Cyborg Justice (Sega Mega Drive)

Agora que terminei esta pequena maratona pelos títulos da Intellivision que possuo na colecção, é tempo de voltarmos à Mega Drive para este Cyborg Justice, um beat ‘em up desenvolvido pela Novotrade (Ecco the Dolphin, Exo Squad, The Lost World, entre outros) muito original nos seus conceitos, mas que deixa algo a desejar na sua execução. O meu exemplar foi comprado a um amigo meu no passado mês de Abril por 5€.

Jogo com caixa e manual

Este jogo é uma história de vingança. Alguém estaria a viajar numa nave espacial que acaba por se despenhar num planeta. Recolhido por robôs, o piloto da nave que tinha ainda o seu cérebro intacto é então transformado num cyborg e estaria destinado a trabalhos pesados para o resto da sua vida. No entanto, alguma coisa corre mal na rotina de eliminar as suas antigas memórias, pelo que nós, agora como cyborg iremos partir à porrada com todos os outros robots que nos tentam travar.

Ao arrancar um braço do nosso oponente podemos destruí-lo ou substituir o nosso braço, trocando efectivamente de arma

Como conceito o jogo tem ideias muito boas. Começamos por construir um robot ao nosso gosto, constituído por diferentes braços, troncos e pernas. Os troncos não parecem ter grandes diferenças entre si, já os braços e pernas sim. Os primeiros consistem em diferentes armas que poderemos usar durante os combates, como uma serra, um lança-chamas, um raio laser ou a possibilidade de simplesmente dispararmos o nosso braço como um projéctil (se bem que depois teremos de o ir apanhar novamente). Já as pernas podem-nos permitir saltar mais alto, mover mais ou menos rápido, pernas que nos permitem desbloquear alguns ataques especiais ou outras de tão pesadas que são que nos tornam imunes a sermos atirados para o chão ou mesmo imunes às armadilhas que iremos eventualmente encontrar.

Já quando arrancamos um tronco se o consumirmos regeneramos parte da nossa barra de vida

O jogo está dividido em 5 zonas, cada uma com 3 níveis distintos que teremos de percorrer, enfrentando várias duplas de robots que nos vão atacando. E o sistema de combate está também cheio de algumas boas ideias. Para além da possibilidades de customização que nos permitem ter robots com habilidades diferentes, nós podemos também, ao atacar os inimigos, arrancar os seus braços e torsos. Os braços podem ser destruídos (e se atirados para cima do nosso oponente ainda lhe causam mais dano), ou usados no nosso cyborg, efectivamente substituindo a nossa arma. O mesmo pode acontecer com os troncos, mas se os utilizarmos no nosso cyborg apenas regeneramos parte da nossa barra de vida. Por fim sobram as pernas que sim, também poderão ser equipadas no nosso cyborg. Mas os inimigos podem também fazer o mesmo connosco! De resto convém também referir que o jogo possui também um modo multiplayer para dois jogadores, onde ambos podem customizar o seu robot para depois andarem à pancada um com os outros. Sinceramente não o experimentei.

O jogo acaba infelizmente por se tornar bastante repetitivo ao colocar-nos constantemente à pancada contra um par de inimigos genéricos ao fim de vários metros desde o encontro anterior

Apesar de toda esta originalidade na jogabilidade e customização do nosso personagem, o jogo tem também no entanto coisas menos positivas. Existem muitos golpes e técnicas que podemos executar, mas muitas utilizam combinações de botões e/ou timings complexos que dificultam a sua execução e se este jogo tivesse suporte ao comando de 6 botões da Mega Drive certamente facilitaria mais as coisas neste departamento. Depois, mesmo com toda esta variedade de robots e suas peças, o jogo acaba também por se tornar bastante repetitivo e aborrecido com o tempo. Não há uma grande variedade de níveis e todos eles consistem no mesmo: avançar alguns metros, lutar contra 2 robots em simultâneo, avançar mais uns metros, desviar de uns mísseis, lutar contra mais dois robots e repetir até ao final do nível. O terceiro nível de cada zona possui também um confronto contra um boss no final do mesmo, mas a jogabilidade não muda muito aí. A excepção à regra está mesmo no último nível, onde confrontamos um boss completamente diferente de tudo o resto!

