Phantasy Star Zero (Nintendo DS)

Vamos agora voltar à Nintendo DS para mais um jogo que sinceramente não estava a planear jogar novamente. Tal como aconteceu com os Final Fantasy The 4 Heroes of Light e Final Fantasy Crystal Chronicles Echoes of Time, este foi também um daqueles jogos que joguei originalmente num flashcart, noutros tempos em que viajava muito de autocarro e que me permitiram jogar muito da biblioteca que me interessava para as portáteis que mais usei nesses anos: a Nintendo DS e a PSP. A maior parte dos jogos que terminei dessa forma foram entrando na colecção e tenho tido sempre o hábito de os jogar novamente para depois escrever cá qualquer coisa. No entanto actualmente o tempo livre já não é o mesmo, o backlog é ainda maior, pelo que tomei a decisão de apenas voltar a jogar RPGs que já havia terminado antes só mesmo em casos mais especiais. O que fiz para os jogos acima citados foi rever algum gameplay nas horas vagas para reavivar a memória e, no caso do Crystal Chronicles, fazer também as primeiras dungeons novamente, visto que a versão Wii é bastante diferente a nível de controlos quando comparada com a versão DS que havia jogado originalmente. Ora ia fazer isto com o Phantasy Star Zero também, mas isso acabou por não acontecer, por duas razões que irei explicar em seguida.

Jogo com manual e papelada

E convém esclarecer algo já aqui no início. Apesar do nome Zero parecer indicar que este é uma prequela, na verdade as coisas não são bem assim. Quando o jogo foi anunciado até pensei que pudesse ser uma prequela da série original, mas não é o caso. Aliás, o jogo não é uma prequela de todo! Existem, até ao momento, 3 universos distintos da série Phantasy Star: a série original que “morreu” no Phantasy Star IV, a série Phantasy Star Online (que continua viva actualmente com o PSO2 New Genesis) e a série introduzida pelo Phantasy Star Universe (cujo último lançamento foi o Phantasy Star Portable 2 Infinity – que provavelmente jogarei algures no próximo ano). Não querendo revelar mais do que isto, Phantasy Star Zero decorre no mesmo universo de Phantasy Star Online, mas não é uma prequela.

Como é normal na série Phantasy Star Online, poderemos customizar o aspecto da nossa personagem consideravelmente

Uma das razões que me levou a voltar a pegar no jogo foi que, quando comecei a rever algum gameplay, a história estava a ser consideravelmente diferente do que me lembrava. Depois de investigar um pouco é que descobri que mediante a raça que escolhemos para a nossa personagem, o início do jogo é consideravelmente diferente, com a história posteriormente a unir-se numa narrativa comum, sempre com ligeiras diferenças entre si. Independentemente da personagem que criem, o que interessa reter da história é que houve um grande desastre naquele planeta há umas centenas de anos atrás. Os humanos que sobreviveram haviam-se refugiado no subterrâneo e lentamente foram repopulando a superfície assim que esta se começou a tornar mais habitável. Todos os casts (andróides) haviam sido desligados durante esse desastre e lentamente foram acordando com o passar dos anos, mas sem quaisquer memórias do seu passado. Já os newmans, uma raça de humanos geneticamente modificados desapareceram sem deixar rasto. Naturalmente que quase todo o conhecimento que havia dessa antiga civilização desapareceu com o tempo, pelo que à superfície se criou o hábito de explorar ruínas dessa civilização em busca de artefactos tecnológicos que possam explicar o desastre que aconteceu, bem como simplesmente recuperar tecnologia que melhore a qualidade de vida das pessoas. Como é habitual em jogos onde nós criamos a nossa personagem, esta nunca vai ser muito carismática, com os NPCs que nos vão acompanhando ao longo do jogo a terem todo o destaque para a narrativa. Independentemente da personagem que criemos, iremos acabar por trabalhar no hunters guild local e cumprir uma série de quests em conjunto com alguns amigos que iremos fazer. Naturalmente que vamos descobrir o que se passou há alguns séculos atrás!

Esta cidade é o hub que servirá para interagirmos com outros NPCs, lojas e avançar na história ou aceitar novas quests. Existe um portal que nos dará acesso às restantes áreas de jogo.

