The House of the Dead: Remake (Nintendo Switch)

Voltando à Nintendo Switch, voltei também a jogar um título mais curto neste sistema, uma vez mais um título da Forever Entertainment, depois de ter jogado também há umas semanas atrás o Panzer Dragoon Remake. E tal como o Panzer Dragoon este é, acima de tudo, um remake do primeiro jogo da saudosa série The House of the Dead, cujo primeiro jogo, após um lançamento inicial nas arcades, recebeu também uma conversão não muito bem conseguida para a Sega Saturn e outra que, apesar de ter saído no PC, tinha a versão Saturn como base. Depois disso nunca mais se voltou a pegar no jogo original e estou contente que a Forever Entertainment o tenha feito e sinceramente achei um resultado mais bem conseguido que o Panzer Dragoon. O meu exemplar foi comprado directamente no site da FE algures no ano passado por 40€, o que sinceramente me arrependi logo de seguida. É que ao contrário do Panzer Dragoon, este teve lançamento normal em retalho e meras horas depois de ter pago 40€ mais os portes, vi a versão retail com grande também em lojas nacionais. Oh well.

Jogo com caixa, papelada, stickers e um “cartão de autenticidade” da Forever Limited. Sinceramente tinha ficado mais bem servido pela edição normal que se vê por aí.

E tal como referi acima, este é, acima de tudo, um remake do primeiro House of The Dead, onde encarnamos no papel de um (ou dois caso joguemos com alguém) agente secreto que investiga a Mansão Curien e depara-se que a mesma está repleta de zombies e outras criaturas grotescas. Rapidamente nos apercebemos que tudo isso são frutos das experiências do cientista Dr. Curien, pelo que, enquanto no seu encalço, vamos também encher inúmeros zombies e outras criaturas de chumbo. Tal como no original, podemos acertar em diferentes partes do corpo de cada criatura, pelo que nem sempre basta um tiro certeiro para a matar. No final de cada nível temos sempre um boss para derrotar que tem um porto fraco em particular que teremos de explorar e, mediante como agimos em certas situações chave, poderemos explorar diferentes caminhos alternativos ao longo dos níveis.

O modo horde inclui muitos mais inimigos para derrotar e podemos também alternar entre ambos os sistemas de pontuação

Mas o que traz mais este jogo para além de um remake do original? Podemos optar por um método de pontuação alternativo (tornando mais fácil o requisito de pontos mínimos para alcançar o melhor final), alguns segredos adicionais escondidos que nos levarão a desbloquear diferentes armas e um modo de jogo horde, que é essencialmente o mesmo jogo mas agora com muitos, muitos mais zombies para combater. Para além disso teremos acesso a uma galeria onde poderemos seguir um sistema interno de achievements ou observar em detalhe os modelos poligonais de cada tipo de criatura que enfrentamos.

Salvar todos os cientistas é um dos requisitos obrigatórios para desbloquear armas extra

No que diz respeito aos controlos devo dizer que apesar de o jogo oferecer múltiplos esquemas de controlo, a informação está apresentada de uma forma muito confusa, pelo que acabei por optar por jogar inicialmente apenas com o comando normal, onde os gatilhos servem para disparar ou recarregar a arma e o analógico esquerdo para mover a mira. Os botões faciais podem ser usados para algumas destas funções também e o d-pad para alternar entre armas, caso as desbloqueemos. Para além disso é possível usar os motion controls em conjunto com os botões do comando, ou um setup mais próximo de uma light gun, usando um dos joycons exclusivamente para isso, embora não seja a solução mais ergonómica. Aparentemente a versão PS4 teria (ou estava nos planos disso) suporte para os comandos move da PS3, pelo que seria, a meu ver, a versão mais interessante a reter no que diz respeito à jogabilidade.

Graficamente nota-se que este é produto de um estúdio algo amador, mas resultou bem melhor que no Panzer Dragoon

Já no departamento gráfico, tal como o Panzer Dragoon Remake este foi mais um jogo realizado com recurso ao Unity e, ao contrário do Panzer Dragoon cujo mundo repleto de um misticismo muito próprio não foi, a meu ver, bem representado, aqui as coisas resultam melhor. Está longe do detalhe gráfico que esperaria se este remake fosse produzido pela própria Sega, mas resultou bem melhor desta vez. Até os clipes de voz, que eram deliciosamente maus no original, ainda têm um certo quê de embaraçoso. Já a banda sonora confesso que a devo ter de ouvir novamente. A música que ouvimos enquanto navegamos pelos menus não me soou nada de especial, mas confesso que assim que comecei o jogo, pouca atenção lhe consegui dar.

