Project Zero (Sony Playstation 2)

Project Zero PS2Project Zero, ou Fatal Frame como é conhecido em terrenos americanos, é uma série survival horror japonesa com um conceito muito peculiar, em que enfrentamos dezenas de espíritos apenas munidos de uma máquina fotográfica especial. E quão mais próximas forem as fotos dos fantasmas melhor, o que contribui desde já para um clima de tensão enorme. Produzido pela Tecmo, este primeiro jogo acabou por sair tanto para a Xbox como a Playstation 2, entre 2001 e 2003, dependendo do território e plataforma. Saiu portanto numa altura em que o género survival horror estava em alta, com séries como Resident Evil ou Silent Hill a terem muito sucesso de vendas e crítica. A minha cópia foi comprada algures em 2011, num leilão no leilões.net. Custou-me uns 8€ se não estou errado. Infelizmente o plástico da capa tem um rasgão na frente, fora isso está tudo normal.

Project Zero - Playstation 2
Jogo com caixa e manual

A história de Project Zero acaba por se complicar com o decorrer do jogo, mas vou tentar fazer apenas uma simples introdução. O jogo decorre em 1986 (belo ano!) e anda à volta da Miku Hinasaki, uma jovem com um sexto sentido que lhe permite ver espíritos. O dom já é de família, com o seu irmão e a falecida mãe a também o ter. Miku anda precisamente à procura do seu irmão, Mafuyu, que por sua vez tinha ido a uma tradicional mansão japonesa em ruínas procurar o seu mentor, o conhecido romancista Junsei Takamine. Junsei estava a preparar o seu novo livro, tendo-se interessado nas lendas obscuras que se falavam sobre a família Himuro e os misteriosos rituais que faziam por lá. O facto de o último patriarca da família Himuro ter assassinado todos os habitantes da mansão e de as pessoas que tenham ido para lá viver posteriormente terem desaparecido, tornaram a mansão Himuro objecto de muito mistério, com os habitantes locais a nem sequer ousar se aproximar de lá. Ora é claro que isto como sendo um jogo de terror a coisa não corre bem e ao longo do mesmo vamos ver muitos fantasmas e descobrir várias notas que nos vão contando os segredos que a família Himuro guardava.

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O círculo da objectiva torna-se vermelho sempre que um espírito se prepara para atacar.

Ao passar para a jogabilidade propriamente dita, tenho logo que falar nos controlos que, apesar de existirem 8 maneiras diferentes de controlar e movimentar a personagem, vai acontecer muitas vezes esbarrarmos contra paredes invisíveis. Por vezes basta a personagem bater com o pixel do dedo mindinho do pé numa esquina para se ficar lá preso. Posto isto, vamos ao que interessa, mas afinal como funciona isso da câmara? Pois bem, a câmara que temos disponível é bastante antiga, sendo ainda do século XIX. Ao longo do jogo vamos encontrando alguns tipos diferentes de filmes fotográficos que podemos utilizar para tirar as fotografias, isto são as “munições” do jogo. A diferença entre as categorias dos filmes apenas está na velocidade à qual a máquina carrega, e o dano que conseguimos dar aos espíritos. Ao longo do jogo vamos encontrar muitos espíritos. Alguns são estáticos, presos a um determinado local ou objecto, outros andam inofensivamente a vaguear por certos locais (embora de forma temporária), mas alguns são agressivos e atacam o jogador. Em qualquer que seja o caso, vamos sendo alertados para a sua presença, seja pelo filamento da máquina fotográfica mudar de cor na presença de um espírito, seja pelos ruídos que vamos ouvindo, o comando começar a vibrar, ou mesmo por os espíritos aparecerem de repente e nos pregarem um susto. Nessas alturas podemos retirar a máquina, passando a ver o jogo numa perspectiva de primeira pessoa. Ao centro da máquina temos um círculo que ganha cor quando apontamos a máquina para o espírito. Se for um espírito maligno, o círculo vai-se carregando com umas runas, caso o deixemos focado no alvo. Convém fazer isto, pois com a máquina completamente carregada conseguimos dar mais dano no espírito e obter mais spirit points. E para que servem estes pontos? Podemos melhorar a máquina fotográfica, desde funcionalidades básicas como o tempo de carga ou o alcance, bem como desbloquear outras funcionalidades bónus que podemos utilizar no combate contra os espíritos, como paralizá-los temporariamente, abrandá-los, entre outros. Estas habilidades especiais requerem o uso de Spirit Stones, items que vamos descobrindo ao longo do jogo de forma algo limitada, pelo que apenas deveremos utilizar essas habilidades com muito cuidado. Outras habilidades extra podem ser desbloqueadas após se terminar o jogo pelo menos uma vez. Também novas roupas para Miku, níveis de dificuldade ou o modo de jogo “Battle Mode” podem ser desbloqueados ao terminar várias vezes a aventura. Este modo consiste apenas em se jogar várias missões com Miku, com objectivos como derrotar um espírito com um número limite de filme, por exemplo.

