeiros do mal que o transformaram numa criatura monstruosa, de forma a servir a Besta, uma criatura infernal que governava aquele mundo hostil. A certa altura as memórias humanas voltam e passamos o resto do jogo em busca da Besta, para a derrotar e assim vingar o nosso triste destino.

O jogo apresenta-nos um mundo fantasioso bastante sombrio e hostil

Quando o jogo saiu originalmente para o Commodore Amiga, era um portento técnico, com gráficos belíssimos, muitos efeitos de parallax scrolling, e uma banda sonora fantástica. No entanto, e para contrastar, era um jogo incrivelmente difícil, com inimigos a surgirem de todos os lados, e as mecânicas de detecção de colisão obrigavam-nos a ter um timing mesmo pixel perfect, caso contrário sofríamos dano e muito rapidamente lá se esgotavam as nossas vidas. A versão Mega Drive não me parece ser tão complicada quanto a original, até porque os inimigos existem em menor quantidade. Mas não deixa de ser um grande desafio, até porque continuam a haver muitos obstáculos e vários inimigos que atacam em conjunto, sendo practicamente impossível por vezes não oferecer dano. Este é também um jogo onde se preza bastante a exploração, de forma a encontrar itens que nos desbloqueem zonas seguintes. Pelo meio lá vamos encontrando alguns power ups que nos vão restabelecendo saúde. Lá na segunda metade do jogo podemos ainda ganhar um poder de ter um ataque de longo alcance, que nos substitui os socos que exigem mesmo um timing muito apertado para ter sucesso.

Curiosamente a versão japonesa possui alguns toques extra de gore

Graficamente este é um jogo fantástico, na minha opinião. A versão Amiga é claramente superior, mas a Mega Drive recebe também uma versão com muita qualidade. Do que mais gosto neste jogo são mesmo os cenários sombrios e repletos de criaturas estranhas. Só a artwork da capa é algo do outro mundo mesmo! Felizmente as músicas também ficaram muito boas na Mega Drive.

Portanto, apesar de ser um jogo difícil, este Shadow of the Beast na minha opinião não deixa de ser um clássico que deve ser conhecido. E se a dificuldade for mesmo um factor decisivo… bom lá decidiram incluir um cheat code que nos dá invencibilidade, pelo que não há desculpa para não o jogarem. Nem que seja para verem os diferentes níveis e apreciar os seus audiovisuais.

Infestation (PC)

Continuando pelas rapidinhas, hoje trago-vos cá mais um jogo muito interessante, desenvolvido no início da década de 90, um jogo na primeira pessoa, todo ele em 3D poligonal, cheio de ideias muito interessantes, mas a execução a deixar ainda muito a desejar. Não deixa no entanto de ser um pioneiro, tal como o Corporation da Core Design, que já foi cá trazido antes. O meu exemplar veio de um negócio que fiz na feira da Vandoma no Porto já há uns bons meses atrás. É um jogo que foi distribuído pela Portidata algures na década de 90, através da colecção budget TNT. O meu veio selado, custando-me cerca de 3.33€, pois foram 3 jogos por 10€.

Jogo em disquete com papel de instruções e caixa versão TNT

A história leva-nos para um futuro onde a raça humana é bem tecnologicamente avançada, tornando as viagens e colonização espacial uma realidade. Viajamos para a lua de Xelos, onde reside uma colónia de investigação científica, chamada Alpha II, onde a certa altura os colonos reportam uma infestação de criaturas insectóides exrtaterrestres e depois as comunicações cessaram. Nós somos um mercenário chamado Kal Solar, com a missão de explorar a colónia e exterminar a ameaça extraterrestre. Para isso, deveremos envenenar todos os ovos das criaturas com cápsulas de cianeto. Mas essa está longe de ser a única das nossas preocupações.

Estes são os ovinhos que temos de envenenar com cianeto

O jogo está cheio de grandes ideias, mas infelizmente a sua execução não é a melhor, até porque ainda havia muito a explorar neste campo. Mal aterramos em Xelos, temos de procurar a colónia subterrânea, e quando lá entramos, nunca sabemos muito bem o que fazer. Temos um fato espacial que nos consome oxigénio, mas também nos protege de zonas radioactivas, pelo que temos de ter isso em atenção e gerir recursos. A nossa arma também precisa de baterias para ser recarregada, que iremos encontrar ao longo da base. Temos um sistema labiríntico de corredores e ventilações onde tudo nos pode acontecer: Morrer asfixiados, com fome, com radiação, envenenados pelo próprio cianeto com que usamos para matar os ovos, atacados pelos robots que se ficaram na base ou extraterrestres, atropelados pelas portas a fecharem, entre muitas outras causas.