Portanto este remake do House of the Dead, apesar de ainda possuir certas características típicas de um estúdio algo amador, confesso que mesmo assim até foi um jogo que me divertiu bastante. Ainda assim, como o original arcade é um jogo bastante curto, gostava também que tivessem introduzido mais algum conteúdo adicional, para além de novos sistemas de pontuação, o modo horde e segredos como novas armas desbloqueáveis.

Beyond a Steel Sky (Sony Playstation 4)

Ora cá está um jogo que não estava nada à espera. O Beneath a Steel Sky foi um dos muitos jogos de aventura gráfica que os britânicos Revolution Software produziram ao longo da sua carreira e recentemente resolveram revisitar essa franquia ao produzir uma sequela inédita, lançada algures no ano passado. O meu exemplar foi comprado na worten algures por altura das promoções da Black Friday 2022, tendo-me custado algo em torno dos 20€ depois dos descontos.

Jogo com sleeve exterior, steel book, papelada, autocolantes e um código de descarga da banda sonora

O jogo decorre 10 anos após os eventos da sua prequela onde Robert Foster, depois de ter escapado de Union City, decide voltar a viver no deserto em comunidades mais pequenas e ter uma vida pacata e humilde. E é precisamente num desses momentos de descontração com os seus co-habitantes que surge um robot gigante e rapta Milo, uma criança que estava simplesmente entretida a pescar. Determinado em salvar a criança e resgatá-la de volta para a sua família, Robert segue o trilho deixado pelo robot no deserto que o leva invariavelmente de volta à Union City. Depois de ultrapassar alguns percalços que nos impediam de entrar na cidade, Robert vê esta muito diferente desde a sua última aventura. Union City é agora uma cidade próspera e com toda a sua população aparentemente feliz. No entanto rapidamente nos apercebemos que essa felicidade tem um preço na liberdade individual. A sociedade é altamente monitorizada e manipulada através do sistema informático MINOS, que por sua vez substitui o LINC da primeira aventura.

Apesar de não considerar que o jogo tenha personagens muito carismáticas, gostei particularmente da personalidade incutida a alguns dos robots com os quais temos de interagir

No que diz respeito às mecânicas de jogo, pensem neste título como uma aventura gráfica moderna, onde nos poderemos mover livremente por uma série de áreas e teremos de falar com pessoas, coleccionar e usar itens e resolver uma série de puzzles para progredir. Uma das novidades aqui introduzidas é a possibilidade de fazer hacking a certos robots e outros equipamentos electrónicos. Por exemplo, alguns podem ser tão simples como aldrabar um sistema de autenticação de uma porta, ao trocar a ordem de “abrir e/ou fechar porta” consoante o utilizador for ou não autorizado. Muitos desses puzzles serão no entanto bem mais desafiantes, exigindo a interacção de vários desses componentes em cadeia para que consigamos alcançar o nosso objectivo. Por exemplo, a parte de ir “buscar inspiração” para um poema leva-nos por uma cadeia de diferentes acções que não serão muito óbvias à primeira. De resto, também tal como no Beneath a Steel Sky teremos a oportunidade de nos aventurar dentro do próprio sistema informático MINOS, desta vez sem puzzles frustrantes, mas não deixando de ser segmentos de jogo bastante originais.

Os puzzles mais interessantes são aqueles onde teremos de fazer hacking a vários equipamentos ou robots e trocar algumas das suas funcionalidades.