A nível de jogabilidade esta é muito, muito semelhante à do Phantasy Star Online e isso foi também a outra das razões que me levou a querer jogar este jogo novamente. Os controlos foram adaptados aos botões da Nintendo DS, mas não fogem muito de como se jogava PSO na Dreamcast. Os botões faciais A, B e Y podem ser mapeados com as mais variadas acções, sejam diferentes tipos de ataques físicos (que podem ser encadeados uns nos outros se pressionarmos os botões no timing certo), o uso de itens ou magias. Enquanto mantivermos o botão R pressionado temos acesso a uma outra paleta de 3 acções adicionais que poderão ser mapeadas para os mesmos botões faciais. O uso de mags (pequenos robots flutuantes que nos acompanham) marca aqui a sua presença uma vez mais: estes vão guardando energia à medida que vamos combatendo e uma vez no máximo essa energia pode ser libertada numa acção especial que poderá ter diferentes efeitos mediante a maneira como vamos evoluindo o nosso mag (que também irá mudar de aparência). O botão L serve para fazer reset à câmara ou para fazer lock-on nalgum inimigo ou objecto, caso surja algum cursor no ecrã.

O jogo possui algumas cut-scenes anime em certos momentos chave, pena que sejam bastante curtas!

Para além de várias quests (sejam elas mandatórias ou opcionais para a história) também poderemos explorar livremente as áreas de jogo que vamos entretanto desbloqueando, seja para treinar a nossa personagem, seja em busca de melhores itens ou armas, pois todo o loot que encontramos é aleatório. Aliás, as quests opcionais podem ser usadas para isso mesmo, visto que estas acabam por ser bastante repetitivas, ao obrigar-nos a rejogar as mesmas dungeons, mas potencialmente com inimigos mais fortes. Podemos também comprar novas armas ou melhorá-las recorrendo a lojas específicas e/ou a itens especiais que poderemos vir a encontrar. As diferentes raças, classes e mesmo o género possuem diferenças entre si e é essencialmente o mesmo conceito dos Phantasy Star Online. Os humanos são consideravelmente bons em todas as áreas. Já os casts são mais fortes fisicamente por serem andróides e mais precisos que os humanos, no entanto não podem usar magias, mas podem usar (e detectar) traps. Por outro lado os newmans são mais fortes no uso de magias do que força física. As classes hunter representam os guerreiros de combate corpo-a-corpo, já os Rangers especializam-se em utilizar armas de fogo. Os Force são a classe dos mágicos e existem várias magias que apenas estes têm acesso. Para além disso, a distinção entre homem e mulher nas diferentes raças e classes também traz ligeiras diferenças nas mesmas e a combinação de todos estes factores (com a excepção dos casts não poderem ser Forces) resultam em personagens com diferentes características, para além de toda a customização estética que poderiam ter. De resto, e como seria de esperar era também possível jogar este título online com outras pessoas, mas isso foi algo que nem sequer experimentei.

Visualmente é um jogo bem apelativo e competente para as limitações do sistema

A nível audiovisual sinceramente acho este jogo muito bem conseguido para uma Nintendo DS, que possui um hardware consideravelmente limitado para renderizar gráficos em 3D. No entanto este é dos melhores jogos da plataforma nesse sentido, com personagens bem detalhadas, inúmeras armas e combinações de vestimentas à mistura e tudo é renderizado no ecrã como suposto. Os inimigos vão sendo bem detalhados e os cenários variados. Ocasionalmente vamos ver algumas cut-scenes de animação no estilo japonês, mas que são infelizmente muito curtas na sua maioria. Nada de especial a apontar aos efeitos sonoros, a não ser a luta contra o boss do dragão que possui uns efeitos sonoros de ruído branco que me irritaram um pouco. A banda sonora não é nada do outro mundo, mas é muito semelhante à do Phantasy Star Online, no seu estilo e ambiência. Em relação ao voice acting, esse apenas existe nas tais pequenas cut-scenes mencionadas acima.

A acompanhar-nos teremos um máximo de 3 NPCs que são completamente autónomos.

Portanto devo dizer que gosto bastante deste Phantasy Star Zero. É essencialmente um Phantasy Star Online portátil, com uma jogabilidade muito similar em todos os aspectos. O facto de ser um jogo de Nintendo DS não foi necessariamente uma limitação pois a jogabilidade é fluída e o jogo possui um nível de detalhe bem acima da média dos jogos 3D deste sistema. É um excelente Phantasy Star portátil, portanto! Os Phantasy Star Portable também são bons jogos (particularmente o segundo) mas a jogabilidade é ligeiramente diferente e o setting é do Phantasy Star Universe, que não me traz tanta nostalgia quanto o Phantasy Star Online. Este jogo tem uma narrativa bem mais extensa que a dos Phantasy Star Online, no entanto, o que também é bom. Se bem que a narrativa em si é bastante ligeira e muito longe da qualidade que a Sonic Team tinha conseguido fazer com o Phantasy Star IV. De resto só me resta mencionar que a Sega havia também disponibilizado, de forma digital e apenas no Japão, um Phantasy Star Zero Mini que como o nome indica é um jogo bem mais simples. É essencialmente um score attack onde podemos jogar com Kai, Sarisa ou Ogi, as personagens que nos acompanham ao longo da história principal.

