Virtua Athlete 2K (Sega Dreamcast)

virtua-athlete-2kPara não destoar, vamos continuando com as rapidinhas de jogos desportivos, onde vou abordar desta vez um jogo da Sega Dreamcast, plataforma que já não trazia cá nada há algum tempo. E este Virtua Athlete 2K é na verdade um sucessor espiritual de jogos como Athlete Kings ou Winter Heat da Sega Saturn que eram jogos com uma dinâmica completamente arcade. Na verdade até foi uma coisa que me surpreendeu visto este jogo ter um aspecto bem mais realista que os seus antecessores, esperava uma experiência mais completa como o Sydney 2000, mas Virtua Athlete 2K continua a ser um jogo arcade na sua essência. A minha cópia foi comprada numa loja no Porto por 2€.

Jogo com caixa e manual
Jogo com caixa e manual

O Athlete Kings da Saturn era conhecido em todo o lado excepto na Europa por Decathlete. Porquê? Porque continha todos os 10 desportos que um atleta de decatlo practica. Aqui temos apenas 7: Corrida de 100 metros, 400metros barreiras, 1500 metros, salto em comprimento, salto em altura, lançamento do peso e lançamento do dardo. Todos eles possuem uma jogabilidade que mais se assemelha a um quick time event gigante. No sprint de 100 metros, o objectivo é pressionar os botões A e X o mais rápido possível, nos 400 metros barreiras também, mas com a condicionante adicional de precisarmos de pressionar no D-Pad para cima quando for a altura de pensar. Nos 1500 metros temos de controlar o button mashing de forma ao nosso atleta aguentar toda a corrida. Nos outros desportos, para além do button mashing para ganhar balanço, seja a correr para os saltos, ou a preparar o lançamento, temos também de ter em conta o ângulo em que saltamos, ou que lançamos o dardo. Isso tem a ver com o timing com que pressionamos o botão B e o largamos, pois assim que carregarmos no B surge um indicador do ângulo que vai constantemente crescendo até largarmos o botão.

Na prova dps 1500 metros temos de ter cuidado com a fadiga e moderar o button mashing
Na prova dps 1500 metros temos de ter cuidado com a fadiga e moderar o button mashing

E é practicamente isto. Sim, o jogo tem multiplayer que vai até 4 jogadores, mas é assim uma evolução tão grande desde o Athlete Kings da Saturn? Ainda por cima perdendo 4 desportos? Não me parece. Depois temos também a possibilidade de criar os nossos próprios atletas com as opções habituais de modificar o rosto, o fato e afins. Outra das coisas que podemos seleccionar são pequenos emblemas que simbolizam os interesses de cada atleta. Podemos ter interesses como variados desportos como natação, skate ou fórmula 1, bem como gostar de heavy metal e engenharia. Muitos destes emblemas podem ser adquiridos ao terminar o Exhibition mode com boas pontuações e aparentemente os interesses que escolhermos para os atletas definem também as suas aptidões para os diferentes desportos deste Virtua Athlete. Conceito interessante, mas não salva o facto de haver apenas 7 desportos para practicar.

Ali o logo da Climax foi algo surpreendente, não sabia que eles estavam envolvidos na criação do jogo.
Ali o logo da Climax foi algo surpreendente, não sabia que eles estavam envolvidos na criação do jogo.

Graficamente era um jogo competente para a época em que foi lançado. Os atletas e estádios estão bem detalhados, e o jogo possui uma boa apresentação, com anunciadores “profissionais” e uma câmara muito semelhante ao que estamos habituados a ver na TV. As músicas vão sendo algo variadas mas fazem-me lembrar bastante aquela época de ouro das arcades da Sega, com a música título repleta de guitarradas e as outras mais calmas, mas que poderiam facilmente fazer parte de um desses clássicos dessa era.

Somando tudo, Virtua Athlete 2K foi um jogo que me deixou algo desiludido. Se por um lado a sua jogabilidade mais arcade me agrada bem mais do que um jogo mais de simulação, o facto de possuir apenas 7 modalidades é um grande revés. O multiplayer de 4 jogadores e o esquema dos emblemas com os interesses não o salvam disso. Se forem fãs do género, sugiro talvez espreitar o Sydney 2000 que saiu no mesmo ano também para a Dreamcast.

Hyperdunk (Sega Mega Drive)

hyperdunkContinuando pelas rapidinhas de videojogos desportivos, agora para um jogo de basquetebol da Mega Drive. Produzido pela Konami, Hyperdunk é na verdade uma sequela do Double Dribble, um clássico da NES e um dos melhores, senão mesmo o melhor, jogos de basquetebol em sistemas 8bit. A versão americana deste Hyperdunk é até chamada de Double Dribble: The Playoffs Edition, mas no que diz respeito à qualidade da sequela, bom, pelo menos na apresentação gráfica já ganha pontos. Na verdade foi um daqueles jogos que comprei mais por ter o selo da Konami do que outra coisa, mas valeu a pena, pois ó jogo tem um feeling muito arcade. O meu exemplar veio da Cash Converters de Alfragide, algures durante o verão, tendo-me custado cerca de 12€.

