Zool (Sega Mega Drive)

Desenvolvido originalmente pelo estúdio britânico da Gremlin, Zool começou por ser uma espécie de resposta às guerras de mascotes, introduzidas pelo enorme sucesso de Sonic the Hedgehog. Desenvolvido inicialmente para o sistema Commodore Amiga, Zool acabou também por receber várias conversões para as consolas da época e naturalmente a Mega Drive não ficou de fora. O meu exemplar veio de um lote de jogos de Mega Drive que comprei a um particular algures no mês passado. Ficou por cerca de 10€ se bem me recordo.

Jogo com caixa e manual

O protagonista é o ninja Zool, cuja nave espacial se vê atraída por um vortex, é sugada e despenha-se num planeta repleto de doces. Aí apercebe-se que este mundo está a ser atacado pelas forças de Krool, um vilão qualquer, e Zool terá de o derrotar se quiser voltar a casa. Ao longo do jogo iremos explorar outras zonas, sendo sete ao todo com 4 actos cada uma, sendo que no último acto de cada nível temos sempre um boss para defrontar.

Graficamente é um jogo cheio de detalhes interessantes, como estas transparências das gelatinas.

O objectivo em cada nível é o de procurar a sua saída, indicada por uma seta algures no fundo do ecrã. Mas antes de aproveitar a saída, teremos também uma quota de itens bónus para apanhar, quota essa que está directamente associada ao nível de dificuldade escolhido. Jogando em Normal apenas somos obrigados a apanhar 50% desses coleccionáveis, no Easy a quota passa para 25%, enquanto no Hard são 75%. Isto obriga-nos a explorar bem os níveis e seus recantos, o que como devem calcular acarreta algum risco pois temos vários obstáculos e inimigos para ultrapassar. Mas Zool é um ninja, e como todos os ninjas este é bastante ágil, possuindo uma série de habilidades no seu reportório. Por um lado move-se bastante rápido, pode escalar e saltar entre paredes, bem como agarrar-se a certas superfícies em alguns tectos. No que diz respeito aos controlos, temos um botão para Zool disparar a sua arma, outro para saltar e um outro para rodopiar enquanto salta, algo que recomendo vivamente que se habituem a fazer. Isto porque podemos derrotar os inimigos ao disparar sobre eles ou saltando-lhes em cima, mas como o jogo é bastante rápido, por vezes os inimigos surgem subitamente no ecrã, pelo que se estivermos a rodopiar enquanto saltamos, também lhes conseguimos infligir dano.

Os níveis são bastante variados nas suas temáticas, mas sempre muito bem coloridos.

Para além dos itens que podemos apanhar para  aumentar a pontuação e cumprir as quotas por nível, iremos naturalmente encontrar outros power ups, como bombas capazes de limpar o ecrã de inimigos, itens que nos permitem saltar mais rápido, invencibilidade ou ter um duplo que mimica os nossos movimentos, tudo com uma duração limitada. Para além disso ao explorar bem os níveis poderemos encontrar alguns níveis de bónus, que são segmentos de shmup horizontais curtos, porém bem difíceis.

A nível audiovisual, este é um título bem competente, com gráficos bem detalhados e bastante coloridos. É verdade que o original Commodore Amiga é ainda mais colorido e bem detalhado, mas esta conversão para a Mega Drive é bem satisfatória nesse ponto. Os níveis são bastante diversificados entre si e com temáticas originais, com o primeiro mundo a ser ter toda uma temática de doces, tendo sido inclusivamente patrocinado pela Chupa Chups, conhecida marca. Os restantes níveis são também originais, com um mundo com temática de instrumentos musicais, outro de bricolagem, entre outros, todos eles bastante coloridos e bem detalhados. As músicas foram também outra óptima surpresa, sendo estas bastante agradáveis e aceleradas.

Os níveis bónus parecem passar dentro de um organismo.

