Dragon Spirit: The New Legend (Nintendo Entertainment System)

Voltando às rapidinhas, desta vez na Famicom, vamos ficar agora com aquela que foi a adaptação que a Namco decidiu criar para o sistema 8bit da Nintendo de um dos seus jogos arcade, o Dragon Spirit. Já cá trouxe no passado a versão PC Engine mas esta, apesar de herdar muitas das mesmas mecânicas de jogo, é fundamentalmente um jogo diferente. Pela história até me parece ser uma sequela! O meu exemplar é a versão japonesa da Famicom, comprada na loja Mr. Zombie algures em Janeiro deste ano por cerca de 40€ se bem me recordo. O jogo foi também lançado nos Estados Unidos, pelo que foi essa a versão que acabei por jogar em emulação.

Jogo com caixa, manual e papelada. Adoro estas caixas de plástico da Namco para a Famicom!

E este é então um shmup vertical com uma temática de fantasia medieval, onde controlamos um dragão e teremos de defrontar várias criaturas, culminando com o confronto contra um poderoso feiticeiro. O jogo começa precisamente connosco a lutar contra Zawel, o tal poderoso feiticeiro. Se o derrotarmos, o jogo transita para uma cutscene onde, anos depois desses acontecimentos, um novo vilão surge e teremos agora de encarnar no filho do herói original. A parte mesmo original desta versão é, caso percamos contra esse primeiro boss, não é um game over, mas sim o jogo activa uma espécie de easy mode intitulada de Gold Dragon (pois o herói se transforma num dragão dourado ao invés de azul como na dificuldade normal). Esse modo de jogo tem menos níveis e com uma dificuldade mais reduzida, assim como um final inteiramente diferente. É uma ideia interessante!

Dependendo se passarmos o boss da introdução ou não, a cutscene seguinte será diferente, assim como o resto do jogo

No que diz respeito às mecânicas de jogo as coisas não fogem muito do original. Um botão serve para o dragão disparar bolas de fogo contra alvos aéreos, outro botão para disparar projécteis para alvos no solo. O sistema de power ups é também algo similar ao original. À medida que vamos explorando os níveis vemos alguns ovos coloridos no chão que, se os destruírmos libertam power ups distintos. Os ovos vermelhos melhoram o poder de fogo, enquanto os azuis aumentam o número de cabeças do dragão (aumentando assim também o número de projécteis que disparamos). Por outro lado, quantas mais cabeças tiver o dragão (um máximo de três), maior também será o seu tamanho e mais dificil será nos desviarmos dos projécteis inimigos. Inimigos esses que também podem largar outro tipo de powerups ao serem destruídos: uns apenas nos dão mais pontuação, outros podem melhorar a nossa agilidade, invencibilidade temporária, reduzir o tamanho do dragão entre outros, incluindo mudar a cor do dragão e consequentemente as suas “armas”. Alguns destes power ups podem também ser nocivos, fazendo-nos perder todos os power ups conquistados até ao momento.

O jogo mantém as mesmas mecânicas base do original, onde aumentar o nosso poder de fogo aumenta também o tamanho do dragão, tornando-o mais susceptível de sofrer dano

A nível audiovisual é um jogo bem mais simples que o original arcade ou a conversão da PC Engine. Os níveis seguem os mesmos padrões visuais, tanto nos cenários como nos inimigos mais fantasiosos, embora com um nível de detalhe bem mais reduzido. Ainda assim, a nível de performance o jogo até se porta bastante bem, sem grandes slowdowns que tipicamente acontecem em jogos deste género. No que diz respeito aos cenários, estes vão sendo diferentes paisagens naturais como florestas, desertos, cavernas ou oceanos, culminando numa grande fortaleza onde iremos enfrentar os bosses finais. Pelo meio teremos no entanto diversas cutscenes que, mesmo sendo bastante simples, até que são benvindas para enriquecerem um pouco mais o jogo. As músicas são agradáveis na sua maioria e nada de especial a apontar aos efeitos sonoros que cumprem bem o seu papel.

Os bosses são grandes e bem detalhados para uma NES. Mas com um dragão com os upgrades no máximo morrem num instante!

Portanto este Dragon Spirit, apesar de ser uma adaptação tecnicamente bem mais modesta do que a que a Namco lançou para a PC Engine, não deixa de ser um jogo diferente, embora use as mesmas mecânicas de jogo. É um shmup vertical bem competente no catálogo da NES e a maneira como Namco aqui implementou o modo fácil está bem original!