Jogo completo com caixa e manuais
Jogo completo com caixa e manuais

Os controlos são simples, com um botão para passar e outro para rematar caso estejamos a jogar ofensivamente, quando não temos a posse da bola temos um botão para trocar de jogador, outro para tentar roubar a bola ao adversário e um outro para a interceptar. No que diz respeito aos modos de jogo temos o tradicional encontro amigável, e os Playoffs que tradicionalmente se jogam depois da época normal. Aqui podemos escolher uma entre 16 diferentes equipas, embora o jogo não possua a licença NBA, pelo que os nomes dos jogadores são fictícios. Depois temos o modo multiplayer e aí acredito que o jogo seja bastante divertido. Isto porque é possível jogar com um máximo de 8 jogadores em simultâneo, com recurso a 2 multi taps. Infelizmente nunca experimentei este modo de jogo, mas deve ser interessante, se bem que meter 8 pessoas na mesma sala a jogar o mesmo jogo pode ser um desafio em termos de logística.

Afundanços? Sim, claro que é possível!
Afundanços? Sim, claro que é possível!

A nível técnico acho o Hyperdunk muito bem conseguido, desde a cutscene inicial (que me faz lembrar de certa forma a abertura do International Superstar Soccer), passando pelo ecrã título e no jogo propriamente dito. Aí os pavilhões estão muito bem detalhados, as partidas são jogadas com música também agradável e os efeitos sonoros estão bons~,com um público bastante entusiasmado! No ponto de vista audiovisual, a Konami esteve muito bem.

Posto isto, apesar do Hyperdunk não ter aquele “realismo” que a série NBA Live da EA impôs, nem a mesma diversidade de equipas, a sua jogabilidade parece-me bem mais agradável, e o facto de possibilitar um multiplayer para tanta gente é também algo de enaltecer.

Super Kick Off (Sega Master System)

50436_frontJá que estou numa de rapidinhas a jogos desportivos, vamos lá continuar então por essa onda, desta vez para o Super Kick Off. Quem viveu o final da década de 80 e a primeira metade dos 90, alguns nomes de jogos de futebol europeus foram ficando na memória, como Striker, Sensible Soccer, ou Kick Off, de Dino Dini. Eventualmente as consolas da Sega lá teriam de receber uma versão de algum jogo da série Kick Off, o que acabou por acontecer com este Super Kick Off, que também viu uma versão para a Master System. Versão essa que é um bocado estranha, tal como irei referir em seguida. O meu exemplar custou-me 5€ na Feira da Ladra em Lisboa, tendo sido comprado algures no verão de 2016.

Jogo com caixa e manual
Jogo com caixa e manual

Bom, depois do ecrã de título, temos o ecrã de selecção da linguagem. E aqui reside uma das características mais estúpidas deste jogo. Temos 8 linguagens à escolha, mas mediante a linguagem escolhida, teremos depois apenas 8 clubes daquele país para poder jogar. Ou seja, se por algum motivo quisermos jogar com o “Milano”, “Muenchen” ou “Paris”, teremos de jogar o jogo em italiano, alemão ou francês, respectivamente. Mas como é que isto cabe na cabeça de alguém, limitar um jogo desta forma? Depois ainda vem algo mais estúpido. Ao seleccionar a língua espanhola, poderíamos jogar com clubes como Madrid, Barcelona ou Valencia, certo? Pois, mas não no Super Kick Off da Master System. Por algum motivo ao seleccionar o idioma espanhol deixa-nos jogar com os mesmos clubes da língua inglesa, como o United, City, Rovers ou Rangers. Outro dos idiomas disponíveis é o português, mas com a bandeira do Brasil, portanto com equipas brasileiras, nada de Porto ou benfica. Bom, se por um lado, a possibilidade de ter um jogo inteiramente em português numa consola como a Master System é excelente, o facto de ser um jogo produzido por europeus, e incluirem o Brasil no meio de outras nações europeias é um bocadinho triste. Mas neste caso até se compreende pois dessa forma a selecção Brasileira também pode ser jogável.