Não vale a pena perdermos muito tempo na superfície a matar insectos e a passear, até porque o oxigénio é precioso. Entrar na base é algo que deve ser feito com urgência

Temos terminais que podemos aceder e ver informações como mapas da nave, ou resolver pequenos puzzles que nos dão acesso a outras áreas. Nos primeiros terminais que temos a oportunidade de explorar ficamos a saber da triste notícia que o reactor da base está em sobreaquecimento devido ao sistema de refrigeração estar desligado. Então para além da nossa missão principal, dos poucos recursos disponíveis e de todos os perigos possíveis, temos ainda esse tempo limite para descobrir onde está o reactor, os controlos do sistema de refrigeração e evitar que tenhamos um game over mais cedo que o habitual.

O game over é a coisa mais normal no mundo se não soubermos os controlos e as mecânicas de jogo

Graficamente é também um jogo primitivo. Apesar de o mesmo ser inteiramente jogado em 3D poligonal, os gráficos são bastante simplistas, sem texturas e com modelos poligonais bastante simples. A versão Amiga leva ainda a melhor no segmento de audio, com melhores efeitos sonoros, que muito contribuem para a atmosfera hostil que nos é aqui apresentada. Isto porque esta versão DOS apenas usa o PC-Speaker para pequenos efeitos de som.

Portanto, no fim de contas, este Infestation é daqueles jogos que infelizmente pouco resistiram ao teste do tempo. Não deixa no entanto de ser um pioneiro, ao apresentar atenção a vários detalhes. Ainda está longe de ser um System Shock, mas sem dúvida que terá sido uma boa influência aos que lhe seguiram.

Blood Money (PC)

Bom, continuando pelas rapidinhas no PC, aproveito para trazer cá mais um daqueles jogos que comprei na feira da Vandoma há uns bons meses atrás, uns jogos para DOS ainda em disquete, em pequenas caixas de papelão, as chamadas edições TNT, que foram comercializadas em Portugal pela Portidata algures nos anos 90. E o título de hoje é um dos primeiros lançamentos da Psygnosis, um shmup não lá muito interessante, lançado originalmente nos computadores Commodore Amiga e adaptado para DOS.

Jogo em disquete, com caixa e papelada

Bom, na verdade o jogo não foi desenvolvido pela Psygnosis, pois ela apenas publicou, mas sim pela DMA Design, um modesto estúdio britânico que viria a criar, anos mais tarde, a franchise Grand Theft Auto. É também o sucessor de Menace, um outro shmup desenvolvido pela DMA antes deste Blood Money. O porquê do jogo se chamar Blood Money, ou o porquê do alien soldado na capa é um mistério. Aqui temos de explorar 4 mundos diferentes, cada qual com um veículo em específico. O primeiro mundo, mais metálico e industrial, é explorado com um helicóptero que me parece influenciado pelo jogo Mr. Heli. O segundo é o típico nível subaquático onde enfrentamos medusas e outras criaturas marítimas, controlando um submarino. O terceiro mundo, um mundo gelado, é explorado por alguém num fato espacial e o último, o mundo de fogo, num avião a jacto mais tradicional neste tipo de shmups.

Qualquer semelhança com Star Wars é mera coincidência

Ao contrário dos outros shooters da época, cada nível é gigante, onde teremos de defrontar dezenas de inimigos, esquivar de obstáculos e defrontar um boss no final. Por cada inimigo destruído, larga uma moeda que devemos tentar apanhar. Isto porque iremos passar por várias lojas ao longo de cada nível, onde poderemos gastar o dinheiro amealhado em diversos upgrades ou vidas extra. Os upgrades passam por  obter mísseis disparados em diferentes direcções, bombas que são disparadas em arco, ou upgrades das armas que já temos. A boa notícia é que quando mudamos de nível e consequentemente de veículo, herdamos na mesma os upgrades comprados.

