The King of Fighters EX2 (Nintendo Game Boy Advance)

Vamos voltar às rapidinhas mas agora na Game Boy Advance para um jogo que me surpreendeu bastante pela positiva. Eu já sabia da existência dos King of Fighters EX na Game Boy Advance mas por alguma razão estúpida sempre pensei que fossem remakes/continuações dos KOF R-1, R-2 da Neo Geo Pocket, com os seus lutadores em formato SD (pequenos e cabeçudos). Mas não, estes são jogos que utilizam as mecânicas de jogo dos KOF 99 (EX) e 2000 (EX2) e com personagens e cenários quase tão bem detalhados como as versões originais de Neo Geo! O meu exemplar foi comprado numa loja aqui perto de casa no mês passado por 15€.

Cartucho solto

A história dos KOF EX segue uma saga alternativa à trilogia dos NESTS, que havia sido precisamente introduzida no KOF 99, introduzindo portanto algumas novas personagens, vilões, e com o legado dos Orochi novamente chamado à ribalta. A nível de jogabilidade é um jogo surpreendentemente bom, pois os controlos funcionam e os combates são fluídos, embora nem todas as personagens novas sejam lá grande coisa. A nível de controlos temos a opção de usar um esquema de quatro botões com os faciais para socos fracos/fortes e os L e R para pontapés, ou dois esquemas de dois botões apenas. Num deles a intensidade dos golpes é maior quanto mais tempo deixarmos os botões faciais pressionados, já o outro obriga-nos constantemente a algumas combinações de botões, embora facilite os specials.

A Moe é uma das personagens exclusivas dos KOF EX e a única do primeiro jogo

No que diz respeito aos modos de jogo, temos o modo história onde como sempre somos convidados a construir uma equipa com 3 lutadores e levá-la até ao fim da história ou então dois modos versus para dois jogadores, um que nos obriga na mesma a escolher equipas de 3, outro com combates de um contra um. No que diz respeito à jogabilidade as mecânicas básicas dos KOF estão aqui representadas e claro, sendo este um jogo baseado no KOF 2000 temos também a possibilidade de chamar strikers para alguns ataques extra. Cada personagem tem também acesso a vários golpes especiais que poderemos desencadear, incluindo alguns bem poderosos que nos vão exigir consumir uma barra de energia que se vai acumulando à medida que andamos à pancada.

Visualmente é um título bem interessante para uma GBA!

Visualmente o jogo é bastante interessante para uma portátil como a Game Boy Advance, pois as sprites são as mesmas dos jogos da Neo Geo (mas mais comprimidas, claro) e mesmo as novas personagens que possuem sprites inteiramente novas também não ficam nada atrás das caras conhecidas no seu design. É verdade que faltam muitos nomes conhecidos da série como o Benimaru, Joe Higashi ou Robert Garcia, mas temos ao todo 21 lutadores (mais o boss que pode ser desbloqueado), o que é um número bastante bom para um título para um sistema como a Game Boy Advance. As arenas são também bastante variadas, coloridas e bem detalhadas o que foi outra surpresa. A banda sonora é igualmente agradável de se ouvir!

Também podemos consultar os golpes de cada personagem dentro do próprio jogo!

Portanto este KOF EX2 acabou por se revelar uma excelente surpresa. É um óptimo KOF portátil, com uma jogabilidade e visuais bem fluídos e detalhados. Muito melhor do que eu estaria à espera de encontrar num Game Boy Advance! Fiquei bastante curioso em arranjar também o primeiro EX, embora as opiniões desse primeiro título sejam muito piores no que diz respeito à jogabilidade.

SNK Arcade Classics Vol. 1 (Nintendo Wii)

Vamos voltar à Nintendo Wii para mais uma das muitas compilações de títulos e séries da SNK que foram saíndo para os sistemas daquela geração. Esta compilação, que se ficou apenas pela PS2, PSP e Wii contém 15 jogos da Neo Geo e, apesar de possuir “Volume 1” no seu título, infelizmente não chegaram a sair mais volumes. Quer dizer, pelo menos no Ocidente, visto que o Japão recebeu também um “Volume 0” na PSP que incluía títulos ainda mais old school, que saíram em sistemas anteriores ao Neo Geo. O meu exemplar foi comprado numa CeX no interior do país há uns anos atrás, sinceramente já não consigo precisar quando foi comprado mas não terá custado mais de 15€ seguramente.

