Mega Man Zero Collection (Nintendo DS)

A série Mega Man é uma daquelas que um dia gostaria de detalhar com mais atenção. Desde o primeiro jogo lançado em 1987 para a NES, a série foi evoluindo em múltiplas outras subséries ao longo dos anos culminando em dezenas e dezenas de títulos diferentes. Se bem que há cerca de 10/15 anos atrás o ritmo de novos lançamentos tem abrandado ou mesmo estagnado, talvez pela Capcom ter exagerado um pouco nos seus lançamentos, mas nos últimos anos vamos vendo um ressurgimento gradual de certas séries clássicas dentro do universo Mega Man, incluindo várias compilações (digitais) das séries mais bem conceituadas. Este Zero Collection é então uma compilação física para a Nintendo DS de todos os Mega Man Zero que haviam sido lançados anteriormente para a Gameboy Advance. O meu exemplar foi comprado a um outro coleccionador algures no início do Verão deste ano, tendo-me custado 10€ e é a versão norte-americana.

Jogo com caixa, manual e papelada

Sendo esta uma compilação e visto que será algo difícil para mim encontrar os 4 lançamentos originais para a GBA por um valor relativamente baixo, vou aproveitar este artigo para abordar separadamente cada jogo da série. O primeiro Mega Man Zero foi lançado originalmente em 2002 para a Gameboy Advance, decorrendo cerca de 100 anos após os últimos desenvolvimentos da saga Megaman X. Tem como protagonista o andróide Zero, que tinha sido introduzido precisamente na série anterior, tendo sido ressuscitado por um grupo de outros andróides, aqui chamados de Reploids que formam um movimento de resistência ao grupo Neo Arcadia. Esse grupo, supostamente liderado pelo Mega Man X, havia lançado uma campanha de terror contra todos os outros reploids, assumindo que todos fossem mavericks – basicamente robots maus.

Zero é como se fosse um ninja, super ágil e equipado de uma espada mortal

O jogo em si é uma evolução das mecânicas de jogo dos Mega Man X. Temos a base da resistência que podemos explorar livremente, e inclusivamente falar com outros NPCs, algo necessário até para desbloquear novos power ups. Mas o resto do jogo é à base de missões, algumas delas onde até temos alguma liberdade de escolher qual a ordem que as queremos jogar. Aqui temos também alguns elementos RPG, pois inicialmente Zero está equipado do seu sabre e pistola, mas posteriormente poderá desbloquear novas armas. E quanto mais as usarmos, as armas vão subindo de nível, adquirindo novas habilidades. Podemos ainda equipar as armas com factores elementais como fogo ou electricidade, sendo que há bosses que são resistentes (ou até imunes) a alguns elementos, mas em contrapartida são fracos perante outros). Para além disso, ao longo do jogo poderemos encontrar uma série de Cyber Elfs, estes são pequenas criaturas cibernéticas que podem ser equipadas na nossa personagem, conferindo-lhe algumas novas habilidades temporárias ou permanentes. Coisas como aumentar a nossa barra de energia, tornar todos os inimigos mais lentos, são algumas das habilidades introduzidas por estas pequenas criaturas, que por sua vez têm de ser alimentadas pelos cristais de energia que vamos encontrando. De resto, para além deste piscar de olho aos RPGs, Mega Man Zero é na sua essência um sidescroller 2D, bastante frenético até porque Zero é um andróide bem ágil, podendo saltar entre paredes e fazer slides pelo chão, o que resulta numa jogabilidade bastante rápida se assim o entendermos.

Tal como nos Megaman X, a narrativa é bem elaborada ao longo de várias cutscenes

A nível audiovisual, tanto este jogo como toda a série, é bastante consistente, exibindo gráficos 2D bastante detalhados, com óptimas animações (principalmente quando cortamos os robots inimigos ao meio, algo que foi até censurado nos lançamentos ocidentais). Os níveis vão sendo algo variados, desde grandes instalações futuristas, passando até por cidades em ruínas (o tema da série é algo pós-apocalíptico) ou desertos. As músicas são também bastante agradáveis e com um ritmo acelerado, o que se adequa perfeitamente ao estilo de jogo.