Portanto este Zool acabou por se revelar uma óptima surpresa. É um jogo de plataformas sólido e desafiante, pois apesar da sua potencial velocidade estonteante, esta é na verdade uma armadilha que nos obriga a jogar de forma mais cautelosa e ponderada. A nível técnico é também um jogo muito bem conseguido. No universo Sega, temos também uma versão Master System e Game Gear que são notoriamente mais modestas mas espero em breve poder elaborar mais sobre as mesmas.

UEFA Euro 96 England (Sega Saturn)

A única memória que tenho do Europeu de 96 é a de estar numa grande festa da empresa onde o meu pai trabalhava e, a certo ponto, aparecerem uma série de homens chateados pela selecção nacional ter perdido um jogo que os eliminou da prova. Lembro-me bem mais deste jogo para a Saturn, que tinha sido lançado pouco antes do torneio começar. Produzido pela Gremlin Interactive, esta é uma adaptação do seu Actua Soccer (até então, exclusivo da Playstation), mas inteiramente dedicado ao torneio Europeu, tendo obtido as devidas licenças. A Sega aproveitou e incorporou o jogo na sua linha Sega Sports, tornando este lançamento exclusivo para a Saturn (e PC) e apenas lançado em solo Europeu. De certa forma percebe-se o porquê, até porque os únicos jogos de futebol que estavam disponível até à data eram ainda o International Victory Goal e FIFA 96, com outros jogos de futebol a sairem mais tarde no ano de 1996. O meu exemplar foi comprado num bundle de vários jogos para a Saturn algures em Lisboa, há uns bons meses atrás.

Jogo com caixa e manuais

Dispomos aqui de vários modos de jogo, desde partidas amigáveis, um modo treino e a competição oficial, onde poderemos escolher qualquer uma das selecções que tinham sido qualificadas para o evento. Teoricamente os controlos são simples, com um botão para passar, outro para rematar, outro para correr e um outro para alternar de jogador quando não temos a posse da bola. Uma das coisas que achei engraçado é a maneira como o indicador do jogador seleccionado muda conforme a situação. Se não tivermos a posse da bola o indicador é circular. A partir do momento que temos a posse da bola o indicador torna-se triangular, começando a piscar se o CPU detectar que estamos numa boa posição para rematar à baliza. Se por acaso o indicador se tornar na forma de quadrado, quer dizer que estamos numa boa posição para cruzar para a área, bastando para isso pressionar o botão de passe. A bola irá então automaticamente sendo cruzada para a área e, caso haja algum jogador da nossa equipa pronto para receber a bola, o seu indicador surge como uma estrela, onde depois de pressionar o botão de remate, o jogador irá fazer-se à jogada e rematar de primeira ou cabecear. É um conceito interessante, embora demore um pouco a habituar. Ah, e aqui também temos o after touch para remates e passes longos, onde depois da bola ser disparada podemos arquear a sua trajectória ao pressionar o botão direccional na direcção pretendida. De resto contem com uma série de opções habituais, como alterar a formação táctica das equipas e os seus jogadores. Ao longo de cada partida podemos também alternar entre diferentes ângulos de câmara, alguns bastante dinâmicos mas que nos prejudicam a área visível de jogo, outros mais amplos que já nos dão maior controlo.

O jogo possui uma série de ângulos de câmara mais dinâmicos que até podem parecer bonitos em movimento, mas não dão muito jeito

A nível audiovisual, convém referir que este é dos poucos jogos que conheço na Sega Saturn que possui menus em português. De resto, graficamente era um jogo minimamente detalhado, embora naturalmente que tenha envelhecido bastante mal com o tempo. Possui comentários em inglês durante as partidas, embora não sejam nada do outro mundo. Mas é engraçado que o comentador tenha gravado o nome de cada jogador, e o enuncie com entoações diferentes consoante o contexto. Os restantes efeitos sonoros são competentes, desde os ruídos e cânticos do público, como os restantes barulhos normais de cada partida. As músicas são agradáveis, embora apenas toquem fora das partidas, como seria de esperar.