Jogo com caixa, manual e papelada

Ora o objectivo deste artigo é abordar, de uma forma algo ligeira, cada um dos jogos presentes nesta colectânea. Mas vários desses jogos já foram cá trazidos cá noutros artigos, quer nos seus lançamentos originais, quer noutras compilações, ou até conversões. Portanto esses jogos não serão tidos em conta neste artigo. É o caso dos Art of Fighting, Fatal Fury, Metal Slug, The King of Fighters ’94 ou Samurai Shodown, embora este último tenha cá trazido a versão Mega Drive apenas, que é notoriamente uma conversão inferior.

Felizmente esta compilação suporta diversos controlos, não precisam de usar o wiimote e nunchuck!

Avançando então na compilação, vamos começar pelo Baseball Stars 2 que sendo um jogo de baseball, naturalmente não entendo metade do que estou a fazer. No entanto é um jogo que quase me dá vontade de aprender o desporto a sério, tal é a sua qualidade gráfica. As animações estão incríveis, especialmente nos duelos entre o “atirador” e o homem que detém o taco. As expressões faciais dos seus retratos vão mudando consoante a performance no jogo, uma vez acertando na bola a câmara transita para uma vista aérea do campo, mas temos uma janelinha que mostra, em detalhe o jogador a correr para a base seguinte. A banda sonora, toda rock, aliada às intervenções vigorosas dos árbitros, tornam este jogo num lançamento repleto de atitude! Só é pena ser mesmo de baseball

Temos sempre uma explicação detalhada dos controlos antes de começar a jogar

Passando para títulos mais interessantes, o Burning Fight é um dos vários beat ‘em ups que existem no catálogo deste sistema da SNK. É um óbvio clone de Final Fight/Streets of Rage e, apesar de não introduzir nada de realmente novo à fórmula dos beat ‘em ups urbanos, não deixa de ser um título bastante decente. A jogabilidade é simples, com um botão para saltar, outro para socos e um outro para pontapés. Podemos no entanto executar também alguns golpes especiais, únicos para cada uma das 3 personagens jogáveis. Tal como tem sido habitual neste tipo de jogos poderemos destruir alguns objectos e apanhar não só armas para usar em combate, como itens regenerativos ou bens preciosos que nos aumentam a pontuação. Graficamente é um jogo competente, embora ainda ache que o Final Fight tenha muito mais carisma, principalmente pelas personagens principais e inimigos. As áreas de jogo são na sua maioria urbanas como bairros, centros comerciais ou até o típico elevador de carga, que não escapa! As músicas por outro lado não as achei nada demais. Não é um mau jogo de todo!

Burning Fight, um clone de Final Fight, não tão carismático mas relativamente competente

O King of the Monsters confesso que nunca foi um jogo que me tenha agradado assim tanto, pelo menos a versão da Mega Drive que foi a que mais joguei. Pensem num híbrido entre o Rampage e um jogo de Wrestling, com uma perspectiva pseudo-3D. Basicamente podemos escolher um de vários monstros disponíveis (baseados em gigantes conhecidos como o King Kong, Godzilla e seus amigos) e a ideia é andar à porrada numa cidade japonesa. Tal como num jogo de wrestling o objectivo é o de esvaziar a barra de vida do nosso oponente, deitarmo-nos em cima dele e aguentar uns quantos segundos até haver um vencedor. Pelo meio temos também uma cidade inteira para destruir, forças militares começam também a atacar-nos com tanques, helicópteros, artilharia pesada ou aviões e quanta mais destruição causarmos, mais pontos ganhamos. Esta versão da Neo Geo é naturalmente muito melhor detalhada que a conversão da Mega Drive, as músicas são sempre bastante tensas e os efeitos sonoros também cumprem bem o seu papel.

