Skies of Arcadia Legends (Nintendo Gamecube)

Skies of Arcadia LegendsSempre fui um grande fã da Sega, e na altura em que comprei a minha Gamecube em 2002, para além de a mesma ter tido um catálogo aparentemente impressionante de jogos para sair da própria Nintendo, foi o facto de muitos dos jogos da Dreamcast que eu gostaria de jogar terem sido anunciados para a consola da Nintendo. Skies of Arcadia Legends foi um deles, tendo sido originalmente um RPG lançado para a Dreamcast algures no ano 2000-2001, dos seus estúdios Overworks. Em 2003-2004 acabou por sair uma conversão para a Gamecube com algum conteúdo extra. A minha cópia foi-me oferecida por um primo meu, está em bom estado, mas infelizmente não veio com manual.

Skies of Arcadia Legends Gamecube
Jogo com caixa e papelada (sem manual)

Skies of Arcadia é um RPG inspirado pelos contos de Julio Verne, passando-se num mundo de fantasia repleto de navios e ilhas voadoras. Tomamos o papel de Vyse, um jovem pirata do ar cujo passatempo favorito é assaltar os navios do Império Valuan. Num dos seus assaltos, Vyse e a sua companheira Aika descobrem uma jovem misteriosa de nome Fina, feita prisioneira do Império. A história vai começando aqui até chegar ao cliché de “um bando de rebeldes a lutar contra um lunático que quer dominar o mundo”. Ainda assim, clichés a parte, é o carisma das personagens e o vasto mundo de Skies of Arcadia (sempre com a mística dos descobrimentos) que tornam este jogo num RPG especial. Desde o início somos deixados com um mapa-mundo que se encontra vazio. Ao longo do jogo é nossa tarefa explorar os céus ao máximo, descobrindo tesouros, novas terras ou outros objectos relativos a várias sidequests disponíveis no jogo. As personagens têm um carisma próprio que apesar dos clichés, tornam a história interessante, tanto os heróis, como os próprios vilões, que desde tiranos também podem ser loucos ou simplesmente estupidamente cómicos.

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Os cenários apresentam algum detalhe.

O jogo conta com 2 tipos diferentes de batalhas. Por um lado, temos o habitual esquema de batalhas por turnos, com encontros aleatórios. Aqui, as opções são as do costume. Atacar, defender, usar items, ataques mágicos, etc. A party pode conter até um máximo de 4 elementos, sendo que pelo menos uns 6 vão estar disponíveis. Na versão Dreamcast, o encounter rate era altíssimo, já nesta conversão o mesmo foi atenuado, passando porém as batalhas a dar mais experiência. O outro esquema de batalha é mais uma das razões pela qual este é um RPG especial. É nada mais nada menos que batalhas entre navios voadores, que nos fazem sentir momentâneamente como se fossemos piratas do ar. Aqui as batalhas têm um teor muito mais estratégico. Sabe-se de antemão a próxima jogada dos inimigos e com isso tenta-se tomar a melhor decisão possível. Defender, atacar com armas normais, usar items ou magia quer para provocar dano, quer para restaurar o próprio navio, ou então aproveitar certos turnos vantajosos para usar o canhão especial e dizimar a frota inimiga. Estas batalhas foram das mais motivantes ao longo do jogo, e mesmo começando o jogo com um navio pequeno e humilde, mais tarde ou mais cedo acabamos com um autêntico navio de guerra, montamos a nossa própria base e podemos recrutar até uns 28 membros para a tripulação (mais outra sidequest), cada qual com habilidades próprias que poderão vir a ser úteis.

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Batalhas no ar nunca foram tão divertidas

