Data East Classic Collection (Super Nintendo)

Tempo de voltar a trazer um lançamento after market aqui ao blogue. Lançado pela retro-bit, esta Data East Classic Collection é uma compilação de 5 jogos que foram originalmente produzidos pela Data East e lançados para a Super Nintendo/Super Famicom durante os anos 90. Apesar de não ser, a meu ver, a melhor selecção de títulos da Data East disponíveis para esta consola, o seu ponto forte é a inclusão de muitos jogos que nunca chegaram a sair em solo europeu, e uns quantos que é a primeira vez que saem no ocidente como um todo. O meu exemplar veio de uma loja francesa algures no passado mês de Dezembro, tendo-me custado quase 30€. Este artigo será então um conjunto de rapidinhas dos 5 jogos aqui incluídos.

Jogo com caixa, manual e autocolantes

O primeiro é o Fighter’s History, um jogo de luta muito influenciado por Street Fighter II. Na verdade é quase um clone: o jogo utiliza os mesmos controlos de 3 botões de socos e outros 3 de pontapés, golpes especiais despoletados da mesma forma e até elementos visuais como o fundo azul com os retratos de cada lutador entre cada combate são muito idênticos ao de Street Fighter II. Tanto que a Capcom até processou a Data East por violar os seus direitos de autor, embora a Data East tenha conseguido vencer o processo.

Fighter’s History é um clone descarado de Street Fighter II em muitos aspectos. Até na qualidade!

E este acaba por ser então um bom clone de Street Fighter II, com 9 personagens jogáveis bem distintas entre si (embora não tenham o mesmo carisma que o elenco da Capcom) mais dois bosses sendo que o último é nada mais nada menos que Karnov, uma personagem já conhecida da Data East de outros videojogos. A jogabilidade é boa e graficamente também foi um jogo que me impressionou pela positiva, por ter alguns cenários bem detalhados, coloridos e com bonitos efeitos de parallax scrolling. Foi uma boa surpresa e a Data East não se ficou por aqui, lançando nos anos seguintes mais duas sequelas, incluindo a que irei mencionar já de seguida.

Este segundo Fighter’s History continua com uma boa jogabilidade e boa apresentação audiovisual no geral

A primeira sequela foi o Karnov’s Revenge, lançada desta vez para a Neo Geo e com uma jogabilidade ligeiramente modificada, passando do esquema de 6 botões tradicional do Street Fighter para 4 botões. No ano seguinte sai em exclusivo para a Super Famicom no Japão o Fighter’s History: Mizoguchi Kiki Ippatsu que está também aqui incluído. Usa o mesmo esquema de 4 botões de ataque (dois para socos e outros dois para pontapés) e continua a ser um jogo de luta bem competente, com vários novos modos de jogo. O principal é o Mizoguchi, um modo história onde somos obrigados a jogar com a personagem de mesmo nome. Este está repleto de cutscenes em japonês entre cada combate, pelo que não se entende muito bem o que se está para ali a dizer. Temos também um modo de jogo similar ao tradicional arcade e versus para 2 jogadores. Para além disso, dentro do menu “extra” temos dois modos de jogo adicionais: um tag que nos permite entrar em combates do género tag team com até 4 jogadores em simultâneo e um survival que é na verdade uma espécie de team battle onde são formadas equipas e os combates terminam quando uma das equipas tiver sido completamente derrotada, como nos King of Fighters clássicos.

No menu extra vemos alguns modos de jogo adicionais que a Data East decidiu incluir

Este segundo Fighter’s History aqui introduzido é também um jogo com uma boa jogabilidade e uma boa apresentação audiovisual. Temos uns quantos novos personagens e pessoalmente até prefiro as sprites novas que as anteriores. Apesar de ligeiramente mais pequenas, têm melhores animações e detalhe no geral. As arenas já têm um resultado algo misto. Algumas ficaram muito boas, cheias de detalhe, animações e bonitos efeitos de parallax scrolling tal como no primeiro jogo, já outras são bem mais simples. Nada de especial a apontar à música que é agradável, assim como os efeitos sonoros e vozes digitalizadas. Pena no entanto que este jogo não tenha sido traduzido, pois gostava de ter entendido melhor o que estava para ali a acontecer no modo história.