UEFA Striker (Sega Dreamcast)

Tempo de voltar às rapidinhas agora para um jogo de futebol e desta vez para a Dreamcast. Produzido pelos britânicos da Rage, este foi o seu último jogo produzido da série Striker e também um dos seus últimos jogos de sempre, depois de a empresa ter fechado portas em 2003. O meu exemplar foi comprado a um amigo meu algures no passado mês de Março por 5€.

Jogo com caixa e manual

E este jogo até se revelou uma boa surpresa, ao possuir uma jogabilidade fluída, pecando apenas por não suportar o analógico nas partidas, forçando-nos a usar o d-pad. Os botões faciais servem para rematar ou efectuar diferentes tipos de passe caso tenhamos a posse da bola, sem ela os mesmos botões servem para trocar de jogador ou diferentes tipos de abordagem para roubar a bola ao adversário. Os gatilhos servem para correr ou para seguir em melhor controlo da bola, o que é perfeito para fintar jogadores. De resto o jogo até que possui uns quantos modos de jogo, desde partidas amigáveis ou diferentes tipos de competições, tanto a nível de clubes, como a nível de selecções nacionais. No entanto, nem todas as competições estão disponíveis à partida, pois o jogo obriga-nos a completar todo um modo de treino e “certificação” antes.

O jogo tem algumas opções de customização, incluindo efeitos metereológicos

E apesar deste jogo ser licenciado pela UEFA, no que diz respeito aos clubes, os nomes dos mesmos são fictícios. Aliás, são o nome da cidade que representam, o que por vezes pode tornar as coisas algo engraçadas. Por exemplo os “3 grandes” do futebol nacional estão aqui representados como Porto (FCP), Lisboa (slb) e “Verdes de Lisboa” para a equipa de Alvalade. O Real e Atletico de Madrid por exemplo já são os Biancos ou Rayas de Madrid, por exemplo. No caso das selecções nacionais por acaso não reparei se utilizam os nomes de jogadores reais ou não. Mas de qualquer das formas o jogo deixa-nos editar nomes de equipas, jogadores e até de competições, com a Super Trophy a ser um análogo da Liga dos Campeões ou a International Cup um análogo da World Cup.

Não havendo licença para usar o nome dos clubes, vai o das cidades ou bairros!

Visualmente também achei um jogo bem apelativo para 1999, com jogadores bem detalhados e animados, alguns inclusivamente com feições muito parecidas aos reais. Os estádios também estão bem detalhados e um detalhe visual que achei interessante acontece quando temos de marcar um canto ou um pontapé livre. Para além de surgir no ecrã uma seta gigante que nos ajuda a decidir a direcção da bola, temos também uma indicação visual de um comando da Dreamcast e das acções que cada botão faz. De resto as partidas vão sendo acompanhadas não só pelo som do público, mas também da voz de dois comentadores britânicos e que, apesar de irem debitando algunas frases genéricas ao longo das partidas, até fazem um bom trabalho.

Portanto este UEFA Striker até me pareceu ser um jogo de futebol bem competente na Dreamcast, plataforma que nunca chegou a receber nenhum PES ou FIFA (esta última devido ao facto de a EA ter boicotado propositadamente a plataforma), pelo que o peso de a consola receber bons jogos deste desporto sempre recaiu para a Sega ou alguma third party como foi o caso da Rage com este bom jogo.

Robo Pit (Sega Saturn)

Vamos voltar agora para as rapidinhas e desta vez na Sega Saturn para um jogo bastante simples e aborrecido. Produzido pelos nipónicos Altron, este é um jogo onde nós podemos construir um robot à nossa medida para depois o lançar em confrontos de um contra um com outros robots. É só isso. O meu exemplar foi comprado a um amigo meu no passado mês de Março por cerca de 15€.