Os gráficos estão notoriamente datados. A Dreamcast apesar de ser um hardware bastante poderoso para finais de 1998 quando saiu no Japão, em 2003 já era algo obsoleto, comparando com bons jogos de Gamecube e Xbox. As texturas são portanto simples, porém bastante coloridas, não deixando o jogo de oferecer cenários bonitos, cidades bem definidas e que dão gozo explorar. Os modelos porém viram ligeiras melhorias, com mais alguns polígonos. A nível técnico a versão Gamecube é superior em vários quesitos, para além do gráfico. Os tempos de loading foram notoriamente reduzidos, bem como o framerate é mais constante. Mas as novidades neste port não se ficam apenas por melhorias técnicas. Skies of Arcadia Legends oferece mais algumas sidequests, introduzindo novas personagens como Piastol, uma caçadora de piratas que promete ser um osso duro de roer, novas armas, novas descobertas e novas batalhas de bosses cujo grau de dificuldade é habitualmente superior aos próprios bosses finais. Já a nível de som, esta conversão ficou um pouco aquém da versão DC. A Dreamcast utilizava uma mídia óptica propietária, o GD-ROM com 1GB de capacidade de armazenamento, e Skies of Arcadia vinha dividido em 2 discos. Os discos da Gamecube são uma variante do mini-DVD, com sensivelmente 1.4Gb de espaço disponível e o Skies of Arcadia Legends vem apenas num disco, tendo a qualidade das músicas sido sacrificada de modo a caber tudo apenas num disco. Skies of Arcadia ainda é daqueles jogos sem um voice-acting extensivo, algo que só veio a surgir com frequência nas consolas com suporte a DVD.

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Piastol, uma das novas personagens

A versão ocidental do jogo original de Dreamcast trouxe alguma censura de motivos de álcool, tabaco e innuendo sexual (nada de especial, apenas algumas roupas mais apelativas). A versão Legends veio já com estas censuras, mesmo a própria versão japonesa. No fim, Skies of Arcadia Legends é um RPG que, mesmo com alguns clichés e visuais datados para os standards de hoje, não deixa de ser uma boa experiência. A versão Dreamcast não é nada má, mas devido ao conteúdo extra sempre recomendaria a conversão para GC, apesar de possivelmente ser mais cara. O jogo esteve para ser lançado também para PS2 e PC no mercado japonês, mas acabou por não sair. Por muito tempo haviam boatos de uma possível sequela, mas as vendas fracas quer do jogo original, quer a conversão para GC devem ter deitado esses planos por terra. É pena.

Devil May Cry (Sony Playstation 2)

Devil May CryA Capcom foi uma das software houses mais criativas da geração passada, como já tive a oportunidade de dizer em artigos anteriores. Devil May Cry, apesar de inicialmente ter sido projectado para ser o Resident Evil 4, ao longo do seu desenvolvimento Shinji Mikami acabou por lhe dar uma grande reviravolta, tanto no conceito como na jogabilidade, criando assim uma nova franchise de sucesso. A minha cópia foi comprada algures este ano no ebay UK, por 1 libra mais portes de envio. Daquelas bagatelas que às vezes temos a sorte de apanhar! O jogo está completo e em bom estado.

Devil May Cry PS2
Jogo completo com caixa e manual

O herói da série chama-se Dante, filho de um pai demónio e mãe humana. O pai, de nome Sparda, foi um poderoso demónio que se insurgiu há 2000 anos atrás contra os planos de Mundus (imperador do Underworld) de invadir e destruir a Terra. Mundus foi também responsável pela morte da família de Dante, 20 anos antes dos acontecimentos deste jogo. Desde então que Dante se torna numa espécie de mercenário, aceitando apenas trabalhos que envolvam o sobrenatural, para se tentar vingar dos demónios que mataram a sua família. A certa altura, Dante fica a conhecer a loiraça Trish que lhe avisa dos planos de Mundus voltar ao activo e indica o castelo da ilha de Mallet que funciona como portal entre as duas dimensões. Na cena seguinte, Dante já se encontra às portas do tal castelo e a acção começa a partir daí.

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Cenários bonitos...

Devil May Cry foi um jogo revolucionário pelo seu combate “estiloso” para a época. É um hack ‘n slash com alguma exploração à mistura, fruto da sua herança de Resident Evil. Dante é um “caçador de demónios” equipado com 2 pistolas automáticas e uma larga espada, podendo tanto esquartejar o que lhe apareça à frente, encher os inimigos de chumbo ou até uma mistura dos 2. Há um grande ênfase na execução de combos e de manobras acrobáticas, tornando o gameplay bem mais dinâmico e livre dos tank controls que Resident Evil sempre teve no passado. Inicialmente Dante apenas tem as 2 pistolas e uma espada, mas ao longo do jogo vão sendo descobertas outras armas que conferem diferentes habilidades, como o salto duplo. Existem 2 barras de energia diferentes, a barra de vida normal, e uma outra usada para o Devil Trigger. Devil Trigger transforma Dante na sua versão demoníaca, ficando mais rápido, mais forte, com mais habilidades (como voar, por exemplo), a sua vida vai regenerando lentamente. Mas como tudo o que é bom acaba depressa, essa barra de energia do Devil Trigger é utilizada num certo tempo limite, mediante a percentagem de energia “Devil Trigger” disponíveis. Existem vários powerups sob a forma de “orbs” de várias cores. Uns restauram a barra de energia, outros extendem-na, bem como à barra Devil Trigger, novas vidas, e finalmente existem as red orbs, que são uma espécie de unidade monetária do jogo, permitindo a aquisição de items e novas habilidades ao longo do jogo. Existem outros items para além das orbs, mas este artigo não pretende ser um manual 😛

