Vamos agora voltar à Nintendo DS para mais um jogo que sinceramente não estava a planear jogar novamente. Tal como aconteceu com os Final Fantasy The 4 Heroes of Light e Final Fantasy Crystal Chronicles Echoes of Time, este foi também um daqueles jogos que joguei originalmente num flashcart, noutros tempos em que viajava muito de autocarro e que me permitiram jogar muito da biblioteca que me interessava para as portáteis que mais usei nesses anos: a Nintendo DS e a PSP. A maior parte dos jogos que terminei dessa forma foram entrando na colecção e tenho tido sempre o hábito de os jogar novamente para depois escrever cá qualquer coisa. No entanto actualmente o tempo livre já não é o mesmo, o backlog é ainda maior, pelo que tomei a decisão de apenas voltar a jogar RPGs que já havia terminado antes só mesmo em casos mais especiais. O que fiz para os jogos acima citados foi rever algum gameplay nas horas vagas para reavivar a memória e, no caso do Crystal Chronicles, fazer também as primeiras dungeons novamente, visto que a versão Wii é bastante diferente a nível de controlos quando comparada com a versão DS que havia jogado originalmente. Ora ia fazer isto com o Phantasy Star Zero também, mas isso acabou por não acontecer, por duas razões que irei explicar em seguida.
E convém esclarecer algo já aqui no início. Apesar do nome Zero parecer indicar que este é uma prequela, na verdade as coisas não são bem assim. Quando o jogo foi anunciado até pensei que pudesse ser uma prequela da série original, mas não é o caso. Aliás, o jogo não é uma prequela de todo! Existem, até ao momento, 3 universos distintos da série Phantasy Star: a série original que “morreu” no Phantasy Star IV, a série Phantasy Star Online (que continua viva actualmente com o PSO2 New Genesis) e a série introduzida pelo Phantasy Star Universe (cujo último lançamento foi o Phantasy Star Portable 2 Infinity – que provavelmente jogarei algures no próximo ano). Não querendo revelar mais do que isto, Phantasy Star Zero decorre no mesmo universo de Phantasy Star Online, mas não é uma prequela.

Uma das razões que me levou a voltar a pegar no jogo foi que, quando comecei a rever algum gameplay, a história estava a ser consideravelmente diferente do que me lembrava. Depois de investigar um pouco é que descobri que mediante a raça que escolhemos para a nossa personagem, o início do jogo é consideravelmente diferente, com a história posteriormente a unir-se numa narrativa comum, sempre com ligeiras diferenças entre si. Independentemente da personagem que criem, o que interessa reter da história é que houve um grande desastre naquele planeta há umas centenas de anos atrás. Os humanos que sobreviveram haviam-se refugiado no subterrâneo e lentamente foram repopulando a superfície assim que esta se começou a tornar mais habitável. Todos os casts (andróides) haviam sido desligados durante esse desastre e lentamente foram acordando com o passar dos anos, mas sem quaisquer memórias do seu passado. Já os newmans, uma raça de humanos geneticamente modificados desapareceram sem deixar rasto. Naturalmente que quase todo o conhecimento que havia dessa antiga civilização desapareceu com o tempo, pelo que à superfície se criou o hábito de explorar ruínas dessa civilização em busca de artefactos tecnológicos que possam explicar o desastre que aconteceu, bem como simplesmente recuperar tecnologia que melhore a qualidade de vida das pessoas. Como é habitual em jogos onde nós criamos a nossa personagem, esta nunca vai ser muito carismática, com os NPCs que nos vão acompanhando ao longo do jogo a terem todo o destaque para a narrativa. Independentemente da personagem que criemos, iremos acabar por trabalhar no hunters guild local e cumprir uma série de quests em conjunto com alguns amigos que iremos fazer. Naturalmente que vamos descobrir o que se passou há alguns séculos atrás!

A nível de jogabilidade esta é muito, muito semelhante à do Phantasy Star Online e isso foi também a outra das razões que me levou a querer jogar este jogo novamente. Os controlos foram adaptados aos botões da Nintendo DS, mas não fogem muito de como se jogava PSO na Dreamcast. Os botões faciais A, B e Y podem ser mapeados com as mais variadas acções, sejam diferentes tipos de ataques físicos (que podem ser encadeados uns nos outros se pressionarmos os botões no timing certo), o uso de itens ou magias. Enquanto mantivermos o botão R pressionado temos acesso a uma outra paleta de 3 acções adicionais que poderão ser mapeadas para os mesmos botões faciais. O uso de mags (pequenos robots flutuantes que nos acompanham) marca aqui a sua presença uma vez mais: estes vão guardando energia à medida que vamos combatendo e uma vez no máximo essa energia pode ser libertada numa acção especial que poderá ter diferentes efeitos mediante a maneira como vamos evoluindo o nosso mag (que também irá mudar de aparência). O botão L serve para fazer reset à câmara ou para fazer lock-on nalgum inimigo ou objecto, caso surja algum cursor no ecrã.
