A série Phantasy Star sempre foi uma das minhas preferidas e em especial o Phantasy Star IV para a Mega Drive, que juntamente do Chrono Trigger e Pokémon Yellow foi dos jogos que despertou o meu interesse em JRPGs há uma data de anos atrás. Entretanto a série clássica fechou mesmo com esse PS IV da Mega Drive, sendo que com o lançamento da Dreamcast, Phantasy Star se tornou num RPG mais de acção com uma componente online muito forte. Este Phantasy Star Universe foi lançado algures em 2005/2006, após o lançamento de várias iterações do Phantasy Star Online, tentando aproximar os elementos de RPG clássico dos velhos tempos com o “modernismo” trazido por PSO. A minha cópia foi o primeiro jogo que comprei para a PS2, algures em Janeiro de 2011, no ebay UK, não me tendo custado mais de 10€.
Quando o jogo foi anunciado, a SEGA suscitou o interesse de muita gente, pois ao anunciarem o “U” de Universe ficou na dúvida se não seria antes um V, o que iria agradar a imensos fãs da velha guarda que há muito ansiavam por um RPG “a sério” desta série. Acabou por se tornar um misto dos 2 conceitos que não agradou completamente os fãs, mas já lá vamos. A história decorre no sistema solar de Gurhal, onde existem 3 planetas e uma colónia espacial. Cada planeta tem uma raça em específico em maior número, onde os humanos estão maioritariamente na colónia, o planeta de Parum onde a maioria dos CASTs (seres cibernéticos) habitam, Neudaiz, onde predomina a raça Newman – humanos geneticamente melhorados com grandes aptidões para o uso de magia e por fim o planeta Moatoob, que alberga uma nova raça – os Beasts – seres humanóides com traços animais, mais dotados para combate directo. O sistema solar esteve em guerra durante muitos anos, onde as 4 raças lutavam pela sua supremacia, até que as raças chegaram a um entendimento e passou-se a viver num clima pacífico durante vários anos. Até que a uma dada altura surge uma ameaça misteriosa, os SEED. SEED é uma espécie de arma biológica com origem desconhecida, que passou a atacar o sistema solar de Ruhgal, povoando-o de diversos monstros, mutando os animais já existentes e dizimando os recursos naturais dos planetas. O jogo coloca-nos no papel do jovem órfão Ethan Waber, que se vê apanhado no meio dos primeiros ataques da SEED, decidindo juntar-se aos Guardians, uma organização não governamental de caçadores de prémios, que tem o objectivo de auxiliar a população. A história vai-se desenrolando desta forma, com a mesma a adquirir alguns contornos políticos e religiosos, com a inclusão de uma Divine Maiden, que serve +/- o mesmo propósito do Papa da religião deles. Oficialmente não há ligação entre os universos de Phantasy Star, Online e Universe, mas através de algumas quests é possível verificar que a SEGA deixou alguns hints que de facto interligam as séries. Isso é um assunto muito interessante para mim, mas sai do âmbito deste artigo, pelo que para quem se interessar aconselho a lerem estes posts no blog Ultimecia’s Castle.

Peço desculpa por grande parte dos screenshots serem da versão japonesa do jogo, mas tem sido difícil encontrar screenshots da versão PS2 ocidental. De vez em quando o jogador pode usar outros veículos ou animais, este é um dos casos.
Inicialmente podemos experimentar dois modos de jogo: Story e Network. O Story é auto explanatório, onde vivemos a história que PSU tem para oferecer, já no segundo modo é algo semelhante ao Phantasy Star Online, onde temos a liberdade para criar uma personagem à nossa medida, e depois poderemos explorar o mundo à vontade, com uma party de até 4 jogadores. Sinceramente não cheguei a experimentar este modo, pois os servidores da PS2 estão desligados há muito tempo. Após algum tempo no modo história também desbloqueamos o extra mode, que a meu ver é algo semelhante ao network mode, mas offline. Criamos uma personagem e podemos fazer algumas quests que também existem no story mode. Agora se podemos usar essa personagem para o jogo online sinceramente não o sei, mas por uma questão de segurança a nível de hacks/cheats suponho que não seja possível. Sei que podemos importar a personagem do extra mode para o modo offline da expansão Ambition of the Illuminus, coisa que eu fiz e estou a jogar de momento. Uma diferença muito grande face ao PSO é que apenas podemos escolher a raça da nossa personagem, já a “classe” (Hunter para combate directo, Ranger para combate à distância e Force para uso de magias) é algo que podemos alternar sempre que quisermos. Outra diferença face ao PSO e que os fãs desgostaram é a exclusão do sistema de Mags, pequenos aparelhos que nos acompanhavam nos combates, que os poderíamos alimentar com diversos items, o que os faria ter características diferentes no auxílio à personagem. Aqui os Mags foram de certa forma substituídos pelas partner machines, uns robozinhos que estão no nosso quartinho que para além de servirem de storage de items, permitem também a criação de novos items, uma espécie de alquimia moderna, onde através do uso de boards e alguns items que podem ser encontrados no jogo ou comprados em lojas, permitem a criação de outros items ou equipamento. Essas partner machines também podem ser alimentadas à semelhança dos Mags, e chegando a um nível máximo podem vir a ser seleccionados na party, combatendo ao lado do jogador.