Graficamente é um jogo que envelheceu muito mal, como seria de esperar

Este UEFA Euro 96 é então um Actua Soccer inteiramente dedicado ao campeonato Europeu desse ano, com muitas mecânicas de jogo a serem herdadas do seu lançamento original na Playstation. Não é um jogo que tenha envelhecido bem, mas na altura até que era divertido quanto baste.

Newman Haas Indycar feat Nigel Mansell (Sega Mega Drive)

Continuando pelas rapidinhas, ficamos agora com mais um jogo de corridas para a Mega Drive. Produzido pela britânica Gremlin, Newman Haas Indycar featuring Nigel Mansellé na verdade o segundo jogo com a licença do piloto britânico produzido pela Gremlin, tendo o primeiro sido o Nigel Mansell’s World Championship Racing que eventualmente também irei arranjar até porque não é assim tão incomum. O meu exemplar veio de uma feira de velharias no Porto, algures em Agosto, tendo-me custado 2€.

Newman Haas Indycar feat Nigel Mansell - Sega Mega Drive
Jogo com caixa e manual

Bom, em primeiro lugar, tal como o título do jogo indica, este é um jogo de formula Indy, ou seja vamos pilotar carros parecidos aos de fórmula 1, mas apenas em circuitos norte-americanos e de acordo com as suas regras. Ainda assim, a nível de modos de jogo, as coisas não mudam muito. Podemos jogar sozinhos ou com um amigo em split screen, simples corridas ou uma temporada inteira. Aqui, antes de cada corrida, podemos sempre practicar o circuito e optar, ou não, por umas voltas de qualificação antes da corrida em si. Depois se optarmos por uma jogabilidade mais arcade ou de simulação, teremos pit stops automáticos ou obrigatórios, regras da bandeira amarela, ou a possibilidade de customizar alguns aspectos do carro. Nada de muito mais a apontar no que diz respeito às mecânicas de jogo.

Os circuitos são todos poligonais, apesar de serem primitivos, não deixam de impressionar um pouco

Já a nível gráfico este jogo fez-me lembrar o F1 da Domark, na medida em que mistura sprites 2D dos carros com circuitos em 3D poligonal, embora sejam muito primitivos. Ainda assim o jogo é fluído quanto baste. A versão Super Nintendo desta vez é mais fluída, mas por outro lado é também completamente em 2D. Take that Super FX once again! No que diz respeito ao som, bom, durante as corridas podemos optar entre ouvir os efeitos sonoros ou a música. Nunca os dois em simultâneo, o que é um pouco bizarro. As músicas até que são agradáveis e cativantes, mas ouvimos a mesma música em todas as corridas, pelo que se calhar prefiro ir ouvindo os efeitos sonoros apenas.

Top Gear (Super Nintendo)

Continuando pelas rapidinhas, hoje visitamos a Super Nintendo para o primeiro Top Gear, um jogo desenvolvido pela britânica Gremlin e que de certa forma serve de follow up à série Lotus Turbo Challenge, dos computadores Amiga e que tiveram também conversões para a Mega Drive. Mas ao contrário do Lotus, aqui não existe qualquer licença de veículos, existindo uma maior variedade de carros com que jogar, mas são todos fictícios. O meu exemplar foi comprado algures no mês passado na feira da Vandoma no Porto, custou-me 7€.

Apenas cartucho

Enquanto o Lotus II (Lotus 1 na Mega Drive) possuia uma jogabilidade de corrida livre à lá Outrun, aqui somos levados a vários pequenos campeonatos, com circuitos de 4 ou 5 pistas por país. Por exemplo, começamos por correr em pistas norte-americanas, depois japonesas, depois alemãs e por aí fora em vários países europeus, culminando no Reino Unido. Curiosamente a Escandinávia é considerada um país, pois iremos correr nas 4 capitais escandinavas, Oslo, Estocolmo, Helsínquia e Copenhaga. Neste modo campeonato, o jogo possui um esquema de passwords e apenas conseguimos iniciar o campeonato no país seguinte se terminarmos o anterior em primeiro lugar. Em todas as corridas temos também 2 coisas a ter em conta: temos 3 nitros que podemos usar e é também necessário estar atento ao combustível disponível, pelo que em circuitos mais longos, teremos mesmo de ir pelo menos uma vez à box. O nosso oponente directo também tem de o fazer, mas sinceramente parece-me que os outros carros controlados por CPU não o fazem, o que não é lá muito justo.