A versão SNES do Magical Drop nunca saiu do Japão, no entanto neste cartucho foi completamente traduzida!

Mencionei a questão da tradução porque os próximos dois jogos tiveram esse mimo. O primeiro é o Magical Drop, um jogo de puzzle também com as suas origens nas arcades. Recebeu conversões para vários sistemas ao longo dos anos, mas apenas a versão Gameboy Color teve um lançamento físico no ocidente. A versão SNES foi no entanto traduzida nada mais nada menos pelo pessoal da Aeon Genesis, agora também com um projecto profissional chamado de Time Capsule Games, pelo que a poderemos jogar em inglês neste cartucho. É um puzzle game, não há muito para traduzir, mas não deixa de ter sido uma óptima ideia e só tenho pena que não tenham traduzido também o Fighter’s History acima mencionado.

Magical Drop é um jogo colorido e bem viciante!

Em relação ao jogo em si, pensem numa espécie de Puzzle Bobble/Bust-A-Move, com uma série de balões coloridos a surgirem no tecto e em baixo controlamos uma personagem que pode puxar e atirar esses balões numa linha vertical. A ideia será então reorganizar os balões de forma a que se forme uma linha vertical de pelo menos 3 da mesma cor. Quando isso acontece, esses 3 balões explorem, assim como todos os da mesma cor que lhes forem adjacentes. É um jogo que mesmo sozinhos se joga num esquema de versus contra outra personagem pelo que quanto melhor for a nossa performance e mais combos conseguirmos executar, mais “lixo” mandamos para o ecrã do nosso oponente e o contrário também pode acontecer. Se um balão ou mais atravessar a linha inferior, essa personagem perde o jogo. Em suma é um puzzle game simples e divertido, com vários modos de jogo como o modo história para cada personagem, um versus para 2 jogadores, um modo endless e um modo puzzle onde com um número prédeterminado de movimentos teremos de limpar o ecrã de todos os balões. As músicas não são nada de especial, mas o jogo é muito colorido e bem detalhado.

O segundo Magical Drop inclui bem mais personagens jogáveis, novos modos de jogo e uns audiovisuais bem melhores que os do seu antecessor

Segue-se então o Magical Drop 2 que é uma sequela do jogo anterior e usa as mesmas mecânicas de jogo, tendo no entanto novas personagens jogáveis. No que diz respeito aos modos de jogo temos na mesma o modo história, o endless, puzzle e battle mode. O puzzle é diferente na medida em que já não temos um número limitado de movimentos para limpar o ecrã, mas sim somos encorajados a fazê-lo no mínimo tempo possível. Já o battle mode possui diversos sub-modos de jogo como o versus tradicional, ou um modo time attack, por exemplo. Visualmente é um jogo ainda mais colorido, bem detalhado e animado e a banda sonora é também amplamente superior à do primeiro. Diria sem dúvidas que é a versão a jogar!

Quando o jogo nos sugere um certo buraco ou bola devemos tentar seguir essa sugestão para amealhar mais pontos

Por fim temos o Side Pocket, um jogo de bilhar e o único desta compilação que tinha chegado a sair na Europa. Apesar de o original arcade ter sido desenvolvido pela Data East, a versão que aqui temos foi uma espécie de remake trabalhado pela Iguana. Dispomos de vários modos de jogo, como o Pocket Game que pode ser jogado sozinho ou contra um amigo, bem como o 9-Ball que poderá também ser jogado com um amigo. O Pocket Game é o principal modo de jogo, onde teremos de percorrer várias cidades norte-americanas e vencer uma série de desafios. O objectivo em cada partida é o de encaixar todas as bolas nos buracos do bilhar, tendo em conta que cada vez teremos um objectivo maior de pontos para avançar para o nível seguinte. Ganhamos pontos adicionais se conseguirmos encaixar bolas na sua sequência numérica, se as conseguirmos encaixar seguidas sem falhar jogadas ou se conseguirmos meter alguma bola no buraco que o jogo eventualmente indica. Depois dessa partida ainda poderemos vir a ter alguns desafios adicionais antes de avançar para a cidade seguinte, como encaixar algumas bolas sem partir copos de vidro que estejam espalhados pela mesa.

