Vamos a mais uma rapidinha para aquela que é, até à data, a mais recente versão desse grande clássico Duke Nukem 3D e que, tal como o seu nome indica, é uma versão que celebrara os seus 20 anos, lançada portanto em 2016. Apesar de o DN3D ser para mim um jogo de PC, acabei antes por optar por esta versão PS4 pois foi a única que recebeu um lançamento físico (exclusivo dos Estados Unidos). O meu exemplar foi comprado algures em Agosto deste ano, tendo-me custado menos de 30€. Este artigo irá então incidir nas novidades trazidas nesta versão, mas se quiserem saber a minha opinião mais detalhada da versão original, para além de lerem o artigo acima mencionado (que foi um dos primeiros a ser cá escritos e com uma linguagem e estilo de escrita que já não uso), aproveito também para publicitar a minha participação num dos episódios da rubrica Deep Dive do podcast The Games Tome, onde, em conjunto com um amigo, analisamos o jogo ao detalhe:
Antes de avançar para esta versão propriamente dita, permitam-me um pequeno parêntesis. Este lançamento foi precedido pelo Duke Nukem 3D Megaton Edition lançado originalmente em 2013 ainda pela 3D Realms, sendo que essa versão incluía todo o conteúdo da Atomic Edition, bem como as mais famosas expansões single-player produzidas por terceiros (oficiais), nomeadamente a Duke It Out In D.C., Nuclear Winter ou Duke Caribbean: Life’s A Beach. Em 2016, quando os direitos da propriedade intelectual do Duke Nukem foram transitados para a Gearbox, essa edição acabou por desaparecer de todas as stores. Ora eu tenho essa edição no steam e a razão pela qual nunca a trouxe cá é simples: já tinha jogado todas essas expansões há muitos anos atrás e sinceramente o pouco que me lembro delas é que as achei bastante aborrecidas, portanto não tenho muita vontade de as voltar a jogar.
Jogo com caixa, na sua versão norte-americana
Todavia, para compensar a falta dessas expansões, o que fez a Gearbox? Contrataram alguns dos designers de níveis da equipa original e produziram toda uma nova expansão, exclusiva desta versão. Alien World Order é o seu nome e inclui 8 novos níveis e músicas (um deles secreto), alguns novos inimigos e uma nova arma. Os novos níveis são uma espécie de volta ao mundo, pois começamos nas ruas de Amesterdão (acabando inclusivamente por visitar uma coffee shop), passando pela Rússia, Reino Unido, Egipto, Roma, França e culminando em mais uma dupla de níveis nos EUA. Mas infelizmente devo dizer que fiquei um pouco decepcionado com esse conteúdo novo. Tirando aquele primeiro nível em Amesterdão, os restantes não foram tão excitantes quanto isso, pois muitos deles são bastante amplos e repletos de inimigos, sem toda aquela atenção ao detalhe e imensos easter eggs tal como vimos no lançamento original e Plutonium Pak/Atomic Edition. Dos novos inimigos, três deles são sprite hacks de bosses existentes, com apenas um inimigo inteiramente novo (que na verdade é baseado no design de um protótipo). A arma nova é um incinerador, que infelizmente é também um sprite hack da arma de gelo (Freezethrower). É bastante divertida no entanto!
Alguns dos bonitos efeitos de luz introduzidos na versão OpenGL da Build Engine.
Mais conteúdo adicional temos também algumas novas funcionalidades de qualidade de vida, pois para além de termos a liberdade de gravar/recarregar o nosso progresso a qualquer momento no jogo, assim como começar uma nova partida escolhendo qualquer nível (incluindo os secretos) podemos também activar um rewind de cada vez que morramos. Existem também novas vozes gravadas pelo próprio próprio Jon St. John, assim como novas músicas também compostas por Lee Jackson, um dos compositores da banda sonora original. Para além disso, se activarmos tal opção, podemos também ouvir imensos comentários pelos próprios designers dos níveis, o que para um fã do jogo original é sempre conteúdo bastante interessante. Existem também alguns novos efeitos de luz que podem ou não dar um melhor charme ao jogo.