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Phantom, um dos primeiros bosses

Mesmo a jogabilidade ser completamente diferente dos Resident Evil clássicos, Devil May Cry ainda herdou algumas das suas características. A mais notória são os ângulos de câmara, que são fixos em salas grandes e abertas, e seguem o movimento do jogador em corredores mais apertados. Contudo, mesmo nesse caso a câmara não é controlada pelo jogador, o que pode ser um pouco irritante na altura de fazer alguns saltos delicados entre plataformas. A outra parecença reside no facto de o jogo não ser só porrada e ter uma elevada dose de exploração e um ou outro puzzle, sendo que a maioria assenta no princípio “encontrar o objecto A, levá-lo ao local B, para poder aceder a C”. De outra forma, apesar de ser possível fazer backtracking em vários momentos do jogo, o progresso do mesmo é separado por missões. Essas missões são coisas simples: encontrar objecto X, derrotar inimigo XYZ, descobrir o caminho para chegar a A. Existem também missões secretas que não são obrigatórias para se concluir o jogo. Essas missões geralmente consistem em derrotar um certo inimigo de uma determinada maneira, ou travar um combate dentro de um tempo limite. Estas missões secretas geralmente recompensam o jogador com powerups.

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Dante a mostrar quem manda

Passando para a questão gráfica, os jogos 3D geralmente envelhecem pior que os clássicos 2D, portanto temos de nos contextualizar no ano de 2001. Nessa perspectiva não me lembro de um jogo mais bonito na PS2 que tenha saído até então (talvez o Ico). Os cenários estão bem desenhados e com bastante detalhe, principalmente se compararmos este jogo com um seu sucessor Chaos Legion, que apresentava cenários bastante simples. A arquitectura do castelo, das salas, os efeitos de iluminação, a modelação das personagens e dos inimigos macabros, acho que no total está um artwork bem conseguido, aliando a uns bons gráficos para a PS2 na era 2001. A banda sonora segue na mesma a imagem rock/gótico deixada pelo estilo de Dante, com uma banda sonora orientada ao rock/industrial, dando também lugar a uma ambiência sonora mais sinistra quando os inimigos são derrotados.

Devil May Cry foi um jogo muito bem conseguido por parte da Capcom, gerando várias sequelas e inspirando outros jogos como o recente Bayonetta. É um jogo que se encontra muito facilmente e muito barato nesses amazon e ebays por aí fora. Foi recentemente anunciado um remaster em HD para PS3 e X360, têm o potencial de se tornar a melhor versão deste jogo, mas a ver o que foi feito no RE4, as mudanças não serão assim muitas.

Dragon Ball Z The Legend (Sega Saturn)

Dragon Ball Z The LegendA série Dragon Ball é sem dúvida alguma a mais bem sucedida série anime, principalmente a segunda série “Z”. Dragon Ball começou no ano de 1984 como um manga periódico da revista Shonen Jump. Em 1986 a série ganhava a sua própria série de animação, tornando-se no fenómeno que é hoje. Ao longo dos anos foram sendo desenvolvidos vários filmes, jogos, brinquedos, e tudo o resto que pudesse ser capitalizado sob o sucesso desta série. Em Portugal Dragon Ball apenas chegou à televisão nacional em meados dos anos 90. Em 1996 a série estava no seu auge de popularidade por cá (lembro-me perfeitamente de até professores meus fazerem gazeta para verem os episódios connosco lá na escola), tendo sido a melhor altura para trazer 2 dos mais recentes jogos de DBZ para as consolas da Sega (The Legend para Saturn e Buyū Retsuden para Mega Drive). A minha cópia foi adquirida no miau.pt, algures no final do ano passado ou no início deste ano. Não me recordo quanto custou mas não terá sido muito.

