Fear Effect 2: Retro Helix (Sony Playstation)

Tempo de voltar à primeira Playstation para um jogo que já sai consideravelmente tarde no seu ciclo de vida, em 2001. Confesso que já me lembro de muito pouca coisa do primeiro Fear Effect, mas algo ficou sempre patente: os seus visuais não convencionais e claro, as temáticas mais maduras até pela sexualização das suas personagens principais. Entretanto, algures em Dezembro de 2022 um amigo meu trouxe-me este jogo de uma loja francesa por cerca de 15€ e lá foi ficando em backlog até agora. É a sua versão norte-americana, daí ter tido um preço bem mais em conta.

Jogo com caixa e manual

Em Fear Effect 2, voltamos a assumir o controlo da mercenária Hana, agora acompanhada por Rayne, ambas tão letais quanto sedutoras. A missão inicial parece simples: infiltrar-se numa festa repleta de figuras do alto escalão corporativo e roubar um objeto valioso. No entanto, quando criaturas grotescas e mortos-vivos começam a surgir, torna-se evidente que há forças em jogo muito além da segurança privada. A narrativa expande-se à medida que avançamos, permitindo-nos também controlar duas outras personagens masculinas, cada uma com a sua própria história, mas cujos destinos acabam inevitavelmente entrelaçados.

Tal como o seu antecessor, temos aqui uns quantos momentos mais “sensuais” por assim dizer

No que toca à jogabilidade, Fear Effect 2 mantém a base do primeiro jogo, inspirando-se em Resident Evil com os seus tank controls, ângulos de câmara fixos e gráficos pré-renderizados—ou, em alguns casos, full motion video como pano de fundo, o que explica a necessidade de quatro CDs para acomodar o jogo. A mecânica distintiva da barra de vida regressa, não só reduzindo-se com o dano sofrido, mas também com o medo, que se intensifica nos confrontos que iremos enfrentar. Não existem no entanto quaisquer itens regenerativos, pelo que a recuperação de vida está limitada à eliminação de inimigos, embora a quantidade recuperada seja modesta, e a eventos específicos, como a troca de personagens jogáveis ou batalhas contra bosses. Como tal, o combate exige precisão e estratégia, tornando-se essencial dominar o botão de dodge e o uso das teclas quadrado e círculo para alternar rapidamente entre armas e itens. De resto, e uma vez mais tal como nos survival horrors da época, a progressão requer também uma boa dose de exploração e resolução de puzzles. Contudo, alguns desses quebra-cabeças são bastante obtusos, levando-me, em certas ocasiões, a recorrer a um guia para evitar frustrações desnecessárias.

Um pormenor a reter é que apenas vale a pena disparar quando a indicação da mira aparecer no topo do ecrã

Outro aspeto curioso é a forma como o jogo gere os discos. Apesar de estar dividido em quatro, o jogador frequentemente precisa de trocá-los fora da sequência esperada—do primeiro para o segundo, depois para o quarto, regressando ao primeiro, e assim sucessivamente. Felizmente, a variedade dos cenários mantém o interesse vivo, transportando-nos desde esgotos e aquedutos a edifícios futuristas, ruínas chinesas e templos inspirados na mitologia oriental. Além das secções de combate e exploração, há momentos em que o jogo introduz mecânicas diferenciadas, como a infiltração na festa. Aqui, somos obrigados a evitar os guardas sem recorrer a armas, esquivando-nos de detectores de metais que denunciam a nossa presença. O jogo até permite abordagens furtivas em certas situações, proporcionando não só uma alternativa estratégica ao combate direto, mas também uma recuperação extra da barra de vida.