Jogo com caixa e manuais

O propósito do jogo é mesmo esse que referi acima. Apesar de o menu inicial estar repleto de opções, devemos começar sempre pela primeira, a Robot Making, onde iremos construir o nosso robot. Aí devemos escolher que tipo de corpo, sendo que cada tipo tem os seus próprios stats, qual a base, se com pernas, rodas, lagartas entre outros. Segue-se a escolha de armas, uma para cada braço, podendo estas serem apenas punhos, diferentes tipos de armas brancas ou de fogo. E claro, sendo este um jogo japonês temos também de escolher uma cara, que são todas bastante kawaii. Uma vez criado o nosso robot (podemos criar mais se quisermos), resta-nos então explorar os restantes modos de jogo. O modo principal é mesmo o Fight. Aí vemos que o nosso robot tem um ranking de 101 pelo que temos 100 outros robots acima de nós e o objectivo é os ir defrontando até chegar ao ranking de 1, onde desbloqueamos o boss final. A cada batalha ganha herdamos as armas dos robots que vamos derrotando, bem como ganhamos pontos de experiência que eventualmente nos fazem subir o nosso ranking, bem como pontos de experiência para cada uma das armas que tenhamos equipado. Por outro lado, se formos derrotados não só descemos de ranking mas também perdemos as armas equipadas até ao momento, pelo que é aconselhável ir fazendo alguns combates com outras armas de reserva, para que estas também dêm algum dano considerável. Ao seleccionar o oponente que queremos enfrentar vemos um ecrã que compara as armas de cada um e os seus stats. A excepção são alguns bosses que não têm stats visíveis e usam armas especiais. A vantagem de perder esses confrontos é que ao menos não perdemos as armas. De resto temos também um modo de jogo versus para 2 jogadores que eu nem sequer experimentei e um outro de training, onde poderemos até enfrentar mais que um robot em simultâneo.

Começamos por construir o nosso robot e as possibilidades de customização até são bem grandinhas. Pena que o design dos mesmos seja muito infantil também.

No que diz respeito à jogabilidade, o d-pad move o nosso robot, os botões de cabeceira são usados para movimento lateral e os faciais para as restantes acções: A e B atacam com o braço esquerdo e direito respectivamente, enquanto o C salta. X e Y defendem e o Z altera a câmara. As arenas atribuídas para cada combate são aleatórias, mas tipicamente estas possuem também uma série de objectos espalhados. Caso uma das nossas armas seja um punho simples, estes objectos podem então ser agarrados e atirados contra os nossos oponentes! No topo do ecrã temos algumas informações úteis como a barra de vida de cada robot e o tempo restante do combate. À direita da bara de vida de cada um existe também uma outra pequena barra de energia, sendo esta a dos specials. Quando a mesma se enche, cada robot tem também um golpe especial que poderá executar com uma sequência de botões. E é isto o Robo Pit, só fica mesmo faltar referir que cada combate é vencido por KO, ring out ou no caso de o tempo se esgotar, vence o que tiver mais vida.

É possível jogar cada combate em primeira pessoa o que até é algo engraçado no início

A nível audiovisual é um jogo misto. Graficamente achei super entediante. Os japoneses tipicamente têm muita imaginação para designs de robots e mechas mas estes são demasiados cartoon para o meu gosto. As arenas também são super simples no seu design e nota-se bem que este, apesar de já ter sido lançado em 1996, ainda tem um feeling muito de início de vida de jogos daquela geração. As músicas por outro lado, apesar de não serem assim tantas quanto isso, até que são bem agradáveis, tendo temas que vão desde a electónica ao hard rock. Uma cena bem irritante é a narração final de um combate, onde ouvimos uma voz a dizer “You Win!” mas com ambas as palavras espaçadas uns 5 segundos à vontade.

Antes de cada confronto podemos sempre comparar os stats e fazer algumas alterações. Não recomendo o auto fight a menos que sejamos bem mais fortes que o oponente.

Portanto este Robo Pit é um jogo bem mediano e aborrecido, tanto na jogabilidade por nos obrigar a jogar mais de uma centena de combates para o conseguir acabar, como é também aborrecido nos seus gráficos bem primitivos e datados. Mas deve ter vendido minimamente bem, pois a Altron acabou por lançar uma sequela, desta vez exclusiva para a Playstation e aparentemente até foi bem melhor recebida. Confesso que estou algo curioso e até é um jogo que tenho na colecção, mas não sinto nenhuma pressa em experimentá-lo.