Dragon Ball Z Saturn
Jogo completo com caixa, manual e papelada.

De facto, o sucesso da série foi um factor chave para que os 2 jogos tivessem um lançamento por cá. Dragon Ball Z The Legend teve apenas 2 releases em solo europeu, ambas as versões com a linguagem em francês. Para além da edição francesa o jogo foi também lançado em Espanha e Portugal, tendo esta versão um manual em espanhol e português. Já o Dragon Ball Z da Mega Drive saiu apenas uma versão francesa em solo europeu, sendo que em Portugal a Ecofilmes importou directamente o jogo japonês, oferecendo em conjunto um conversor Jap->Eur para que o jogo pudesse ser jogado. Enfim, curiosidades à parte, vamo-nos concentrar na versão Saturn.

Dragon Ball Z The Legend tinha tudo para dar certo, a nível do gameplay (isto no ponto de vista de um pré adolescente em 1996). Senão vejamos: combates 3×3 em tempo real, com cenários destrutíveis em 3D? Melhor ideia seria impossível! Hoje em dia obviamente que olhando as coisas mais friamente a opinião deste jogo não poderá ser a mesma. Este jogo pode ser jogado no modo história ou no modo VS. O modo VS poderá ser jogador contra CPU, jogador contra jogador, ou CPU contra CPU, podendo serem escolhidas até 3 personagens de cada lado para a pancada. O modo história é semelhante na jogabilidade, estando apenas a selecção de personagens restrita nos vários capítulos que a história se vai desenrolando. História essa que vai desde o combate de Goku contra Nappa e Vegeta até ao evil Buu, abraçando portanto a maior parte da história da série. Os combates desenrolam-se de uma forma muito peculiar. Controlamos apenas um de um máximo de 3 personagens (podendo no entanto alternar entre as personagens a qualquer momento no jogo), sendo que as outras personagens vão atacando de forma autónoma. Os ataques normais não provocam dano nos inimigos, apenas vão actualizando a “power balance” (uma barra de energia localizada em baixo, ao centro) para um dos lados. Quando a balança pender apenas para um dos lados poderemos executar (ou sofrer) um Chain Hit indefensável, um ataque especial como o Kame Hame de Goku por exemplo. Esses ataques especiais são a chave para derrotar os inimigos e vencer os combates, sendo a única forma de lhes causar dano. Infelizmente a escolha desses ataques especiais é feita de forma automática, não podemos escolher quais executar, é pena. Apesar de os combates serem frenéticos com um máximo de 6 personagens a lutarem ao mesmo tempo e o mundo ser aberto e parcialmente destrutível, este esquema algo confuso de “balanceamento de poder”, aliando a uns maus controlos tornam esta experiência algo frustrante, pois tinha todo o potencial para ser muito melhor. E não é nada incomum que um combate dure mais de 20 minutos… Voltando aos modos de jogo, lá mais para a frente podem ser desbloqueado o modo “Special” que é um modo onde o jogador tem de enfrentar vários combates com personagens pré-determinadas. Por exemplo, Vegeta contra Vegeta em super guerreiro. Não é algo assim tão interessante pois pode-se fazer exactamente o mesmo no modo VS…

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6 gajos à batatada!

Graficamente o jogo não é nada de especial. Os mundos 3D são algo simples, mas também em 1996 não se poderia pedir muito melhor a um Saturn (a versão PS1 que se ficou pelo Japão é idêntica). Já as personagens que são em 2D tinham a obrigação de serem mais detalhadas. A Saturn é capaz de muito mais neste departamento. Antes de cada combate no modo história é mostrada uma cutscene com a história pré-combate, através de slide de imagens retiradas da manga de DBZ. Não é um FMV, mas não é mau de todo. Na versão Japonesa, nestas introduções ouvia-se um narrador a falar em japonês, contando a história mediante a apresentação de imagens. Na versão europeia cortaram isso, simplesmente passam música e as imagens. Poderiam ter tentado colocar legendas e manter o narrador japonês, mas pronto. Aliás, a própria tradução para francês é muito fraquinha (chergemant em vez de chargement, por exemplo, é o que aparece nos ecrãs de loading). Sonoramente o jogo possui uma banda sonora muito cheesy, tal como era comum nos jogos em CD dos anos 90. Nada de especial. Sinceramente não me recordo se as vozes das personagens eram as originais em japonês ou traduzidas para francês, mas penso que sejam em japonês.