Alguns antagonistas irão marcar a sua presença em vários jogos

Um ano depois, a Capcom lançou a sequela Mega Man Zero 2. A nível audiovisual mantém os mesmos padrões elevados do primeiro jogo, já no que diz respeito à jogabilidade, algumas coisas foram alteradas. Uma das armas extra é a nova Chain Rod, um gancho que para além de servir para o ataque, permite-nos balancear-nos pelos tectos como no Bionic Commando, ou até arrastar blocos gigantes para nos ajudar no platforming. Se concluirmos cada missão com um ranking de A ou S (os mais altos) também poderemos herdar algumas habilidades dos bosses que defrontamos, as EX Skills. O uso de Cyber Elves também está aqui presente e tal como o anterior, a nível audiovisual este é um jogo excelente, com níveis muito bem detalhados, assim como os bosses. As músicas também se mantêm numa toada bem mais rock, algo que me agrada, naturalmente.

Os bosses são tipicamente grandes e bem animados

E eis que em 2004 recebemos o terceiro jogo da saga. Tal como os seus predecessores, é um excelente jogo de acção/plataformas, onde mais uma vez defrontamos um vilão que quer dominar o mundo, sejam humanos ou outros reploids. A nível de jogabilidade é muito semelhante ao seu antecessor, na medida em que teremos várias armas diferentes para usar, diferentes habilidades para desbloquear dos bosses que defrontamos, e Zero continua a ser um robot muito ágil. Desta vez no entanto não precisamos de treinar as nossas armas, visto que elas já estão no nível de experiência máximo.O corpo de Zero pode agora ser customizado quando encontrarmos chips para esse efeito, que nos permitem customizar a cabeça, corpo e pernas. Aqui são também introduzidos os Secret Disks, centenas de disquetes espalhadas pelos níveis (ou obtidas a derrotar os inimigos normais) que se traduzem em Cyber Elves, chips de customização para o corpo de Zero, cápsulas de energia ou pura e simplesmente coleccionáveis.

À medida que novos títulos iam saindo, mais Zero poderia ser customizável

De resto, aparentemente este Mega Man Zero 3 possui também algumas interacções com a série Battle Network, mas não estou bem por dentro do que seja. Por fim, uma vez mais estamos presentes a um jogo com excelentes gráficos 2D, seja no detalhe dos níveis, seja nas animações dos inimigos e principalmente os bosses. Também tal como os restantes, as músicas são mais rock.

Por fim temos o Mega Man Zero 4, lançado originalmente em 2005, uma vez mais um ano após o lançamento anterior. Esta sequela sofreu muitas mudaças, princalmente na gestão dos Cyber Elves  sendo que agora só temos um que por sua vez tem de ser evoluido à base de Energy Crystals. O buster e o sabre continuam presentes, mas a arma adicional é o Zero Knuckle, que permite, entre outras coisas, roubar armas dos inimigos. No que diz respeito à customização de Zero, temos uma vez mais vários chips que podemos equipar e que podem conferir a Zero várias habilidades, desde maior poder de ataque, uma maior barra de vida, ou outras coisas ainda mais úteis como a capacidade de realizar saltos duplos. Para isso temos no entanto de apanhar peças dos adversários derrotados e combiná-las para o efeito, possuindo assim um sistema de crafting.

O sistema de controlo meteorológico pode-nos facilitar ou dificultar a progressão nos níveis. Por exemplo, neste nível se nevar temos um caminho livre por cima de espinhos.

Para além disso os próprios níveis também podem ser customizados, nomeadamente as suas condições metereológicas, que podem ou não tornar um nível mais fácil, ou abrir outras passagens que seriam previamente inacessíveis. Por exemplo, num dos níveis temos de entrar dentro de um canhão solar. Se mudarmos a meteorologia para tempo nublado, o canhão irá disparar menos vezes, tornando o progresso mais fácil. Por outro lado, para adquirirmos as EX-Skills dos bosses que derrotarmos, teremos de completar os níveis nas condições meteorológicas mais desfavoráveis. De resto, uma vez mais a nível audiovisual estamos presentes em mais um jogo com um 2D bem competente e boas músicas também.

Esta compilação inclui alguns extras, como um easy mode ou artwork desbloqueável.

Portanto, esta colectânea para a Nintendo DS é uma óptima maneira de jogar a excelente quadrilogia dos Megaman Zero, excelentes jogos de acção/platforming, que culminaram posteriormente na série Megaman ZX. Esta compilação possui ainda alguns extras como um Easy Mode para todos os jogos presentes (antes só o Mega Man Zero possuia tal feature) e uma galeria de arte desbloqueável. Ainda assim, visto que tanto os originais desta colectânea, como esta própria colectânea não sejam tão acessíveis assim no mercado retro, a Capcom decidiu recentemente lançar uma outra compilação (em formato digital) que inclui também os  Megaman ZX e ZX Advent e pode ser encarada como uma alternativa séria.