Independentemente se jogarmos sozinhos ou com um amigo, o jogo é sempre apresentado em splitscreen

Para além disso, mesmo que jogamos sozinhos ou em multiplayer, o jogo é sempre apresentado com o ecrã em split screen, pois mesmo jogando sozinhos temos um rival controlado pelo CPU que aparece sempre no ecrã inferior. Sinceramente preferia que o jogo ocupasse o ecrã todo mesmo no modo normal, mas ainda assim o jogo consegue ser bastante fluído, mesmo com 2 ecrãs em simultâneo.

A nível gráfico esperem mais ou menos o mesmo nível de detalhe do Lotus da Mega Drive, com o carro bem detalhado, as pistas a terem vários desníveis como rampas e colinas, existindo também algumas transições dia/noite que me parecem interessantes. Quando conduzimos à noite, os carros possuem alguns efeitos de transparências que ficam muito bem conseguidos no hardware da SNES. As músicas são agradáveis, fazendo lembrar bastante o tipo de músicas que os jogos do Amiga nos ofereciam. E isso não é de estranhar, pois são músicas reaproveitadas dos jogos da série Lotus.

Nas fases nocturnas, o jogo possui bonitos efeitos de transparência que simulam a iluminação dos carros

Este jogo acaba então por ser um bom jogo de corridas, mas deve ser jogado de forma moderada. Isto porque existem imensas pistas diferentes e a jogabilidade nunca muda muito, pelo que ainda levará algum tempo a terminar.

Lotus Turbo Challenge (Sega Mega Drive)

Out Run foi um jogo de tal forma popular e revolucionário quando saiu, que não tardou muito até aparecerem alguns que o usaram como fonte de inspiração. A série Lotus Turbo Challenge “patrocinada” pela britânica Lotus ao invés da Ferrari foi apenas uma delas. Apesar deste jogo da Mega Drive se chamar Lotus Turbo Challenge, este é na verdade a conversão do segundo jogo da série, que teve as suas origens nos computadores retro como o Commodore Amiga. O meu exemplar veio da Cash Converters do Porto algures no mês passado por 7€.

Jogo com caixa

Como seria de esperar, aqui apenas podemos jogar com carros da Lotus, nomeadamente o Elan M100 e o Turbo Esprit. O jogo faz lembrar o Out Run na medida em que vamos percorrendo várias paisagens diferentes, sempre com o objectivo de chegar ao checkpoint seguinte sem o tempo disponível se esgotar. A maior diferença face ao Outrun é que os circuitos estão mesmo segmentados em diferentes corridas e o progresso é linear, ao invés das bifurcações que encontramos no clássico da Sega. Existe também uma versão multiplayer que coloca um piloto contra o outro em split screen. A jogabilidade em si é bastante fluída, com o jogo também a apresentar-nos diferentes modos de controlo possíveis, mas os controlos default parecem-me os mais acertados, mesmo se quisermos conduzir com mudanças manuais.

Como não poderia deixar de ser, temos uma vertente de 2 jogadores

De resto a nível técnico é um jogo bastante agradável. Os circuitos vão sendo bastante diferentes entre si, apresentando vários diferentes cenários como montanhas e florestas, zonas urbanas, desertos ou mesmo pântanos! Existem também diferentes condições metereológicas, podendo ver alguns bonitos efeitos como chuva, neve, ou conduzir à noite. A banda sonora também é interessante, mas está longe de ser tão memoráveis quanto as do Out-Run.

A série Lotus Turbo Challenge não se ficou aqui pela Mega Drive, com a sua sequela a ser uma conversão do terceiro jogo que saiu originalmente para o Commodore Amiga. Fico curioso com esse jogo, pois este Lotus Turbo Challenge apesar de não reinventar a roda, acabou por ser um jogo bem interessante e que me surpreendeu pela positiva.