No que diz respeito aos audiovisuais, este é sem dúvida um prato misto. Por um lado graficamente o jogo possui cenários bem detalhados e eu sempre gostei do aspecto futurista, mas também algo steampunk do original. Aqui os robots são um misto entre designs mais limpos e futuristas ou outros mais “retro futuristas” tal como no primeiro jogo. O meu problema é mesmo com o detalhe das outras personagens humanas. O jogo não tenta ser ultra realista, com os gráficos a terem um tom mais próximo da banda desenhada (inclusivamente é assim que a cutscene de introdução nos é apresentada), mas as caras das personagens humanas são mesmo hit or miss. Algumas acho bem conseguidas, outras são tão, tão feias que nem sei o que é que os artistas tinham em mente! Entendo perfeitamente que este jogo é um esforço de um estúdio mais pequeno e apresentar visuais bem detalhados de um jogo 3D exige muito esforço e dedicação, mas a diferença de qualidade tão abismal em certas personagens é mesmo algo que não consigo compreender. Até os pequenos bugs que enfrentei para mim são completamente irrelevantes face a essa desproporção na arte das personagens. Por exemplo, em diálogos a câmara aproxima-se dos seus intervenientes, mas muitas vezes ambas as personagens ficam parcialmente cortadas do ecrã. Ou os NPCs sem rotinas de movimento alternativas, pois também me aconteceu nos diálogos ter um NPC a constantemente a tentar passar por cima de mim, ao invés de dar a volta. São pequenas coisas que tendo em conta o budget do jogo não têm grande relevância. Por outro lado gostei bastante do voice acting. Sim, nem todas as personagens são tão fortes quanto as principais, mas gostei particularmente do tom jovial e bem humorado que muitos dos robots possuem nas suas vozes, desde o tom exageradamente educado de um certo robot mordomo, passando para o sarcasmo que já conhecemos do Joey.

Explorar o interior de um poderoso sistema informático é algo que marca também o seu regresso neste jogo

Portanto, apesar dos seus desequilíbrios a nível artístico e uma ou outra aresta por limar, devo dizer que fiquei agradavelmente surpreendido com este jogo. Para quem gostou do seu antecessor irá sem dúvida apreciar esta inesperada sequela e, mesmo sabendo que está longe de ser um jogo brilhante, fiz questão em comprar este jogo em tempo útil para dar os sinais certos à Revolution: quero mais aventuras gráficas!

Nicolas Eymerich – The Inquisitor (PC)

Aproveitando para voltar ao PC e aos jogos indie, já que tinha na minha conta Steam os primeiros dois capítulos da aventura gráfica Nicolas Eymerich – The Inquisitor, cujos exemplares digitais terão chegado à minha conta do steam algures num indie bundle ao desbarato. Publicados pela Microids, e desenvolvidos pelos italianos da TiconBlu, estes dois jogos são exemplos de um produto com excelentes ideias, mas cuja execução ficou muito aquém do seu potencial, seja por falta de recursos financeiros, tempo, ou pura e simplesmente, talento. Tendo em conta que é um produto de um estúdio indie, provavelmente aplicam-se as três razões.

Basicamente este é um jogo cuja história é fictícia, mas encarnamos numa personagem histórica: Nicolau Eimeric, um dos líderes da inquisição ibérica em pleno século XIV. Nicolau é chamado pelo inquisitor da região de Carcassona (sul de França) para investigar o desaparecimento do padre da paróquia de Calcares, e o padre Jacinto, seu amigo e inquisidor, que foi para a mesma vila investigar o que se passava e nunca mais deu notícias. O primeiro capítulo é quase todo passado ainda em Carcassona, onde iremos investigar um pouco mais do que se estará a passar na tal aldeia de Calcares, com rumores a apontar que a terra foi assolada pela Peste Negra, rituais pagãos por hereges andam lá a ser praticados, bem como aparições demoníacas têm vindo a ser reportadas. Pelo meio vamos também desmascarar podres de vários monges que lá andam e revelar os seus segredos. A parte final do primeiro capítulo e todo o segundo capítulo já são passados na tal vila de Calcares.

Alguns dos cenários, principalmente aqueles pré-renderizados, até resultam bem em apresentar uma atmosfera convincente

O jogo em si é uma aventura gráfica point and click com as mecânicas de jogo habitualmente associadas a este género: falar com pessoas, explorar os cenários até à exaustão, coleccionar objectos, combinar objectos entre si, usar objectos em certos locais ou circunstâncias e eventualmente resolver também alguns puzzles propriamente ditos, como destrancar certos tipos de fechaduras mais sofisticadas, por exemplo. Um dos problemas é que o jogo é um autêntico pixel hunt, com alguns desafios a não serem lá muito óbvios e os objectos que necessitamos de encontrar estão muitas vezes perfeitamente escondidos nos cenários, o que torna as coisas algo frustrantes, a menos que sigamos um guia. A interface também poderia ser mais simples, visto que o botão direito do rato não é usado para nada, mas sim apenas o esquerdo. Quando clicamos em algum local passível de ser interagido, ou é uma superfície para onde o Nicolau se pode mover e começa andar automaticamente para lá, ou então lá surgem ícones adicionais para cada acção: observar, interagir/pegar, observar de perto, falar são alguns dos exemplos.