The Curse of Monkey Island (PC)

Depois do final algo confuso do Monkey Island 2 e o facto de uma eventual sequela ter demorado tanto a se materializar, não é de admirar que muitos fãs pensassem que esta série não fosse ter mais nenhum seguimento. E na verdade foram quase 7 anos de espera e nesse período a indústria dos videojogos muito avançou. A proliferação do formato CD-ROM como meio principal de distribuição de videojogos fez com que as restrições de capacidade de cartuchos ou no caso dos computadores, disquetes, fossem uma coisa do passado e no caso das aventuras gráficas, se bem que estas já estariam a entrar num certo declínio, fez com que as empresas conseguissem apresentar mundos com muito mais detalhe, voice acting e sequências cinemáticas. A Sierra capitalizou muito bem essa tecnologia nas suas principais séries e a LucasArts também o fez, com lançamentos como Full Throttle ou The Dig. Mas eis que finalmente já no último trimestre de 1997 sai mais um Monkey Island e sim, a LucasArts conseguiu fazer algo muito especial. O meu exemplar foi comprado no ebay algures em Novembro do ano passado por cerca de 14€.

Jogo com a sua jewel case e 2 discos.

A história leva-nos a encarnar uma vez mais no pirata mais incompetente e sarcástico de todos os tempos, Guybrush Threepwood. Ele estava a vaguear no oceano a bordo de um carrinho de choque, mas sem entender muito bem o que lhe tinha acontecido. As correntes do oceano levam-no no entanto a chegar à Plunder Island, onde o pirata LeChuck estava em plena batalha para conquistar o coração de Elaine, interesse amoroso de ambos. Coisas acontecem, Guybrush é feito prisioneiro por LeChuck mas rapidamente nos desenvencilhamos da situação e derrotamos uma vez mais o capitão. Pelo meio Guybrush rouba a LeChuck um anel com diamante gigante e decide oferecê-lo a Loraine, pendindo-a em casamento. Para seu azar no entanto o anel era amaldiçoado e Elaine é transformada numa estátua de ouro maciça que entretanto é também roubada por outros piratas e LeChuck renasce novamente, agora com uma barba flamejante. O resto do jogo será então passado não só a tentar recuperar Elaine mas também quebrar a sua maldição e claro, derrotar uma vez mais LeChuck.

Logo na cutscene inicial nos apercebemos que o brilhante sentido de humor está intacto.

E este é, tal como esperado, mais uma aventura gráfica do estilo point and click com as habituais mecânicas de jogo deste género: o rato é usado para nos movimentarmos pelos cenários, interagir com personagens e objectos, combinar objectos com outros objectos e por aí fora. A interface foi no entanto simplificada quando comparada com os títulos anteriores. Pressionando o botão esquerdo do rato em qualquer local faz com que Guybrush se movimente para lá, já se passarmos o cursor por alguma personagem ou objecto interactivo, surge no fundo do ecrã uma legenda que os identifique. Clicando no mesmo botão e mantendo-o pressionado faz no entanto surgir um pequeno menu que nos permite seleccionar uma de 3 opções: observar, tocar/interagir ou falar. O botão direito do rato serve para chamar o inventário, onde poderemos seleccionar o mesmo tipo de opções com os objectos lá guardados. Uma novidade aqui introduzida é um nível de dificuldade que poderemos escolher no início do jogo. Não que seja possível morrer neste jogo, mas no nível de dificuldade mais avançado (Mega Monkey) os puzzles são bem mais complexos e com soluções mirabolantes. Por exemplo, a certo ponto temos de encontrar um objecto de ouro e o dono de um “restaurante” tem um dente de ouro. Parte da solução passa por lhe oferecer uma pastilha elástica que lhe faz desprender o dente, rebentar um balão de pastilha elástica com o dente lá solto, apanhar o dente e sair. Na dificuldade mais elevada, toda a solução é bem, bem mais complexa, mas sinceramente preferi-o jogar assim.

Apesar de por vezes estaramos em situações apertadas, não é possível morrer pelo que teremos todo o tempo do mundo para fazer algumas experiências. As soluções dos puzzles é que por vezes são demasiado fora da caixa, o que não é necessariamente mau.

Vamos então ter toda uma série de puzzles elaborados para resolver ao longo do jogo, incluindo um duelo de banjos mas um dos maiores destaques é no entanto o regresso de um puzzle brilhante do primeiro jogo: as lutas de insultos entre piratas! As mecânicas funcionam da mesma forma de antes: há uma luta de espadas e cada insulto proferido terá de ter uma resposta à altura, a diferença agora é que os insultos e respostas têm de rimar, pois as batalhas quase parecem retiradas de um musical. Esses confrontos contra outros piratas são no entanto precedidos de batalhas navais, sendo esses segmentos de acção com uma jogabilidade que não é assim tão boa quanto isso. À medida que vamos combatendo piratas, ganhamos os seus tesouros que podem posteriormente serem usados para comprar melhores canhões e assim enfrentar piratas mais poderosos.

