A saga Strider foi uma das mais promissoras da Capcom, com a sua origem no final da década de 80. A mesma decorre num futuro distópico, onde o planeta terra estava dominado por uma ditadura de ferro. Mas um clã de ninjas, os Striders, juraram devolver a liberdade ao povo, libertando-os do seu tirano. A Capcom esmerou-se a construir este mundo imaginário, tendo resultado num fantástico jogo arcade (cuja adaptação para a Mega Drive já a trouxe cá), um outro jogo completamente diferente para a NES e uma manga. A britânica U.S. Gold acabou por produzir uma sequela não oficial para uma série de sistemas e depois disso a série ficou adormecida por alguns anos. Até que em 1999, uma vez mais nas arcades, a Capcom lança uma verdadeira sequela ao clássico e no ano seguinte a Playstation acabou por receber uma conversão. O meu exemplar foi comprado em Maio deste ano, num evento retro gaming. Está incompleto, faltando-lhe o manual e o CD extra com o Strider original de bónus, mas por 2€ não o podia deixar ficar lá.
Este jogo decorre 2000 anos após os eventos do primeiro jogo, onde o feiticeiro Grandmaster renasceu e uma vez mais tomou de assalto todo o planeta. Também uma vez mais caberá a um novo ninja Strider, novamente chamado Hyriu, o papel de o derrotar. Tal como no Strider original, Hyriu é um ninja bastante hábil e atlético, retendo todas as suas habilidades do original. Isto significa que vamos poder dar saltos acrobáticos, escalar paredes ou mesmo tectos. Para além disso temos uma série de novas habilidades, como a possibilidade de correr, slide, ou dar um duplo salto no ar, por exemplo. A nossa arma é uma vez mais uma espada, mas podemos ir encontrando alguns power ups que lhe aumentam o seu poder. Outros itens, para além de itens regenerativos, consistem nos boosts. Estes, quando activados, permitem-nos disparar umas ondas plasma a cada golpe que efectuamos, durante um certo tempo limite.
O jogo em si não é muito comprido, mas como seria de esperar exige alguma perícia. Os primeiros três níveis podem ser jogados em qualquer ordem, sendo bastante distintos entre si. O primeiro decorre em plena metrópole de Hong Kong, já o segundo num grande castelo bem no centro da Alemanha. O terceiro nível passa-se numa base militar da Antárctida, já os últimos 2 níveis são a perseguição final ao Grand Master, um deles numa grande fortaleza aérea (qualquer semelhança com o Strider original não é coincidência) e o confronto final a decorrer em pleno Espaço. Os níveis em si estão divididos em vários segmentos, muitos deles com o seu próprio sub-boss e, sendo este um jogo de acção com as suas origens nas arcades, podem mesmo contar com muita coisa a acontecer. Gostei particularmente das gravidades alternadas nos últimos níveis!
A nível audiovisual é um jogo competente, misturando cenários 3D com os personagens principais e outros inimigos a serem sprites em 2D. Pessoalmente acho que preferiria que fosse tudo num 2D muito bem desenhado, mas sinceramente não desgostei do resultado final. Os níveis são muito distintos entre si como já referia acima, e os cenários em 3D poligonal não ficaram mal de todo. A nível áudio também não tenho nada de especial a acrescentar, os sons e as músicas são bastante competentes, apenas acrescentaria um pouco de voice acting ou algumas cutscenes mais trabalhadas. Se o original arcade for um jogo em cartucho, compreendo o porquê da Capcom não o ter feito originalmente, mas seria interessante que a conversão para a PS1 trouxesse mais alguns extras. E já agora falando de extras, para além de uma conversão practicamente perfeita do Strider original num disco à parte, podemos também desbloquear uma personagem secundária, um outro Strider com diferentes habilidades, para jogar na sequela.
Portanto este Strider 2 até que foi uma óptima surpresa ao fim de tanto tempo sem se ouvir nada de novo desta série. A Capcom conseguiu pegar no que fez o original um clássico das arcades e incutir-lhe um toque mais moderno, com ainda mais acção non-stop. Infelizmente depois deste Strider 2, que já tinha saído algo tarde, numa altura em que a Dreamcast já estava no mercado e a Playstation 2 à porta, a Capcom voltou a enterrar a série. Até que em 2014 fizeram um reboot à mesma, lançando mais um óptimo jogo de acção, embora apenas em formato digital (que eu saiba). Mas isso seria assunto para um outro artigo.
Epah, por 2 euros foi bom achado mesmo com as coisas em falta. Há quem vendesse isso nesse estado por valores de 2 dígitos a bater no ridiculo da maneira que o mercado anda hoje. Btw, o Strider (reboot) saiu físico no Japão para PS3 (com versões digitais do 1 e 2 incluídas via download na PSN). Eu comprei esse na altura mas infelizmente alguém se abotoou com ele pelo caminho e fiquei-me pelo digital.
Olá Pedro! Não sabia que o reboot tinha saído em formato físico no Japão (mas devia ter adivinhado!). Essa versão é em inglês??
Yep, tudo em inglês, tal como a do Okami de PS3 que comprei na altura.