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A mansão está repleta de espelhos nos locais mais inóspitos, mesmo para aquele sustinho 🙂

O jogo decorre sempre na mesma mansão, estando dividido em 4 capítulos, mais um pequeno introdutório onde controlamos o irmão de Miku quando este chega à mansão Himuro. Como muitos outros survival horrors, vamo-nos deparar com vários puzzles para resolver, muitos dos quais exigem a máquina fotográfica, que também consegue revelar coisas escondidas nas fotos de certos locais chave. Isto de o jogo decorrer numa mansão tradicional japonesa em ruínas confere-lhe sem dúvidas um ar de filme de terror asiático, e a história que nos vai sendo contada acabou por me agradar. O jogo era muito famoso na época por ser bastante assustador, e consigo perceber o porquê (apesar de depois do Amnesia, pouca coisa me fará “borrar a cueca”), pois apresenta espíritos aterradores e o mais importante de tudo, uma atmosfera de cortar à faca. Tirando certos momentos onde somos assombrados por melodias de folclore japonês, todo o restante jogo apresenta uma “banda sonora” absolutamente desconcertante, com ruído branco ou sons dissonantes, mantendo o jogador sempre alerta para o que der e vier. Podemos criar um save à parte com as nossas fotos preferidas, dá um certo gosto capturar alguns bons momentos. Infelizmente o voice acting da versão ocidental é muito mau. As vozes das personagens não têm carisma nenhum e as vozes dos espíritos conseguem ser tudo menos assustadoras, chega até a dar vontade de rir…

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O segundo joystick controla a lanterna, o jogador não controla a câmara a menos que esteja na perspectiva da primeira pessoa

É uma série que já vai em 4 jogos principais, com o quarto infelizmente ter-se ficado apenas pelo território japonês, e logo quando a Wii precisava de bons exclusivos no Ocidente. São decisões que não se compreende, mas ao menos alguns fãs conseguiram lançar um patch para traduzir o jogo. Quando comprar uma Wii, certamente irei importar esse Project Zero 4. Mas voltando a este jogo, ele está disponível tanto na PS2 como na Xbox, a versão Xbox como saiu mais tarde, inclui mais uns quantos extras, um novo final, um outro grau de dificuldade e mais qualquer coisa. À partida também será a versão com melhor desempenho gráfico, mas pelo que me apercebi a versão PS2 não se porta mal. De qualquer das formas, tendo em conta que é um jogo original de 2001 não se pode esperar uns gráficos excelentes, os jogos seguintes da série melhoraram bastante neste aspecto.

Killzone 3 Collectors Edition (Sony Playstation 3)

Killzone 3 PS3Ainda pouco tempo passou desde o anúncio do novo Killzone que sairá para a futura PS4, um jogo que irá narrar os eventos que levaram ao conflito entre os Helghast e as forças da ISA. Entretanto tinha saído em 2011 o Killzone 3 para a PS3, que tinha dado uma continuação directa à história do jogo anterior. É esse o jogo que falarei hoje e, tendo jogado o Killzone 2 recentemente, posso adiantar desde já que este jogo não traz muitas coisas novas. A versão que comprei é a edição de coleccionador em steelbook, mas se formos ver bem as coisas, a verdadeira edição de coleccionador seria a Helghast edition, que vem num vistoso capacete Helghast e inclui uma catrafada de coisas. É a Sony a querer ganhar mais uns trocados à pala do coleccionismo, a introduzir também esta versão para o mercado. Ao menos apenas gastei 15€ nisto numa GAME, não foi mau. O voucher para os DLCs já tinha sido usado, mas também não seria algo que me interessasse muito.