King of the Monsters, caos urbano com wrestling entre criaturas gigantes

O Last Resort já é um shmup horizontal que achei bastante interessante. A pricipal mecânica de jogo é que desde cedo temos uma espécie de satélite que orbita à nossa volta, disparando numa direcção contrária à do nosso movimento. Podemos no entanto trancar a direcção de disparo desse satélite e, de forma parecida ao R-Type, podemos carregar esse satélite de energia, lançando-o na direcção pretendida, causando bastante dano por onde passe. Naturalmente que iremos encontrar imensos power ups e armas diferentes pelo caminho e graficamente achei o jogo excelente e repleto de pequenos detalhes deliciosos. Por exemplo, logo no primeiro nível sobrevoamos uma auto estrada com uma cidade muito bem detalhada em plano de fundo. Na estrada vão atravessando pequenos carros civis, que poderão ser destruídos tanto de forma directa, como indirectamente ao levarem com destroços em cima. Gostei bastante deste!

Last Resort, um shmup cheio de detalhes gráficos deliciosos

Segue-se o Magician Lord, um dos primeiros jogos a serem lançados para o sistema Neo Geo. Este é essencialmente um jogo de acção/plataformas em 2D com um ambiente de dark fantasy, onde teremos de derrotar inúmeras criaturas diabólicas e impedir um poderoso feiticeiro de dominar o mundo. Os controlos são simples, com um botão para saltar e outro para atacar, com a nossa personagem (também ela um feiticeiro) a lançar projécteis de energia. É um jogo muito desafiante, os níveis vão sendo cada vez mais labirínticos com múltiplos caminhos a explorar e à medida que vamos jogando poderemos encontrar várias esferas coloridas. Coleccionando duas leva-nos transformar numa criatura com novas habilidades. Existem várias combinações de esferas coloridas que poderemos apanhar, logo várias criaturas diferentes que também nos podemos transformar, como um guerreiro dragão capaz de cuspir fogo, um ninja, um samurai, entre outros, cada qual com o seu tipo de ataque distinto. Visualmente nota-se bem que é um título do início de vida da Neo Geo, pois as sprites ainda não têm tanto detalhe quanto isso. Ainda assim, de certeza que era um jogo impressionante para os padrões de 1990. A banda sonora é óptima, muito rock.

Magician Lord, um jogo de lançamento que mostrava desde cedo as potencialidades do sistema Neo Geo

O segundo jogo de desporto presente nesta compilação é o Neo Turf Masters. Produzido pela mesma equipa que nos trouxe o Metal Slug e lançado em 1996, este é um jogo tecnicamente impressionante e com uma jogabilidade muito boa também. Basicamente antes de cada tacada o direccional serve para definir a direcção da mesma, ou seleccionar o taco a usar. Felizmente no ecrã está sempre visível a informação da distância máxima que cada taco alcança, bem como a direcção e intensidade do vento. Quando quisermos disparar temos de ter em conta os habituais dois medidores de energia, um para definir a potência da tacada, já o segundo surpreendentemente define a altura pretendida. Para fazer uma tacada com efeito (hook ou slice) é algo que teremos de definir antes de cada tacada recorrendo aos botões B e C. Graficamente é um jogo soberbo, com visuais em 2D num estilo realista e muito bem detalhado. As músicas são calmas, agradáveis e o jogo está repleto de vozes digitalizadas de muito boa qualidade. Um óptimo jogo também.

Bom, já entendi porque o Neo Turf Masters é um jogo muito bem conceituado dentro do género!

O Sengoku é um beat ‘em up muito peculiar. Forças demoníacas repletas de guerreiros do período do Japão feudal invadem a terra e cabe-nos a nós limpar-lhes o sebo. Vamos percorrer cidades em ruínas, bem como ocasionalmente transitar para outras dimensões com cenários muito característicos do Japão tradicional, onde teremos não só de defrontar soldados, ninjas e samurais, mas demónios e outras criaturas tenebrosas, tudo com um toque muito japonês. À medida que vamos jogando poderemos apanhar esferas coloridas que nos dão acesso a diferentes armas, mas também vamos tendo a ajuda de certos espíritos. E por ajuda quero dizer que por um tempo determinado poderemo-nos transformar nessas mesmas criaturas, como samurais, ninjas ou mesmo lobos e usar as suas habilidades. É também um jogo muito desafiante, usar as armas e/ou espíritos certas nos momentos certos é muito importante. Graficamente é um jogo muito interessante por todo o seu conceito, mas as personagens poderiam ter um pouco mais de detalhe, algo que veio a ser feito nas suas sequelas.