Ao longo de todo o jogo iremos acabar por jogar com quatro personagens distintas, não só a dupla de femme fatale do início do jogo

No que toca aos gráficos, Fear Effect 2 mantém a identidade visual do seu antecessor, com personagens renderizadas num estilo cel-shading que funciona surpreendentemente bem dentro das limitações da plataforma. Esse efeito cartoon torna-se ainda mais evidente nas cut-scenes, onde os modelos das personagens ganham um nível de detalhe adicional, reforçando o aspeto estilizado do jogo. No entanto, a decisão de misturar cenários pré-renderizados com full motion video, apesar de inovadora para a época, não envelheceu tão bem. A baixa resolução desses vídeos torna-se bastante percetível, criando um contraste algo estranho. O voice acting, por outro lado, é bastante competente para um jogo desta geração. As influências orientais das personagens principais são evidentes, mas os sotaques britânicos das suas vozes destoam e parecem algo deslocados no contexto. Ainda assim, as vozes das personagens principais estão bem conseguidas no geral. Já a banda sonora revelou-se menos memorável para mim, pois passou bastante despercebida ao longo da experiência, sem grandes momentos que se destacassem. Contem com uma banda sonora mais ambiental e discreta, portanto.

Não iremos encontrar apenas inimigos humanos para combater

Portanto este segundo Fear Effect é um jogo interessante, uma vez mais pelos seus visuais bastante distintos e uma narrativa algo madura para a época. No entanto, tal como referi acima, é um jogo que envelhece um pouco mal, não só pelo uso das técnicas híbridas entre cenários pré-renderizados ou gravados em vídeo, o combate preciso e os puzzles algo frustrantes. Ainda assim confesso que a série Fear Effect tinha o seu potencial e a Eidos também achava o mesmo, até porque um terceiro jogo estava em desenvolvimento para a PS2 mas acabou por ser cancelado algures em 2003. Entretanto, anos mais tarde e para minha total surpresa que só descobri tal coisa agora, uma sequela foi lançada em 2018, sendo intitulada de Fear Effect Sedna. Aparentemente as críticas não foram positivas e o facto de o jogo apenas ter sido lançado de forma digital também ajudou a ter passado completamente despercebido do meu radar. Um remake do primeiro jogo foi também anunciado em 2017 e eventualmente cancelado. No ano passado no entanto, a Limited Run Games anuncia um remaster do primeiro jogo a sair para as consolas actuais do mercado. Seguramente um anúncio de um remaster deste segundo jogo não estará longe também.

102 Dalmatians: Puppies to the Rescue (Sega Dreamcast)

Vamos voltar à Dreamcast para mais um artigo a um jogo que veio cá parar à colecção apenas porque me acabou por ficar de graça. Isto porque algures em Abril do ano passado comprei um lote de uma Dreamcast em caixa com vários jogos por 150€ e aproveitei os jogos que me faltavam na colecção, bem como completar a minha consola com alguns extras como manuais. O resto consegui vender ao mesmo preço, pelo que este 102 Dálmatas me acabou por ficar de graça.

Jogo com caixa, manual, papelada diversa e uma sleeve exterior de cartão da Ecofilmes

O jogo é um platformer em 3D muito básico e característico de jogos da era da Playstation, até porque é um título que sai para essa consola também. A versão Dreamcast creio que é idêntica em tudo à versão PS1, embora possua gráficos de maior resolução e com melhor qualidade no geral. Nunca vi o filme (adoro cães mas a raça dálmata não me fascina), mas presumo que o jogo siga mais ou menos a história do filme, ou seja, a Cruella DeVil lança uma linha de brinquedos sinistros mas como estes não vendem o que seria suposto, a vilã lá decide raptar todos os animais de estimação do Reino Unido, incluíndo toda uma catrafada de dálmatas que teremos de salvar, uma vez mais. Desta vez os protagonistas são os dois cachorros filhos dos protagonistas do primeiro filme.

Os níveis vão sendo bastante variados, incluindo uma cidade de Londres antiga

O objectivo de cada nível é o de resgatar todos os cachorros dálmatas que estão presos em caixas de madeira, tipicamente escondidos em zonas de maior dificuldade de alcançar. Para lá chegar ocasionalmente teremos de executar alguns pequenos puzzles como pressionar interruptores para activar plataformas ou mesmo conseguir encaminhar algum dos bandidos de Cruella para uma armadilha. Também espalhados em cada nível estão 100 ossos que poderemos coleccionar de forma a desbloquear mini jogos, assim como autocolantes (ao cumprir alguns objectivos que até podem ser opcionais) e que formam uma imagem completa. Ao fim de alguns níveis teremos um encontro com a Cruella na forma de um boss para ser derrotado.

