Digital Dance Mix Namie Amuro (Sega Saturn)

Vamos a mais uma rapidinha, desta vez a um exclusivo japonês da Sega Saturn. Sinceramente este “jogo” tem para mim muito mais valor pela curiosidade que representa, do que pelo conteúdo em si propriamente dito. Desenvolvido pela AM2 de Yu Suzuki, este é um jogo musical que conta com a estrela J-Pop Namie Amuro. Tem um pouco de tudo: videoclips interactivos, um modo karaoke e alguns mini-jogos adicionais. O meu exemplar custou-me menos de 10€, tendo sido comprado a um particular francês, em lote com outros jogos de Saturn japoneses.

Jogo com caixa, manual embutido com a capa, registration card e spine.

Ora bem, Namie Amuro é um dos nomes mais influentes da música japonesa, onde na sua carreira vendeu milhões de álbuns só no Japão, bem como entrou numa série de filmes, entre outros feitos. E este título é, acima de tudo, uma demo técnica para a AM2 de Yu Suzuki mostrar um pouco do que o seu motor gráfico de nova geração na Saturn seria capaz de fazer. De notar que a Sega nesta altura ainda procurava uma maneira viável de trazer o seu Virtua Fighter 3 para a Sega Saturn, que havia sido lançado no hardware Sega Model 3, o topo de gama da época. E com a Sega Saturn sendo um sistema muito mais modesto, esse seria um grande desafio.

Este é essencialmente uma demo técnica que mostra um modelo poligonal de Namie Amuro muito bem detalhado e com animações super fluídas, apra além de vários efeitos de luz e transparências que a Saturn sempre teve a fama de não conseguir fazer direito.

O modo de “jogo” principal é o Digital Dance, onde podemos escolher 2 músicas (com duas coreografias diferentes), qual o cenário de fundo e a própria roupa da Namie Amuro. Depois simplesmente ouvimos a música escolhida e vemos um modelo 3D poligonal altamente detalhado de Namie Amuro a dançar e com animações super fluídas. A acompanhar a Namie estão também uns quantos dançarinos compostos apenas por sprites 2D, também a seguirem a mesma coreografia bem fluída mas com um truque: esses dançarinos são completamente transparentes, um efeito gráfico que a Sega Saturn só faz nativamente em certas condições especiais. A parte de “jogo” é que esta coreografia é algo interactiva, podemos mover a câmara livremente, usar funções de pausar, rewind e afins, bem como brincar com alguns efeitos de luz. O modo de jogo Sing It apresenta as mesmas canções, mesmas coreografias, mas acaba por ser um modo de karaoke. As vozes estão mais abafadas e as letras das músicas vão surgindo no ecrã para quem quiser cantar.

Podemos escolher diferentes vestimentas, cenários e interagir com os próprios ângulos de câmara

A opção seguinte é a “Present” que consiste numa pequena biografia da artista até à data deste lançamento (algures no início de 1997) e uma série de mini-jogos absurdamente simples. Um deles (Chase the Dance) é um jogo rítmico, onde teremos de pressionar uma série de botões no tempo certo, um pouco como no Parappa the Rapper. Door to my Sunshine é um jogo de puzzle muito simples, onde teremos de escolher as peças do puzzle que façam match com os “buracos” deixados na figura da esquerda. Sweet 16 Cards é um daqueles mini-jogos onde vemos uma série de cartas voltadas para baixo e temos de virar as cartas com a mesma imagem, para as fazer desaparecer, até à área de jogo estar limpa. Por fim temos o Walk the Maze que nos leva a atravessar um labirinto simples até alcançar a própria Namie Amuro. Para além disso temos também um sound test onde poderemos ouvir todos os efeitos sonoros e músicas que tocam durante os minijogos.

A acompanhar a demo técnica e o seu modo karaoke, estão também incluídos uma série de mini jogos simples.

