O sucesso de jogos como o Resident Evil na era das consolas 32bit não deixou ninguém indiferente, popularizando definitivamente o género dos survival-horrors que até então apenas Alone in the Dark seguia a fórmula. Isso fez com que surgissem vários outros jogos dentro do mesmo género, e a própria Capcom também quis continuar a apostar nessa fórmula, mas com um tema diferente. Pensado inicialmente como um Resident Evil passado no Japão feudal, durante a era de Sengoku, Onimusha estava inicialmente previsto para ser lançado ainda para a primeira Playstation. Mas ainda bem que assim não o foi! O meu exemplar sinceramente já não me recordo ao certo de onde veio nem quanto custou, até porque comecei por ter inicialmente a versão Platinum que acabei posteriormente por trocar pela edição normal.
Tal como referido acima, o jogo decorre durante o período Sengoku da história do Japão, marcado por constantes guerras entre diversos Shoguns de forma a tomar o poder do País, onde Nobunaga se revelava como um líder autoritário e suspeitava-se que as suas batalhas eram vencidas com a ajuda de demónios. O herói da história é o samurai Samanosuke, que acompanhado pela ninja Kaede, vai em auxílio da princesa Yuki do clã Saito, que lhe pede ajuda pois os seus serventes têm vindo a desaparecer misteriosamente do seu castelo. A caminho do castelo de Yuki, rapidamente nos apercebemos que existem de facto forças demoníacas por detrás desses acontecimentos.
Apesar de não ser propriamente um survival horror como Resident Evil, até porque as mecânicas de combate são diferentes, envolvendo diversas espadas e magias, não havendo muito a preocupação em poupar recursos como munições. É verdade que também temos algumas armas de maior alcance, como um arco ou uma arma de fogo rudimentar onde teremos de economizar as suas munições, mas essas armas não são muito usadas. De resto, todas as mecânicas de jogo são mesmo semelhantes ao Resident Evil, incluindo os tank controls, as câmaras fixas, e os cenários pré-renderizados. Os puzzles ocasionais, e a exploração são também componentes muito fortes na jogabilidade, pois para progredir no jogo teremos muitas vezes de procurar e/ou interagir com objectos que nos vão desbloqueando novas portas e procurar novos caminhos.
As mecânicas de combate são interessantes. Sempre que derrotamos algum inimigo, o mesmo liberta algumas orbs que podem depois ser absorvidas pela gauntlet mágica que temos equipada. Essas orbs são coloridas, com cada cor a ter usos distintos. As douradas e prateadas servem para recuperar alguns pontos de vida ou magia respectivamente. As mais comuns são as vermelhas, que podem depois ser usadas para aumentar os nossos pontos de experiência para evoluir as espadas mágicas que vamos obtendo, tornando-as mais poderosas. Também podemos evoluir alguns itens, como as herbs que se tornam em medicine, recuperando mais pontos de vida, ou as flechas que se tornam em flechas de fogo, causando mais dano. Depois temos as espadas. A nossa espada inicial não possui quaisquer poderes mágicos, mas depois vamos encontrando novas espadas mágicas com poderes elementais como electricidade, fogo e vento (a água e a terra ficaram de fora). Esses poderes mágicos são usados para nos auxiliar nos combates, por exemplo, o golpe mágico do vento chama um cyclone capaz de atingir vários oponentes em simultâneo, enquanto o fogo desfere um golpe muito poderoso, mas que atinge apenas um oponente.

Os combates são bem mais dinâmicos como num hack ´n slash onde podemos também desencadear ataques mágicos
Os inimigos também vão tendo movimentações e ataques diferentes, o que nos obriga a ter algum critério na altura do combate e reagir de forma apropriada. Um pouco como nos hack ‘n slash, daí este ser um jogo tão parecido com os Resident Evil clássicos, mas da mesma forma tão diferente. Ocasionalmente também controlamos Kaede, que é uma personagem muito mais fraca que Samanosuke, pelo menos até apanharmos uma nova arma que é mais poderosa. No entanto na maior parte do tempo em que a controlamos, convém mesmo fugir dos inimigos. Depois, tal como Resident Evil, temos vários bonus a desbloquear ao terminar o jogo, mediante a nossa performance. Desde novos níveis de dificuldade, um mini jogo “Oni Spirits”, ou vestimentas extra para Kaede e Samanosuke.

Como não podia deixar de ser, temos algum conteúdo extra para desbloquear, incluindo um fato de panda para o Samanosuke
A nível audiovisual este é um jogo que me impressionou para a época em que foi lançado. Os gráficos são muito bons, mesmo com os cenários a possuirem gráficos pré-renderizados, gosto bastante do design dos níveis, que estão mesmo muito bem conseguidos. Para quem for fã da cultura Japonesa, irá certamente adorar explorer os cenários aqui apresentados. O design dos monstros também está muito bem conseguido e as expresses faciais estão excelentes. Isto para os padrões de 2001, claro! O voice acting está também bem conseguido e a banda Sonora mistura de forma magistral instrumentos típicos japoneses, com boas orquestrações que vão alternando entre momentos mais tensos ou épicos, consoante a acção e a narrativa.
Este Onimusha foi então uma bela surpresa para mim, era um jogo que estava na minha fila de espera já há muito tempo e fiquei arrependido em não o ter jogado mais cedo. O seu maior defeito é mesmo a longevidade, pois é um jogo bastante curto, infelizmente. Pegarei muito em breve no segundo jogo da série, estou bastante interessado em ver como evoluiu!
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