Ao destruir os inimigos somos recompensados com dinheiro que pode ser usado para comprar upgrades

Graficamente não acho este jogo nada de especial. A versão Commodore Amiga é bastante superior, tanto a nível gráfico, por apresentar cores mais vivas e um framerate mais sólido, bem como no som. Os efeitos sonoros são em PC-Speaker, ao contrário da música de qualidade midi no Amiga. No entanto, diga-se de passagem que mesmo no Amiga não acho muita piada à única música do jogo. Mas pronto, pelos efeitos sonoros, vozes digitalizadas, melhores gráficos e performance, a versão Amiga acaba por levar de longe a melhor.

Shadow of the Beast (ZX Spectrum)

Shadow of the BeastO artigo de hoje vai ser mais uma rapidinha a um jogo que sempre teve algum misticismo para mim. A primeira vez que joguei o Shadow of the Beast foi a versão Mega Drive e apesar de achar o jogo bem difícil, também havia ali um certo charme que sempre me chamou à atenção, no mundo que o jogo nos levava a visitar. Mas deixarei um artigo mais completo um dia que me venha parar às mãos essa mesma versão de Mega Drive ou, embora não tenha grandes planos de coleccionar Amiga, essa mesma versão original. Esta conversão para o ZX Spectrum é muito mais modesta mas ainda assim consegue capturar esse misticismo que o jogo deixou em mim. É uma bootleg do nosso mercado cinzento e custou-me uma bagatela, tendo sido comprada em bundle na feira da Ladra em Lisboa por 10€.

Shadow of the Beast - ZX Spectrum
Versão bootleg com instruções impressas no verso

A história por detrás deste jogo é estranha. Aliás, esta é daquelas obras em que se quisermos saber alguma coisa do que estamos para ali a fazer teríamos mesmo de ler o manual, mas como sendo uma bootleg esta não o tem, deixarei essa parte para o tal artigo futuro mais completo. Shadow of the Beast é então um side scroller em 2D, onde controlamos um estranho monstro que teremos de explorar um mundo sinistro e repleto de outros monstros hostis. É um jogo que tem também uma componente importante de exploração, onde seremos obrigados a procurar itens que nos desbloqueiem outras zonas a explorar, como cavernas subterrâneas, ou castelos cheios de perigos. Também temos de combater muitos inimigos que vão surgindo de vários pontos do ecrã, tanto da esquerda, como da direita, outros pelo ar e temos também de em certos pontos ter cuidado com espinhos de rocha que saem disparados do chão ou do tecto. Cada toquezinho que levamos faz com que se perca uma vida, mas felizmente, para quem tiver paciência e jogar com cuidado, poderemos encontrar muitas vidas que irão certamente dar uma ajuda. Até porque há um ou outro boss em que é quase impossível não sofrer dano.

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A decisão de apresentar este jogo em várias escalas monocromáticas pareceu-me acertada.

A versão original de Amiga era um portento técnico, apresentando gráficos bastante coloridos e com muitos níveis de paralaxe, o que lhe dava uma sensação incrível de profundidade. Naturalmente a versão Spectrum é muito mais modesta, e apenas reparei na paralaxe nos níveis exteriores, onde o sol se mantém na mesma posição, à medida que o restante background se move connosco. Como devem saber, a reduzida paleta de cores do Spectrum não lhe permite apresentar muitas cores ao mesmo tempo, pelo que a Gremlin decidiu optar por apresentar o jogo de uma forma monocromática, e mediante as zonas em que estamos, tudo é apresentado em escalas monocromáticas azuis, roxo, vermelho ou amarelo. Sinceramente prefiro assim do que misturas muito estranhas de cores que muitas vezes se vê nos jogos de Spectrum. Assim ao menos conseguiram apresentar sprites e backgrounds bem detalhados e sem grande poluição visual com cores a entrar em conflito umas com as outras. A música é agradável se o jogarem num 128K.

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No ecrã título ou noutros de transição entre áreas podemos ver alguma da artwork que sempre adorei neste jogo.

Assim sendo, acho esta versão do Shadow of the Beast bastante competente para o hardware do Spectrum, e fico bem ansioso por um dia encontrar a versão Mega Drive deste jogo… ou mesmo a versão Master System já me deixava um nadinha contente!

Wipeout Pulse (Sony Playstation Portable)

Wipeout PulseVamos agora voltar à PSP e à série Wipeout, para aquele que provavelmente será o último artigo que escrevo sobre a mesma nos próximos tempos, visto que até ao momento não tenho mais nenhum. Após um bom Wipeout Pure mas que ainda sabia a pouco, eis que a Psygnosis, ou se lhe quiserem chamar por SCE Studio Liverpool, voltaram à carga na PSP com este Wipeout Pulse e que rico jogo lançaram! A minha cópia já foi comprada há algum tempo numa GAME e se não estou em erro custou-me cerca de 5€.