Gain Ground (Sega Mega Drive)

Vamos agora voltar à velhinha Mega Drive para uma análise ao Gain Ground, um clássico arcade da Sega cuja versão Master System já cá a trouxe no passado, onde apesar do conceito do jogo ser o mesmo, essa adaptação 8bit trouxe também novos níveis e personagens, embora perdendo muito conteúdo das versões originais. O meu exemplar foi comprado numa CeX por cerca de 15€ se a memória não me falha.

Jogo com caixa e manual

Ora como referi acima, apesar das versões terem todas algumas diferenças entre si, o conceito do Gain Ground é sempre o mesmo: no futuro, onde a paz mundial foi finalmente alcançada, o governo decide introduzir uma espécie de programa de treino onde soldados poderiam treinar a arte da guerra num ambiente de realidade virtual, para o caso de alguma emergência surgir e houver a necessidade de combater novamente. Acontece que o super computador que controlava essa simulação aparentemente se terá revoltado, capturando os criadores desse sistema, bem como muitos outros soldados que terão sido enviados para resgatar os criadores. Nós representamos então o último grupo de pessoas enviadas para salvar toda essa gente e destruir o super computador!

Nem todos os inimigos são facilmente atingíveis, os que estão em territórios elevados devem ser atacados com armas capazes para tal

O jogo está então dividido em vários mundos distintos com 10 níveis cada, sendo que cada “mundo” representa uma época distinta da história humana, desde a antiguidade, idade média, passando pelo presente e claro, o futuro. Cada um desses mundos terá cenários e inimigos contemporâneos, porém nós poderemos controlar guerreiros das mais variadas épocas. Os níveis podem ser vencidos de duas formas: eliminar todos os inimigos no ecrã, ou encaminhar em segurança todas as personagens que controlamos para a saída do nível. Ocasionalmente vemos também um ou mais ícones no ecrã, para além de todos os inimigos. Estes representam novas personagens que podem ser desbloqueadas e para o fazermos, basta apanhar o ícone e ir para a saída que a personagem ficará disponível para ser jogada no nível seguinte. No entanto, basta sofrer o mínimo dano que a personagem que controlamos morre. Ainda assim, a personagem que morreu fica disponível no ecrã como um ícone, pelo que a seguinte a pode salvar ao apanhá-la e seguir para a saída, ou derrotando todos os inimigos no ecrã.

Para desbloquear novas personagens devemos apanhar os ícones que as representam e alcançar a saída do nível. Ou derrotar todos os inimigos no ecrã.

Cada personagem possui dois tipos de ataques distintos, cujo primário pode ser despoletados com o botão B, enquanto o secundário com o A ou C. Cada personagem (de 20 possíveis), possuirá então diferentes características como a sua rapidez, o alcance das suas armas, a direcção de disparo, bem como a possibilidade de atacar inimigos que estejam em partes elevadas do cenário. A ordem pela qual controlamos as personagens é definida por nós, sendo que teremos de tirar partido das capacidades das mesmas para melhor nos desenvencilharmos dos inimigos que nos vão atacando. Há personagens que apenas disparam para cima, outras que nos permitem disparar em várias direcções, outras cujos padrões de ataque podem ser completamente distintos, como bumerangues que fazem sempre uma trajectória curva depois de serem atirados, projécteis com trajectórias parabólicas, entre muitos outros casos! Daí ser importante salvar o máximo de personagens possíveis, até porque estes servem também de vidas extra num jogo que já por si é bastante desafiante. Isto porque em cada nível teremos dezenas de inimigos para derrotar, também com diferentes padrões de ataque e movimento que teremos de ter em consideração, já para não falar no seu posicionamento que poderá estar fora do alcance de ambos os ataques de certas personagens.