Amesterdão e as suas montras.
Ainda assim, mesmo com o novo conteúdo a não ser tão excitante quanto isso, foi um prazer voltar a jogar (uma vez mais) este Duke Nukem 3D! É um dos maiores clássicos de DOS e continua tão actual e divertido de se jogar como se ainda fosse 1996. Always bet on Duke.
Borderlands é uma série de first person shooters produzida pela Gearbox, com um mundo aberto e um grande foco na jogabilidade cooperativa, bem como em todo o loot que podemos encontrar. Visto que possui também diversos elementos de RPG (nomeadamente as diferentes classes, esquema de skills e claro, pontos de experiência) até dá para traçar alguns paralelismos com outros jogos como o Diablo, mas na primeira pessoa e com um ambiente completamente diferente, claro. Sinceramente não me recordo onde e quando comprei o meu exemplar, muito menos quanto me terá custado, mas foi seguramente barato, abaixo dos 10€. Na verdade estou a jogar a versão enhanced que me apareceu na minha conta do steam sem eu me ter apercebido. Pelo que li posteriormente, esse remaster já incorporou algumas novidades trazidas pelas sequelas, pelo que é perfeitamente possível que eu não vá identificar essas diferenças.
Jogo com caixa, papelada e mapa
A série Borderlands, ou pelo menos este primeiro jogo, é passada no planeta de Pandora, um planeta algo deserto, repleto de bairros de lata, lixeiras, mas também alguns locais mais high-tech. Parece mesmo algo retirado de um filme do Mad Max e no início do jogo pensei mesmo que o jogo decorresse na terra num futuro pós apocalíptico, mas depois lá percebi que não era esse o caso. Nós encarnamos no papel de um vault hunter, que terá de explorar o planeta em busca do tal vault, um local abandonado por uma antiga civilização alienígena e que aparentemente continha poderosíssimas armas deixadas por essa civilização. Naturalmente que não estaremos sozinhos nessa busca e, para além de enfrentar imensas criaturas, bandidos à lá mad max, teremos também de enfrentar forças militares high tech e não só.
Como seria de esperar, vamos ter alguns bosses para defrontar!
Começamos por escolher a classe que queremos representar, e apesar de todas as classes poderem equipar todos os tipos de armas (pistolas, revólveres, shotguns, metralhadoras e por aí fora), cada classe possui diferentes competências, que priveligiam alguns tipos de armas, bem como terão diferentes skill trees e um “ultimate“. Eu escolhi representar um soldado normal e a sua habilidade especial era a de invocar uma metralhadora automática que foi incrivelmente útil em certas circunstâncias. Outras classes terão, naturalmente, diferentes habildades especiais, mas confesso que não as cheguei a explorar sequer. Depois este é um jogo open world, onde vamos conhecer alguns NPCs que nos vão dando quests, umas obrigatórias, outras meramente opcionais, e assim vamos explorando o mundo de pandora, os seus desertos, as suas dungeons, bases militares (ou bairros de lata repletos de bandidos) e pouco mais. Eventualmente lá desbloqueamos o uso de veículos e também de teletransporte entre certas localizações chave, o que certamente irá ajudar em todo o backtracking.
Os veículos são uma grande ajuda, não só no combate, mas também para viajar mais rapidamente
Até aqui tudo bem, mas este primeiro Borderlands podia perfeitamente ser chamado de Boringlands. Não só há muito pouca variedade de cenários, a maioria das quests são também algo repetitivas e aborrecidas: mata x criaturas, invade aquela base e mata o boss, encontra x partes desta arma, explora o mapa em busca de vários audiologs e por aí fora. A própria narrativa também me desiludiu bastante. O pouco que conhecia do Borderlands (para além do seu estilo gráfico que detalharei mais à frente) resumia-se aos diálogos sarcásticos e bem humorados de algumas das suas personagens, principalmente os dos robôs ClapTrap. E apesar de o jogo possuir de facto algum bom humor, a narrativa é muito fraca e não achei a história nada de especial.