Ao longo do jogo teremos uma série de cachorros para salvar, todos eles presos em caixas de Madeira

No que diz respeito aos controlos o analógico movimenta o cão, enquanto os triggers na cabeceira do comando servem para controlar a câmara numa direcção ou na outra. O botão A salta, enquanto o X faz com que o cão ladre, que é o seu principal ataque para derrotar os brinquedos inimigos que iremos encontrar ao longo do jogo. É no entanto um ataque de curto alcance que deve ser usado com alguma precaução, se bem que iremos encontrar comida espalhada pelo nível que nos restabeleça parte da nossa barra de vida. O botão Y faz com que o cachorro rebole, sendo por um lado a maneira mais rápida de nos movimentarmos pelo ecrã, embora seja difícil de controlar. O rebolar é também um dos ataques que temos à disposição e é a únuca maneira que temos de partir os caixotes de madeira onde os cachorros estão aprisionados. Por fim o botão B serve para farejar e escavar o chão em busca de pistas como itens escondidos. Convém também referir que a qualquer momento do jogo podemos pausar a acção e seleccionar o cão ou cadela protagonistas do filme como personagem a controlar. Que me tenha apercebido, nenhum dos cães possui habilidades distintas entre si, pelo que é mesmo uma questão de gosto pessoal.

Este papagaio serve para gravarmos o progresso do jogo a meio dos níveis

Portanto este é um jogo de plataformas bastante simples e seguramente indicado para os jogadores mais novos e que muito faz lembrar um jogo de plataformas típico de PS1 da viragem do milénio, apesar dos seus visuais serem ligeiramente superiores nesta versão. À medida que vamos avançando no jogo, particularmente se o formos completando a 100% (coleccionar todos os ossos e stickers) vamos também desbloqueando uma série de mini jogos. Eu não me dei ao trabalho de coleccionar tudo nem sequer de experimentar, mas uma pesquisa na internet diz-me que os jogos que desbloqueamos são um jogo de mini-golf, o dig dog é uma espécie de matching game, o tilt maze é um mini jogo que replica alqueles labirintos onde tínhamos de levar uma bola metálica de um lado para o outro que brincávamos em miúdos. Um jogo de damas, outro de corridas no gelo e o jam dance, um jogo rítimico. O feedback que li na internet é que alguns desses mini jogos até são consideravelmente divertidos se jogados com amigos.

Podemos revisitar níveis antigos onde se os completarmos a 100% iremos desbloquear novos mini jogos também.

A nível gráfico, tal como já referi algures acima, este é um jogo de plataformas bastante simples a nível gráfico, os níveis em si possuem uma geometria ainda muito “quadrada” típica de jogos de PS1, embora aqui na Dreamcast as coisas estejam um pouco melhores, com gráficos numa maior resolução, texturas um pouco mais detalhadas e claro, sem todas aquelas distorções de polígonos características dos jogos da PS1. No entanto, ao menos os níveis são bastante diversificados, levando-nos a cenários tão variados como Picadilly Circus e o Big Ben em Londres, museus, castelos medievais, florestas e parques, subterrâneos e muitos outros. A banda sonora é agradável e nada de especial a dizer ao voice acting. Tal como o filme, o jogo é indicado para crianças e não há muito mais a dizer sobre isso.

Tomb Raider (Nokia N-Gage)

Vamos voltar às rapidinhas e ao N-Gage da Nokia para abordar levemente a conversão para aquele sistema do primeiríssimo Tomb Raider, o que para mim foi algo de me deixar boquianerto, ver num sistema portátil de 2003 uma conversão visualmente tão competente desse clássico da Core/Eidos. Tal como referi no artigo do FIFA 2005 do mesmo sistema, o meu exemplar deste Tomb Raider veio com a própria consola, que me foi facilitada por um amigo por cerca de 40€ lá por 2016/2017.