Prince of Persia (Sega Mega CD)

Como habitual, mais uma rapidinha para mais uma conversão de um clássico. Prince of Persia, desenvolvido por Jordan Mechner e lançado originalmente para sistemas Apple em 1989 foi um tremendo sucesso e rapidamente foi convertido para inúmeras plataformas. As consolas da Sega não foram excepção, e já cá trouxe inclusivamente a versão da Master System, convertida pela Domark, que também lançaram uma versão para a Mega Drive que ainda não tive a oportunidade de a adquirir. Por outro lado, a Mega CD recebeu uma conversão inteiramente diferente, desenvolvida originalmente no Japão. O meu exemplar foi comprado no mês passado em Paris, numa viagem de trabalho mas que me deu tempo suficiente para visitar as lojas de Boulevard Voltaire. Custou-me 20€.

Jogo com caixa e manual

Creio que já sabem o que vos espera neste Prince of Persia. O Sultão ausentou-se do país para tratar de alguns assuntos e o Vizir aproveita para fazer um golpe de estado, obrigando também a princesa lá do sítio a casar-se com ele. O vizir dá um tempo de 60 minutos para a princesa decidir o que quer fazer da sua vida, sendo esse o mesmo tempo que nós, o protagonista, teremos para explorar os calabouços do palácio, defrontar o Vizir e resgatar a princesa. Literalmente temos uma hora para terminar o jogo, algo que acaba por ser fazível, mas obriga-nos a conhecer os níveis todos de trás para a frente.

Esta versão possui algumas cutscenes em anime. Com péssimo voice acting, claro!

A nível de controlos também já sabem o que a casa gasta. Podemos correr, caminhar lentamente, saltar, escalar paredes. Os caminhos estão repletos de armadilhas como pedaços do chão que caem, espinhos que nascem do solo, ou mesmo lâminas capazes de nos cortar ao meio. Pelo meio de tantas armadilhas teremos uma série de interruptores pressurizados que nos abrem temporariamente algumas portas e claro, alguns guardas para combater, mas para isso temos primeiro de encontrar uma espada. O sistema de combate é fiel ao original, permitindo-nos atacar mas também defender das investidas dos nossos adversários.

Um passo em falso e acabamos assim

Mas o que torna este Prince of Persia diferente dos restantes é mesmo o toque nipónico. Os gráficos são um pouco diferentes do original, as sprites de Prince e dos guardas são mais detalhadas e cheias de adornos, mas para além disso vamos tendo algumas cutscenes anime que nos vão contando a história. O problema é mesmo o voice acting que é terrível. As músicas são de qualidade CD Audio e repletas de temas árabes, muito bem tocados por sinal, e que se encaixam que nem uma luva ao estilo do jogo.

Portanto esta conversão do Prince of Persia é para mim mais uma conversão sólida, diferente das que vimos nos outros sistemas contemporâneos por ter um toque mais japonês. Das versões 16bit ainda quero voltar a jogar a versão Mega Drive, pois parece-me ser mais uma conversão sólida e claro, a versão Super Nintendo que é muito diferente e inclui muito conteúdo extra.

James Bond 007: The Duel (Sega Mega Drive)

Continuando pelas rapidinhas, agora para a Mega Drive, vamos para mais um jogo de acção que me surpreendeu pela positiva. Apesar de ter o Timothy Dalton na capa, actor que deu a cara a James Bond em apenas 2 filmes na década de 80, este videojogo acaba por não seguir a trama de nenhum desse filmes. O meu exemplar foi comprado no mês passado a um particular, tendo-me custado uns 10€.

Jogo com caixa e manual

Este James Bond the Duel é um jogo de acção/plataformas, onde os nossos objectivos são sempre os mesmos ao longo dos vários níveis: resgatar uma série de mulheres espalhadas ao longo dos níveis, detonar uma bomba algures e em seguida procurar a saída dentro de um tempo limite, antes que tudo exploda. Os controlos são simples, com um botão para saltar, outro para disparar o nosso revólver, e um outro para atirar granadas, algo bastante útil para defrontar alguns mid bosses que nos apareçam à frente, como é o caso do Dentes de Aço. Podemos disparar para a esquerda, direita e diagonais, mas infelizmente não conseguimos disparar para cima ou para baixo, o que até dava jeito em certas alturas. Ainda sobre a jogabilidade, convém também ter em conta que este é daqueles jogos onde se cairmos de uma certa altura perdemos uma vida.