Sengoku, um beat ‘em up difícil, mas bastante original e bizarro

O Shock Troopers é um shooter à semelhança de Commando, Mercs, ou Ikari Warriors, onde sozinhos teremos de enfrentar um exército inteiro e impedir que levem os seus planos nefastos avante. Temos uma equipa de 3 mercenários que poderemos representar, cada qual com a sua arma explosiva diferente (granadas, artilharia ou bombas incendiárias). Poderemos escolher jogar com apenas uma dessas personagens ou com as três, permitindo-nos alternar entre as mesmas com o pressionar de um botão. Antes de começar o jogo podemos também seleccionar uma de 3 rotas diferentes para alcançar a base inimiga, o que lhe aumenta a longevidade. É um jogo de acção repleto de adrenalina, com gráficos 2D muito bem detalhados e também com um certo carisma (pensem numa espécie de Metal Slug mas com uma perspectiva vista de cima). Mais uma excelente surpresa desta compilação!

Shock Troopers, outra excelente surpresa!

O último jogo de desporto aqui incluído é o Super Sidekicks 3: The Next Glory e este é um jogo de futebol. Temos 64 selecções nacionais que poderemos escolher, bem como umas quantas competições diferentes onde competir. A nível de jogabilidade, esperem por um jogo arcade e rápido, com uma perspectiva lateral do campo. A nível de controlos temos 3 botões que servem para diferentes tipos de passes ou remates se estivermos em controlo da bola, ou para roubar a bola ao adversário (encontrões ou carrinhos) ou mudar o jogador que controlamos no momento, caso estejamos sem posse de bola. Um detalhe engraçado é o de quando estivermos próximos da baliza adversária, por vezes surge a indicação “chance!” por cima do jogador que controlamos. Ao pressionar o botão de remate, a câmara muda para uma perspectiva de primeira pessoa, onde em meros segundos poderemos escolher ao certo para onde queremos colocar a bola na baliza adversária.

Cada jogo possui uns quantos achievements que nos vão desbloqueando conteúdo de bónus

O “último” jogo é o Top Hunter: Roddy & Cathy, que se revelou em mais uma óptima surpresa. Basicamente é um jogo de acção 2D sidescroller que também pode ser jogado com 2 jogadores em co-op. Controlamos o Roddy, Cathy ou ambos, que são caçadores de prémios intergalácticos e que terão de enfrentar um grupo de piratas do espaço ao longo de vários planetas. A jogabilidade é simples, porém repleta de adrenalina. Os níveis possuem dois planos distintos dos quais nós podemos alternar livremente (através do botão C) com o botão A e B a servirem para atacar ou saltar respectivamente. Sem armas, a jogabilidade até faz lembrar um pouco a do Ristar da Mega Drive, na medida em que as personagens podem esticar os braços, agarrar os inimigos e atirá-los uns contra os outros. Podemos no entanto ir encontrando diferentes armas ou até veículos, tal como no Metal Slug. Graficamente é também um jogo bem detalhado e com muito carisma.

Top Hunter, uma espécie de protótipo de Metal Slug, também cheio de personalidade!

De resto, e voltando à compilação em si, esta versão da Wii suporta vários modos de controlo mas eu não me atrevi a usar nada que não fosse o Classic Controller, que por sua vez funciona muito bem. Aparentemente é também esta versão da Wii que possui uma melhor performance quando comparada às versões PS2 ou PSP! Por fim, convém também mencionar que esta compilação possui um sistema de achievements interno com objectivos distintos para cada um dos jogos aqui presentes e ao completar pelo menos 10 achievements desbloqueamos um jogo adicional, o primeiro World Heroes. Outros conteúdos bónus como música ou galerias de arte poderão também ser desbloqueados, o que são sempre bons extras. É portanto uma compilação interessante e equilibrada, incluindo jogos de vários tipos incluindo alguns menos conhecidos e que não haviam ainda sido lançados em compilações anteriormente.