Killzone 3 CE - PS3
Jogo completo com manual, caixa em steelbook e papelada

A acção começa com o jogador na pele de um Helghast a treinar numa base militar Helghan. Como eu não tinha visto nenhum conteúdo do jogo antes, claro que a primeira coisa que me veio à cabeça foi “mas de quem é teve a ideia de fazer um jogo na pele dos Helghast? Quero ver o que aconteceu depois do KZ2!”. Mas depois lá chegamos a saber que na verdade quem estava vestido de Helghast era nem mais nem menos que Sevchenko e Rico, dois dos protagonistas principais da aventura anterior, que se tinham infiltrado na tal base para resgatar o capitão Narville que tinha sido feito prisioneiro. Após essa entrada triunfal, a narrativa volta 6 meses atrás, precisamente para os acontecimentos que se seguiram ao final do jogo anterior, onde apesar de algumas coisas muito importantes tenham acontecido, a máquina de guerra dos Helghast não parou, deixando Narville, Sevchenko, Rico e mais alguns soldados da ISA sozinhos em Helghast, cercados por forças inimigas.

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Neste jogo iremo-nos deparar com um planeta Helghan deixado em ruínas, após o conflito do jogo anterior

A jogabilidade não mudou muito desde o jogo anterior, com os controlos a serem essencialmente os mesmos, neste aspecto a grande novidade está no suporte completo ao PS Move, algo que de momento não possuo e nem tenho grande interesse em ter. Mas algumas coisas foram mudadas, o mecanismo de cover pareceu-me funcionar melhor, agora temos à disposição 3 armas que podemos carregar em simultâneo, seja o revólver, uma arma leve como uma metralhadora de assalto ou uma shotgun e uma arma pesada como um lança rockets ou uma sniper rifle, por exemplo. Existem também vários outros veículos que vamos poder controlar entre os quais um veículo que se move no gelo a alta velocidade, que é horrível de conduzir por ser tão rápido. Outras coisas interessantes é a inclusão de um mecanismo “slide to cover” que já tinha sido implementado noutros FPS anteriormente, bem como ataques “melee brutais” capazes de matar um Helghast num só golpe. Isto é bastante útil em missões mais de stealth que para a minha alegria voltaram neste jogo. Utilizar o revólver silencioso para abrir umas cabeças é sempre uma alegria! Outra coisa relevante para se mencionar é a inclusão de um jetpack num nível. Pena que estes jogos sejam tão lineares que não deixem explorar livremente estas diferentes abordagens ao combate.

Para além do modo campanha que me pareceu algo curto e mais fácil que o de Killzone 2, o jogo tem também um modo cooperativo em que podemos jogar a campanha com mais um amigo, bem como uma vertente multiplayer online. Aqui o jogo herda o sistema de classes do jogo anterior, com os jogadores a ganharem pontos de experiência ao longo das partidas que podem servir para desbloquear novas habilidades ou equipamento. Pelo que percebi, desta vez existem 3 modos de jogo, o Guerrilla Warfare que não é nada mais que um team deathmatch, o modo Operations que inclui algumas cutscenes e baseia-se na conquista de alguns objectivos tanto por parte das ISA como dos Helghast. Por fim existe o “Warzone” que consiste em sete diferentes rounds de vários modos de jogo já presentes no Killzone 2, tal como o Capture and Hold ou Assassination, por exemplo. É um modo multiplayer bastante sólido, até porque é possível comprar-se na PSN apenas a vertente multiplayer do Killzone 3. Já eu não costumo dar muita atenção ao multiplayer de FPS em consolas, quando o posso fazer muito melhor no PC, pelo que este também me tenha passado um pouco ao lado.

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O aiming down the sights continua a ser bastante útil para aqueles tiros mais certeiros

Graficamente o jogo está bastante competente, apresentando cenários variados, desde selvas densas, bases militares, cidades em ruínas, ou viagens pelo espaço a dar cabo de umas quantas naves inimigas. Como mais uma vez joguei numa TV em SD não consegui discernir grandes melhorias face ao Killzone 2, que na minha opinião já tinha gráficos bem competentes. A grande novidade aqui é o suporte completo a TVs com 3D, nota-se que em certas partes do jogo e respectivas cutscenes foram desenvolvidas de forma a obter um maior impacto para quem as visse numa TV 3D. Passando para a parte audio, aqui já me deparei com alguns problemas. Nada contra a banda sonora que está épica como sempre, ou os efeitos sonoros utilizados que cumprem bem o seu papel. Não sei se o problema é do meu disco ou se isto é um problema geral nos Killzone europeus, mas várias vezes o voice acting no jogo era interrompido nas últimas palavras, ou por vezes o audio das vozes tenha ficado ligeiramente dessincronizado com as cutscenes. Não que seja um problema de maior, mas para quem gosta da envolvente cinematográfica da coisa, é algo que acaba por irritar sempre.