O último mundo decorre no futuro e como seria de esperar é o que tem os desafios mais difíceis

A nível audiovisual podemos dizer que este não é um jogo incrível. É bastante original no seu conceito e até algo variado nos níveis que vamos ter de completar, mas não esperem por gráficos muito detalhados. Um detalhe interessante a apontar são os retratos das personagens que controlamos, nas extremidades esquerda (primeiro jogador) e direita (segundo jogador se for esse o caso) do ecrã. De baixo do seu retrato temos informações das armas especiais da personagem seleccionada: o tipo de arma, se servem para atacar alvos altos (H) ou baixos (L) e a direcção de disparo. É informação bastante útil, mas seria ainda mais interessante se fosse mais completa, contendo também a arma normal. De resto, nada de especial a apontar aos efeitos sonoros, já a banda sonora é algo inconsistente. Gosto bastante da músicas do primeiro mundo e do que decorre na actualidade, já as restantes não me agradam assim tanto, confesso.

No final de cada era temos sempre um boss para enfrentar

Portanto este Gain Ground é um jogo muito interessante na originalidade do seu conceito e bastante variado com as diferentes personagens que teremos ao nosso dispor, cada qual com características distintas e que terão de ser utilizadas com mestria para ultrapassar os níveis que serão cada vez mais exigentes. No geral esta é uma boa adaptação do original arcade, introduzindo um mundo nível adicional. Para além da versão Master System que já cá trouxe no passado, de notar também um lançamento para a PC Engine CD que também me parece bastante competente, embora esse se tenha ficado apenas pelo Japão.

The Last Door: Complete Edition (Nintendo Switch)

Nos últimos dias acabei por ir jogar este The Last Door, um jogo que já tinha na minha wishlist de steam há muito tempo mas acabei por nunca o comprar. Quando me apercebi há uns bons meses atrás que havia sido lançada uma edição física já com todo o conteúdo incluído, então passei a estar mais atento a eventuais campanhas. E foi o que aconteceu, vi-o a um óptimo preço na Amazon algures no mês passado e lá deu entrada na colecção.

Jogo com caixa e um pequeno livro de arte que até chega a ser cómico visto que os retratos que contém têm o mesmo nível de detalhe das personagens do jogo.

O The Last Door é uma aventura gráfica do estilo point and click, sendo passada numa Inglaterra do final do século XIX (logo, época Victoriana) e com uma temática de terror ao estilo de H.P. Lovecraft. Tudo isto com visuais pixel art muito minimalistas e quem diria que mesmo assim é possível criar algo com uma atmosfera tão boa? Sem querer entrar em grandes detalhes, o jogo abre com uma cena de alguém prestes a enforcar-se, enquanto menciona que espera que um dos seus amigos consiga resolver um certo problema. E o jogo passa depois para Jeremiah Devitt, o tal amigo que recebe uma carta com um pedido de ajuda urgente, vinda da personagem que havia acabado de se enforcar, pelo que acabamos por investigar o que aconteceu realmente ali. Naturalmente, sendo este um jogo com influências dos trabalhos de H.P. Lovecraft, o que não vão faltar são referências ao ocultismo e deixo o resto da história para ser descoberta por vocês mesmos. Digo só que o jogo foi sendo lançado originalmente num formato episódico, onde todos os episódios foram sendo crowdfunded pelo kickstarter. Tirando algum conteúdo extra de menor dimensão (e que está também aqui incluído nesta versão), a história divide-se em 2 temporadas de 4 capítulos cada.

Uma aventura gráfica com um estilo visual muito retro. Mas não se iludam, resulta muitíssimo bem.

As mecânicas de jogo são bastante simples mesmo para um point and click, existindo apenas um botão de interacção com os cenários, cuja acção muda consoante o contexto. Por exemplo, ao arrastar o cursor para certos pontos de interesse do cenário, o mesmo pode ser uma lupa que tem a função de observar/comentar, uma mão para interagir ou apanhar, ou um balão de diálogo para falar. Ocasionalmente vamos coleccionando vários objectos, cujo inventário está sempre visível no ecrã, na parte inferior do ecrã. Usar um objecto é só arrastar o ponteiro, clicar para o seleccionar e arrastar o ponteiro para o alvo, clicando no fim uma vez mais. Existem também teclas de atalho (os triggers) para mais rapidamente circular pelos itens do inventário, assim como um outro botão para mostrar no ecrã todos os pontos de interesse que podem ser interagidos, o que dá sempre muito jeito.

Em baixo temos o inventário sempre visível e mesmo que queiramos combinar um objecto com o outro é super simples, é clicar num e clicar no outro em seguida!