Referências a outras obras da Lucasarts não são assim tão incomuns. E sim, quero muito jogar o Grim Fandango também

Claro que tudo isto é acompanhado de um trabalho audiovisual excelente. Os gráficos e animações parecem retirados de um desenho animado, tal é a sua qualidade. O voice acting é excelente e a banda sonora também. Tudo isto enriquece as personagens, que tal como tem sido habitual nesta série são bastante carismáticas e por vezes bizarras. Os canibais vegetarianos marcam o seu regresso, assim como o irritante vendedor Stan, que agora se torna num mediador de seguros de vida. Mas claro que teremos mais personagens novas notáveis, como a caveira falante Murray, ou o trio de ex-piratas, agora barbeiros, que tentamos recrutar para a nossa tripulação. O bom humor é uma constante e este continua a ser daqueles jogos que nos dá mesmo vontade de explorar todas as linhas de diálogo só mesmo para ver onde é que a conversa nos vai levar.

É impossível não esboçar um sorriso ou soltar mesmo uma gargalhada perante o carisma de certas personagens ou o ridículo de outras situações

Portanto devo dizer que adorei este terceiro Monkey Island e, apesar de Ron Gilbert já não ter estado envolvido no projecto, quem o liderou fez um excelente trabalho. É mais uma aventura gráfica repleta de personagens bizarras e carismáticas, situações ridículas e sempre com muito bom humor. E claro, os visuais 2D de alta definição (para a época) resultaram muitíssimo bem. Em seguida veio o Escape from Monkey Island (cerca de 3 anos depois) e aí já cometeram o erro de apostar em visuais 3D, mas veremos se no resto é uma boa aposta ou não.

Onimusha 3 Demon Siege (Sony Playstation 2)

Já há bastante tempo que tinha este Onimusha 3 em backlog e nestes últimos dias lá me decidi finalmente em jogá-lo a sério, depois de uma primeira tentativa algures em 2013/2014, quando arranjei este meu exemplar algures em local indeterminado e preço também, apesar de ter sido certamente muito barato. Lembro-me de na altura o ter começado a jogar por curiosidade (sempre achei piada ao facto do Jean Reno protagonizar uma das personagens principais) e apesar de estar a gostar, não o queria jogar sem antes terminar os seus antecessores.

Jogo com caixa, manual e papelada diversa

Enquanto o Onimusha 2 nos colocou no papel de uma nova personagem, o samurai Jubei, este terceiro capítulo volta a colocar-nos no papel de Samanosuke, o protagonista do primeiro jogo, onde uma vez mais iremos lutar contra as forças demoníacas dos Genma, lideradas pelo tirano Nobunaga. E o início do jogo coloca-nos mesmo perto de defrontar Nobunaga uma vez mais, embora as coisas não corram lá muito bem. É que quando Nobunaga se prepara para nos desferir um golpe fatal, eis que surge um portal que nos transporta para… Paris… em 2004! As forças demoníacas de Genma vêm atrás e a cidade parisiense é atacada, com muitas baixas civis. É aqui que entra Jacques Blanq, um membro da polícia local que se vê envolvido nesses combates e, pouco depois de se cruzar com Samanosuke, Jacques acaba também por ser teletransportado, mas para o Japão, mais precisamente para o mesmo período do próprio Samanosuke. Aliás, é transportado para uns dias antes, pelo que Jacques acaba inclusivamente por conhecer e colaborar com o próprio Samanosuke dessa linha temporal. Sim, as coisas ficam um pouco confusas, mas ao longo do jogo iremos alternar entre ambas as personagens e períodos temporais.

A introdução de Jean Reno foi precisamente para cativar o público europeu, que aparentemente tinha sido o território onde Onimusha 2 vendeu pior.