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Deitar abaixo uma fortaleza móvel foi um dos pontos altos do jogo para mim

O Killzone 3 é mais um FPS competente por parte da Guerrilla Games, que apresentou mais uma vez uma campanha interessante, com maior variação de cenários mas porém bastante linear. No entanto, para quem gostar destes first person shooter modernos, repletos de scripted events e uma história épica por detrás, certamente não irá desgostar deste jogo. Para quem for novo na série, recomendaria sempre que se comprasse a colectânea dos 3 jogos para a PS3, que para além deste jogo e do Killzone 2 em disco, traz ainda uma conversão HD do primeiro jogo da série em formato digital.

Sapo Xulé S.O.S. Lagoa Poluída (Sega Master System)

SapoXuleSOSLagoaPoluidaJá há algum tempo que não escrevia nada sobre a Sega Master System, pelo que decidi apresentar um jogo fora do comum. Este jogo, tal como muitos outros que a Tectoy lançou em exclusivo para o mercado Brasileiro, é um hack oficial de um outro jogo da Sega, desta vez um primitivo shooter chamado Astro Warrior. Algum leitor brasileiro que me corrija se eu estiver errado, a personagem Sapo Xulé faz parte de uma série de animação infantil brasileira e a Tectoy “desenvolveu” 3 jogos utilizando a personagem. A versão que trago cá é ligeiramente diferente, pois faz parte dos Portuguese Purple que já tenho vindo a referir noutros jogos, edições lançadas exclusivamente para o mercado português por intermédio da Ecofilmes, facilmente identificáveis pelas suas capas roxas. A minha cópia foi-me oferecida de presente de aniversário há muitos e muitos anos atrás, estando completa e em bom estado.

Sapo Xulé SOS Lagoa Poluída - Sega Master System
Jogo completo com caixa e manual

Segundo a caixa do jogo, a história consiste simplesmente no Sapo Xulé, equipado do seu poderoso submarino a tomar de assalto 3 diferentes centrais subaquáticas de processamento de lixo, que estavam a poluir drasticamente a sua lagoa, ameaçando toda a fauna e flora do sítio. E o jogo é isto, um shooter 2D vertical que substitui o fundo negro do espaço por um verde escuro, com as naves inimigas a serem substituídas pelos mais variados detritos, desde tesouras, botas rotas, fósforos e cotonetes, entre outros, cada qual com diferentes padrões de movimentação. O Astro Warrior original é um jogo já de 1986, e tal como vários outros da mesma época para a Sega Master System é um jogo sem fim, repetindo as 3 diferentes áreas com a dificuldade a aumentar progressivamente. Na altura em que era piqueno e não tinha muito mais com o que jogar, não cheguei a passar do 3º nível (sim, eu sou mau em shooters deste tipo), pelo que se alguém já teve a oportunidade de passar o 3º nível agradeço que indique se este jogo também entra num loop, ou termina.

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Alguns dos primeiros inimigos que encontramos… quem deita fora fósforos por usar?

Para além dos inimigos peculiares (nunca tinha visto um cotonete a disparar bolas amarelas – o que visto bem as coisas quase 20 anos depois, é um bocado nojento), existem também os habituais power-ups que dão outros tipos diferentes de disparo, bem como outros que nos colocam navinhas auxiliares ao nosso lado. Também como é habitual, temos um boss no final de cada nível. Embora o jogo esteja longe de ser um bullet hell que por vezes vemos por aí (e algum asiático a jogá-lo com uma mão atrás das costas), é daqueles que basta um hit para morrermos, pelo que exige alguma destreza do jogador e também uma boa memória para se lembrar dos padrões inimigos.