Há aqui um grande foco no loot que encontramos, com imensas armas e acessórios com diferentes níveis de raridade
A nível gráfico é um jogo que primou por apresentar um estilo em cel-shading que lhe dava um aspecto mais de desenho animado e sinceramente até gostei do estilo que usaram. Alguns inimigos possuem designs bem criativos e absurdos, como os anões equipados com caçadeiras e que caem para trás com o coice da arma, ou matulões mas com braços deficientes. Mas o problema é mesmo, como já referi acima, a pouca variedade dos cenários que iremos explorar. Já no que diz respeito ao som, nada de especial a acrescentar aos efeitos sonoros e o pouco voice-acting que, apesar da história como um todo ser desinteressante, ao menos os diálogos vão tendo sempre algum sarcasmo e bom humor. Já as músicas vão alternando entre temas mais atmosféricos enquanto exploramos os cenários, e outras músicas mais tensas quando a acção aperta.
Gosto do estilo gráfico deste borderlands e os seus laivos de humor e sarcasmo. Espero que as sequelas sejam melhores como um todo
Mas para além do jogo base, esta edição Game of the Year traz também as quatro expansões que foram sendo lançadas entre 2009 e 2010. A primeira expansão é a The Zombie Island of Dr. Ned, onde exploramos novos cenários à volta de uma cidade que foi invadida por zombies. Aqui temos de facto cenários e inimigos completamente diferentes para explorar e combater, embora os combates acabem por se tornar em confrontos de múltiplas ondas de zombies que nos vão perseguindo. A segunda expansão (Mad Moxxi’s Underdome Riot) já é bastante diferente no seu conceito. Basicamente teremos uma série de arenas para combater, onde inicialmente enfrentamos 5 rondas de 5 ondas de inimigos cada, mas posteriormente poderemos, opcionalmente, entrar em arenas de 20 rondas. O objectivo é claro o de sobreviver, o que no caso de jogarmos sozinhos não é nada fácil. A terceira expansão, The Secret Armory of General Knoxx, é mais focada em combates de veículos, embora tenha muitos locais para explorar e missões para fazer. Por fim, a última expansão, Claptrap’s New Robot Revolution, leva-nos também a novos territórios, onde os ClapTraps se revoltaram contra os humanos e a maior parte dos inimigos que iremos encontrar são ClapTraps e versões robóticas de outros inimigos como os bandidos, ou criaturas como os skags. Mas ainda assim, e tirando a segunda expansão, as outras expansões acabaram por se tornar ainda mais enfadonhas ou por não permitirem o uso de veículos (excepto a do Knoxx), mas acima de tudo por não possuirem nenhum ponto de fast travel, tornando o backtracking mais moroso.
Portanto este Borderlands, apesar de não ser um mau jogo de todo, até que me deixou um pouco desiludido pelos pontos que referi acima, nomeadamente a sua história fraca, pouca variedade de cenários e missões. Mas, visto que é um jogo com um grande foco no multiplayer cooperativo, até acredito que seja bem mais divertido quando jogado com amigos. Ainda assim foi um jogo que teve bastante sucesso, tanto que sequelas não faltam. Estou curioso a ver como a série evoluiu, mas confesso que tão cedo não devo ter vontade de lhes pegar.
Voltando ao PC, vamos abordar brevemente esta compilação do Counter Strike 1 Anthology, que já estava cá em backlog para um artigo há muito tempo. Tal como muita gente da minha idade, joguei bastante o Counter Strike (versão 1.5 ftw) nos meus tempos de Ensino Secundário e não só. Esta compilação para além de trazer o CS original e o Condition Zero, traz também mais uns quantos outros jogos que tinham sido desenvolvidos pela Valve nesse período. O meu exemplar tenho a ideia de ter sido comprado selado ao desbarato na feira da Ladra em Lisboa, por aí em 2014.