Portanto, a nível de conteúdo este é um produto incrivelmente simples, até porque foi um título lançado a preço de desconto. O seu propósito é mesmo o de ser uma demo técnica interactiva, que mostra as possibilidades que a Sega Saturn conseguiria fazer, nas mãos de pessoas talentosas. É possível que o motor gráfico aqui introduzido tenha também sido utilizado na versão Sega Saturn do Shenmue, mas tanto esse como o Virtua Fighter 3, acabaram por sair apenas na sua sucessora, a Dreamcast.

Virtua Fighter 10th Anniversary (Sony Playstation 2)

O artigo de hoje é uma rapidinha a um título muito curioso. Por alturas do décimo aniversário da série Virtua Fighter a Sega lança, no Japão, um produto mesmo feito a pensar nos fãs da série: o Virtua Fighter 10th Anniversary: Memory of Decade, que incluía um livro, um DVD com entrevistas aos produtores e este pequeno jogo Virtua Fighter 10th Anniversary, que é essencialmente um demake do modo arcade do Virtua Fighter 4 Evolution, com todas as suas personagens presentes nessa versão, mas com os gráficos do Virtua Fighter original arcade. O jogo foi posteriormente relançado no Japão em bundle com o próprio Virtua Fighter 4 Evolution e é essa a versão que tenho na colecção. O meu exemplar foi comprado a um particular por 25€ algures no mês passado.

Jogo com caixa e manual

Tal como referi acima, este é um título simples, que inclui apenas os modos de jogo arcade e versus. As personagens jogáveis são todas as que foram introduzidas no Virtua Fighter 4 Evolution e possuem a maior parte dos seus golpes, excepto os que usem a terceira dimensão de movimento, pois o Virtua Fighter original era um jogo com uma jogabilidade ainda presa num plano bidimensional. Graficamente tudo é apresentado como se fosse o primeiro Virtua Fighter, com os backgrounds simples e estáticos, uma arena quadrada e claro, as personagens renderizadas com muitos poucos polígonos. A nível de jogabilidade, parece-me ser um jogo mais rápido que o VF original, mas claro, ainda tem aqueles saltos lunares muito característicos do original. Já as músicas, essas são um misto entre temas rock, electrónicos e algumas melodias mais tradicionais asiáticas, no caso das arenas de algumas personagens, como a Pai ou o ninja Kage Maru.

Todo o charme do primeiro Virtua Fighter, agora também com as novas personagens

Portanto este é um título completamente de fan service. O que aqui temos é um jogo de luta apenas com o essencial, o modo arcade e versus para 2 jogadores, mas que consegue capturar todo o charme e nostalgia de um tempo em que os jogos em 3D poligonal ainda eram muito primitivos. Para além do lançamento original no Japão dentro do Memory of Decade, e seu relançamento em bundle com o VF4 Evolution anos mais tarde, este jogo estava também disponível para quem fizesse a pre-order do Virtua Fighter 5 da Playstation 3 também no Japão. Já no ocidente, este 10th Anniversary está incluído dentro do próprio VF4 Evolution, mas apenas nos Estados Unidos. Já na Europa, infelizmente não tivemos essa sorte. Existem em circulação umas quantas edições promocionais deste jogo no formato PAL, certamente oferecidas a distribuidores, imprensa ou lojas, mas nunca ao público geral. No entanto, o facto de haver essa versão promo, talvez possa indicar que um eventual lançamento ao retalho tenha vindo a ser equacionado, o que infelizmente nunca chegou a acontecer. O porquê de ter sido incluído no próprio disco do VF4 Evolution apenas nos Estados Unidos poderá ser explicado por ter sido uma decisão algo tardia da própria Sega em fazê-lo, visto que a versão norte-americana do VF4E foi lançada por lá uns meses depois do lançamento europeu.

Virtua Fighter (Sega 32X)

Continuando pelas rapidinhas, vamos revisitar a 32X, já que em Novembro consegui adicionar mais um jogo dessa consola à colecção. Nada mais nada menos que a versão do Virtua Fighter, que arranjei numa Cex na zona do Porto algures em Dezembro. Custava 35€ mas consegui trazer por um valor mais em conta após ter despachado alguns jogos repetidos que por cá tinha.