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Balança está mais pendente para o Vegeta

Para finalizar o artigo, enfatizo o que já disse anteriormente. Este jogo tinha imenso potencial, com combates frenéticos até 6 lutadores no ecrã era uma óptima ideia. Contudo, com os controlos não muito intuitivos e uma jogabilidade algo confusa em torno de um balanceamento de poder acabam por tornar esta experiência mais frustrante. Este jogo foi também lançado na PS1 apenas no Japão. A versão europeia é algo rara lá fora, embora ainda se vá encontrando em Portugal em sites como o miau.pt ou o leiloes.net a preços relativamente baratos. É um jogo recomendado para coleccionadores, que para fãs de Dragon Ball existem muitos mais jogos de luta com mais qualidade que este.

Mortal Kombat 3 (PC MS-DOS)

mk3Pois é, o tempo para escrever aqui está a voltar a apertar, mas espero no mínimo fazer 2 artigos por semana. Mortal Kombat, actualmente é possivelmente a série de jogos de luta mais conceituada no mercado, fruto do excelente jogo lançado neste ano. Mortal Kombat 3, como o nome indica é a terceira iteração desta série no mercado, tendo sido lançada originalmente no ano de 1995 para Arcade e para várias consolas e PC. A minha cópia foi adquirida há uma data de anos atrás, por aí em 1997/1998. Penso que me custou cerca de 10€ novo. O jogo está absolutamente impecável, apenas falta a caixa enorme de cartão que a deitei fora por pura estupidez. Era um miúdo na altura.

Mortal Kombat 3 DOS
Jogo com jewel case e manual em português.

Um aviso antes de prosseguir: Uma boa parte dos screenshots aqui publicados não correspondem à versão DOS que por incrível que pareça, não tenho conseguido encontrar screenshots. Não que as pessoas liguem muito, mas a história de Mortal Kombat (pelo menos nos clássicos) segue o duelo de Shao Khan, imperador do OutWorld, rodeado de guerreiros sanguinários, quer invadir e apoderar-se da Terra e dos seus habitantes. Como defesa, a Terra apelou ao torneio Mortal Kombat como disputa. As regras eram simples, Shao Khan para invadir a terra teria de vencer 10 torneios consecutivos. Mortal Kombat I seria o derradeiro torneio para Shao Khan, pois já tinha vencido 9, mas saiu derrotado (e em MK II também). Assim sendo decide por em prática um “plano B”, ressuscitar a sua companheira, a Rainha Sindel, em plena Terra. Com Sindel ressuscitada foi possível criar um elo de ligação entre as 2 dimensões, e Shao Khan já pode finalmente invadir a Terra. Não que a história faça muito sentido, mas neste tipo de jogos o que as pessoas querem é porrada e nisso Mortal Kombat cumpre os requisitos.

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Menu inicial do jogo, não muito bonito, mas funcional.

Confesso que nunca joguei muito esta versão. Isto porque é a versão DOS e não funcionava correctamente no Windows 95/98. Tinha de ligar o PC no modo DOS, e como eu era (e sou) bastante preguiçoso, preferia ir jogar o Ultimate Mortal Kombat 3 para a Mega Drive em casa de uns amigos meus. Hoje em dia já é um jogo que corre bem num emulador como o DOSBox. E foi um erro não ter jogado mais vezes esta versão pois é uma conversão muito fiel à arcade, algo que nem a versão Playstation era nessa altura. Mortal Kombat 3 geralmente é um jogo mal-amado na série (sinceramente também prefiro as versões Ultimate ou Trilogy), muito por culpa da não-inclusão de personagens clássicos dos outros jogos, como Scorpion, Reptile, Raiden, Johnny Cage, Kitana, entre outros. Por contrapartida uma série de novos lutadores foi adicionada, tal como Sindel, os Cyborgs Cyrax e Sektor, um novo Sub-Zero sem o uniforme de ninja, e mais uns quantos. No gameplay foram criadas novas fatalities, bem como foram mantidas as variantes friendships e babalities. Novidade foi a inclusão das animalities, onde à semelhança da fatality de Liu Kang em Mortal Kombat II, permitia ao lutador transformar-se num animal e acabar com o seu adversário de uma forma não muito digna. Ainda no gameplay, Mortal Kombat 3 trouxe como novidade um novo sistema de combos, que permitia o uso de combos pré-determinadas que não podiam ser bloqueadas, para além das combos normais existentes nos jogos anteriores. De resto, os lutadores continuam a lutar todos da mesma forma, sendo apenas diferenciados pelos seus movimentos  especiais. A versão DOS permite vários modos de jogo, desde o tradicional Arcade, até torneios de 9 contra 9, podendo ser feitos também via rede.