Jogo com caixa e manuais

E sim, tirando uma ou outra diferença, esta conversão do Tomb Raider é uma conversão bastante fiel do original, contendo todos os seus níveis, o que por si só é um feito impressionante visto que o jogo sai num pequeno cartucho de cerca de 8MB de capacidade. Sim, 8MB. Tomb Raider é um clássico pois para além de ser um dos primeiros jogos de exploração e acção em 3D a atingir uma fama considerável, precisamente pelo seu conceito. Isto porque não só controlávamos uma personagem feminina o que por si só já era algo incomum, bem como teríamos toda uma série de cenários inóspitos prontos a explorar, como várias ruínas antigas, muitas armadilhas e várias criaturas exóticas para combater, incluindo dinossauros. Até um T-Rex numa fase algo precoce do jogo iríamos enfrentar!

A maior diferença visual desta versão é precisamente as roupas de Lara, as mesmas do Angel of Darkness da PS2.

O lançamento original tinha tank controls e Lara tinha à sua disposição toda uma série de movimentos que tornavam os controlos bastante complexos e a exploração dos níveis obrigavam-nos a uma série de saltos extremamente precisos para que Lara se conseguisse muitas vezes segurar na ponta dos dedos perto de algum abismo. E se isso já era complicado num comando normal (o jogo ainda não suportava qualquer controlo analógico) agora imaginem numa consola portátil como a N-Gage onde para além de um d-pad que sinceramente não acho que seja grande coisa, tínhamos também um teclado numérico para todas as restantes acções do jogo. Vamos então abordar os controlos nesta versão: o direccional controla a Lara com tank controls habituais da época, enquanto que os botões 5 e 7, os mais salientes do teclado numérico do N-Gage permitem-nos saltar e caminhar lentamente. Os botões 1 e 3 servem para dar passos laterais, enquanto o botão 2 lança o inventário. O botão 4 é o botão de acção principal, o 6 serve para dar cambalhotas no chão e virar 180º, enquanto que o botão 8 serve para sacar/guardar as armas e o 9 para controlar a câmara. Com os botões tão próximos uns dos outros, dominar os controlos nesta versão do Tomb Raider é então um desafio acrescido.

Visualmente é um jogo impressionante para o sistema, apesar da sua resolução predominantemente vertical

Visualmente é um jogo com um 3D impressionante para um sistema portátil de 2003 e tal como referi acima, o jogo contém integralmente todos os níveis com um nível de detalhe muito próximo aos originais, embora naturalmente corra numa resolução consideravelmente menor. Tudo isto num cartucho de pouca capacidade, pelo que alguns sacrifícios tiveram de ser feitos. As cut-scenes em FMV foram todas substituídas por paredes de texto ou pequenos clipes com o próprio motor do jogo, a música não existe, assim como practicamente todos os clipes de voz. Muitos dos efeitos sonoros originais estão presentes no entanto, como o som dos passos de Lara, os rugidos dos animais e claro, o ruído das armas que disparamos.

Muita exploração subaquática à nossa frente!

Portanto apesar de ser uma versão do jogo não muito agradável de se controlar devido à arquitectura do próprio N-Gage, esta versão do Tomb Raider não deixa de ser um lançamento imponente para um sistema portátil. É que ainda demoraram alguns anos até a Playstation Portable chegar ao mercado e apresentar algo com uma qualidade similar ou superior! Esta versão contém algum conteúdo extra que não cheguei a explorar como uma vertente online que é uma espécie de speedrun nalguns níveis específicos e onde a comunidade do extinto N-Gage Arena competia pelos melhores tempos possíveis.