Jogo com caixa mais papelada
Deixando os Counter Strike para o fim, vamos começar com os mais desconhecidos desta compilação. Deathmatch Classic, tal como practicamente todos os outros títulos presentes nesta compilação, começou como sendo um mod de Half-Life e é na verdade uma espécie de homenagem ao Quake clássico, pois os seus mapas, armas e jogabilidade frenética estão todos aqui presentes de certa forma. Mas é também um jogo muito simples, onde o único modo de jogo é precisamente o deathmatch. Team Fortress Classic é o original que nos trouxe o Team Fortress 2, ainda bastante popular hoje em dia. Já neste primeiro jogo tínhamos o sistema de 9 classes, cada qual com diferentes armas e habilidades no geral, o que para a altura me pareceu uma inovação bastante interessante. Particularmente os Spies, capazes de se mascararem de soldados inimigos! É um jogo interessante do ponto de vista histórico, mas envelheceu mal e recomendo vivamente a sua sequela, não só pela jogabilidade e gráficos mais refinados, mas também pela maior variedade de modos de jogo.
Já o Team Fortress Classic introduzia as mesmas classes com diferentes habilidades que ficaram mais conhecidas na sua sequela
Ricochet é sem dúvida o jogo mais estranho aqui do conjunto. Com um visual futurista que faz lembrar o Tron, o jogo apresenta arenas em pleno espaço com uma série de plataformas que nos permitem saltar a grandes distâncias para outras plataformas e fazer ricochete em algumas paredes. As nossas armas são meros discos que também podem fazer ricochete em inimigos e é practicamente isso. Acredito que uma sessão deathmatch com muita gente até seja agradável mas poucos são os que jogam Ricochet hoje em dia. Day of Defeat é baseado na segunda guerra mundial, sendo mais um jogo onde podemos escolher jogar por entre diferentes classes, que por sua vez carregam com diferentes tipos de armamento. Os seus modos de jogo são mais na base de conquista/defesa/destruição de diversos objectivos espalhados pelo mapa e o jogo na altura introduziu muitos elementos mais realistas na sua jogabilidade, como o coice das armas, a fadiga dos soldados, entre outros.
Ricochet é um jogo muito bizarro mas também bastante simples na sua jogabilidade (e variedade)
Por fim, vamos aos Counter-Strike, sendo que nesta compilação temos o Counter Strike Clássico e o Condition Zero. O clássico é um jogo multiplayer que torrei imensas horas durante a minha adolescência, onde poderemos optar por jogar como terroristas ou polícias em diversos modos de jogo. O mais famoso, pelo menos para mim e para os meus amigos, sempre foi o bomb defusal, onde o objectivo dos terroristas seria o de plantar uma bomba num de vários locais alvo e garantir que a mesma explodisse dentro de um tempo limite. Já o da polícia é precisamente o contrário, evitar que bombas sejam plantadas e, caso sejam, teremos também de as desarmar a tempo. Outro modo de jogo é o de resgate de reféns, onde os polícias devem localizar e encaminhar uma série de reféns em segurança para o ponto de resgate, já os terroristas devem evitar que isso aconteça. Por fim temos o VIP Escort, onde os polícias devem proteger um VIP e escoltá-lo com sucesso a um determinado ponto no mapa, já os terroristas devem assassinar esse mesmo VIP. Em qualquer modo de jogo no entanto, se todos os jogadores de um dos lados morrerem, será suficiente para vencer um round.
Os cenários de bomb defusal eram de longe os mais divertidos. Tantas horas no de_dust2!
Agora a jogabilidade é simples e assenta sem dúvida na perícia de cada um e no expertise dos diferentes mapas, ao reconhecer os melhores pontos de vantagem. Aqui não há classes e no início de cada round cada jogador tem uma certa quantia de dinheiro para gastar para comprar diferentes armas, munições, explosivos e armaduras. Apenas podemos carregar duas armas de cada vez, uma primária e outra secundária, mas vamos tendo um grande arsenal de diferentes armas para escolher, tanto metralhadoras, pistolas, shotguns, sniper rifles e por aí fora. Dependendo da nossa performance ao longo do jogo, vamos tendo mais ou menos dinheiro disponível para os rounds seguintes, pelo que convém comprar material de forma mais sensata. De resto, tal como referi no primeiro parágrafo, a versão que mais joguei foi a 1.5. A que aqui vem é a 1.6 que eu e os meus amigos nunca gostamos muito, pois introduziram a possibilidade dos polícias poderem usar um daqueles escudos gigantes e sempre sentimos que isso tenha desiquilibrado um pouco as balanças.