No final de cada nível a nossa performance é avaliada em vários critérios, resultando em mais ou menos pontos

A nível audiovisual este é um jogo competente nesse campo, mas que também não impressiona. Isto porque não há uma grande variedade de cenários e estes são também todos escuros, começando por planícies rochosas nas imediações de uma mega cidade, passando depois por lutas em vários corredores, no topo desses edifícios, cavernas, entre outros. De nível para nível na mesma zona apenas a cor dos backgrounds muda. Já as músicas, bom aquelas mais rock têm aquele som bastante arranhado e característico da Mega Drive, particularmente dos jogos ocidentais que usam o sound driver GEMS e que sinceramente não me soam lá muito bem, mesmo eu gostando de músicas mais pesadas. Por outro lado temos também algumas músicas bem mais funky e com linhas de baixo interessantes e essas sim, já me agradaram bem mais. De resto nada de especial a apontar aos efeitos sonoros que são bem básicos.

Portanto este Cyborg Justice é um jogo que está repleto de boas ideias como a grande customização que poderemos fazer ao nosso robot, tanto antes como durante o próprio jogo (ao aproveitar pessas dos inimigos), assim como a grande variedade de acções que podemos desencadear. No entanto, a complexidade dos controlos e o sentimento de aborrecimento que nos desperta depois de vermos que o jogo se torna super repetitivo são pontos que baixam consideravelmente a minha opinião.

Star Trek: Deep Space Nine – Crossroads of Time (Super Nintendo)

Nunca fui o maior fã de Star Trek mas este jogo, apesar de longe de ser perfeito, até que foi uma interessante supresa. Se são fãs de jogos de acção/plataforma mais cinemáticos, que no caso das plataformas 16bit teve o seu auge no Flashback, posso-vos dizer que este jogo tem algumas semelhanças e foi isso que mais me chamou à atenção. O meu exemplar foi comprado em Dezembro do ano passado, foi-me trazido por um amigo meu que mo comprou numa loja francesa por 40€. Infelizmente veio sem manual!

Jogo com caixa e papelada

Para além dos filmes clássicos da saga Star Trek, é a série Star Trek New Generation que mais me recordo, pois essa chegou a passar em sinal aberto na TV portuguesa durante uns bons anos e ocasionalmente lá ia acompanhando alguns episódios. Este jogo é no entanto baseado na série Star Trek Deep Space Nine, da qual nunca tinha ouvido falar se não fosse por este mesmo jogo! É uma série com diferentes protagonistas e cuja história decorre a bordo não de uma nave espacial toda pipi como a Enterprise, mas sim a bordo de uma gigante estação espacial, a tal Deep Space Nine. Aparentemente a história da série anda à volta do conflito entre duas civilizações distintas, os Cardassians e os Bajor e é isso que também acaba por se trazido cá à baila. Nós controlamos Sisko, o comandante lá do sítio que começa a investigar uma intrusão de rebeldes Bajor na estação espacial e que plantam uma série de bombas para as destruir. À medida que vamos avançando na história, no entanto, a trama vai-se também adensando.

Nas fases de aventura teremos vários NPCs para falar e progredir com a história

Ora e este é então um jogo dividido em duas fases: aventura e acção. Na primeira, iremos percorrer os diferentes corredores e salas da DS9, onde poderemos falar com vários NPCs e ir avançando na história. Eventualmente lá poderemos começar uma missão “a sério” e é aí que entra aquela jogabilidade mais próxima de um Flashback. O direccional serve para controlar Sisko, para além de nos permitir subir/descer escadas, entrar em portas ou elevadores. O botão B serve para saltar, o A para controlar o movimento de certos elevadores ou plataformas móveis em conjunto com o direccional, o botão X para falar e o Y para usar o item que tenhamos eventualmente equipado, incluindo as armas ou os punhos para atacar, caso não tenhamos nenhum objecto seleccionado. Para escolher que itens usar temos os botões de cabeceira L e R para o efeito. De resto, tal como em jogos mais realistas como o Flashback, para saltar mais alto/longe teremos de ganhar balanço e podemos também segurar-nos nas extremidades de superfícies, ou mesmo agarrar-nos a certos objectos que nos permitem deslocar pelo tecto.

Durante o combate temos de garantir que equipamos os Phasers para atacar os inimigos