Mas depois as personagens nos seus diálogos, apesar de terem algumas animações interessantes de expressões faciais, denotam uma qualidade gráfica muito fraca como um todo

Mas já disse que o jogo é um pixel hunt e se torna chato por isso, não já? No entanto, um dos itens no ecrã de jogo é um crucifixo, que pode ser clicado para avançar no jogo e saltar alguns puzzles ou segmentos, por exemplo. Um detalhe interessante é o diário de Nicolas que poderemos consultar que por sua vez está dividido em 3 secções. A primeira é um guia que nos indica os objectivos actuais que teremos de cumprir. A segunda são uma série de desenhos que ilustram o progresso da história. A terceira parte são umas quantas páginas das suas notas de casos anteriores, é uma espécie de glossário para vários tipos de demónios, cultos pagãos, etc. Mas como a cada coisa boa neste jogo, é também acompanhado de uma má, os bugs são frequentes e por vezes certos eventos não desbloqueavam, por muito que tentasse. Em todas essas situações, felizmente, bastou sair do jogo e voltar a entrar para as coisas se resolverem.

Como não poderia deixar de ser, temos também alguns puzzles para resolver

A nível audiovisual este é outro prato misto. Os gráficos são todos em 3D poligonal para as personagens e alternam entre o 3D poligonal e gráficos pré renderizados para os diferentes cenários. No que diz respeito às personagens, detalhes de expressões faciais impressionantes… se este fosse um jogo de 2004 em vez de 2014. As mesmas são também representadas por modelos poligonais simples e com texturas algo pobres. Por outro lado, temos alguns bons momentos visuais, principalmente quando envolvem alguma arte pré-renderizada e mais estática. O segundo jogo, lançado em 2015, já melhora um pouco os gráficos em 3D poligonal, mas continuam abaixo da média. Ainda assim, achei que o segundo jogo tinha mais momentos visualmente muito bem conseguidas, precisamente por contrastarem mais com arte pré-renderizada. Mas maus gráficos não fazem necessariamente um jogo mau e a atmosfera no geral acho que até está bem conseguida.

Um exemplo de alguma “bonita” arte pré-renderizada com a qual podemos interagir: o cadáver de uma vítima da peste

No que diz respeito ao som e banda sonora, bom, infelizmente temos mais resultados mistos. A excelente surpresa é o voice acting. Isto porque sempre que começo um jogo novo, a primeira coisa que faço é explorar as suas opções. E qual foi a minha surpresa quando vi que o jogo estava narrado em inglês, italiano (devido à nacionalidade da equipa que o desenvolveu) e… latim! Claro que imediatamente activei essa opção e foi muito interessante jogar todo o primeiro capítulo em latim. O segundo capítulo infelizmente já só teve narração em inglês e italiano, mais um indicador que o orçamento disponível na sequela não foi o melhor. A narração em si não está nada má, o Nicolau é uma personagem calculista, arrogante, sádica e inteligente. Toda essa agressividade e restantes traços da sua personalidade foram bem passados para o voice acting. Depois temos claro, uma coisa má: a banda sonora. A música por vezes é inexistente, onde ouvimos apenas certos ruídos ambientais como o som da chuva ou as vozes longínquas de outros monges a conversar. Outras vezes ouvimos músicas muito discretas e ambientais. Outras vezes, quando Nicolau tenta ser um badass, como bater noutros monges, a música salta para rock e metal (de qualidade de banda de garagem), o que acaba por ser uma quebra total da atmosfera onde nos encontramos e sinceramente desnecessária para a aventura.

Ao consultar o diário à medida que vamos progredindo na história, podemos ver estas gravuras que vão resumindo os acontecimentos onde, ao clicar neles, Nicolas os vai narrando.