SNK vs Capcom: SVC Chaos (Sony Playstation 2)

Depois da Capcom ter produzido 2 jogos de luta de crossover entre o universo Capcom e SNK, foi a vez da SNK (agora já como SNK Playmore) fazer o mesmo, após uma série de pequenos jogos para a sua portátil Neo-Geo Pocket. Infelizmente este jogo já foi desenvolvido numa altura algo turbulenta da sua história e o produto final deixa-me com um certo sabor agridoce, mas já lá vamos. Infelizmente não me recordo nem quando, nem onde, muito menos quanto terá custado o meu exemplar para a PS2. Terá sido seguramente algo abaixo dos 10€, pois foi comprado numa altura de forte abundância de jogos para a plataforma.

Jogo com caixa e manual

A nível de mecânicas de jogo, ao contrário da Capcom que optou por introduzir diversas mecânicas de jogo como os diferentes grooves em ambos os Capcom vs SNK, aqui a SNK simplificou bastante as coisas ao implementar um sistema de combate único. E este não foge muito às mecânicas base dos King of Fighters, excepto na parte de aqui serem apenas confrontos de 1 contra 1, descartando assim por completo o sistema de equipas. Tendo sido um jogo lançado originalmente para a Neo Geo, dispomos apenas de 4 botões de acção, sendo 2 para socos fracos e fortes e os restantes dois para pontapés. Nesta versão PS2, os botões de cabeceira servem também para provocar o adversário, throws, bem como activar algumas técnicas especiais como os distintos guard cancels. De resto contem com uma barra de energia que se pode encher até três níveis, onde poderemos usar os super moves. Quando a barra alcança o nível máximo, a mesma começa a decrescer automaticamente e durante esse tempo podemos fazer os Super Moves à vontade. Se tivermos menos de metade da barra de vida, poderemos também desencadear os Exceed Moves, que são golpes altamente destruidores mas no entanto apenas os podemos despoletar uma vez por combate.

É verdade que ficam a faltar algumas personagens sonantes, mas a inclusão de outras mais obscuras como é o caso de Tessa foi mesmo uma agradável surpresa

No que diz respeito ao elenco, dispomos de um leque base de 24 personagens jogáveis, 12 do lado da SNK, outras tantas do lado da Capcom. Mas logo de início temos também mais 5 personagens secretas de cada lado, bastando manter o botão R1 pressionado enquanto navegamos pelo ecrã de selecção de personagens para que estas apareçam. Poderemos no entanto desbloquear ainda mais 2 personagens adicionais, elevando a fasquia para 36 personagens no total. Estas são na sua maioria retiradas dos universos Street Fighter ou King of Fighters, se bem que do lado da SNK temos 3 personagens dos Samurai Shodown (incluindo Shiki, originalmente do SS 64) bem como algumas personagens secretas mais originais, como um marciano do Metal Slug 2, ou uma espécie de Shin Akuma da SNK, um “Shin” Mr. Karate, que é introduzido pela primeira vez neste jogo. A personagem do universo SNK que poderemos desbloquear é um boss que apenas o enfrentamos durante o jogo normal se certos pré-requisitos forem cumpridos e é nada mais nada menos que a deusa de bikini Athena, personagem do jogo de mesmo nome (não confundir com a Athena dos Psycho Soldier e KOF). Já do lado da Capcom temos, para além dos protagonistas de Street Fighter, temos a Tessa do jogo arcade Red Earth, personagens secretas como o Zero ou o Demitri dos Darkstalkers. Em vez do Evil Ryu a SNK inventou um Evil Ken e o boss secreto é nada mais nada menos que o Red Arremer, o diabo irritante de jogos como Ghouls and Ghosts ou Firebrand de Gargoyle’s Quest. Portanto para além dos vários nomes conhecidos, achei muito interessante a SNK ter aqui introduzido algumas personagens bem mais originais, embora algumas outras personagens de relevo tenham ficado também para trás como Zangief ou Haohmaru.

O fan service está em grande com os diálogos pré-combate!

Nesta versão da PS2, para além dos habituais modos de jogo arcade e versus para dois jogadores, temos também um modo de treino onde poderemos practicar os variados golpes e mecânicas de jogo, mas existe também um modo survival, que é onde poderemos vir a desbloquear os bosses secretos Athena e Red Arremer. À medida que vamos derrotando personagens no survival, vamos também desbloquear o seu artwork que pode ser consultado numa galeria à parte. A arte está muito boa e foi desta vez desenhada por um único artista, ao contrário do que aconteceu em ambos os Capcom vs SNK.