Wipeout Pulse - Sony Playstation Portable
Jogo completo com caixa e manual

Os modos de jogo são semelhantes aos do costume, excepto o modo “campanha”, mas a esse já lá vamos. Temos também o Single Race cujo nome já diz tudo, modos em  que corremos contra-relógio como o Time Trial ou Speed Lap, este último menos restritivo e ideal para treinar algum circuito. Temos também o Tournament, onde podemos customizar um “mini” campeonato composto por vários circuitos e o objectivo é chegar ao final do mesmo com o maior número de pontos possível. O Zone Mode introduzido no Wipeout Fusion marca também o seu regresso onde somos largados num circuito sem quaisquer inimigos, com os boosters no máximo em aceleração constante e o objectivo é simplesmente o de sobreviver o máximo de tempo possível. Ainda temos o Eliminator, uma espécie de deathmatch onde o objectivo não é o de vencer corridas, mas o de eliminar todos os outros oponentes. Por fim, e voltando ao início, temos o modo campanha, onde é-nos apresentada uma grelha hexagonal, com vários desafios diferentes. À medida em que vamos cumprindo esses desafios, os que estão nos hexágons adjacentes ficam também disponíveis e o objectivo é também fazer o máximo de pontos possível até podermos desbloquear o próximo conjunto de desafios. Cada desafio poderá consistir em corridas de qualquer um dos modos de jogo previamente falados.

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O design das pistas é bem mais arrojado

A jogabilidade mantém-se practicamente idêntica ao que a série Wipeout nos habituou. Vamos conduzir naves super rápidas por circuitos “montanha russa” futuristas em diversos locais. Ao longo das corridas vamos poder passar em zonas que nos dão um boost temporário na velocidade, ou adquirir armas ou escudos que podemos utilizar livremente para tentar eliminar os nossos adversários. Coisas como mísseis teleguiados (ou não), minas, ou bombas que libertam uma onda de choque capaz de abrandar todas as naves à sua frente. Mas claro, os nossos oponentes também podem utilizar essas armas em nós, pelo que temos de ter em atenção aos nossos níveis de escudo. Para recuperar “vida” podemos absorver as armas/power-ups que apanhamos. Dos power-ups que não sejam armas temos turbos, auto-pilot temporário, ou um escudo também temporário. De resto, convém também aprender a usar os truques como air-braking em curvas apertadas ou mesmo os barrel rolls que nos podem salvar a vida.

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Como sempre vamos tendo um bom arsenal de armas à nossa disposição

Apesar de eu nunca ter experimentado, existe aqui uma vertente online que pelo que vi deixava-nos participar em Single Races ou Tournaments, já o modo Eliminator que parecia ser bem adequado para se jogar online parece-me ter sido deixado de fora. Foram também lançados uma série de DLCs, desta vez pagos, que nos introduziram várias novas equipas (como a velhinha Auricom) e circuitos. No jogo normal também poderemos desbloquear novos circuitos, naves e skins para as mesmas, mas não as mesmas dos DLCs, naturalmente.

Graficamente é um jogo estonteante e muito possivelmente o jogo mais bonito que vi numa PSP. Os circuitos são bem detalhados e tanto atravessam grandes metrópoles, zonas mais industriais ou naturais, como desfiladeiros ou montanhas. Tudo a grande velocidade e bonitos efeitos de luz. A música continua excelente, especialmente se forem fãs de música electrónica (o que sinceramente não é o meu forte, mas gosto bastante das músicas na mesma). Este traz é uma novidade, deixa-nos colocar as músicas em mp3 que quisermos no cartão de memória e depois podemos escolher quais as que queremos ouvir durante o jogo.

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Já tinha dito que este jogo é lindíssimo em movimento?

Em suma este é mais um excelente título que deveria figurar na colecção de qualquer dono de PSP que se preze. Mas ainda melhor que este, eu recomendaria a conversão que acabou por sair para a PS2 aqui na Europa. Apesar de não ter a certeza se inclui ou não o conteúdo dos DLCs da versão portátil, só o simples facto de podermos utilizar um analógico “a sério” para controlar as naves já vale cada cêntimo gasto nele.