Jogo com caixa e manuais

Ora eu já cá trouxe a versão Sega Saturn deste jogo e, apesar da versão inicial da Saturn ser uma conversão muito fraca, tanto a nível audiovisual, como em conteúdo, algo que foi posteriormente corrigido com o lançamento do Virtua Fighter Remix, esta versão para a 32X é naturalmente mais fraca tecnicamente, mas impressionante devido ao hardware onde corre. E tem mais conteúdo que a versão Saturn!

Apesar de não serem propriamente impressionantes, temos mais alguns modos de jogo nesta versão

A nível de jogabilidade apenas precisamos do comando de 3 botões, com um botão para bloquear, outro para socos e outro para pontapés. Mas no caso de termos um comando de 6 botões, podemos optar por um layout que coloca os botões X, Y e Z como combinações de 2 botões pressionados em simultâneo, o que pode ser bastante útil para desencadear alguns golpes especiais. No que diz respeito aos modos de jogo, enquanto que no lançamento original da Saturn apenas tínhamos o arcade e o versus para 2 jogadores, aqui temos também o ranking mode que é virtualmente idêntico ao modo arcade mas no final apresentam-nos algumas estatísticas da nossa performance de jogo. Temos também um modo torneio que nos permite organizar torneios customizáveis, o que apesar de não ser nada de especial, sempre é mais qualquer coisa face ao original.

Os lutadores possuem muito menos polígonos, logo menos detalhe, nesta versão. Mas graficamente é um jogo bem mais estável que a versão Saturn

Graficamente é, como referi acima, uma versão bem mais modesta, com as personagens a possuir um número de polígonos ainda inferior à primeira versão Saturn, mas neste caso a 32X é também um sistema mais modesto nas suas capacidades. E para além de ser uma versão que tem suporte nativo a widescreen, é uma versão que tem também uma boa performance e sem muitos dos bugs gráficos que a primeira versão da Saturn possui. Ainda nos gráficos, os backgrounds também são de menor qualidade, suspeito até que sejam processados pela própria Mega Drive, enquanto a 32X trata da arena e lutadores. De resto as músicas parecem-me ser as mesmas da versão Saturn mas em versão chiptune, tendo naturalmente menos qualidade do que músicas em formato CD Audio.

Portanto este Virtua Fighter para a 32X, apesar de ser tecnicamente uma versão bem mais modesta quando comparado com a versão Saturn (e nem se fala do original arcade) acaba por ser surpreendentemente bem jogável, estável e até com algum conteúdo extra. É para mim um esforço bem melhor do que a Sega fez com versão a Saturn, mas ainda assim… a nostalgia leva o melhor de mim e continuo a preferir a versão Saturn.

The King of Route 66 (Sony Playstation 2)

Desenvolvido originalmente para as arcades no sistema NAOMI2, este The King of Route 66 é uma sequela do 18 Wheeler, onde uma vez mais teremos de conduzir enormes camiões por estradas e cidades cheias de trânsito, competindo contra outros camionistas que só nos vão complicar a vida. Nas arcades, o jogo foi lançado algures em 2002. Nesta altura, apesar de ainda serem lançados alguns jogos esporadicamente para a Dreamcast, a plataforma já estava bem enterrada a nível global, pelo que a única conversão doméstica que o jogo recebeu até então foi para a Playstation 2, algures no ano seguinte. O meu exemplar foi comprado há coisa de 2 anos atrás, na Player Entertainment Exchange do Maia Shopping, que entretanto fechou portas. Já não me recordo quando custou, mas não terá sido mais do que 7€.

Jogo com caixa, manual e papelada

Nesta conversão para a PS2 dispomos de vários modos de jogo, mas vamos primeiramente abordar o “King of Route 66” que é a adaptação directa do original arcade. Aqui  temos de escolher um de vários camionistas estilosos, cada qual com o seu camião com diferentes estatísticas. Uns são mais rápidos, outros manobram melhor, bem como o seu peso é diferente. Uma vez escolhido o camionista, iremos percorrer os vários Estados Norte Americanos por onde a mítica Route 66 atravessa, desde a cidade de Chicago no estado de Illinois, culminando na Califórnia, na costa Oeste. Em cada um destes locais teremos várias missões pela frente, onde iremos defrontar os camionistas da empresa Tornado, que atormentam todos os outros camionistas de boas famílias que percorrem a mítica estrada Norte Americana.