Mas é mesmo no audiovisual que o jogo excede as expectativas, pelo menos para mim. Se forem leitores assíduos cá do espaço, já devem saber que sou um grande apreciador de uma boa pixel art. Jogos indie que o façam ainda melhor! E este não é qualquer tipo de pixel art, mas sim uma arte muito mais minimalista que poderia estar presente num computador de 8bit tipo Commodore 64. E mesmo assim, em conjunto com a banda sonora, conseguiram transparecer uma atmosfera aterradora. Não me interpretem mal, este não é um jogo assustador, mas sim com uma atmosfera bastante tensa e sempre sinistra. A banda sonora é composta por temas acústicos, principalmente simples melodias de piano, o que por um lado nos deixa um certo sentimento contemporâneo pela época em que a narrativa decorre (final do século XIX), por outro lado é também bastante eficaz em contribuir para essa atmosfera aterradora que mencionei. Não existe no entanto nenhum voice acting, com algumas vozes a surgirem apenas como som de fundo para contribuir para a tal ambiência.

Tal como nalguns clássicos, ocasionalmente temos algumas escolhas para fazer nos diálogos que poderão ter ligeiras consequências.

Portanto devo dizer que gostei bastante deste The Last Door e fiquei muito contente por ter esperado e eventualmente comprado este lançamento físico para manter na colecção. Felizmente os sistemas actuais têm vindo a receber muitos indies conceituados em formato físico, é algo que planeio continuar a explorar futuramente. Já o The Last Door, uma aventura gráfica relativamente curta, mas muito bem feito, particularmente a forma como a narrativa nos é apresentada e o pixel art minimalista que usa nos seus gráficos não prejudica o jogo em nada.

Bravoman (Turbografx-16)

Vamos voltar à Turbografx-16 para um jogo que já cá tinha em backlog há algum tempo. Houve uma altura em que comprei vários lotes de jogos PC-Engine / Turbografx-16 a um particular na vinted que se estava a desfazer da sua colecção, entre os quais alguns jogos selados. De Turbografx-16 comprei o Pac-Land e este Bravoman mas, apesar de eu acabar por jogar practicamente tudo o que seja retro através de emulação por conveniência, gosto sempre de os experimentar no hardware original. O Pac-Land foi então aberto, mas não tive coragem de fazer o mesmo com este Bravoman, pelo que me fiquei 100% por emulação neste jogo.

Jogo ainda selado, não tive coragem de o abrir, apesar de não ser o primeiro de TG-16 que tive nestas condições.

Este Bravoman acaba por ser uma adaptação de um jogo arcade da Namco chamado de Chouzetsu Rinjin Bravoman. É um híbrido de um jogo de acção/plataformas, com alguns níveis intermédios com mecânicas de shmup. É também um jogo onde encarnamos no papel de um super herói (o tal Bravoman) que terá de travar uma série de vilões liderados pelo Dr. Bomb e assim salvar o mundo. Ou algo do género. É que o original arcade sempre foi uma espécie de paródia aos super heróis nipónicos e isso acaba por se traduzir aqui também de certa forma.

Este é o Dr. Bomb e com um nome desses só pode ser um vilão. E sim, tem um penteado que mais parece um bróculo.

A nível de mecânicas de jogo, na sua essência estas são bastante simples. Na maioria dos níveis, que são de plataformas, um dos botões salta e o outro ataca, onde Bravoman estica os seus braços tipo o Dhalsim do Street Fighter II. Ao pressionar combinações de botões como o de salto e/ou direccional em conjunto com o ataque permite-nos desencadear diferentes golpes também, com Bravoman a dar também cabeçadas e pontapés, uma vez mais com essas partes do corpo a serem “extensíveis”. Já nos níveis de shmup, um dos botões faciais serve para lançar mísseis para a frente e o outro para bombas em arco. De resto, e independentemente do nível em questão, vamos poder encontrar também toda uma série de diferentes itens, desde comida que nos regenera a nossa barra de vida, power ups que nos deixam temporariamente mais poderosos, invencíveis ou dão-nos pontos ou vidas adicionais, entre outros. Algo de notar é a aparição de outros super heróis que nos podem ajudar. O Lottery Man surge sempre que apanhemos uma série de itens com símbolos ou derrotamos um boss e dá-nos alguma comida ou outros itens para nos ajudar. Temos é de ter cuidado para não o atacar muitas vezes, caso contrário fica chateado connosco e deixa de aparecer. Ocasionalmente também surge no ecrã o Alpha Man, o super herói que nos deu os nossos poderes, para nos dar algumas dicas.