O campo está bastante ampliado, mas para compensar temos um pequeno radar que mostra as posições dos jogadores
O campo está bastante ampliado, mas para compensar temos um pequeno radar que mostra as posições dos jogadores

Tirando estes falhanços, o jogo possui vários modos de jogo, como seria de esperar. Desde um modo de treino para practicar, ou partidas amistosas, pode-se também jogar em torneios por eliminatórias, ou campeonatos. Todas esta opções podem ser jogadas com os clubes do país do idioma escolhido, ou nas suas vertentes “internacionais”, onde podemos escolher 1 de 8 selecções. A jogabilidade é simples, até porque a Master System dispõe apenas de 2 botões de acção, mas esperava que fosse um jogo mais rápido. Quando há mais que 3 jogadores no ecrã, notam-se alguns slowdowns. De resto há também várias opções a ter em conta, como as condições atmosféricas, nível de dificuldade, ou o árbitro a escolher, sendo que cada um possui critérios mais ou menos rigorosos. No que diz respeito ao multiplayer, para além de podermos jogar contra um amigo, podemos jogar também de forma cooperativa contra o CPU na equipa adversária.

É possível activar uma opção que permita dar efeito na bola depois de ser rematada
É possível activar uma opção que permita dar efeito na bola depois de ser rematada

Tecnicamente não é uma das melhores conversões. O jogo é visto numa perspectiva aérea como o Italia 90, com pouco detalhe nas sprites, como seria de esperar num jogo para a Master System. Os menus também não são nada apelativos, mas cumprem o seu papel. Tal como muitos outros jogos de futebol do seu tempo, também apenas temos música nos menus e afins, com as partidas de futebol a serem practicamente silenciosas, com alguns barulhos de fundo.

Super Kick Off para a Master System deixou-me desiludido, estava à espera de mais. Felizmente a versão Mega Drive, pelo pouco que vi, não tem muitas destas limitações e ainda bem. Por um algo algumas limitações seriam de esperar numa consola como a Master System, mas apenas se poder escolher 8 clubes por linguagem não faz sentido nenhum.

Eric Cantona Football Challenge (Super Nintendo)

eric-cantonaPara não variar, o jogo de hoje vai ser mais uma rapidinha. Na verdade, é um daqueles jogos bastante confusos pois recebeu nomes diferentes em vários locais. Produzido pela britânica Rage Software, foi lançado na Europa com o nome Striker para uma panóplia de sistemas diferentes, incluindo a Super Nintendo. Focando-nos na versão para a consola de 16bit da Nintendo, o lançamento Japonês chama-se World Soccer (não confundir com o jogo para a Master System de mesmo nome), para os Estados Unidos tem o nome de World Soccer ’94: Road to Glory. Como devem calcular, esta versão aqui foi supostamente lançada apenas na França. O meu exemplar veio da feira da Vandoma no Porto, por 5€, algures durante o verão de 2016.

Apenas cartucho
Apenas cartucho

Independentemente da versão que escolherem, o jogo é practicamente o mesmo e se estão à espera de algo mais realista como os FIFA ou International Superstar Soccer então esqueçam pois em Striker (nem pensem que vou andar sempre a escrever Eric Cantona Football Challenge), temos uma jogabilidade frenética e bastante arcade, o que até resulta bem se quisermos jogar umas partidas com amigos. Como muitos jogos de futebol de origem europeia dessa época, temos aqui vários modos de jogo à nossa disposição, como partidas amigáveis, campeonato do mundo, torneios por eliminatórias (cujo número de eliminatórias é customizável), ou campeonatos por jornadas, onde também podemos definir o número de equipas a participar. Para além disso temos ainda a possíbilidade de jogar qualquer um destes modos de jogo como futebol de salão, bem como treinar os controlos em diferentes modos de práctica. O único senão é apenas existirem equipas nacionais, não clubes. Mas para os mais pacientes há também um poderoso editor de equipas que permite alterar os nomes dos jogadores e cores dos equipamentos de cada nação.

Nem se deram ao trabalho de mudar este ecrã para ter uma foto do Cantona...
Nem se deram ao trabalho de mudar este ecrã para ter uma foto do Cantona…

De resto, tal como já referi, a jogabilidade é bastante rápida. Com o mesmo jogador conseguimos percorrer o campo de uma ponta a outra em poucos segundos, tornando as partidas bastante intensas, principalmente quando jogamos contra um amigo. Existe a possibilidade de alterar a formação do nosso 11 em campo, bem como colocar a IA a optar por estratégias mais defensivas ou ofensivas, mas sinceramente com toda a rapidez de jogo nem noto assim tantas diferenças.

Por fim, a nível técnico é um jogo bastante simples. As músicas practicamente que apenas existem nos menus ou no ecrã inicial, e sinceramente não a acho nada demais. Se gostarem de músicas de fanfarra, então sintam-se em casa. Durante as partidas temos apenas o ruído do público, o barulho da bola a ser chutada de um lado para o outro e os apitos do árbitro e estes até que soam bastante realistas para a altura. Graficamente é também um jogo simples, com os menus a serem o mais minimalistas possível a nível estético e os gráficos também são simples, porém funcionais para o estilo frenético de jogo. O estádio é mostrado como um plano de Mode 7, o que resulta num scrolling bastante suave, no entanto com o pequeno defeito do público e outros adornos dos estádios ou pavilhões não serem lá muito bem detalhados.