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Lutadores disponíveis

Convém também referir que existem várias batotas neste jogo, e apesar de ser algo comum a todas as versões deste jogo, esta versão DOS penso que inclui algumas inéditas que não estão presentes noutras conversões, tais como lutadores “invisíveis”, um modo espelhado, lutadores gigantes, minúsculos, etc. Graficamente a conversão para MS-DOS é practicamente fiel à sua versão Arcade. As personagens estão bem definidas, bem como os cenários. As personagens são sprites digitalizadas de capturas de humanos reais, à semelhança do que se fez em MK1 e em certa parte, MKII. Desta vez os cenários também são digitalizados, algo que em 1995 poderia parecer impressionante, mas sinceramente eu sempre preferi os visuais do Mortal Kombat II (para mim o melhor jogo 2D da série). Este jogo foi relançado mais tarde para Windows 95, sendo essa versão uma conversão directa da versão Playstation. Várias pessoas dizem que a versão MS-DOS é a que é mais fiel à Arcade e com melhores gráficos, mas pessoalmente não notei grande diferença. A nivel de som, Mortal Kombat aposta numa banda sonora mais diversificada, não se focando em temáticas mais orientais e apostando numa sonoridade mais electrónica. Os efeitos sonoros em si continuam bons, como sempre.

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Digam olá a Motaro, um dos bosses do jogo

Mortal Kombat 3 foi lançado em várias consolas ao longo dos anos. Esta é uma óptima conversão (muitos consideram a melhor), mas o facto de ser necessário configurar um emulador de DOS para a correr nos PCs de hoje, pode ser um factor que iniba a aquisição desta versão. Posteriormente o jogo foi relançado em várias compilações que chegaram à PS2, GC, Xbox, PC, PSP, X360 e PS3, sendo porventura versões mais fáceis de serem encontradas. Ainda assim, com várias versões disponíveis, sempre recomendo que comprem o Ultimate Mortal Kombat 3 ou até o Mortal Kombat Trilogy.

Chaos Legion (Sony Playstation 2)

Chaos Legion PS2Não restem dúvidas que a Capcom foi uma das software houses mais activas na geração passada. Para além de novas entradas em séries como  Resident Evil, Breath of Fire e Mega Man, foram também criadas novas franchises como Devil May Cry, Viewtiful Joe, Killer 7, God Hand, Onimusha, Monster Hunter, entre vários outros exemplos. Devil May Cry foi uma das séries de maior sucesso, tendo sido imitada por vários outros jogos, inclusive da própria Capcom. Chaos Legion é um deles, foi um jogo que comprei no início deste ano no ebay uk, por cerca de 5€. Está completo e em bom estado.

Chaos Legion PS2
Jogo completo com caixa e manual

Chaos Legion segue a história de Sieg Warheit, um “Knight of the Dark Glyphs” da Order of St. Overia, na busca do seu antigo companheiro Victor Delacroix que, após a morte da sua irmã Siela Riviere, culpa Sieg do seu assassinato (Sieg e Siela eram namorados ou algo do género). Victor passa para o “dark side”, e vai em busca dos 3 “Sacred Glyphs” de modo a unir os 3 diferentes planos de existência (Nether World, Middle World e Celestial World), provocando a destruição do mundo, mas porém trazendo de volta a sua irmã Siela. A história é um bocado novela mexicana, mas siga. Ao longo do jogo vão sendo visitados vários locais, que infelizmente não diferem muito entre si, sendo a maioria templos ou ruínas sempre com uma arquitectura gótica por detrás.