Fan service que continua com as transformações personalizadas nos golpes especiais de certas personagens

Indo agora para os audiovisuais, este é o campo onde melhor se nota que este foi um jogo algo apressado. Apesar de ter gostado das sprites com o estilo da SNK que foram criadas para as personagens da Capcom, muitas personagens da SNK reusam sprites antigas e não com tanta qualidade. Mas o pior é mesmo os cenários, já que muitos deles são bastante simples graficamente, desinspirados e desprovidos de todos aqueles pequenos detalhes que a SNK sempre soube introduzir. Particularmente os Station Abandoned e Factory Obsolete, ficaram horríveis. Já as músicas vão sendo algo variadas e algumas são bastante agradáveis. Mas o ponto forte deste SNK vs Capcom está mesmo no fan service. Antes de cada combate os lutadores trocam algumas palavras entre si e por vezes trocam algumas bocas hilariantes, como a Mai e Chun Li a falarem mal das roupas uma da outra, ou o Dan Hibiki (personagem criada pela Capcom para ridicularizar a série Art of Fighting) a achar que o Mr. Karate é o seu pai. O Demitri da série Darkstalkers possui um ataque especial em que transforma o seu oponente numa rapariga jeitosa, agarra-a pelo pescoço e suga a sua energia de vida, transformando-a num cadáver muito chupadinho. Todas as personagens têm uma transformação diferente, algumas bastante hilariantes. O mesmo pode ser dito da Athena e Red Areemer, ambas personagens com golpes especiais que transformam os oponentes em animais ou monstros e algumas das transformações são também hilariantes!

Infelizmente os gráficos de algumas arenas ficam muito a desejar. Estão desprovidos de todos aqueles pequenos detalhes que a SNK sempre nos habituou

Portanto este SNK vs Capcom é um bom jogo de luta, apesar de me deixar o tal sabor agridoce. Tem excelente fan service, mas nota-se perfeitamente que foi um jogo apressado para sair no mercado. Não só pelos gráficos não estarem tão aprimorados como noutros jogos de luta que a SNK produziu, mas também pelo facto de algumas personagens importantes estarem em falta (já tivemos KOF com mais personagens, portanto seria tecnicamente possível incluir mais umas poucas). Ainda assim gostei da originalidade de algumas personagens secretas. De resto, para quem jogou o Capcom vs SNK 2 e gostou do facto de haverem múltiplas mecânicas de jogo à escolha, aqui terá mesmo de usar só uma.

The King of Fighters 2003 (Sony Playstation 2)

Mais uma rapidinha a um The King of Fighters, para fechar o ciclo dos jogos que foram lançados originalmente na mítica Neo-Geo e que eu joguei bastante há vários anos atrás, através do emulador NeoRageX. Daqui para a frente, será tudo novidade para mim, pelo que deverei demorar um pouco até voltar a trazer jogos da série KOF cá ao blogue (ainda são bastantes!). Tal como os seus predecessores, este KOF2003 traz algumas mudanças na jogabilidade e acabou também por ser lançado na Playstation 2. O meu exemplar sinceramente já não me recordo nem onde, nem quando o comprei, muito menos quanto terá custado. Mas foi certamente barato.

Jogo com caixa e manual

Como tem sido habitual, sempre que há um novo arco de história a iniciar-se na saga KOF, temos uma nova equipa de protagonistas. E estes são o Ash, um rapaz (um pouco efeminado, diga-se) misterioso, Duo Lon, um ninja assassino e Shen Woo, outro arruaceiro. Belo trio de “heróis”! Curiosamente poderemos vir a defrontar dois final bosses distintos, mediante a nossa performance contra o mid boss. Um deles é o Adelheid Bernstein, filho de Rugal, que nos levará ao mau final. O outro boss final é mais um daqueles seres omnipotentes e que nos darão muita, muita luta! Se formarem uma equipa com Kyo Kusanagi, Iori Yagami e Chizuru Kagura (uma vez mais estas personagens não têm uma equipa própria) e vencerem o verdadeiro boss, terão direito àquele que é considerado o true ending. Este novo arco parece voltar a lidar com o tema Orochi, e isso é algo que me agrada! De resto há aqui muitas caras novas, muitas mudanças nas equipas, mas também muitas personagens que saíram.