Temos diferentes localizações para explorar, mas os objectivos são sempre os mesmos

A nível gráfico, é um jogo bonitinho, mas deixa um pouco a desejar. As sprites são pequenas porém bem animadas, o jogo até que é colorido e detalhado quanto baste, mas como é tudo tão pequeno, fica sempre a sensação que estou a jogar num sistema 8bit. Tendo em conta que a mesma equipa também lançou o mesmo jogo para a Master System e Game Gear, pode estar aí a explicação do porquê de ambas as versões serem diferentes, porém muito parecidas. As músicas sinceramente até que as achei bastante agradáveis, embora um tema ou outro também me tenha soado saído de uma Master System.

O jogo até que é bastante colorido, mas por vezes parece que estou num sistema 8bit

Portanto este James Bond 007 The Duel até que nem o achei um mau jogo de todo. A série Rolling Thunder dá-lhe 10 a 0, é verdade, mas ainda assim achei-o suficientemente divertido e confesso que até fiquei curioso em experimentar a versão Master System que quero ver se a arranjo no futuro.

Marble Madness (Sega Master System)

Para não variar, mais uma rapidinha a uma conversão de arcade, desta vez para a Sega Master System. Marble Madness, lançado originalmente pela Atari, é um clássico arcade na medida em que oferecia uma jogabilidade simples, de absorção imediata, mas com um desafio elevado. O objectivo é o de conduzir um berlinde por uma série de caminhos labirínticos e repletos de obstáculos e outras armadilhas, até à sua meta. Mas já lá vamos. O meu exemplar foi comprado no mês de Setembro, tendo vindo de um leilão online que me ficou a 6€ por jogo.

Jogo com caixa e manual

O objectivo do jogo é tão simples que mesmo que uma pessoa não esteja habituada a videojogos depressa aprende o que tem de fazer. Basicamente temos um berlinde que temos de o conduzir por um labirinto repleto de abismos, armadilhas e outros inimigos que podem interferir. Podemos cair, ou ser comidos as vezes que quisermos pois temos vidas infinitas, no entanto temos é um tempo limite para chegar ao destino e é aí que está o desafio. Muitas vezes temos de fazer descidas íngremes em rampas estreitas, à beira de um abismo e com curvas apertadas, pelo que temos de controlar bem a inércia da bola. Numa arcade isto era mais engraçado pois os controlos usavam uma rollerball, até era mais intuitivo. Aqui temos de usar o d-pad e simplesmente este é um dos jogos que requerem muita práctica, pois até nem temos assim tantos níveis.

Por vezes conseguimos ganhar alguns segundos precisosos

A nível audiovisual é um jogo simples, porém bem detalhado. Os níveis são apresentados numa perspectiva isométrica e possuem alguns inimigos ou armadilhas que até têm boas animações. As músicas são também agradáveis, pelo que no fundo esta até acaba por ser uma boa conversão do clássico arcade.

T2 The Arcade Game (Super Nintendo)

Ainda pelas rapidinhas, vamos agora num instante à Super Nintendo para mais uma adaptação arcade. Existem vários jogos baseados no filme Terminator 2, um dos melhores filmes de acção de sempre, e um deles foi desenvolvido originalmente pela Midway para as arcades. É um shooter em 2D muito à moda do Operation Wolf, onde inimigos vão surgindo no ecrã vindos de todos os lados, tornando-se practicamente impossível não sofrer algum dano. Esse jogo foi convertido para várias consolas, entre as quais a Mega Drive, versão que já cá trouxe e servirá de base para este artigo, pelo que recomendo que o espreitem. O meu exemplar foi comprado em Setembro na Cash Converters, tendo-me custado 8€.

Apenas cartucho

Tal como a versão Mega Drive, aqui também temos o suporte à light gun, neste caso a Super Scope que também não tenho. A grande diferença face à versão Mega Drive é que esta, a nível gráfico está bem mais próxima do original arcade. O original, como muitos jogos da Midway da época, prezava em apresentar sprites realistas, sendo digitalizadas de actores reais, neste caso os do próprio filme. As músicas são também agradáveis. A jogabilidade é que pronto, é a típica daqueles jogos light gun da época e com tanto inimigo no ecrã, vamos sempre sofrer algum dano, mesmo com 2 jogadores. De resto dispomos de imensos power ups, incluindo pequenos rockets teleguiados, escudos ou rapid fire. Mas os medkits são sem dúvida os mais úteis!