De resto os combates são algo semelhantes ao PSO, na medida em que o jogo é um hack ‘n slash, e várias acções podem ser alocadas numa palete de acesso rápido no comando. Para quem esteve habituado ao PSO no comando da Gamecube durante muitos anos, a nova palete pode parecer algo confusa de início, mas acaba por ser mais útil pois podem-se alocar muitos mais items, equipamento e golpes especiais de uma vez só. A variedade de equipamento é, como em todos os RPGs online vastíssima, assim como alguns golpes/técnicas/magias especiais que podem ser alocados às armas seleccionadas. Para além de uma barra de energia, existe também uma barra de PP por cada arma, que é gasta sempre que se utiliza um desses golpes especiais. Esses golpes também vão sendo melhorados à medida em que os usamos, ou seja, têm um sistema de experiência próprio. O jogo está estruturado em capítulos, sendo os mesmos separados de uma maneira curiosa. A história do jogo é contada como se um anime se tratasse. No início de cada capítulo é apresentado um pequeno genérico que ilustra o mundo de PSU, seguido de uma música de abertura. Em contrapartida no final de cada capítulo é mostrado um outro genério e “cenas do próximo episódio”. O capítulo é dado como encerrado quando se completa a “Story mission” do mesmo. Antes de começar essas missões, o jogador tem liberdade de explorar as diferentes cidades, fazendo as compras que quiser, criar items, ou treinar cumprindo “Free Missions”, que podem ser repetidas indefenidamente. Infelizmente ambos os tipos de missões possuem secções chamadas “Trials”. A certo ponto da missão começa um temporizador a contar e o jogador tem de percorrer uma determinada área ou cumprir alguns objectivos. No final é atribuído um ranking, mediante o número de inimigos que derrotou e o tempo levado. Quanto melhor o ranking, melhor a recompensa, que pode passar por receber items/equipamento raros e dinheiro. Ora isto é muito bonito, mas o PSU sofre o mesmo mal do PSO, mesmo jogando online, é impossível pausar. E depois há uns trials específicos que de vez em quando surgem, em que o objectivo é purificar uma área das SEED, obrigando o jogador a vasculhar a área utilizando um visor em 1ª pessoa, após encontrar uns objectos invisíveis tem de mudar o inventário para uma ferramenta que inutilize essas SEED. Isto, no meio dos combates e da pressão do timer, acaba por ser uma experiência frustrante.

Existem 3 tipos de cutscenes: animadas em CG, com a engine do jogo e voice acting, ou com a engine do jogo e os diálogos em forma de balões de BD.
O post já vai longo, pelo que farei uma referência breve ao aspecto técnico. Não sei como são as versões PC ou X360, mas a versão PS2 apresenta imensos slowdowns, em especial quando usamos uma party de 4 personagens e o ecrã enche-se de inimigos. O framerate chega quase ao nível de um slideshow. Em relação aos gráficos, a versão PS2 não é muito superior ao PSO da Dreamcast, apresentando personagens muito pixelizadas, e texturas pobres. Excepção feita para alguns cenários que achei bem conseguidos, nomeadamente algumas secções do planeta Neudaiz, e dungeons mais futuristas, como as RELICs ou a dungeon final. A nível de som, não é muito diferente do Phantasy Star Online, apresentando uma banda sonora futurista, com muita música electrónica. Quem gostou das músicas do PSO, não irá desgostar deste. Outra novidade é a inclusão de algum voice acting em certas cut-scenes. Infelizmente as personagens não são carismáticas o suficiente, ou eu se calhar fiquei mal habituado depois de jogar o excelente Dragon Quest VIII umas semanas atrás.
Finalizando, acho que é de louvar o facto de a SEGA ter dado ouvidos aos fãs mais antigos que pediam um Phantasy Star com uma história mais concreta. Infelizmente, apesar de terem melhorado alguns aspectos da jogabilidade, nomeadamente a paleta de acções rápidas, deram uns passos atrás em muitas outras coisas. É um jogo que só recomendo a quem for realmente um fã acérrimo da série e gostar da ambiência que a mesma transmite. E recomendar por recomendar, acho que fariam melhor em comprar a versão PC, pois para além de parecer melhor tecnicamente, existem alguns servidores privados que podem ser usados para jogar o jogo online, tirando o máximo partido do mesmo. Se no entanto preferirem gráficos, a versão X360 parece-me ser a melhor escolha, pois a versão PC foi feita com a PS2 em mente. Ainda teria mais para dizer, mas fica para a expansão Ambition of the Illuminus.
“Ora isto é muito bonito, mas o PSU sofre o mesmo mal do PSO, mesmo jogando online, é impossível pausar.” <– Acho que querias dizer jogando offline 😛
Anyway, nunca cheguei a tocar nas versões online do jogo. Só joguei um pouco ao PS II, mas o facto de o PSU ter combate em tempo real chamou-me à atenção. Talvez valha a pena experimentar a versão PC mais tarde. Tenho a certeza que há-de haver sempre 1 ou 2 servidores por ai… 🙂
Sim, quis dizer offline! Obrigado pelo reparo!
Tanto o PSO como o PSU têm combate em tempo real. Eu se fosse a ti aguardava um pouco e jogavas o novíssimo Phantasy Star Online 2, que para além de ser free to play, parece estar muito bom.
Obrigado pela sugestão 🙂 Ouvi falar uma vez do PSO 2 e depois esqueci-me completamente. A ver se desta não me esqueço.
Não confundir com o PSO Episode II, são 2 jogos diferentes. Este PSO 2 é recente, saiu este ano no Japão, deve sair por cá no próximo ano. 🙂
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Gostei bastante da sua análise e me pareceu um jogo bastante interessante. Alguém poderia me tirar uma dúvida por favor? Esse phantasy star só pode ser jogado online? Sou um grande fã de FF mas gostaria de experimentar novos RPGs como esse, mas tenho essa dúvida a muito tempo. Obrigado!!
Oi! Sim, esses PSUs podem ser jogados offline, apesar de o foco deles na altura terem sido o online. Mas como RPG single player deixa um pouco a desejar se estás habituado às “grandiosidades” dos Final Fantasy!