Graficamente não posso dizer que seja o melhor jogo de sempre da Master System, o fundo é horrível e poderia ter mais detalhe, bem como as centrais industriais também poderiam ter mais algum detalhe – algo que não mudou desde Astro Warrior. Por outro lado, os inimigos ficaram bem retratados e o que seria inicialmente um shooter genérico no espaço é agora um shooter genérico, mas com inimigos originais. As músicas também não são nada do outro mundo, mas ficaram-me gravadas na cabeça, tal como muitas outras da Master System em plenos anos 90.

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O primeiro boss, não é muito difícil.

Não é um jogo que recomende vivamente, a Master System não é uma plataforma de excelência neste tipo de shooters, embora tenha alguns bons como R-Type e Aleste/Power Strike. Ainda assim, este Sapo Xulé apresenta o seu valor como artigo de colecção, visto ser uma edição exclusiva para o mercado nacional.

Dragon Quest IX: Sentinels of the Starry Skies (Nintendo DS)

DQ IXDeixando temporariamente as infiltrações de Snake e companhia, é altura de voltar a falar numa das mais antigas e populares séries de RPGs do país do sol nascente. Os jogos principais da série Dragon Quest sempre saíram inicialmente para as consolas mais populares da altura. Foi assim com a NES, SNES, PS1 e PS2. Com o anúncio do nono jogo da série em produção já nos idos de 2006, numa altura em que apesar de a PS2 ainda vender muito bem, as novas consolas já estavam a ganhar muito terreno. Assim sendo foi com alguma expectativa que os fãs aguardaram o anúncio da plataforma escolhida, que acabou por, para  surpresa de todos, ser a Nintendo DS. Seria a primeira vez que um jogo principal da série saíria inicialmente para uma plataforma portátil, e as surpresas não se acabaram aí, com muitas mudanças na jogabilidade a serem anunciadas. A minha cópia do jogo foi comprada numa Mediamarkt no Porto, tendo-me custado uns exactos 14€.

Dragon Quest IX - Nintendo DS
Jogo completo com caixa, manual e papelada

A história do jogo coloca-nos no papel de um jovem Celestrian, um povo imortal e angelical (com asinhas, auréolas e tudo) responsável por observar e proteger a raça humana que vive no solo. O nosso herói, que pode ser criado e customizado da maneira que bem entendermos, ainda é um aprendiz da coisa, sendo que inicialmente somos guiados pelo nosso mentor Aquila, que nos ensina a combater e como proteger os mortais. O meu herói, com o querido nome de Baphomet, estava responsável por guardar a pacata aldeia de Angel Falls. Entretanto, na cidade dos Celestrians ansiava-se à muito que a misteriosa árvore Yggdrasil desse os seus frutos, provenientes das boas acções que a raça humana faria, com a ajuda dos Celestrians. Esses frutos, chamados Fyggs, abririam a porta do reino dos Celestrials para o paraíso, para que os mesmos se pudessem juntar ao Deus lá do sítio. Ora pouco depois de a aventura começar, Yggdrasil começa então a dar os seus muito ansiados Fyggs, mas algo corre muito muito mal e nessa altura solta-se uma grande força maligna que ataca toda a cidade dos Celestrians, atirando o nosso herói para o reino dos mortais, caíndo na aldeia de Angel Falls. O herói vê-se sem as suas asas e auréola, adquirindo uma aparência humana e se tornando visível aos restantes mortais. Por outro lado, não perde os seus poderes de Celestrian por completo, pois consegue falar com fantasmas e outros seres divinos como os seus colegas Celestrians. Este jogo tem também a sua “Navi”, uma fada que o herói conhece desde cedo e que o acompanha na sua aventura. Felizmente não é tão irritante como a do Ocarina of Time. E é isto, o resto da aventura progride com o herói a vaguear pelo mundo, procurando voltar ao reino dos Celestrians para perceber o que aconteceu. Apesar de ter alguns bons momentos, não foi um jogo que me tenha cativado muito pela sua história, principalmente até aquela recta final com uma série de vilões que não se percebe muito bem qual o seu papel na origem do conflito.

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Este é o primeiro jogo principal da série onde podemos customizar à nossa medida o herói da aventura.