Portanto, este Nicolas Eymerich The Inquisitor é um conjunto de duas aventuras gráficas que têm uma potencialidade incrível, particularmente se gostarem daquele período mais negro da nossa história Europeia. A história em si é boa, a personagem principal também, mas os seus inúmeros problemas técnicos, bugs, gráficos e som altamente inconsistentes tornam este conjunto de aventuras gráficas em títulos medianos, infelizmente. A ideia original era dividir a história em quatro lançamentos. O segundo, já sem voice acting em latim, achievements e outros easter eggs denotam que a equipa estava com problemas em manter um orçamento para lançarem um producto de qualidade, no entanto, aparentemente inclui também conteúdo que pertenceria ao terceiro capítulo. Esse terceiro capítulo está (ou esteve) apenas disponível na forma de um audiogame (que presumo que seja uma espécie de audiobook interactivo) e o que seria o quarto capítulo (agora terceiro), acabou por ser lançado no steam em 2019, algo que só muito recentemente me apercebi. Esse último capítulo poderá ser também jogado como audiogame ou com modo vídeo, que sempre achei que fosse uma visual novel num estilo monocromático, mas pelos vistos tem também elementos de RPG e de roguelike. Devo dizer que estou curioso, devo jogá-lo assim que o apanhar numa boa promoção.

Flashback 25th Anniversary (Sony Playstation 4)

Aquando dos 15 e 20 anos após o lançamento do clássico Another World, foram sendo lançadas algumas conversões/remasters para sistemas modernos. Quando Flashback fez 25 anos também teve direito a um lançamento especial, que é o que vos trago agora. Confesso que nunca tinha pegado em nenhuma das reedições do Another World, mas, quando comprei esta edição, estava na expectativa que fosse muito mais do que uma simples conversão com alguns extras, pelo que me desiludiu um pouco. Só depois vim a descobrir que, em 2013, foi lançado, de forma exclusivamente digital, um verdadeiro remake deste clássico. O meu exemplar foi comprado na Worten no final de Abril, tendo-me custado 10€.

Jogo com caixa, manual (!!!),, sleeve e autocolantes

Ora mas em que é que consiste este Flashback, portanto? Já cá abordei a versão Mega Drive no passado e esta reedição traz exactamente o mesmo jogo, mas upscaled para resoluções HD, com a opção de incluir alguns filtros gráficos, bem como novos efeitos sonoros. A nível de jogabilidade em si, a única novidade está mesmo na função do rewind, ou seja, sempre que morrermos poderemos voltar um pouco atrás no tempo (creio que o máximo são 2 minutos) e tentar novamente, sem precisarmos de recarregar o nosso save. E visto que não melhoraram os controlos face ao original, esta adição do rewind acaba por ser muito benvinda. É que o Flashback e Another World originalmente possuem controlos arcaicos e com timings muito próprios, tornando alguns saltos ou mesmo combates algo frustrantes. Naturalmente que com práctica as coisas vão lá, mas seria interessante que aproveitassem estes remakes para também oferecer opções alternativas de controlo, pelo que o rewind foi muito benvindo e usado (e abusado) na playthrough que fiz.

O jogo não possui suporte a widescreen, mas podemos desactivar aquelas barras laterais manhosas

No que diz respeito aos audiovisuais, tanto o Another World como o Flashback eram impressionais. Tal como no Prince of Persia usaram técnicas de captura de movimentos semelhantes para ilustrar as animações das personagens e os cenários eram também muito interessantes e bem detalhados. O jogo possuía também uma série de cutscenes incríveis tendo em conta que em muitas plataformas que os receberam, o armazenamento de um cartucho era extremamente limitado. Não temos voice acting, mas as músicas surgem com um certo peso e medida, com pequenas melodias a surgirem em certos momentos chave do jogo, resultando numa experiência bastante atmosférica e cinematográfica. E tudo isso está aqui representado tal como os criadores ambicionaram originalmente. Como já referi acima temos a possibilidade de alternar entre as músicas e efeitos sonoros modernos e os originais, bem como definir uma série de filtros gráficos. Confesso que no caso desses filtros apenas mantive o das scanlines e desactivei todos os outros, pois apresentavam uma imagem mais “borratada” e eu gosto de apreciar um bom pixel art.

Os filtros gráficos por defeito suavizam os pixeis mas prefiri desactivar essas opções pois não gostei do resultado final.

