Continuando pelas rapidinhas vamos voltar à Master System e abordar um dos seus poucos RPGs disponíveis na sua biblioteca. Originalmente desenvolvido pela ASCII e a desconhecida Kogado para uma série de computadores japoneses como Haja no Fuuin, tendo sido posteriormente convertido para a Famicom e Master System. Mas apenas a versão Master System chegou ao ocidente, fruto talvez do seu reduzido catálogo de jogos deste género. O meu exemplar foi comprado em Setembro, numa viagem de trabalho que fiz a Paris e onde deu tempo para visitar as lojas da Boulevard Voltaire, tendo-me custado 20€.
A história leva-nos como não poderia deixar de ser a um mundo fantasioso, onde um ser demoníaco voltou a invadir a terra, inundando-a de monstros. Nós somos um dos heróis de uma profecia qualquer, pelo que teremos de encontrar os outros 3 companheiros da profecia, os Miracle Warriors, bem encontrar também mais umas três chaves interdimensionais que nos deixam entrar na dimensão do vilão (ou melhor dizendo, vilã) e defrontá-lo. Claro que convém também fazer uma série de sidequests e encontrar o melhor equipamento disponível para cada personagem, pelo que teremos muito trabalho pela frente.
Tal como muitos RPGs old school, o ecrã está dividido da seguinte forma: na parte inferior temos no lado esquerdo os pontos de vida e de experiência de cada personagem. Ao lado direito algumas informações como o dinheiro disponível, ervas regenerativas, dentes de inimigos derrotados (que pode ser usado para trocar por dinheiro ou itens especiais nas diversas aldeias) e os pontos de carácter. Estes últimos são os nossos pontos de karma, pois nas batalhas nem sempre aparecem bandidos ou monstros para combater, também podemos encontrar viajantes, vendedores e monges inocentes que, ao atacá-los irá influenciar negativamente a nossa reputação, algo que pode barrar a nossa entrada nalgumas aldeias.
Na parte superior do ecrã, do lado direito, temos o mapa seja do overworld, cavernas ou cidades/aldeias. Do outro lado temos a vista principal que nos mostra as paisagem de onde estamos, ou no caso de transitar para uma batalha, mostra o nosso oponente. Bom, pelos screenshots eu sempre pensei que este fosse um RPG jogado na primeira pessoa, mas infelizmente não é bem assim, pois esse ecrã muda muito, muito pouco, apenas as cores tendo em conta o tipo de solo que estamos a pisar e pouco mais. As aldeias possuem quase sempre o mesmo ecrã, e as batalhas têm um ecrã típico para cada tipo de terreno.
Falando nas batalhas, aqui as mecânicas também são um pouco diferentes do habitual, pois apesar de serem por turnos, mesmo que tenhamos mais que um elemento na nossa party, apenas um pode atacar de cada vez, escolhido por nós no início de cada turno. As acções que podemos tomar, no entanto são as habituais como atacar, fugir, usar itens mágicos como as tais ervas regenerativas ou ataques mágicos. Podemos também invocar alguns feitiços (assim que os desbloquearmos) ou tentar falar com os oponentes. O equipamento que podemos encontrar é algo limitado, assim como a sua durabilidade, tendo de visitar ferreiros nas aldeias para os reparar. Ou se juntarmos fundos suficientes podemos contratar um desses ferreiros para nos acompanhar, reparando o nosso equipamento constantemente.

Infelizmente é um jogo que engana muito nos screenshots, pois acaba por deixar um pouco a desejar na apresentação
A nível audiovisual, bom confesso que como referi acima, estava à espera de algo mais na apresentação, principalmente na exploração do mundo e aldeias/castelos e afins. Ao menos temos um número considerável de diferentes monstros, com poucas palette swaps entre si. As músicas, apesar de poucas, são agradáveis e ainda bem, pois as vamos ouvir durante muito tempo. A versão japonesa possui suporte ao FM Sound, com uma banda sonora muito melhor.
Portanto este Miracle Warriors é um RPG ainda muito primitivo, que me decepcionou um pouco na sua apresentação e em algumas mecânicas. Tem no entanto alguns detalhes interessantes como o tal sistema de karma. Recomendado apenas para os entusiastas de RPGs da velha guarda, pois mesmo a nível de narrativa, este é um jogo de poucas palavras.