Este jogo apesar de seguir a fórmula clássica dos sistemas de batalhas em turnos dos Dragon Quest, introduziu diversas mudanças à sua jogabilidade. A primeira é que as batalhas deixaram de ser aleatórias, com os monstros a surgirem no ecrã e, a menos que os monstros persigam o jogador, podemos sempre esquivar das batalhas se assim o desejarmos. Mas como é Dragon Quest, existe sempre um grinding necessário até porque este jogo é propositadamente mais difícil que os anteriores. Infelizmente não temos nenhum companheiro de armas como nos restantes Dragon Quest, aqui podemos recrutar personagens genéricas sem qualquer side story por detrás, podendo ter uma party de até 4 personagens em simultâneo. Isto foi introduzido pois este Dragon Quest tem uma vertente multiplayer muito forte, sendo possível jogar cooperativamente através da ligação WiFi da Nintendo. Neste modo podemos cumprir algumas quests cooperativas e lutar contra alguns bosses muito fortes. Para além de existir uma infraestrutura que nos permita vender alguns items a outros jogadores em qualquer parte do globo, para além de existir mais uma vez o sistema de “tagging” passivo, sempre que nos cruzarmos na rua com outras pessoas que tenham o mesmo jogo em standby.

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Fora do combate, o ecrã superior serve para mostrar o mapa, o inferior a acção

Uma das coisas que foram mantidas do jogo anterior foi o sistema de skills, que desta vez podem ser usadas em conjunto com um sistema de classes que marca também o seu regresso à série. Inicialmente dispomos de 6 diferentes classes que podemos escolher e ir alternando sempre que achemos necessário. Cada classe possui uma série de skills que poderemos evoluir. Sempre que ganhamos um nível, podemos atribuir alguns pontos às skills que temos disponíveis, ganhando novas habilidades para usar nos combates, ou ganhando uma maior aptidão para utilizar certos tipos de armas. Existem outras 6 skills mais avançadas, mas estas apenas podem ser desbloqueadas cumprindo algumas side quests específicas. Estas side quests dão outra vida ao jogo, existindo mais de 100 espalhadas ao longo do jogo, com mais algumas dezenas disponíveis para download gratuito utilizando as ligações Wi-Fi da consola. O que se pretende nas sidequests é algo já habitual em muitos MMORPGs, como coleccionar alguns items que certos monstros carregam, derrotar monstros específicos, ou executar algumas habilidades mais complexas num certo número. Algo que também regressa neste jogo foi o sistema de alquimia para se criar novos items, introduzido também no jogo anterior. Infelizmente desta vez não podemos carregar o caldeirão connosco na nossa aventura, ficando o mesmo alojado numa certa cidade, mas para compensar desta vez o processo de transformação de items é instantâneo.

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De vez em quando vemos algumas cutscenes bonitas em anime. Já agora este é o Krillin, digo,  Aquila, o nosso mentor.

Visualmente, para quem jogou o Dragon Quest VIII para a PS2, este jogo é um enorme retrocesso, pois a DS tem uma capacidade muito reduzida para elaborar bons gráficos 3D. Ainda assim, não deixa de ser dos RPGs 3D mais bem elaborados, juntamente com o Golden Sun Dark Dawn. De qualquer das formas, e por culpa também de a personagem principal e secundárias serem completamente personalizáveis/aleatórias, perde-se todo o carisma que muitas personagens dos Dragon Quest tradicionalmente possuem, até porque não existe qualquer voice acting neste jogo. O jogo anterior para a PS2 foi o supra-sumo da série neste campo até à data, e depois da aventura do King Trode, Angus e companhia, isto soube-me a pouco. Ainda assim podemos ver algumas cutscenes anime em certos pontos do jogo, cutscenes essas bastante agradáveis e, tendo o traço de Akira Toriyama, é impossível não recordar o saudoso Dragon Ball quando as vemos. Por outro lado, a banda sonora continua majestosa como sempre, para quem já é fã de Dragon Quest de longa data não se irá desapontar e, para um jogo de DS, não se pode efectivamente exigir muito mais neste campo. Uma outra coisa boa neste jogo, e voltando ao aspecto visual, é o facto de o equipamento que utilizarmos passar a ser completamente visível nas personagens, deixando as mesmas de andar com a mesma roupagem do início ao fim.