Antes de cada combate podemos definir a ordem pela qual as personagens entram em acção, se bem que o líder tem acesso ao Leader Super Special Move

Já no que diz respeito a mecânicas de jogo, uma vez mais houve umas quantas mudanças consideráveis. O modo arcade (que também está aqui representado na conversão PS2) coloca-nos uma vez mais a combater com equipas de 3 lutadores, mas desta vez não há cá rondas múltiplas, os combates são bastante mais fluídos. Uma vez derrotado um lutador, salta para a acção o seguinte! Para além disso a SNK incluiu um sistema de tag team, permitindo-nos trocar de lutador a qualquer momento, existindo até alguns ataques especiais que podemos desencadear aquando do momento da troca, que gastarão uma das barras de special. Inicialmente cada lado poderá acumular 3 barras de special, que poderão chegar a um máximo de 5, consoante o número de lutadores da equipa que tenham sido derrotados. A versão PS2 adiciona uns quantos modos de jogo adicionais, como a possibilidade de jogar no esquema antigo de equipas de 3, divididos por rounds e sem a possibilidade de tag team, ou combates de 1 contra 1 apenas. Tanto num como no outro, podem ser jogados sozinhos ou contra um amigo. Para além do habitual modo de treino, temos também dois survivals distintos, um de combates de 1 contra um, outro de equipas.

A versão PS2 volta a ter algum 3D discreto nas suas arenas, mas podem ser desactivados nas opções

Graficamente, a versão de Neo Geo é mais uma daquelas que leva a plataforma ao limite. As personagens são tipicamente bem detalhadas e animadas e uma vez mais, felizmente, a equipa fez um bom trabalho com as arenas, pois são todas interessantes e também com bons níveis de detalhe. A versão PS2, tal como tem sido habitual nas conversões para as consolas desta geração, traz uma mistura entre o 2D e o 3D. As personagens continuam totalmente 2D, mas as arenas levaram um tratamento 3D, sempre algo discreto, que até resulta bem, na minha opinião. No entanto, nas opções temos sempre a possibilidade de reverter para os gráficos originais se assim o entendermos. A banda sonora também vai tendo algumas toadas rock aqui e ali, embora não me tenha agradado tanto como a do jogo anterior, por exemplo. E também aqui podemos alternar entre a banda sonora da versão PS2 e a original Neo Geo.

Ao participar nos modos de jogo survival, vamos desbloqueando uma série de extras, incluindo artwork

Portanto estamos aqui perante mais um excelente jogo de luta e sinceramente até gostei das mudanças que a SNK Playmore desenvolveu aqui, tornando as partidas ainda mais dinâmicas! Mas tal como disse logo no início, este foi o último KOF lançado para o já velhinho sistema Neo Geo. A série não se ficou por aqui, por entre spin offs e sequelas oficiais a série ainda foi recebendo uns quantos jogos com o decorrer dos anos. A diferença é que esses nunca os tinha jogado antes, pelo que ainda devo demorar um pouco para os jogar antes de os trazer cá.

The King of Fighters 2002 (Sony Playstation 2)

Vamos voltar à Playstation 2 para mais um breve artigo de um dos muitos The King of Fighters que esta consola recebeu. Lançado originalmente em 2002 (duh!) este jogo seguiu o mesmo conceito do KOF98, ao ser considerado um “torneio de sonho”, pois a saga dos NESTs tinha terminado no lançamento anterior e a Eolith/SNK Playmore aproveitou este jogo para reintroduzir muitas personagens de jogos anteriores. O meu exemplar foi comprado algures entre 2014 e 2016, creio que a um particular no facebook. Não me recordo quanto custou mas foi seguramente algo abaixo dos 10€.