O Tour of Duty do CS Condition Zero são uma espécie de partidas com bots glorificadas, onde para além de podermos condicionar o comportamento dos bots teremos também alguns desafios adicionais em cada partida
Por fim vamos abordar o Counter Strike Condition Zero. Anunciado como uma sequela, este jogo teve um ciclo de desenvolvimento bastante complicado e longo, atravessando diferentes estúdios e lançado no início de 2004, cerca de 2 anos depois da data inicialmente prevista. Basicamente temos o mesmo multiplayer mas com gráficos ligeiramente melhorados face ao original, mas confesso que muito pouco tempo perdi com esse modo de jogo. Este Condition Zero traz ainda algum conteúdo single player, como o Tour of Duty e Deleted Scenes, este último disponível como um jogo à parte no steam. O Tour of Duty é um modo de jogo single player, mas que serve de um bom treino para o jogo em si. Isto porque, em conjunto com alguns bots, vamos tendo uma série de missões para concluir, que são na realidade partidas clássicas do Counter Strike, onde jogaremos nos mesmos mapas e com os mesmos objectivos do jogo multiplayer. A diferença é que temos algum controlo sobre os bots, podendo dar-lhes algumas indicações durante os combates e vamos tendo também alguns desafios adicionais para completar, como terminar um round em menos do que um certo tempo, matar inimigos com algumas armas específicas, entre outros. À medida que vamos avançado no jogo, vamos ganhar mais pontos que nos permitem recrutar mais e melhores bots para os desafios seguintes.
O Condition Zero já foi desenvolvido numa versão melhorada do motor gráfico original, apresentando uns visuais algo superiores
Já o Deleted Scenes é uma campanha single player completa, onde iremos encarnar em diversas forças militares e/ou de segurança e cumprir uma série de missões por todo o mundo, desde resgatar reféns, desarmar bombas nucleares, assassinar barões de droga, entre outras. As localizações que iremos visitar são bastante diversificadas, como o médio oriente, as selvas da américa do sul ou mesmo algumas zonas mais urbanas como o Japão ou um arranha céus em Belfast. Aqui já não estamos limitados a carregar 2 armas de cada vez, pelo que iremos ter à nossa disposição um arsenal de armas bem maior em cada missão. É um modo de jogo interessante, mas as missões que jogamos são todas desconexas entre si, não há nenhuma narrativa propriamente dita ou um fio condutor que interligue as missões umas às outras.
O Deleted Scenes já nos leva por dezenas de missões em vários locais no globo, incluindo o Japão
No que diz respeito aos audiovisuais, bom estes são bastante simples. Todos os jogos aqui presentes nesta compilação são baseados no motor gráfico original do Half Life, que se por um lado era bem competente para a altura em que saiu, por outro não envelheceu lá muito bem, ao apresentar texturas de baixa resolução e objectos ainda muito quadrados. A excepção está no Counter Strike Condition Zero (e Deleted Scenes), que usam uma versão já melhorada do mesmo motor gráfico, pelo que as personagens já possuem mais geometria, as texturas já possuem mais detalhe e até há algumas físicas interessantes na destruição de cenários. Nada a apontar ao som no geral, os sons do Counter Strike clássico estarão para sempre implantados na minha memória! Já o Condition Zero Deleted Scenes, como iremos atravessar o globo ao longo do jogo, preparem-se para ouvir um inglês repleto de péssimos sotaques, especialmente o alemão, russo, japonês e espanhol.
Portanto este Counter-Strike 1 Anthology é uma compilação interessante, quanto mais não seja por incluir o Counter Strike clássico e o Condition Zero. Este último em particular teria sido uma boa ideia se o jogo não tivesse atrasado tanto no seu desenvolvimento. Quando foi lançado em 2004, já estavamos a meros meses do lançamento de Half Life 2 e eventualmente do Counter-Strike Source, um outro remake do clássico, mas com gráficos bem superiores face aos que foram apresentados no Condition Zero meros meses antes.