Portanto tudo isto é muito giro, mas confesso que, para o jogo que é, estava à espera de outro tipo de tratamento. Esperava um remaster com um sistema de controlo mais fluído, e talvez com gráficos 2D mais detalhados, mas sempre com a opção de podermos também jogar uma representação mais fiel ao original. Os filtros gráficos que adicionaram são a meu ver practicamente inúteis tirando as scanlines, já os controlos continuam arcaicos e com timings muito específicos. É sem dúvida uma questão de prática e esta versão física até possui um manual que explica os controlos extensivamente (o mesmo também pode ser visto a qualquer momento no menu do ecrã de pausa), mas a adição do rewind foi sem dúvida muito benvinda. Portanto esta reedição do Flashback é sem dúvida um título feito a pensar nos fãs do original, e não tanto para atrair novos fãs. Confesso que fiquei curioso com o remake lançado digitalmente em 2003.

Dracula 4 and 5 Steam Edition (PC)

A rapidinha de hoje incide sobre os últimos capítulos da série de aventuras na primeira pessoa sobre o vampiro mais famoso de sempre. E se o Dracula 3 foi um interessantíssimo renascer de uma série cujos primeiros capítulos eram ainda algo amadores, estes dois últimos acabaram por se revelar uma desilusão, infelizmente. Mas já lá vamos. E tal como os outros títulos desta série, deram entrada na minha colecção de steam através de um bundle, comprados a um preço muito reduzido.

headerEm vez de continuar a história iniciada no seu predecessor, que tinha culminado em 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, o jogo leva-nos aos tempos mais modernos, algures no final da década de 80, de acordo com o equipamento tecnológico que vamos vendo. A protagonista chama-se Ellen Cross e trabalha para um importante museu de arte em Nova Iorque, museu esse que esperava uma importantíssima encomenda de arte vinda de um coleccionador privado de Inglaterra. Acontece que, numa grande tempestade no Atlântico, essas obras de arte tinham sido perdidas no fundo do mar. Até que o museu recebe uma notícia que um dos quadros foi encontrado em Budapeste, levando-nos até lá. A partir daí vamos tentar encontrar o rasto dos outros quadros desaparecidos e ligações ao oculto e invariavelmente a Drácula começam a ser traçadas.

O primeiro cenário que visitamos é o de uma esquadra de polícia algures em Budapeste
O primeiro cenário que visitamos é o de uma esquadra de polícia algures em Budapeste

Infelizmente, como títulos separados, são ambos bastante curtos. Não é por acaso que no steam se encontram os dois jogos num único pacote, até porque foram lançados no mesmo ano e são a sequela directa um do outro. E se por um lado eu preferia de longe aquele setting dos anos 20 numa Roménia desvastada pela primeira grande guerra, a maneira como a história estava sendo contada no Dracula 3 era perfeita, as coisas levavam o seu tempo e ia havendo uma espécie de crescendo na narrativa. Aqui tudo parece feito mais À pressa e de forma algo desconexa, o que para mim é o ponto mais negativo que posso traçar nestes 2 jogos face ao seu predecessor. De resto a a jogabilidade é muito idêntica, sendo na mesma um jogo de aventura point and click na primeira pessoa, com a movimentação a dar-se de ecrã em ecrã, mas com a liberdade de podermos olhar em qualquer direcção. Vamos ter vários puzzles lógicos para resolver, e muitos objectos para interagir e manipular. A grande diferença face aos outros jogos da série é que Ellen possui um grave problema de saúde e tem de constantemente tomar medicação. Os medicamentos não são ilimitados e se deixarmos a barra de energia de Ellen chegar a um mínimo deixamos de nos conseguir mover ou realizar algumas acções. Sinceramente é algo que também achei um pouco desnecessário.

Ellen Cross, a protagonista destes Dracula 4 e 5. Infelizmente não tem metade do carisma do padre de Dracula 3
Ellen Cross, a protagonista destes Dracula 4 e 5. Infelizmente não tem metade do carisma do padre de Dracula 3

No que diz respeito aos audiovisuais, o jogo mantém-se com os seus gráficos pré-renderizados, bem à moda do que o Myst nos habituou há carradas de anos atrás. Já tinha gostado dos gráficos de Dracula 3, e nestes 2 jogos os mesmos são ainda mais detalhados. Só as animações faciais das personagens é que me pareceram ser um passo atrás. Mas não adianta ter gráficos mais bonitos se a ambientação e a própria narrativa não é a melhor. Mais uma vez digo, é essa a maior falha destes Dracula 4/5 e é uma pena que assim seja.