Até aqui tudo bem. O meu problema com o jogo é o facto de por vezes termos alguns tempos limite que são bastante injustos, principalmente para quem esteja a começar e ainda não conhece bem as mecânicas de jogo e o layout dos níveis, que vão sendo cada vez mais labirínticos. Por exemplo, logo na primeira missão temos de procurar uma série de bombas espalhadas pelos cenários. Estas aparecem visíveis num radar no topo/centro do ecrã e quando nos aproximamos da sua localização estas estão também bem visíveis no ecrã de jogo. Quando as apanhamos vemos que temos um tempo limite de cerca de 20 segundos para nos vermos livres das mesmas em segurança. Para isso temos de procurar um “ejection tube” e depositá-las lá antes do tempo se esgotar. O que é um ejection tube? Bom, depois de morrer lá descobri que são umas colunas com um buraco oval atravessado por feixes de energia. Na fase seguinte do nível lá teremos mais umas quantas bombas para descobrir e desactivá-las da mesma forma. A diferença é que elas são agora mais difíceis de descobrir por vários motivos. Para além disso, somos informados que temos um tempo limite de 3 minutos para as descobrir e desarmar todas, caso contrário é game over. E o nível torna-se bem mais labiríntico e complexo também! Mesmo para quem conhecer bem o jogo, 3 minutos é um tempo que não nos dá lá muita margem de manobra. É que para além de andarmos perdidos, temos de ir continuamente alternando de item em item para ajudar ou na exploração, ou no combate, quando inimigos surgem, o que também por vezes atrapalha o fluxo da acção. E isto é só um exemplo, existem outros similares noutras alturas. Felizmente no fim de cada nível dão-nos uma password, pelo o que me parece é que a ideia é mesmo a de repetir cada nível até o termos bem memorizado. Tirando isso, o jogo até que me pareceu bem original e a Novotrade ainda tentou dar-lhe alguma variedade. Há um nível que é um shmup autêntico e ocasionalmente poderemos controlar outras personagens, incluindo uma criatura capaz de se transformar.

Estes tempos limite apertados foram de longe o que mais me chateou!

No que diz respeito aos audiovisuais, sinceramente até gostei do jogo. Como nunca vi a série, não sei o quão fiéis os gráficos estão, mas para quem gosta de ficção científica, irá certamente apreciar os gráficos de alguma forma, pois teremos várias naves espaciais ou pelo menos secções bem distintas entre si para explorar, todas com visuais high-tech, mas também alguns zonas de um planeta próximo. Não existe no entanto uma grande variedade de inimigos, são quase todos humanóides, máquinas e ocasionalmente um ou outro animal como morcegos gigantes. Ainda assim achei um jogo graficamente bem detalhado e a banda sonora é também bastante enérgica e agradável. Creio no entanto que a versão Mega Drive tenha sido a versão original pois para além de o jogo ter sido publicado pela Novotrade e esta ter sempre tido uma certa afinidade com a Sega (são os criadores de Ecco the Dolphin, por exemplo), a versão Mega Drive possui alguns bonitos efeitos e animações nas cutscenes que não estão aqui presentes na versão Super Nintendo. No entanto esta versão SNES possui gráficos mais coloridos e uma banda sonora mais limpa.

Pelo meio ainda se lembraram de fazer um nível tipo shmup!

Portanto este Star Trek até que foi uma interessante surpresa. Não estava de todo à espera de encontrar um jogo algo influenciado pelo Flashback no seu conceito, mas infelizmente é um jogo que teria potencial para ser muito melhor. Alguns níveis são bastante injustos no tempo limite que temos para os completar, mas o facto de ter um grande foco na narrativa e vários diálogos com NPCs foi algo que me agradou.

Ecco the Dolphin (Sega Master System)

Passando agora por uma super rapidinha, vou deixar por cá a versão Master System do Ecco the Dolphin, que por si só é muito, muito semelhante à versão Game Gear que já cá trouxe no passado. O meu exemplar foi comprado algures no passado mês de Outubro, tendo vindo num grande bundle de consolas e jogos que comprei a meias com um amigo.

Jogo com caixa e manuais

Essencialmente este jogo é então muito similar à sua versão portátil, mas apresenta uma maior resolução de ecrã e as cores não são tão boas, visto a Game Gear possuir uma paleta de cores maior. Ainda assim, não deixa de ser uma versão impressionante para um sistema 8bit.

Ecco: The Tides of Time (Sega Game Gear)

Voltando às rapidinhas, desta vez para a Game Gear, hoje vamos ver como a Novotrade se safou ao converter mais um clássico da Mega Drive, o Ecco: The Tides of Time. Tal como no primeiro jogo que recebeu também versões 8bit, esta acaba por ser uma conversão mais modesta, no entanto não acho que esteja nada mal, visto que corre num sistema muito mais limitado. O meu exemplar foi comprado algures em Dezembro de 2015, por alturas em que eu vivia em Lisboa e era um frequentador assíduo da feira da Ladra, local de onde este exemplar veio, por cerca de 5€ se bem me recordo.