A selecção de camionistas é uma vez mais divertidamente bizarra

Tipicamente, o fluxo das missões decorre da seguinte forma: chegar à empresa que nos vai dar trabalho dentro de um curto intervalo de tempo e/ou garantindo também que chegamos à frente dos camionistas da Tornado. Uma vez lá geralmente poderemos escolher um de 2 trabalhos com dificuldades “easy” e “hard”. A diferença entre ambas as dificuldades está no peso da carga e a distância/caminho necessário percorrer para a entregar ao seu destino, bem como os pontos/dinheiro que ganhamos no final. Mas antes de partir para as entregas, temos um mini-jogo de bónus onde teremos de engatar o atrelado. Aqui teremos de conduzir o camião em marcha-atrás até ao atrelado, travando em segurança mesmo no seu ponto de encaixe para não danificar a carga. Se o conseguirmos fazer em meros segundos, ou seja acelerar bastante no início e travar atempadamente, somos recompensados com dois nitros que poderemos usar posteriormente. E o que acontece a seguir é a tal missão onde teremos de entregar a carga em segurança ao seu destino. O problema é que temos um camionista rival a dificultar-nos a vida e temos de assegurar que chegamos ao destino antes dele.

Os diálogos são sofríveis mas faz parte do charme

Mas conduzir um camião a alta velocidade não é tarefa fácil e o nosso oponente conduz de forma muito agressiva e recupera rapidamente caso se despiste, ao contrário de nós. Então somos obrigados a jogar sujo, seja a aproveitar o túnel de vento do seu camião para ganhar mais velocidade, mas também procurar atalhos, mesmo que para isso tenhamos de sair fora da estrada e levar pela frente algumas estruturas pelo caminho. Há pouco referi os nitros e estes devem ser usados de forma inteligente, especialmente quando cortamos caminho. Para além dos nitros que possamos ter antes de começar a corrida, poderemos também encontrar outros espalhados ao longo do circuito, bem como símbolos da Route 66 que nos irão aumentar a pontuação no final.

O modo de jogo seguinte já é exclusivo desta versão PS2 e intitula-se Queen of Route 66. Aqui também teremos de escolher um camionista e iremos uma vez mais percorrer a estrada ao longo de todos aqueles estados Norte Americanos. A diferença é que participamos numa espécie de concurso em cada estado, onde teremos de cumprir uma série de objectivos para conquistar a miss lá do sítio. Esses objectivos podem ser coleccionar ou destruir um certo número de objectos espalhados pelos mapas, num determinado tempo limite, completar algumas corridas com tempos apertados sem destruir nada à nossa volta, participar em battle royales, ou seja, destruir os camiões adversários, entre outros. Aqui, com o dinheiro que vamos ganhando, poderemos também modificar o camião, ao comprar novas peças que lhe melhorem a sua performance, o que irá certamente ajudar para cumprir alguns objectivos. Finalizando este modo de jogo, desbloqueamos uma discoteca onde podemos ver as meninas a dançar com pouca roupa. Inclusivamente podemos vê-las só em bikini, se apanharmos emblemas da Route 66 suficientes neste, e noutros modos de jogo.

Um dos desafios do Route 66 challenge é o de destruir uma série de carros dentro de um tempo limite

O modo de jogo seguinte é o Route 66 Challenge, onde, sem qualquer narrativa manhosa por detrás, teremos uma vez mais de completar vários desafios diferentes, como coleccionar os tais símbolos da Route 66, destruir camiões ou carros ou escoltar outra camionista. Por fim temos também o Rival Chase, onde teremos alguns circuitos mais longos para competir contra outros camionistas. Para além disto temos naturalmente uma vertente multiplayer, que sinceramente nunca cheguei a experimentar.