Sim, este é um jogo com alguns diálogos bizarros

Depois o jogo é super bizarro em vários aspectos, a começar pelo design de muitos dos inimigos e bosses que é simplesmente estranho. Todos os diálogos são apresentados como balões de banda desenhada e muitas vezes, mesmo com má tradução para inglês, lá vemos algumas mensagens bastante bizarras também. As sprites são grandes e com um bom nível de detalhe, o que pode ser um problema pois acabamos por ser um alvo maior. Por outro lado também o nível de detalhe dos níveis é algo inconsistente. Alguns níveis apresentam bonitos efeitos de parallax scrolling, enquanto outros têm detalhe apenas na parte inferior dos cenários, com o restante céu sem qualquer detalhe ou gradiente de cor. Portanto, apesar deste não ser propriamente o jogo mais bonito de PC Engine acaba por cumprir bem o seu papel. Já no que diz respeito ao som, nada de especial a apontar a não ser o facto de a nossa personagem gritar bravo! sempre que ataca, o que nos vai levar à loucura ao fim de algum tempo. De resto, as músicas são agradáveis mas infelizmente repetem-se bastante.

A versão arcade tem muito mais detalhe e cor, como seria de esperar

Portanto este Bravoman é um jogo de acção cujo ponto forte é precisamente a estranheza e bizarrice das personagens e inimigos que vamos encontrar. Tudo o resto já não é nada por aí além e a versão arcade parece ser bem mais detalhada como seria de esperar.

WWF Raw (Sega 32X)

Vamos voltar às rapidinhas para um jogo da 32X, este WWF Raw. Eu não sou fã de wrestling, mas jogos com uma vertente bem mais arcade (o que é o caso do WWF Wrestlemania The Arcade Game ou WWF In Your House) até que são bastante divertidos. Já estes que tentam ser mais realistas são jogos que sinceramente não me cativam e os que tenho na colecção é precisamente por merio coleccionismo (excepto se calhar o WWF The Steel Cage Challenge por ter uma certa carga nostálgica visto ter sido um jogo que joguei várias vezes na infância). Este meu exemplar da 32X foi um jogo que eu tinha comprado originalmente para um amigo meu há uns anos atrás numa loja aqui do norte. Entretanto esse meu amigo arranjou uma versão completa do jogo, pelo que acabei por ficar com o cartucho de 32X para mim.

Cartucho solto.

Tal como na versão de Super Nintendo que já cá trouxe no passado, aqui temos os mesmos modos de jogo onde o objectivo, tal como acontece noutros jogos de wrestling, é o de enfraquecer os nossos adversários o suficiente (até à sua barra de vida estar no mínimo), para que depois possam ser dominados e o combate terminar. O elenco de utilizadores é o mesmo, excepto no facto de esta versão 32X possuir um lutador secreto que não está presente nas outras versões. Outra das novidades desta versão é a inclusão de alguns golpes adicionais.

Uma das novidades desta versão é a introdução deste lutador secreto

A nível audiovisual seria expectável que esta versão fosse superior às restantes. E de facto quando comparada com a versão Mega Drive, nota-se que esta versão é mais colorida e o som acaba por ter mais qualidade, fruto da 32X adicionar alguns canais de som digital adicionais, o que serve para enriquecer o som da Mega Drive e aqui a banda sonora acaba por utilizar mais samples de instrumentos reais. Mas ainda assim não a acho nada de especial, para ser sincero. Visualmente, para além de mais colorido e maior detalhe nos retratos dos lutadores, não vi grandes diferenças, já que muitas destas acabam por ser colmatadas na versão SNES.

Existem também algumas melhorias gráficas mas são marginais principalmente se comparadas com a versão SNES. O facto de a arena ter tons rosa também é um pouco estranho.

Portanto este WWF Raw de 32X é um daqueles lançamentos que acabou por dar má fama ao periférico da Sega. É verdade que é uma versão tecnicamente superior à da Mega Drive quanto mais não seja pela paleta de cores ser bem mais rica, mas o pouco de conteúdo extra que traz, para além dessas pequenas melhorias técnicas, acabam por não justificar a sua compra, pelo menos para quem já tivesse uma das outras versões dos sistemas de 16-bit. Em relação ao jogo em si, diria que é talvez o melhor de wrestling “normal” dos sistemas 16bit, o que sinceramente não é dizer muito.