Tomb Raider: The Last Revelation (Sega Dreamcast)

Mais uma super rapidinha, agora que terminou aquela semana de férias onde estive mesmo fora de casa e não deu mesmo para jogar nada. Segue-se no entanto uma outra semana de férias onde ficarei por casa e planeio recuperar todo o tempo perdido! Para já ficamos então por este brevíssimo artigo onde vos falarei deste Tomb Raider: The Last Revelation para a Dreamcast, pelo menos sobre as suas diferenças perante a versão da PS1 que é a que já tinha jogado antes. O meu exemplar veio de um bundle de Dreamcast que comprei recentemente numa loja nacional.

Jogo com caixa, manuais e papelada diversa

Esta versão da Dreamcast sai uns meses após o lançamento original de PC e PS1 e, salvo erro, é uma conversão que não deixa nenhum conteúdo de fora. A nível de controlos há no entanto algumas diferenças devido ao comando da Dreamcast possuir menos botões que o da PS1, pelo que para algumas acções específicas precisaremos de pressionar mais que um botão em simultâneo, como é o caso da acção para atirar flares, que requer pressionar os triggers L e R em simultâneo. Um aspecto que sinceramente já não me recordo como era implementado na Playstation é precisamente a questão do movimento. Aqui o analógico da Dreamcast é usado para Lara andar a passo, enquanto o d-pad é usado para Lara correr (existe ainda um botão de sprint temporário). Sinceramente eu teria trocado as funções de ambos!

Mais polígonos, texturas de melhor qualidade, uma maior resolução, melhores efeitos de luz e sombras realistas são as grande diferenças entre a versão DC e PS1

De resto a grande diferença desta versão Dreamcast para a da PS1 é mesmo a sua performance a nível gráfico. Não só o jogo pode correr numa maior resolução, como os seus assets utilizados possuem mais qualidade. Há mais polígonos no ecrã, a draw distance é consideravelmente superior, os efeitos de luz são diferentes e acima de tudo a maior diferença são mesmo as sombras que são agora bem mais realistas. Isto não existe sequer na versão PC!

Portanto esta versão do Tomb Raider: The Last Revelation é tecnicamente uma versão bastante superior quando comparada com a versão Playstation. Ainda assim não deixa de ser um jogo que eu já não gostei tanto quanto os seus predecessores: a fórmula começava a dar os seus sinais da idade, os níveis são cada vez mais confusos e labirínticos, o que num jogo já por si menos linear (o que até era bom em teoria) torna a experiência um pouco mais frustrante.

Fighting Force (PC)

Desenvolvido pelas mesmas mentes por detrás do Tomb Raider, este Fighting Force começou por ser originalmente concebido para ser um Streets of Rage em 3D. No entanto a Sega acabou por não dar luz verde ao projecto (apostando antes no Die Hard Arcade), pelo que a Core não desistiu da sua ideia, transformando o jogo neste Fighting Force que aqui vos trago, cujo foi lançado para as principais plataformas da época, excepto a própria Sega Saturn, claro. Aparentemente o desenvolvimento da versão Saturn foi levado até bastante tarde, mas algures em 1997 o seu lançamento acabou por ser cancelado. O meu exemplar foi comprado algures em Setembro de 2017 na feira da Vandoma no Porto por cerca de 3€.

Jogo com big box, jewel case, manuais e papelada

A história leva-nos ao “futuro”, poucos anos após o virar do milénio. Um poderoso e influente cientista acreditava piamente no apocalipse que aconteceria no ano 2000, mas quando chega essa fatídica altura e nada acontece, decide forçar esse evento por suas próprias mãos, recorrendo para isso ao seu poderoso exército. Mas claro, 4 pessoas (2 homens e 2 mulheres de origens e profissões distintas) decidem resistir e colocar um travão no Dr. Dex Zeng.