A nível audiovisual, este jogo é muito especial nesse aspecto. Os gráficos como um todo não são nada do outro mundo, mas competentes para a altura em que o jogo saiu. Os circuitos em cada estado parecem-me representar bem as zonas por onde passam, desde pequenas cidades típicas do interior norte-americano ou outras localizações mais afastadas da civilização, diferentes condições atmosféricas, incluindo todas aquelas zonas mais áridas dos estados mais a sul. As personagens no entanto são muito bizarras, a começar pelos motoristas. E se por um lado esta faceta mais absurda é algo que me agrada, aquelas personagens supostamente mais “normais” também estão representadas de forma algo estranha. Já no que diz respeito ao som, bom a banda sonora agrada-me, sendo na sua maioria baseada em rock, mas com um cheirinho a country. e que assenta que nem uma luva ao estilo do jogo. O voice acting é terrível. Por um lado acho que a Sega se esforçou ao introduzir personagens com diferentes sotaques de cada região, algo bem notório no modo Queen, mas por outro lado temos muitas personagens com vozes irritantes, como é o caso do velhote Noisy Duck e de alguns dos antagonistas. A história como um todo é algo cringe, mas sinceramente isso também acaba por contribuir para o jogo ter um certo charme.

O interior dos camiões está top!

Portanto este The King of Route 66 acaba por ser uma interessante sequela do 18 Wheeler. Para quem gostou de jogar o original, irá certamente apreciar este jogo, pois a Sega esforçou-se en incluir muitos mais modos de jogo e desafios adicionais nesta versão doméstica. Mas não é um jogo que irá certamente agradar a todos, pois a sua jogabilidade é bastante peculiar e vai-nos obrigar a investir muitas horas para dominar a condução de cada camião. A sua história, voice acting e o design bizarro de várias personagens também poderá alienar algumas pessoas, mas sinceramente, por muito estranho que seja, até que gostei.

Shenmue II (Sega Dreamcast, Microsoft Xbox, Sony Playstation 4)

Justamente na semana em que Shenmue III é finalmente lançado, lá consegui finalizar o Shenmue II. Não que planeie comprar o Shenmue III a full price, mas com as promoções que se avizinham de Black Fridays e Natal, nunca se sabe! Tenho este jogo em várias plataformas, mas tal como no primeiro, foi no HD Remaster para a PS4 onde o joguei até ao fim. A versão Dreamcast foi comprada por 20€ na Cash Converters de Alfragide, já há uns bons anos atrás, provavelmente 2014 ou 2015. A versão Xbox também não consigo precisar quando a arranjei, visto que já me passaram diversos exemplares pelas mãos, mas esta veio de uma feira de velharias e está completa e em bom estado. O remaster para a PS4, também como já referi no outro artigo, veio de uma Worten algures neste ano, numa das suas promoções de “leve 3 pague 2”.

Jogo completo com manuais, sleeve exterior e papelada

Tal como no artigo anterior, começo por abordar as diferenças entre versões. A versão Dreamcast é a original, e visto não ter saído nos Estados Unidos, a versão que nos chegou até à Europa contém todo o voice acting original em japonês, com legendas em Inglês. A versão Xbox, já vem com o voice acting em inglês. Inclui algumas ligeiras melhorias gráficas e de performance, para além de incluir alguns extras como a possibilidade de gravar o progresso no jogo em qualquer altura, ou tirar screenshots a qualquer instante. Para além disso traz um DVD bónus com um filme que resume a história do primeiro jogo e os seus momentos chave. Já o remaster HD, transcrevo o que disse sobre o primeiro jogo: “o remaster HD foi upscaled para 1080p, com algumas melhorias nos gráficos, apresentando no entanto a possibilidade de optarmos pelo voice acting em japonês ou inglês. Sinceramente prefiro jogar com o voice acting original, logo aqui está uma óptima melhoria! Os controlos, apesar de estarem longe de perfeitos, foram revistos, incluindo suporte aos analógicos e a algum controlo de câmara adicional . Podemos também salvar o nosso progresso no jogo a qualquer momento, para além de mais alguns pequenos extras como o suporte a troféus”. A possibilidade de tirar screenshots também se mantém.