Voltando à PSP e novamente para mais uma aláise a um jogo que infelizmente me acabou por desiludir. A série Brothers in Arms consistem em vários first person shooters sobre a segunda guerra mundial, mas com um maior realismo, tanto a nível táctico, onde temos de comandar da melhor forma o nosso esquadrão para conseguirmos atingir os nossos objectivos em segurança, mas também a nível histórico, com a Gearbox a tentar recriar o mais fielmente possível os campos de batalha e as posições inimigas, de acordo com os relatórios de combate dos próprios soldados que participaram no conflito. E com o lançamento da PSP, que acabou por receber os seus próprios Call of Duty e Medal of Honor, a Gearbox e Ubisoft lá decidiram trazer também o Brothers in Arms para a sua portátil. Este jogo entrou na minha colecção durante o mês passado, tendo sido comprado a 4€ na cash de Alfragide.
Jogo com caixa e manual
A primeira coisa que me desiludiu foi o facto deste jogo não possuir nenhum conteúdo original na sua campanha single player. Todas as missões já foram jogadas quer no Road to Hill 30, quer no Earned in Blood, ambos jogos que eu já tinha jogado na PS2 há muito. Aqui não estava propriamente à espera de um capítulo da história inteiramente novo (aliás isso é algo que ainda aguardo nos dias de hoje mas a Gearbox prefere o Borderlands), mas sim uma espécie de spin-off, como os Medal of Honor Heroes o são. Quando finalmente me apercebi que o que teria pela frente seria rejogar todas aquelas missões que já tinha jogado anteriormente, perdi quase toda a vontade de jogar, por um único motivo: os controlos. Mas os controlos já estaria à espera que fossem mauzinhos. A falta de um segundo analógico na PSP dificulta bastante o trabalho em qualquer FPS que se preze, e o que dizer de um Brothers in Arms com esta componente estratégica acrescida?
Infelizmente “já vi este filme”
O analógico controla o movimento em várias direcções, já para fazer o strafing (andar para os lados) precisamos de carregar no L. Os restantes botões faciais, incluindo os do próprio D-Pad, têm várias outras funções assignadas, como usar granadas, agachar/levantar, recarregar as armas, mudar de arma, aiming down the sights, ou dar ordens aos nossos companheiros. E para dar ordens aos companheiros, a menos que sejam de fall in/fall out que basta carregar no botão respectivo, obrigá-los a procurar cover num determinado local, ou atacar certas posições inimigas temos de carregar no triângulo e direccionar um cursor para o que queremos fazer. E em momentos calmos isto até é fazível, embora custe um pouco. Mas quando estamos meio de um combate intenso a história já é outra. Apontar a arma também é um desafio considerável, e o uso do aiming down the sights/zoom é mesmo algo practicamente obrigatório se quisermos efectivamente acertar em alguém. Mas lá está, com estes controlos a precisão nunca é boa.
As mecânicas do suppression fire continuam iguais a si mesmas e ainda bem
A componente estratégica em si parece-me ok. O objectivo consiste sempre em dividir as nossas forças em duas equipas. Uma delas deixamos posicionada num local relativamente seguro a abrir fogo sobre o inimigo, deixando-os suprimidos. A outra equipa (onde preferencialmente nos devemos enquadrar), tem a responsabilidade de flanquear os inimigos e atacá-los numa posição vantajosa, enquanto eles estão suprimidos. A supressão é dada por uns ícones circulares acima das cabeças dos inimigos, que enquanto estiverem vermelhos, os mesmos estão sempre a disparar contra nós, mas à medida em que lhes retribuimos o favor, esses ícones vão ficando gradualmente cinzentos. Quando estiverem completamente cinzentos, os inimigos vão ficando abrigados durante alguns segundos, sendo essa a altura ideal para atacar, ou mudar de posição. Para nos ajudar a perceber onde estão os inimigos, o que em certas alturas pode ser útil, basta carregar no select. Aqui a acção pausa, e a câmara transita para uma perspectiva de topo, onde podemos ver o mapa do campo de batalha e informações da localização de tropas inimigas e também os nossos companheiros.
