Por incrível que pareça, ainda não tinha na minha colecção nenhuma versão do Prince of Persia, esse grande clássico de Jordan Mechner e que tantas horas me fez perder ao jogar a sua versão de DOS quando era criança. Bom, se não contarmos com o desbloqueável que vem junto do Prince of Persia Sands of Time, claro. As conversões para as consolas da Sega (excepto a da Mega CD) ficaram a cargo da Domark que a meu ver até fizeram um bom trabalho, até porque eles já tinham lançado a conversão deste jogo para o Commodore Amiga. O meu exemplar foi comprado a um colega no passado mês de Janeiro por 5€.
Prince of Persia é um jogo inspirado nos contos das 1001 noites, onde algures num reino das Arábias, o sultão lá do sítio foi comandar uma guerra e deixou o seu reino ao cuidado do seu Vizir, Jaffar. Ora como aprendemos no Aladdin, um Vizir com o nome de Jaffar não pode ser boa pessoa e claro, coisas aconteceram. Jaffar toma então poder e confronta a princesa, obrigando-a a casar-se com ele. Como a jovem recusa, Jaffar lança-lhe então um feitiço, dando-lhe 60 minutos para mudar de ideias, caso contrário morre. As esperanças da princesa estão no seu amado que a vá salvar, mas Jaffar antecipa-se, prende o protagonista e atira-o para o fundo dos calabouços do Palácio.
Cabe-nos a nós então atravessar uma série de níveis labirînticos, repletos de armadilhas, guardas e outros puzzles. Tudo isto com 60 minutos de tempo limite para terminar a aventura. Ao longo do jogo encontramos imensas armadilhas como plataformas que caem, espinhos que saem disparados do chão, ou mesmo lâminas que nos cortam em dois se não tivermos cuidado. Temos também montes de precipícios que temos de ter em conta para não cair. É que a partir de uma certa altura é morte certa. Para além disso também vamos vendo algumas portas que temos de destrancar, ao pressionar algumas plataformas específicas que servem de interruptor. Por outro lado, também temos de evitar tocar noutros interruptores que nos podem dificultar mais a vida. Tudo isto junto, para além dos combates que referirei em seguida, obriga-nos a explorar bastante cada nível, até que consigamos finalmente resolver estes puzzles. Certamente 60 minutos não são suficientes para as primeiras tentativas, mas eventualmente lá chegamos. O jogo está dividido em 12 níveis, sendo que entre cada nível nos fornecem uma password, onde para além de nos permitir começar no novo nível em questão, também são guardadas outras informações, como a vida que temos disponível e o tempo restante.
Os controlos são simples, depois de nos habituarmos. Já o original de PC nos obrigava a esse treino, pelo que aqui, com um comando ainda com menos botões, as coisas não poderiam ser tão simples assim. O botão direccional faz com que Prince se agache, suba ou desça plataformas, ou corra para a esquerda ou direita. O botão 2 serve para saltar, já o botão 1 possui outros usos. Se o pressionarmos enquanto nos movimentamos de um lado para o outro faz com que andemos devagar, passo a passo, em vez de começar a correr. Por outro lado, também nos deixa agarrar em plataformas quando as estamos a descer, ou simplesmente a cair em queda livre, pressionar o botão 1 na altura certa pode-nos salvar a vida! Quando encontramos um guarda, se não tivermos nenhum botão pressionado faz com que o Prince saque da sua espada e se ponha numa posição de guarda (mas antes disso temos de a encontrar!!). O botão 1 serve para atacar, o botão 2 serve para defender, embora não seja muito fácil acertar com os tempos para nos defendermos com sucesso. O botão direccional para a esquerda ou direita faz com que nos afastemos ou aproximemos do nosso oponente, enquanto que ao pressionar para baixo faz com que guardemos a espada, algo que só recomendo fazer caso queiramos fugir do confronto, pois se somos atingidos sem estar numa posição de guarda, é morte instantânea.

Se acharmos que 60 minutos não é desafio suficiente, podemos sempre reduzir o tempo limite nas opções
Do ponto de vista audiovisual devo dizer que fiquei bastante impressionado com o resultado obtido pela Domark/The Kremlin. A versão original era bastante impressionante pela qualidade das animações do Prince, que foram gravadas através de actores reais, neste caso o irmão do criador do jogo, Jordan Mechner. Não sei como, mas conseguiram fazer sprites também muito bem animadas aqui, todas as animações estão bastante fluídas e credíveis. Os cenários também possuem mais cor e detalhe, quando comparados com o original ou mesmo a versão DOS, embora eu prefira o detalhe das partes mais luxuosas do palácio na versão DOS, se bem que a Master System possui cores mais vivas nessa parte. As músicas são poucas, todas elas com melodias árabes que estão muito bem implementadas aqui também. A parte principal do jogo é jogada sem qualquer banda sonora, com alguns pequenos arranjos a serem ouvido ocasionalmente quando algo de importante acontece. Sinceramente é algo que contribui bastante para a óptima atmosfera introduzida pelo jogo.
Portanto esta adaptação do Prince of Persia para a Master System surpreendeu-me bastante pela positiva. É certo que os controlos não são tão bons na parte do combate, e mesmo a maneira como o Prince acelera antes de começar a correr pode-nos causar algumas dificuldades no início. Ainda assim é uma conversão muito sólida, principalmente pela parte audiovisual. A meu ver é dos jogos da Master System mais bonitos que joguei até hoje. A versão Game Gear é idêntica, já a da Mega Drive está uns furos acima no audiovisual mas tenho de a jogar melhor. Outra versão que vale bastante a pena é também a da Super Nintendo, que practicamente duplicou o conteúdo do jogo face ao original. Mas isso é tema para outro artigo no futuro.
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