Versão Xbox com caixa, manual e disco bónus. Não gosto muito da arte desta versão.

E este Shenmue II começa logo após os eventos do jogo anterior, logo no início de 1987, onde partimos para Hong Kong no encalço de Lan Di, não só para procurar vingança pelo assassinato do pai de Ryo Hazuki, mas também para desvendar o porquê de todos os acontecimentos que se têm vindo a desenrolar. A primeira melhoria a denotar é precisamente na área a explorar. O distrito de Wan Chai em Hong Kong só por si já possui muito mais áreas de jogo, repletas de lojas e outros edifícios que poderemos explorar. Mais lá para a frente, ainda em Hong Kong vamos explorar também a cidade degradada de Kowloon, que apesar de mais pequena em àrea horizontal, está repleta de grandes prédios, cheios de interligações entre si, e com muitos elevadores avariados e escadas fechadas, tornando a sua navegação algo labiríntica. Por fim acabamos por explorar parte do interior da China, quando caminhamos rumo à vila de Bailu, que servirá de ponto de arranque do Shenmue III.

Remaster dois dois Shenmues para a Playstation 4

Tal como o seu predecessor, Shenmue II é um jogo de natureza open-world, que assenta em três mecânicas de jogo principais. As free quests representam toda a natureza de exploração, onde podemos navegar livremente pelo mapa, interagir com NPCs e inclusivamente jogar alguns mini-jogos como coleccionar pequenas figuras, jogar arcadas ou participar em jogos de azar. Ocasionalmente lá teremos de participar nalguns combates de rua (e não só), com o jogo a assumir algumas mecânicas semelhantes aos Virtua Fighter, onde podemos por em prática diferentes golpes e muitas vezes teremos de defrontar mais que um oponente em simultâneo. Por fim temos várias outras cutscenes repletas de quick time events. Desta vez não temos condução de veículos (saudades das corridas de empilhadoras!).

A versão Xbox por si só já vinha com alguns melhoramentos gráficos

A parte de exploração é sem dúvida onde passamos mais tempo e é aqui que as quests principais se vão desenvolvendo. Tal como no seu predecessor, o jogo possui um relógio niterno,  com transições entre dia e noite. As localizações que podemos/devemos visitar, como as diferentes lojas, têm horários próprios de funcionamento que devemos ter em conta, bem como todos os NPCs seguirem rotinas próprias, o que é muito interessante e tecnicamente impressionante para a altura em que o jogo foi desenvolvido. Outros detalhes como as diferentes condições metereológicas estão novamente aqui presentes. A nível de melhoramentos, a principal funcionalidade que achei muito benvinda é a o possibilidade de, em certas ocasiões, poder avançar rapidamente no tempo. Por exemplo, temos uma quest que nos obriga a estar no ponto A a uma certa hora. Enquanto no original tinhamos mesmo de esperar esse tempo todo, aqui vamos tendo a opção de avançar o tempo até à hora em questão. É certo que é fácil matar tempo: Nesta sequela temos muito mais por explorar, muitos mais minijogos como lutas por dinheiro, competições de braços de ferro, gambling, empregos, coleccionáveis, mas pura e simplesmente podemos não querer perder tempo com isso e avançar na história, pelo que esta opção é muito benvinda.

Espero que estas QTEs na Dreamcast não sejam tão frustrantes quanto na PS4

No que diz respeito aos combates, há aqui também mais algumas mudanças face ao original. No original Dreamcast, e no remaster, podemos importar todas as habilidades (e o seu nível) do primeiro jogo para a sequela, se bem que iremos também aprender novos golpes neste jogo. Para os nossos golpes serem mais eficazes, temos de os practicar e isto, no primeiro Shenmue, era algo que se podia fazer em qualquer altura do dia, em alguns espaços abertos, sendo uma óptima maneira de passar o tempo. Aqui não temos essa possibiliade, pelo que apenas podemos ir evoluindo os nossos golpes nas batalhas propriamente ditas. Outra possibilidade é desafiar alguns lutadores de rua, mas aí temos a desvantagem de poder perder dinheiro, caso percamos o combate.