Carregando no select vemos o mapa estratégico que mostra as posições inimigas e por vezes a melhor forma de as atacar
Para além do modo campanha, este Brothers in Arms traz também um “skirmish mode“. onde se pode jogar em multiplayer cooperativo por ad-hoc bem como ser jogado sozinho. Aqui tanto podemos jogar partidas de defesa ou ataque, onde numas temos como objectivo defendernos contra várias waves inimigas, na outra já teremos de matar todos os nossos inimigos no menor tempo possível. Para além disso temos ainda 2 outros modos de jogo com pequenas missões com objectivos definidos, onde tanto podemos jogar com americanos ou alemães. O “Campaign Mode” é apenas jogado na categoria “authentic”, onde um tiro é na maior parte das vezes fatal e não há indicador de supression nos inimigos.
Por vezes os gráficos parecem mesmo próximos aos das versões PS2
Graficamente é um jogo impressionante para uma Playstation Portable, cujo hardware se aproxima, mas não tanto assim, das capacidades de uma Playstation 2. E à primeira vista, pegando nos 2 Brothers in Arms da Playstation 2 e deixá-los lado a lado com este da PSP, não há grandes diferenças, mas certamente o ecrã pequeno mascara algumas imperfeições. Noto algum slowdown por vezes, mas sinceramente isso também acontecia nas versões PS2, se bem me recordo. O voice acting parece-me também semelhante ao original, o que é ok na minha opinião. O mesmo posso dizê-lo das músicas épicas e orquestrais, mas sinceramente já me passaram um pouco mais ao lado precisamente por ser um jogo portátil e não tão envolvente.
Concluindo, não consigo recomendar este jogo por todas as razões já referidas. É preferível jogarem os primeiros Brothers in Arms na PS2 (ou melhor ainda na Xbox ou PC), pois para além de não irem jogar nada de novo na PSP, os próprios controlos são infinitamente melhores no PC ou restantes consolas devido ao uso dos 2 analógicos.
Não é segredo nenhum que a franchise Aliens é uma das minhas preferidas do cinema. O potencial para os videojogos sempre foi enorme, mas infelizmente embora tenham sido desenvolvidos vários videojogos acerca dos xenomorfos mais adoráveis da galáxia, poucos foram os que tiveram sucesso tanto de vendas como de crítica. O jogo que trago cá hoje é um metroidvania para a Nintendo DS, que me surpreendeu pela positiva. Aliens Infestation foi desenvolvido pela Wayforward Technologies e pela Gearbox Software, desenvolvedora que infelizmente foi escolhida pela Sega para desenvolver uma série de videojogos da franchise, incluindo o infame Aliens Colonial Marines. Este jogo entrou na minha colecção algures durante o mês passado, após ter sido comprado na cash converters de Alfragide por 7€.
Jogo completo com caixa, manual e papelada
Neste jogo encarnamos mais uma vez num grupo de Space Marines cuja missão inicial seria entrar na nave USS Sulaco (nave dos Space Marines que vimos no segundo filme) e investigar os acontecimentos estranhos que por lá decorreram. Não demorará muito tempo até visitarmos o planeta de LV-426 e nos envolvermos num conflito entre aliens e forças que lutam pela empresa Weyland-Yutani, que desde sempre quiseram investir nos bichinhos com ácido no lugar de sangue como armas biológicas. É uma trama que já há muito se viu, mas acaba por ser sempre eficaz.
o uso do touchscreen é competente, onde podemos escolher a arma a usar ou o explosivo a equipar
A jogabilidade acaba por ir buscar muitas influências aos Castlevania 2D pós-Symphony of the Night, ou seja, herdando o estilo “metroidvania” com toda a sua exploração e backtracking. Mas para além disso o que chama realmente à atenção neste jogo é a morte permanente das personagens. O nosso esquadrão tem 4 elementos, o que nos daria logo à partida “4 vidas”. Mas explorando o mapa iremos encontrar diversos outros marines de outros esquadrões, que nos poderão dar uma ajuda, mas só se tivermos menos de 4 pessoas no activo no nosso lado. Caso contrário ficarão no mesmo sítio a lamentarem toda a situação. Explorando o mapa também poderemos encontrar outras coisas como caixas de munições, ou upgrades para as nossas armas e o backtracking é muita vez necessário devido ao costume: para entrar na zona A precisamos de uma determinada chave, ou o caminho está bloqueado e teremos de arranjar um workaround. Podemos marcar no mapa posições para relembrar mais tarde com recurso a flares, mas o seu uso é limitado e infelizmente não podemos incluir nenhuma nota no mapa para que nos relembre do que estamos ali a marcar, de qualquer das formas. Algo como é feito no Etrian Odyssey, por exemplo.