No que diz respeito às mecânicas de jogo, este herda as mesmas mecânicas bases do seu antecessor. É na mesma um jogo de acção com ângulos de câmara fixos à semelhança dos Resident Evil clássicos e tal uma personagem como a outra vão ter acesso a diversas armas brancas, cada qual com um ataque mágico distinto. Ao derrotar os inimigos estes vão deixando várias esferas de energia que podem ser absorvidas pelo artefacto mágico que tanto Samanosuke como Jacques possuem. Estas podem servir para nos regenerar parcialmente a barra de vida, magia, onimusha ou no caso das mais comuns, as vermelhas, servem como uma espécie de pontos de experiência, que podem ser posteriormente trocados para melhorar cada uma das nossas armas e armaduras. Há pouco mencionei a barra de Onimusha, e esta, quando cheia, permite-nos transformar, se bem que temporariamente, numa forma mais poderosa. De resto o sistema de combate também me parece ser mais complexo, ao introduzirem um sistema de counters e criticals que requerem precisão no timing em que defendemos ou atacamos.

O jogo continua bem voltado para a acção e as armas que ambas as personagens vão ganhando dão-lhes também uma jogabilidade diferenciada

Samanosuke e Jacques possuem habilidades ligeiramente diferentes. As armas de Samanosuke estão mais voltadas para o combate próximo, embora também tenhamos acesso a um arco e flechas (estas com munições limitadas) para melhor alcançar inimigos mais longínquos. Já as armas de Jacques são baseadas em chicotes, o que nos permite atacar com mais algum alcance, bem como alcançar zonas que Samanosuke não conseguiria alcançar, ao usar o chicote para balançando por entre plataformas. Sim, vão haver certas alturas onde teremos de explorar a mesma zona mas em diferentes alturas no tempo e o progresso de uma personagem terá de ser desbloqueado pela outra e vice-versa. Para além disso, temos ainda uma outra personagem jogável, a Michelle, namorada de Jacques. Ela é militar, pelo que nas poucas vezes que a temos de controlar, ela não possui quaisquer habilidades mágicas, mas terá acesso a diferentes armas de fogo modernas. De resto, tal como nos seus predecessores e Resident Evil clássicos, teremos de explorar cada área afincadamente e ocasionalmente resolver um ou outro puzzle para progredir.

É muito estranho ver um samurai numa cidade de Paris moderna, mas sinceramente gostei do resultado desta experiência

No que diz respeito aos audiovisuais, o destaque para mim sempre foi a cutscene inicial em CGI, que era de uma qualidade incrível para a época e estava muito bem feita. O facto de o jogo envolver viagens no tempo e decorrer tanto no Japão feudal como numa Paris moderna, deu-lhe também uma grande diversidade de cenários. Para além de florestas, cidades e castelos japoneses, iremos também explorar o arco do triunfo, a catredal de Notre Dame, o castelo do mont Saint Michel e claro, a torre Eiffel. Os cenários estão bem detalhados e apesar de o jogo herdar os ângulos de câmara fixos, desta vez os cenários não são imagens pré-renderizadas mas sim completamente em 3D poligonal e o resultado final acaba por ser bem satisfatório. O detalhe das personagens principais, sempre foi algo que me impressionou bastante pela positiva nesta série e aqui o resultado final foi também bem satisfatório. O voice acting é bem competente, Jean Reno deu a voz à sua personagem e a personagem de Samanosuke é também interpretada por um conhecido actor japonês, embora aqui não ouvimos a sua voz porque infelizmente a Capcom não nos deu nenhuma opção para activar o voice acting original japonês. As vozes em inglês até que estão bem competentes, mas num jogo com origens e influências nipónicas tão acentuadas, manter as vozes em japonês seria mais autêntico digo eu. Até porque há inclusivamente algum diálogo em francês, pelo menos até que chega ao ponto em que “magicamente” as personagens entendem-se e os diálogos passam a ser todos em inglês daí em diante.

O sistema de upgrades é muito similar ao seu antecessor

Portanto devo dizer que gostei bastante deste Onimusha 3. Apesar de existirem alguns spin offs como um título da GBA que ainda não me apareceu na colecção e um jogo de luta algo desnecessário, esta série tinha sido idealizada como uma trilogia e este terceiro capítulo fecharia bem a série, a meu ver. Acho que a Capcom foi ousada ao pegar numa série, tão baseada em folclore e factos históricos japoneses e misturá-la com o mundo ocidental moderno, mas no fim de contas acho que o resultado final foi bem positivo. Apesar dos planos iniciais para uma trilogia, isso não impediu a Capcom de lançar uma outra sequela, já em 2006, também para a Playstation 2. Aparentemente muita coisa mudou na jogabilidade desse último jogo, mas isso será tema para um artigo futuro.