Jogo com caixa e manual

Para além das “novas” personagens, outra das novidades deste KOF2002 foram mesmo as mudanças na sua jogabilidade. Os strikers e as equipas de 4 lutadores foram completamente descartados, após terem sido introduzidos no KOF99 e as coisas terem ficado um pouco fora de controlo no KOF2001. Assim sendo, este KOF2002 tem uma jogabilidade mais próxima dos clássicos, com equipas de 3. Uma vez mais a barra dos specials poderá atingir vários níveis de energia, inicialmente um máximo de 3, mas caso percamos um ou dois rounds, a barra poderá alcançar 4 ou 5 níveis respectivamente. Naturalmente que teremos vários golpes especiais ou técnicas de contra-ataque que vão consumindo a barra do special e poderemos também activar o Max Mode que, durante algum tempo, nos deixa mais poderosos e podemos executar alguns golpes especiais sem custos adicionais. Para além dos desperation moves, golpes poderosos que podem apenas ser desencadeados quando temos a barra de vida muito baixa, teremos também alguns golpes ainda mais devastadores que podem ser activados nas mesmas condições e com o Max Mode activado. Um outro detalhe interessante é que, em cada combate antes de chegar aos bosses, poderemos escolher defrontar uma de 2 possíveis equipas adversárias.

O elenco de personagens disponíveis é bastante grande!

A versão PS2, tal como tem vindo a ser habitual, tem vários modos de jogo. O team play e team vs são adaptações do original arcade, seja para 1 jogador ou para 2, no caso do versus. Temos também, no entanto, a possibilidade de jogar em combates sem equipas de 3, mas sim em confrontos de 1 contra 1 puros, tanto em single player, como em versus para 2 jogadores. Um modo para treino também está aqui presente e agora temos também os challenges, que é essencialmente um modo survival, mas dividido em 3 sabores distintos: team attack, single attack e time attack. Os primeiros dois são survival puro e duros, com a diferença de termos direito a usar uma equipa de 3, ou apenas 1 lutador. Já no time attack vamos ter vários desafios para derrotar uma série de oponentes dentro de um tempo limite cada vez mais apertado.

O que mais podemos ver nos backgrounds são aparências de outras personagens do universo SNK!

A nível audiovisual este é um jogo interessante, tendo em conta que, uma vez mais, saiu num hardware de 1990. A versão original possui as habituais sprites bem detalhadas e animadas, já os cenários confesso que são uma grande melhoria face aos cenários algo medíocres dos dois títulos anteriores. São arenas que representam países e não são necessariamente pensadas para cada uma das equipas, mas a verdade é que estão muito bem representadas, muitas delas com várias variações ao longo do dia e repletas de pequenos detalhes, como muitos cameos de outras personagens do universo da SNK. A versão PS2, tal como aconteceu em muitas outras versões para as consolas desta geração, possui no entanto os mesmos cenários em 3D poligonal. Não ficaram nada maus, particularmente aqueles onde o 3D é muito discreto, mas temos sempre a possibilidade de ir às opções e activar os cenários 2D, que sinceramente prefiro. Já as músicas têm geralmente uma toada mais rock que me agrada.

As arenas em 3D até que não ficaram más, mas podem sempre reverter para os gráficos originais nas opções.

Portanto estamos aqui perante um jogo de luta bastante sólido por parte da SNK, agora sob o nome de Playmore. Achei curioso o facto de eles terem descartado por completo o sistema dos strikers, devo dizer que não gostei muito da implementação que lhe deram no KOF2001, mas não estava à espera que descartassem esse sistema de todo. A nível audiovisual foi mais um jogo muito bem trabalhado e que uma vez mais espremia o hardware da Neo Geo até ao tutano! A versão PS2 prima pelos modos de jogo adicionais, novas personagens desbloqueáveis e arenas em 3D, embora isso possa ser revertido nas opções. A Neo Geo viria ainda a receber o KOF2003, que traz mais umas quantas novidades, pelo que esperem em breve por uma análise da conversão PS2 também. Curiosamente a SNK Playmore, tal como aconteceu no KOF98, viria a lançar um remake deste KOF2002, o Ultimate Match. Para além de introduzir ainda mais personagens jogáveis, parece que traz também uma série de outras novidades que gostaria de explorar num dia destes. Infelizmente o lançamento PS2 dessa versão nunca chegou a sair cá na Europa, mas também se compreende, pois é um lançamento de 2009.