Para quem viu o Prometheus, já sabe que criatura é aquela. Para quem não viu, acho que ficará na mesma.
De resto, as referências ao lore dos filmes são bastantes, desde o armamento que inclui a shotgun “para close encounters“, a portentosa smartgun ou um lança-chamas. Estamos bem equipados para o que der e vier, e acção é o que não falta. Inimigos humanos ou androides podem ser combatdos com recurso a um simples sistema de covers, já os nossos amiguinhos temos forçosamente de ter mais cuidado. Eles são bastante rápidos e surgem de todo o lado, incluindo dos sistemas de ventilação, como qualquer fã da saga esperaria. A táctica hit-and-run acaba por ser a nossa melhor amiga, em especial nos bosses que são enormes e como seria de esperar são também autênticas esponjas de balas. Podemos correr e rebolar, coisas que embora nos gastem a nossa barrinha de stamina, acabaremos por fazer regularmente ao longo do jogo. Teremos também ao nosso dispor outras ferramentas como um kit de solda que nos permite abrir portas que tenham sido barradas, ou uma ferramenta para abrir entradas no sistema de ventilação, sistema esse completamente uncharted nos mapas. Mas continuando com as referências ao lore dos filmes, temos outros doces que nos são oferecidos pela Wayforward, desde um segmento onde poderemos conduzir um APC (o veículo blindado que vimos em Aliens) ou usar um power-loader para… ok, não é difícil adivinhar. Infelizmente não existe é muito conteúdo extra, algo que é sempre bastante apreciado nos dias que correm. Para além das biografias dos Marines que descobrimos, o que nos resta é um minijogo também reminiscente do filme Aliens, onde com a stylus da DS simulamos o jogo de espetar rapidamente uma faca entre os dedos de uma mão de um pobre coitado.
Infelizmente no campo dos extras este jogo fica algo a desejar.
Graficamente é um jogo bem competente. Tudo está representado num 2D muito bem detalhado tendo em conta a resolução dos ecrãs da Nintendo DS e com animações muito boas. Tudo tem um look muito 16bit, algo que eu pessoalmente aprecio bastante. O gore, apesar de não ser excessivo está presente, quem nunca gostou de ver o parto de um alien bébé? De resto os diálogos são apresentados um pouco à lá Metal Gear Solid, com comunicações via rádio e com os retratos dos interveninentes no ecrã. Isso leva-me a falar no artwork geral do jogo, onde por um lado vemos as coisas retratadas fielmente de um universo “Gigeriano“, as personagens em si foram todas desenhadas com um estilo comic book norte-americano, o que já não me agrada assim tanto, mas não acho que tenham feito um mau trabalho. Continuando ainda no audiovisual, o som é óptimo, bem como deveria ser. Ambiente sempre de cortar à faca, sempre com a ameaça de algum alien ou facehugger saltar a cada momento.
No fim de contas tenho pena por este jogo ter saído já no final do ciclo de vida da Nintendo DS, pelo que acabou por passar despercebido a muita gente. É uma pena, pois apesar de ser um jogo relativamente curto e ainda com algumas pontas soltas que deveriam ser melhor trabalhadas, não deixou de ser um trabalho bem mais competente que Aliens Colonial Marines (que eu nem desgostei assim tanto como a maioria do mundo, mas sim, there was still much room for improvement). Se são fãs da saga dos Aliens, ou adeptos de jogos com a exploração e backtracking de um metroidvania, então este Aliens Infestation é mais uma óptima escolha para os donos da Nintendo DS.