Concluindo, acho que neste Dragon Quest a Square-Enix avançou em certas coisas na jogabilidade e regrediu numas quantas. O facto de as batalhas já não serem aleatórias, a vertente acentuada multiplayer e online, as sidequests, o sistema interno de achievements, a alquimia, entre outras coisas, fazem deste jogo um RPG repleto de conteúdo e com muito para jogar e fazer após a aventura principal estar concluída. Infelizmente com esta vertente mais online, as personagens perderam todo o seu carisma e a própria história, apesar de ter um bom início, acaba por não satisfazer a longo prazo. De qualquer das formas, parece que esta nova maneira de se jogar Dragon Quest está aí para ficar, com o Dragon Quest X a tornar-se num jogo online, tendo saído para a Nintendo Wii no Japão, com já uma conversão anunciada para a nova WiiU.

 

Metal Gear Solid 3: Snake Eater (Sony Playstation 2)

MGS3 Snake EaterDe volta com mais um artigo da série Metal Gear Solid, desta vez com um jogo que renovou inteiramente a série, a meu ver. Metal Gear Solid 3: Snake Eater, para além de não ser jogado com Solid Snake mas sim o seu predecessor Big Boss em plenos anos 60, apresentou diversas mudanças na jogabilidade, com uma experiência com mais foco na sobrevivência. Esta edição que faz parte da minha colecção pertence à reedição que foi lançada algo recentemente, sem a menção na capa das funcionalidades online incluídas. Tenho pena que essa reedição não tenha sido a versão Subsistence que contém diversos extras tal como a versão Substance do MGS2 que analisei anteriormente. Custou-me então sensivelmente 10€ e está em óptimo estado.

Metal Gear Solid 3 Snake Eater - PS2
Jogo completo com caixa, papelada e um bom manual.

A história decorre em pleno clima de guerra fria, no ano de 1964. Naked Snake, o futuro Big Boss e um dos principais protagonistas dos primeiros Metal Gear da MSX, possui como missão infiltrar-se em solo soviético e resgatar o cientista Dr. Sokolov, que se encontrava a desenvolver uma poderosa nova arma nuclear. A coisa não corre bem, com Snake a ser surpreendido pela sua mentora “The Boss” a trair o seu país e unir-se ao lado soviético, mais precisamente à facção extremista a cargo do Coronel Volgin que estava por detrás do conflito em questão. Esta reviravolta torna a colocar Snake em plena tundra soviética, agora com o objectivo adicional de assassinar a sua antiga mentora e destruir a nova arma nuclear. Gostei bastante da história proporcionada por este jogo, repleta de jogos de conspirações e contra-espionagem, com agentes duplos e demais personagens misteriosas. Revolver Ocelot faz aqui a sua primeira aparição.

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Snake e Sokolov, o cientista por detrás de todo o conflito

Com a maior parte do jogo a decorrer em plena selva ou outros ambientes exteriores, a Konami decidiu introduzir uma jogabilidade mais voltada para a sobrevivência. Agora, para além de Snake possuir uma barra de energia que dita a quantidade de “vida” que possui, existe também uma barra de “stamina“, que vai decrescendo com o tempo, precisando de ser restabelecida com comida. Ora a comida é nada mais nada menos que a bicharada que Snake consegue caçar no meio natural. Ratos, coelhos, cobras e sapos, vale tudo! Diferentes tipos de comida restabelecerão diferentes quantidades de stamina, podendo alguns ser até venenosos ou estarem podres, tornando Snake doente. A barra de vida tornou-se auto-regenerativa, porém com algumas condicionantes. Cada vez que Snake sofre algum ferimento, ou uma intoxicação alimentar, perde de imediato alguns pontos de vida conforme seria de esperar. Depois a vida regenera até um determinado limite, não regenerando ao máximo se não tratarmos dos ferimentos. Nos items iniciais que dispomos (e poderemos encontrar diversas supplies espalhadas pelo jogo fora) temos diverso equipamento de primeiros socorros, como pensos, desinfectantes, soro, entre outros, que permitem tratar das feridas de Snake. Outra inovação trazida na jogabilidade, é um sistema de combate corporal mais avançado, com diversos novos movimentos que podemos executar.