Este é então um beat ‘em up em 3D, dos primeiros que tentou mesmo transportar esse género para os gráficos em 3D poligonal. Infelizmente não é um jogo que tenha envelhecido muito bem, mas sinceramente não o acho assim tão mau. Os controlos consistem em usar as setas do teclado para o movimento, mais outras teclas para socos, pontapés, saltar, correr e agarrar/atirar inimigos. Cada personagem possui diferentes golpes, incluindo um special único, que por sua vez nos retira um pouco da barra de vida de cada vez que os usemos. No que diz respeito às personagens em si, a Mace Daniels e Hawk Manson são as mais balanceadas, o Smasher é um brutamontes super poderoso mas lento, enquanto que a Alana é a mais ágil mas mais fraca fisicamente. Tal como era habitual nos beat ‘em ups das gerações de consolas anteriores, poderíamos apanhar armas, seja ao “roubá-las” aos inimigos que as carregassem, ou depois de destruir objectos que as escondiam. Para além de armas, poderemos também encontrar outros itens como dinheiro que nos dão pontos adicionais, ou medkits ou comida que nos regenerem parcialmente a nossa barra de vida.

Começamos por escolher que personagem queremos representar, sendo que cada um possui diferentes atributos e golpes especiais

E estes são os básicos do Fighting Force. Não o considero um jogo mau tendo em conta a época em que foi lançado e o que a Core Design tentou aplicar aqui. Mas eis os pontos onde acho que o jogo envelheceu pior: o jogo é bastante repetitivo e a decisão de ter uma câmara mais dinâmica não é a melhor, visto que não a podemos controlar, mas vamos por partes. Os níveis são maioritariamente arenas grandes, sejam grandes corredores, ruas ou pátios. Ocasionalmente teremos de partir portões ou paredes para progredir nos mesmos, mas na sua maioria acabam por se tornar níveis monótonos e algo vazios, com grupos de 3, 4 inimigos a surgirem consecutivamente até que o nível termina quando os derrotamos a todos. Existe no entanto um factor que aumenta a longevidade do jogo, pois em pelo menos dois momentos temos de decidir qual dos 3 caminhos disponíveis seguir, resultando em alguns níveis que apenas poderemos visitar numa outra partida. Já a escolha da câmara mais dinâmica também acho que não resulta, pois por um lado não a podemos controlar, por outro volta a vir o tema dos níveis serem amplos, porém vazios. Nas eras 8 e 16bit já tivemos inúmeros beat ‘em ups que, apesar de serem inteiramente em 2D, nos davam a liberdade de mover em 3D pelas ruas, com uma câmara naturalmente fixa. Creio que se tivessem seguido esta abordagem poderiam ter apostado mais em enriquecer os cenários. É que comparado com o Dynamite Deka/Die Hard Arcade, lançado um ano antes nas arcades, esse jogo é bem mais dinâmico e divertido!

Apesar dos cenários serem algo vazios, temos muita coisa para destruir se assim o entendermos. Para além de nos darem mais pontos, por vezes escondem itens regenerativos ou armas que podemos usar no combate

No que diz respeito aos gráficos, as personagens e cenários são totalmente renderizados em 3D poligonal. As personagens e itens possuem um detalhe gráfico bom quanto baste para a época, já os cenários acho que poderiam por vezes ser um pouco mais aprimorados, como já referi acima. Nada de especial a apontar aos efeitos sonoros, já a banda sonora, apesar de a mesma até ser moderadamente eclética, apresentando-nos algumas músicas electrónicas ou rock, acho que a mesma poderia e deveria ser um pouco mais enérgica para um jogo deste tipo.

Sabem o que não pode faltar num beat ‘em up? Níveis em elevadores. Aqui temos pelo menos dois!

Portanto este Fighting Force é um jogo que envelhece um pouco mal com o decorrer dos anos pelas razões que mencionei dois parágrafos acima. No entanto não o considero um mau jogo de todo e, fanboy da Sega como sou, gostaria que a versão Saturn tivesse visto a luz do dia. O jogo teve um sucesso comercial considerável, com uma versão para a Nintendo 64 a sair já em 1999, meros meses antes da sua sequela, Fighting Force 2 ter saído para a Playstation e Dreamcast. E ora cá está mais um jogo com má fama, que planeio jogar em breve e tirar isso a limpo.