Um dos jogos que mais nostalgia me traz da Nintendo 64 é precisamente este primeiro Turok. Quando o jogo saiu por cá, ainda muito antes de eu sequer sonhar em comprar uma Nintendo 64, eu já era um fanático por FPS clássicos, perdendo muitas horas no meu PC a jogar títulos como Doom, Duke Nukem 3D ou Quake. E este era um FPS que me parecia muito bom, para além disso até tinha dinossauros, o que para mim era algo, na altura, bastante original. O meu exemplar foi comprado há vários anos atrás, algures em 2015 numa das minhas idas à Feira da Ladra em Lisboa. Custou-me 3€ se bem me recordo.
Não fazia ideia, mas Turok tem as suas origens numa banda desenhada, cuja editora havia sido comprada pela própria Acclaim algures na década de 90. Então com esta nova franchise à sua guarda, fazia todo o sentido que se desenvolvesse algum videojogo. Para além dos títulos que a Gameboy e Gameboy Color receberam, a Nintendo 64 foi a plataforma de eleição para receber os jogos da saga principal naquela geração, se bem que o PC também chegou a receber algumas conversões. E a história remete-nos para uma tribo de nativo-americanos cuja possui um papel muito importante e ancestral: o de guardar a barreira que separa o nosso planeta e o mundo de Lost Land, um mundo fantástico repleto de criaturas como dinossauros, cyborgs ou outras criaturas reptilianas que há muito querem invadir o nosso planeta. Nós controlamos um índio dessa mesma tribo, que viaja para esse mundo de forma a impedir que o vilão Campaigner coloque as suas mãos no Chronoscepter, uma arma/artefacto mágico de poderes inimagináveis. Iremos então percorrer diversos cenários daquele mundo, como florestas, templos, ruínas ou mesmo enormes fortalezas high-tech, para coleccionar as peças que formam o Chronoscepter e defrontar os maus da fita que se atravessam no nosso caminho.
E este é então um FPS todo em 3D à maneira old school, com carradas de inimigos, um arsenal vasto e bastante variado entre si e power ups a rodos que nos restabelecem (ou extendem) a nossa barra de vida e armadura. Os controlos, infelizmente como devem calcular não são envelheceram bem. Por defeito, o analógico controla a câmara, enquanto os C-buttons controlam o nosso movimento, o que é o contrário do que estamos habituados hoje em dia. Para além disso, por defeito os movimentos da câmara no eixo Y estão invertidos, o que eu desactivo sempre. Os botões A e B servem para alternar entre as armas que temos ao dispor, o botão R para saltar e o gatilho Z para disparar. Sinceramente prefiro jogar isto num emulador com controlos customizados WASD + rato, que foi o que acabei por fazer.
Não temos muitos níveis, são 8 ao todo, mas em compensação os mesmos são gigantes, com muitas áreas para explorar e passagens secretas para descobrir. No primeiro nível, depois de alguma exploração, encontramos uma zona cheia de portais. É aqui que poderemos entrar nos níveis seguintes, sendo que para isso precisaremos de encontrar um certo número de chaves que abram o portal para os níveis seguintes. Daí teremos de explorar os cenários muito bem, não só para procurar as tais peças do chronoscepter, cujo só finalizamos já perto do boss final. Para além de armas, munições e power ups genéricos que nos dão pontos de vida ou armadura, também vamos encontrar imensos triângulos espalhados pelos níveis. Estes, ao coleccionar 100 de cada vez, dão-nos uma vida extra. O progresso no jogo pode ser gravado em localizações próprias para o efeito, se bem que também vamos atravessando alguns checkpoints ocasionalmente, e é daí que recomeçamos o jogo caso percamos alguma vida.
A nível gráfico, este é um daqueles jogos que abusa bastante do efeito nevoeiro. Enquanto nos primeiros níveis, principalmente aqueles na selva, até parece algo natural, noutras alturas torna-se um bocado incómodo. Isto porque também temos uma forte componente de platforming e em certos sítios o nevoeiro exagerado não nos permite ver bem as plataforma ao longe, o que não ajuda nada. No emulador, com o poder do save state e controlos customizados para WASD+rato, até que não é um grande problema, já jogando no hardware real pode-se tornar um pouco frustrante. Mas este efeito nevoeiro é usado principalmente para facilitar no processamento dos polígonos à nossa frente e o Turok acaba por ser um FPS com uma boa estabilidade por causa disso. Os níveis vão sendo variados entre si, com cenários de selva, montanha, cavernas, templos gigantes, mas também enormes fortalezas mais high-tech. São gráficos geralmente bem detalhados, o que me acabou por surpreender pela positiva. As músicas, por outro lado são poucas e com pouca variedade e vida, resumindo-se a ritmos tribais e algumas melodias mais contidas. Parecem-me samples curtos, tornando as poucas músicas bastante repetitivas. Certamente uma limitação de hardware imposta pelo tamanho físico que um cartucho de Nintendo 64 aguenta, lembrando que este Turok é um jogo de primeira geração da Nintendo 64, os cartuchos de maior capacidade seriam certamente bem mais caros.
Portanto este Turok acabou por se revelar numa boa surpresa por ser um FPS bastante sólido. Os seus controlos não são os melhores hoje em dia, mas naquela altura ainda não tínhamos o standard nos controlos que temos actualmente. O facto de os níveis serem bastante grandes poderá no entanto ser um factor algo dissuasivo também. Para além da versão Nintendo 64 saiu também uma versão para os PC, cuja foi remasterizada em HD recentemente. Será certamente a melhor maneira de jogar o primeiro Turok nos dias que correm. Curioso em ver como a série evoluiu nos restantes títulos da Nintendo 64, uma vez que já terminei o Turok Evolution na Gamecube (jogo que espero um dia recuperar para a minha colecção) e o recente reboot de 2008.
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