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Desta vez as comunicações são tomadas à moda antiga

Com o jogo a decorrer nos anos 60, não podemos esperar todo o equipamento High-tech de todos os Metal Gear até à data. Aquele radarzinho todo xpto onde podiamos ver nitidamente o mapa da sala e a posição dos inimigos? Esqueçam. Aqui podemos utilizar Sonars, detectores anti-pessoais, visores térmicos e a sempre útil vista em primeira pessoa para procurar os nossos adversários e tentar passar despercebidos. Se formos descobertos, a tradicional fase de alerta-evasão-precaução decorre. De qualquer das formas, o jogo oferece um armamento de luxo se quisermos ter uma abordagem mais assassina, bem como podemos tirar partido dos objectos que estão à nossa volta, como os clichés dos barris de combustível. Caso queiramos jogar inteiramente nas sombras, o jogo oferece ainda algo de novo: a camuflagem e pinturas faciais. Dispomos inicialmente de um reduzido número de diferentes trajes e pinturas faciais que podemos alternar sempre que bem entendermos, podendo encontrar várias outras espalhadas pelo jogo, ou como conteúdo bónus acessível de outras formas. No canto superior do ecrã dispomos de uma percentagem que nos indica quão bem camuflados estamos, com os resultados a serem muito melhores se nos colocarmos em prone, como seria óbvio. Para além do modo história, Snake Eater oferece ainda algum conteúdo extra, tal como um minijogo “Snake vs. Monkey”, repleto de humor. Aqui Solid Snake deve apanhar uma série de macacos da série Ape Escape da Sony, espalhados por vários diferentes níveis. Ao completar estes níveis, também desbloqueamos alguns items bónus que poderemos utilizar no jogo principal. Para além do mais contém um modo de jogo em que apenas lutamos contra os bosses consecutivamente, para além de uma outra opção em ver todas as cutscenes do jogo que desbloqueamos.

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Esta é a The Boss, antiga mentora de Snake e uma das maiores antagonistas do jogo

Passando para a questão da apresentação audiovisual, há também muito a dizer, não fosse o jogo estar repleto de cutscenes longas como os anteriores. Felizmente aqueles diálogos a roçar o emo e divagações filosóficas levadas ao extremo do Sons of Liberty não estão aqui presentes em grande número. Apesar de existirem alguns momentos mais lamechas, ou não fosse o Snake ser obrigado a lutar contra a sua mestra, grande parte da história é contada através de cenas de acção à Hollywood, ou cenas de intriga e mistério características do tempo da guerra fria, com as ameaças nucleares, conspirações e espionagem. Devo dizer que desta vez gostei bastante do final do jogo. Ainda há tempo para existir algum fan service com as taradices do Kojima, sejam as cenas cheias de sex appeal de Eva, os já habituais posters de meninas em trajes menores, ou outras coisas mais homo que não valem a pena referir. Uma introdução interessante é o facto de, em certas partes de algumas cutscenes, podermos controlar a câmara da mesma, quando vemos a acção nos olhos de Snake. O voice acting acho que está bastante competente, com a voz de Naked Snake a ser bastante familiar. Poucas vezes ouvimos música ao longo do jogo, mas quando a mesma entra, entra no momento certo e com a mood adequada. Graficamente o jogo está óptimo para uma PS2, com efeitos de luz bem conseguidos e as personagens bem representadas, oferecendo expressões faciais convincentes. Apenas faltou o lip synch, mas para uma PS2 não podemos pedir tudo. Gostei bastante do artwork no geral, no que diz respeito à representação das personagens. Mais uma vez, iremos enfrentar diversos bosses com habilidades sobre humanas, desta vez a Cobra Unit, o esquadrão comandado pela Boss. Ainda assim, continuo a achar os do Metal Gear Solid como os mais carismáticos, apesar de a luta contra o Matusalém dos snipers ter sido bastante épica e muito bem conseguida.

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A sério, Kojima?

Haveria muito mais a dizer, o jogo está repleto de pequenos detalhes na jogabilidade que não referi, para além de muito conteúdo escondido ao longo do jogo. Gostei mesmo muito de ter jogado este Metal Gear, é facilmente dos melhores jogos que a PS2 tem para oferecer, na minha opinião. Apesar de existir também para a 3DS, as versões que eu hoje em dia recomendaria comprar seria a Subsistence para a PS2 que inclui imenso conteúdo extra, como as VR Missions, uma câmara totalmente controlável no jogo principal, um modo online, e os 2 Metal Gear originais da MSX como jogos de bónus. Como é possível que essa versão acabe por ser algo cara nos dias de hoje, a colectânea HD para a PS3 onde este jogo se inclui, também é a versão Subsistence com todo o conteúdo extra. Mesmo tendo esta Snake Eater, planeio no futuro comprar essa colectânea, este jogo merece-o.