Para além de várias quests (sejam elas mandatórias ou opcionais para a história) também poderemos explorar livremente as áreas de jogo que vamos entretanto desbloqueando, seja para treinar a nossa personagem, seja em busca de melhores itens ou armas, pois todo o loot que encontramos é aleatório. Aliás, as quests opcionais podem ser usadas para isso mesmo, visto que estas acabam por ser bastante repetitivas, ao obrigar-nos a rejogar as mesmas dungeons, mas potencialmente com inimigos mais fortes. Podemos também comprar novas armas ou melhorá-las recorrendo a lojas específicas e/ou a itens especiais que poderemos vir a encontrar. As diferentes raças, classes e mesmo o género possuem diferenças entre si e é essencialmente o mesmo conceito dos Phantasy Star Online. Os humanos são consideravelmente bons em todas as áreas. Já os casts são mais fortes fisicamente por serem andróides e mais precisos que os humanos, no entanto não podem usar magias, mas podem usar (e detectar) traps. Por outro lado os newmans são mais fortes no uso de magias do que força física. As classes hunter representam os guerreiros de combate corpo-a-corpo, já os Rangers especializam-se em utilizar armas de fogo. Os Force são a classe dos mágicos e existem várias magias que apenas estes têm acesso. Para além disso, a distinção entre homem e mulher nas diferentes raças e classes também traz ligeiras diferenças nas mesmas e a combinação de todos estes factores (com a excepção dos casts não poderem ser Forces) resultam em personagens com diferentes características, para além de toda a customização estética que poderiam ter. De resto, e como seria de esperar era também possível jogar este título online com outras pessoas, mas isso foi algo que nem sequer experimentei.
A nível audiovisual sinceramente acho este jogo muito bem conseguido para uma Nintendo DS, que possui um hardware consideravelmente limitado para renderizar gráficos em 3D. No entanto este é dos melhores jogos da plataforma nesse sentido, com personagens bem detalhadas, inúmeras armas e combinações de vestimentas à mistura e tudo é renderizado no ecrã como suposto. Os inimigos vão sendo bem detalhados e os cenários variados. Ocasionalmente vamos ver algumas cut-scenes de animação no estilo japonês, mas que são infelizmente muito curtas na sua maioria. Nada de especial a apontar aos efeitos sonoros, a não ser a luta contra o boss do dragão que possui uns efeitos sonoros de ruído branco que me irritaram um pouco. A banda sonora não é nada do outro mundo, mas é muito semelhante à do Phantasy Star Online, no seu estilo e ambiência. Em relação ao voice acting, esse apenas existe nas tais pequenas cut-scenes mencionadas acima.
Portanto devo dizer que gosto bastante deste Phantasy Star Zero. É essencialmente um Phantasy Star Online portátil, com uma jogabilidade muito similar em todos os aspectos. O facto de ser um jogo de Nintendo DS não foi necessariamente uma limitação pois a jogabilidade é fluída e o jogo possui um nível de detalhe bem acima da média dos jogos 3D deste sistema. É um excelente Phantasy Star portátil, portanto! Os Phantasy Star Portable também são bons jogos (particularmente o segundo) mas a jogabilidade é ligeiramente diferente e o setting é do Phantasy Star Universe, que não me traz tanta nostalgia quanto o Phantasy Star Online. Este jogo tem uma narrativa bem mais extensa que a dos Phantasy Star Online, no entanto, o que também é bom. Se bem que a narrativa em si é bastante ligeira e muito longe da qualidade que a Sonic Team tinha conseguido fazer com o Phantasy Star IV. De resto só me resta mencionar que a Sega havia também disponibilizado, de forma digital e apenas no Japão, um Phantasy Star Zero Mini que como o nome indica é um jogo bem mais simples. É essencialmente um score attack onde podemos jogar com Kai, Sarisa ou Ogi, as personagens que nos acompanham ao longo da história principal.
