Não temos de conduzir empilhadoras, mas vamos precisar de passar umas manhãs a carregar livros antigos

Por fim, no que diz respeito aos quick time events, este Shenmue II introduz alguns novos tipos de QTEs: sequências de botões que têm de ser pressionados rapidamente e sem falhas. Bom, para mim este é mesmo o ponto mais baixo em todo o jogo. Isto porque estas sequências para além de terem um timing muito próprio, não dão quaisquer margens para erros. Geralmente conseguimos gravar o nosso progresso no jogo antes de haverem estas  QTEs “especiais”, ou noutras situações o jogo deixa-nos tentar novamente sem nos prejudicar. Mas já na recta final de Kowloon, temos uma série de combates mais exigentes que terminam com QTEs deste género. E se falharmos, temos de recomeçar os combates de novo. Posso dizer que tentei seguramente mais de 20 vezes o combate contra o Baihu e falhava sempre uma destas QTEs. Não sei se é um problema do remaster, provavelmente na Dreamcast ou Xbox as coisas não são tão críticas, mas tive muitas dificuldades na PS4. A dica que posso dar é: se tiverem uma destas QTEs em que precisam de pressionar 2 direcções seguidas e depois um botão facial, usem o analógico, com toques firmes e na direcção certa, não necessariamente à velocidade da luz mas também não muito lento. Se tivermos de pressionar algumas direcções e botões faciais de forma alternada, aí já uso mais o D-pad: Com calma, mas uma vez mais relativamente rápido, toques firmes em cada botão. Creio que o meu problema era tentar fazer as sequências rápidas demais e/ou não pressionar devidamente nos botões certos, muitas vezes o sistema não aceitava as minhas combinações, mesmo eu tendo a certeza que pressionei os botões correctos. Em qualquer dos casos, foi muito, muito, muito frustrante. Espero que o Yu Suzuki tenha implementado um sistema melhor no Shenue III.

Podemos perguntar às pessoas por direcções e algumas até se disponibilizam em nos acompanhar aos destinos.

A nível audiovisual, tal como referi anteriormente, o original um jogo tecnicamente muito impressionante para a época em que foi lançado (finais de 1999). A sequela mantém a mesma qualidade, com cidades muito bem detalhadas, especialmente as personagens, as suas animações e expressões faciais. Para além disso há uma maior variedade de cenários a explorar, não só urbanos, e a representação das cidades parece-me muito realista para a época retratada. O remaster traz texturas em maior resolução, modelos poligonais ligeiramente mais detalhados e alguns efeitos de luz adicionais, embora tenha o mesmo problema de, à noite, o jogo ser bem mais escuro que o original. A nível de som, as músicas são muito ambientais (tirando se calhar o tema mais rock da Joy), indo buscar muitos temas orientais. As cidades estão repletas do burburinho de pessoas a falar, músicas das lojas a tocar em plano de fundo, enfim, cheias de vida! O voice acting original, em Japonês, é excelente para a sua época. Já o inglês… bom… sinceramente não acho que seja o mais interessante.

Depois dos acontecimentos frenéticos do terceiro disco, o quarto é literalmente um passeio

Portanto, este Shenmue II acaba por ser uma excelente sequela do clássico da Dreamcast, expandindo os seus conceitos de exploração ao adicionar muito mais conteúdo e território a explorar. Algumas novidades nas mecânicas de jogo como a possibilidade de avançar o tempo em determinadas situações foram muito benvindas, já os novos QTEs sequenciais não, de todo. Os controlos continuam a ser algo estranhos na movimentação de Ryo, mas são fruto do seu tempo. A narrativa está excelente e agora, ao fim destes anos todos, consigo entender perfeitamente o porquê dos fãs de Shenmue quererem tanto uma sequela, pois a história tem potencial e eu também estou bastante curioso em acompanhar o seu desfecho.