Alguns comentários engraçados podem ser vistos no placard, aqui na parte de baixo do ecrã
Alguns comentários engraçados podem ser vistos no placard, aqui na parte de baixo do ecrã

No fim de contas, é mais um daqueles jogos de futebol algo clássicos das escolas europeias da primeira metade da década de 90, com uma jogabilidade simples, porém bastante frenética e mesmo assim ainda incluem uma série de diferentes modos de jogo e opções, dando de certa forma a impressão de ser um jogo bem mais completo do que na realidade o é. Não vai ser a última vez que irei referir este jogo, até porque o Striker nas consolas de 8 e 16bit da Sega tem o nome de “Ultimate Soccer”.

 

Balls of Steel (PC)

Para terminar os artigos referentes à 3D Realms Anthology, que arranjei por uma bagatela num bundle da bundle stars, o jogo que resta é o Balls of Steel, publicado pela Pinball Wizards, uma outra label criada pela Apogee, tal como a 3D Realms o foi originalmente. Enquanto a 3D Realms foi criada com o intuito de desenvolver e publicar apenas jogos 3D, a Pinball Wizards ia-se focar no género de jogos de Pinball. Se foi uma boa ideia se calhar não, pois Balls of Steel foi o único jogo que a Pinball Wizards alguma vez publicou.

balls-of-steelE Balls of Steel, para os que são fãs acérrimos das mesas de Pinball reais, parece-me ser uma excelente aposta e em 1997, altura em que o jogo tinha sido originalmente lançado, acredito que não houvesse muito melhor no mercado, pois para além de simular mesas de pinball com todo o realismo, inclui também vários extras que seriam impossíveis de se encontrar numa mesa de pinball electromecânica, mas nada impossíveis nos videojogos, unindo dessa forma o melhor dos dois mundos. Inicialmente temos 5 mesas de pinball para jogar, cada qual com diferentes temáticas. Desde os bárbaros dignos de um filme do Conan ou de um Golden Axe, outra com Space Marines contra extra-terrestres, experiências com mutantes que correm mal, ou a brigada anti bombas que tenta impedir bombas de explodir no coração de uma grande cidade. E claro, se não fosse a Pinball Wizards ligada à 3D Realms, temos também uma mesa com a temática do Duke Nukem 3D.

Aqui as mesas possuem um aspecto fantástico e bastante realista para a altura
Aqui as mesas possuem um aspecto fantástico e bastante realista para a altura

O objectivo é então o de fazer o máximo de pontos possível, sendo que para isso teremos de encaminhar as bolas para activarem uma série de interruptores, multiplicadores de pontos, subir algumas rampas e afins. À medida em que vamos explorando as mesas vamos também descobrindo os seus segredos e poderemos participar nalguns minijogos variados (jogáveis naquele LCD), como guiar uma nave por um campo de asteróides, participar em galerias de tiro entre outros. Para além desses mini jogos podemos também ter algumas missões para cumprir dentro de um determinado intervalo de tempo, como destruir aliens que se passeiem pelas mesas, ou passar a bola por umas rampas específicas um determinado número de vezes, ou por uma certa ordem. Há também o desafio do multiball, onde podemos trancar um máximo de 3 bolas num reservatório para depois, durante algum tempo, jogarmos com as 3 bolas em simultâneo na mesa para obter o máximo de pontos possível.

Por vezes lá temos algumas missões para cumprir de forma a obter bastantes pontos. Aqui temos de esmagar os aliens que por ali vão passeando
Por vezes lá temos algumas missões para cumprir de forma a obter bastantes pontos. Aqui temos de esmagar os aliens que por ali vão passeando

Tecnicamente é um jogo muito bom para a sua altura. Cada mesa possui físicas realistas, as rampas e tubos parecem mesmo reais, pela forma como as bolas rolam. Os gráficos são também algo foto-realistas, parecendo mesmo que estamos a jogar numa máquina de pinball verdadeira. As músicas vão sendo algo variadas, dependendo da temática da mesa em questão, assim como as vozes, que para além de serem diferentes de mesa para mesa, cumprem bem o seu papel.

Acredito que hoje em dia existam melhores jogos de Pinball, mas para mim, que não sou um devoto do género, este Balls of Steel até se revelou bastante divertido. Não mencionei acima, mas o jogo foi desenvolvido pela Wildfire Studios que desenvolveu uma série de outros jogos de pinball, entre os quais os KISS Pinball e Austin Powers Pinball que tiveram lançamentos também para a PS1 e me parecem usar o mesmo motor gráfico. Fica a sugestão!