Jogo com caixa e manuais

O primeiro jogo já era estranho quanto baste, pois para além de controlarmos um golfinho, também envolvia invasões alienígenas e viagens no tempo. Aqui a receita repete-se, mas com as coisas a ficarem ainda mais estranhas ao alternarmos entre linhas temporais diferentes, visitando os dois futuros que o primeiro jogo deixou: o mundo desolado, onde a rainha dos Vortex não tinha sido derrotada, bem como o futuro bom, onde a vida terrestre evoluiu de forma brilhante e os golfinhos são seres ainda mais majestosos.

Apesar de não ter tanto detalhe como na versão 16bit, não deixa de ser um jogo bonito

A jogabilidade mantém-se muito similar ao seu predecessor, com ecco a poder nadar livremente em várias direcções, e poder atacar ou com o seu bico ao lançar-se contra os inimigos, ou com o seu sonar, que possui também outros propósitos, desde a comunicação com outros cetáceos ou cristais mágicos, bem como o seu eco a servir para construir um mapa do oceano à nossa volta. Teremos também vários puzzles para resolver em diversos níveis. Alguns obrigam-nos a arrastar rochas de forma a abrir caminhos, outros obrigam-nos a transportar peixes e outros objectos/criaturas de um ponto para o outro. Ocasionalmente poderemo-nos transformar noutras criaturas voadoras e no caso do futuro, vamos tendo alguns níveis onde atravessamos “tubos” de água espalhados pelos céus.

A certa altura iremos nos “mascarar” do inimigo, de forma a prosseguir no jogo

A nível audiovisual é um jogo que uma vez mais fica muito abaixo do original da Mega Drive e Mega CD, mas mesmo assim é bonito para uma Game Gear, com os seus oceanos bem detalhados e cheios de vida. Aquelas partes no futuro, onde atravessamos os tais corredores de água não ficaram tão bonitas, bem como os níveis onde atravessamos os oceanos num pseudo 3D, com a câmara do jogo a posicionar-se atrás do Ecco. Nos sistemas 16 bit estes são níveis com oceanos e paisagens repletos de detalhe, aqui temos água e céus genéricos, infelizmente. Mas também não estou a ver a Game Gear com capacidade para fazer muito melhor neste aspecto. As músicas por outro lado continuam a ser extremamente relaxantes e tal como o primeiro jogo, este é dos que melhor tira partido das capacidades de som limitadas do chip de som da Game Gear e Master System.

Portanto este Ecco The Tides of Time para a Game Gear é um jogo muito mais modesto que o original de 16bit, mas não deixa de ser uma conversão impressionante tendo em conta as limitações de hardware onde corre. Foi já um lançamento tardio no ciclo de vida da Game Gear, tendo sido lançado em 1995, pelo que desta vez uma versão Master System não iria ser lançada oficialmente, se não fosse a Tec Toy a tomar a iniciativa de converter o jogo exclusivamente em solo brasileiro.

California Games (Sega Mega Drive)

Voltando às rapidinhas, ficamos agora com uma das muitas conversões de California Games, um videojogo desenvolvido originalmente pela Epyx para os computadores Apple II e Commodore 64, que continha diversos desportos radicais e/ou de verão. Foi um sucesso, pelo que o jogo acabou por ser convertido para muitos outras plataformas (no caso da Sega incluindo a própria versão para a Master System que conto trazer cá nos próximos dias). Esta versão para a Mega Drive já foi uma conversão algo tardia, tendo ficado a cargo da Novotrade, a mesma empresa que mais tarde viria a desenvolver Ecco the Dolphin. O meu exemplar foi comprado em Julho deste ano, após ter vindo de um grande bundle de jogos e consolas que comprei a meias com um amigo.

Jogo com caixa

Basicamente neste California Games podemos competir nos seguintes eventos: half-pipe (skate), footbag (dar toques numa bola sem a deixar cair no chão), surf, patins e BMX. Existe ainda um evento adicional (disco voador) que foi descartado desta versão para a Mega Drive. Em cada um destes eventos temos um tempo limite e a ideia é a de fazer o máximo de truques possível durante esse tempo. No caso dos patins ou da BMX temos de ter ainda cuidado com os obstáculos que nos vão surgindo na pista. Até aqui tudo bem, mas infelizmente os controlos não são nada intuitivos, e o timing em que temos de fazer os truques também não é. Para além disso, infelizmente o meu exemplar não traz manual, o que também não ajuda à festa.

Posso não perceber nada dos controlos, mas ao menos o jogo está bonito

A nível audiovisual no entanto esta conversão possui gráficos totalmente redesenhados, tirando melhor partido de um sistema 16bit como a Mega Drive. Os gráficos são então coloridos e bem detalhados, tendo gostado especialmente das ondas do nível do Surf ou da praia em background enquanto andamos de patins. As músicas são também bastante agradáveis, principalmente a música título que ficou muito bem implementada.