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Sieg e os seus Malice, contra um boss chato

A jogabilidade na sua essência não difere muito da jogabilidade de Devil May Cry, no que diz respeito ao combate com a espada. Mas ao invés de pistolas, Sieg conta com os seus “Legions”, criaturas que podem ser invocadas para o auxiliar na batalha. Sejam em golpes como “Assist”, até ter as criaturas em terreno de combate, podendo tomar atitudes ofensivas ou defensivas. Cada Legion tem habilidades diferentes, desde espadachins, arqueiros, bombas, garras, sendo mais ou menos eficazes para os vários diferentes inimigos. Alguns items escondidos também só poderão ser descobertos ao utilizar estas habilidades dos Legions. Sieg começa com o Legion Thanatos, o mais poderoso, mas que infelizmente é destruído no final do primeiro nível. Os restantes Legions vão sendo encontrados nos níveis seguintes e o próprio Thanatos também poderá vir a ressuscitado lá mais para a frente. O combate em si fornece pontos de experiência, não para Sieg, mas sim para os seus Legions, podendo subir o seu poder de ataque/defesa e habilidades. O estado de Sieg também evolui, mas através de items como “Defense Up” ou “Life Max Up” que tanto podem estar espalhados no jogo, como podem ser deixados pelos inimigos derrotados. Existem portanto 2 barras de energia, uma da vida de Sieg (que caso chegue a zero já sabem o que acontece) e existe uma outra que é a “Soul”. Esta é a barra de energia que permite utilizar os golpes especiais “assist” dos Legions, bem como serve para os invocar. Após a sua invocação esta barra “Soul” muda de forma, tornando-se numa barra de vida para os Legions. Chegando a zero o Legion volta para o seu mundo e é necessário voltar a recuperar alguma dessa energia para os poder utilizar novamente. A energia Soul obtém-se através do Sieg distribuir pancada nos inimigos, pela sua própria espada. Mais lá para a frente conhecemos uma menina de nome Arcia Rinslet, ao fim de algum tempo podemos jogar com ela. A menina não usa os Legions mas sim 2 pistolas como arma (ou os seus próprios pontapés), podem imaginar que a maneira de jogar com ela não é muito diferente de um certo Dante…

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Arcia a mostrar os seus dotes...

Uma coisa que me irritou foi o “targeting system”. É possível “marcar” um inimigo para que os Legions se concentrem apenas nele, mas nem sempre é fácil fazê-lo. O combate aéreo foi a minha maior frustração. É muito difícil que os Legions lutem com sucesso com inimigos que estejam acima de Sieg, e mesmo o próprio Sieg tem limitações ao utilizar os seus golpes nessas circunstâncias. Não consigo fazer “target” a inimigos que estejam a voar, como tal dificulta bastante o combate, mesmo para encaminhar os Legions para atacarem alguns desses inimigos. De resto, tendo em conta que quando Sieg invoca um Legion, Sieg perde algum do seu poder de ataque e velocidade, o que torna o jogo um pouco travado. Os controles também poderiam ser melhores, é frequente não se conseguir mudar a direcção de um golpe quando se está a fazer um combo.

Graficamente o jogo não é nada de especial. Os cenários até podem ser minimamente bonitos por se influenciarem na arquitectura gótica mas pecam por serem muito simples (a nível de texturas) e muito repetitivos. Existem uma ou outra missão na floresta que dá uma lufada de ar fresco, mas mesmo aí não esperem nada de especial. O jogo tem também bastante “fog”, algo típico de jogos de N64. Pelo contrário, é um jogo que apresenta um elevado número de inimigos no ecrã ao mesmo tempo, o que tendo em conta a plataforma em que saiu e o ano, não deixa de ser uma proeza interessante. Talvez por isso os gráficos estejam algo pobres. Os modelos das personagens e inimigos também são um pouco fracos, mas não é nada que seja insuportável. O som, confesso que a banda sonora me passou um pouco ao lado, mas pareceu-me na onda do rock e uma ou outra batida mais electrónica. O voice-acting por si não gostei quase nada. A história não é muito cativante e os diálogos são bastante dramáticos, não me convenceu.

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Fog of War, dizem alguns

Concluindo, acho que Chaos Legion até teve boas ideias, mas a sua execução não foi a melhor. O esquema dos Legions até que está bem pensado, cada um com uma série de habilidades características que permitem estratégias de luta bastante diferentes. Na minha opinião peca pelos controlos e pela história. Os gráficos não são grande coisa, mas não é algo que dê muita importância. Não é um dos jogos que eu recomendo a toda a gente que tenha uma PS2, mas quem gostar de Devil May Cry poderá encontrar algum entretenimento aqui.