Os desafios são bastante exigentes e obrigam-nos a usar soluções criativas

A jogabilidade é simples, permitindo-nos escolher a direcção da tacada, a sua potência bem como em qual zona da bola queremos atingir, podendo inclusivamente lançá-la com alguns efeitos, que serão necessários para algumas das jogadas mais complexas. É um jogo que irá exigir uma práctica considerável pois alguns desafios não são fáceis e os limites impostos pelo modo de jogo normal serão cada vez mais elevados. Para quem gosta desse desafio temos ainda o modo de jogo Trick Shot que consiste nisso mesmo: um conjunto de desafios cada vez mais difíceis e que os teremos de completar com uma única tacada. De resto este é um jogo visualmente agradável, apesar de simples e com uma banda sonora muito relaxante à base de melodias jazz e que resultam lindamente no chip de som da Super Nintendo.

Portanto estamos aqui perante uma interessante compilação de vários títulos da Data East. Pessoalmente gostaria de ver os Metal Max ou Joe and Mac (se bem que estes últimos já receberam uma compilação similar da retro-bit), mas temos aqui uns quantos bons jogos. Os Fighter’s History, apesar de não trazerem nada de muito novo são bons jogos de luta, assim como os Magical Drop que são óptimos puzzle games e têm ainda o bónus das suas versões aqui incluídas terem sido integralmente traduzidas para inglês. O Side Pocket é também um jogo interessante, sendo o único que já tinha sido lançado originalmente em solo europeu.

Captain Silver (Sega Master System)

Lançado numa altura em que a Sega ainda estava a suportar a Master System inteiramente sozinha, Captain Silver é um jogo original da Data East, que havia sido lançado originalmente em 1987 nas arcades. É um jogo de acção 2D sidescroller como muitos outros do seu tempo, mas este tem a particularidade de se focar em piratas. Curiosamente é também um jogo a versão Norte-Americana fica muito a perder comparativamente à que viemos a receber, tal como irei mencionar mais à frente. O meu exemplar foi comprado num lote a um particular, tendo-me custado algo em volta dos 12€ no passado mês de Novembro.

Jogo com caixa e manual

Ao contrário do que o seu nome indica, o jogo coloca-nos no papel de um pobre marinheiro que parte à procura dos tesouros de um tal capitão Silver. E este é um jogo de acção 2D sidescroller com controlos simples, com um botão para atacar com a espada e outro para saltar. Tal como muitos jogos arcade da época, os inimigos surgem de todos os lados e basta sofrermos um golpe para perder uma vida! No entanto vamos tendo também vários itens que poderemos apanhar para nos auxiliar a tarefa: os mais comuns são uma série de letras onde, de cada vez que formamos as palavras CAPTAIN SILVER ganhamos uma vida extra! Outros itens que podemos apanhar podem ter efeitos temporários como botas que nos deixam saltar mais alto, congelar o tempo limite para completar o nível ou mesmo um escudo que nos deixa sofrer um golpe apenas sem perdermos uma vida. Fadas aumentam-nos o poder da nossa espada permitindo disparar 1, 3 ou 5 estrelas em simultâneo de cada vez que ataquemos, mediante o número de espadas que tenhamos coleccionado.

A maior parte dos bosses que enfrentamos são sprites de médio porte, que permitem à Master System continuar a renderizar o ecrã de fundo

Todos as letras que apanhemos, quer contem para completar as palavras ou não, bem como moedas de ouro ou jóias que eventualmente encontremos servem para nos aumentar a pontuação. Pontuação essa que acaba por ser também a unidade monetária do jogo, pois poderemos descobrir e visitar uma série de lojas onde poderemos comprar um ou vários dos power ups que mencionei acima com os pontos que fomos amealhando. Temos é poucos segundos para tomar uma decisão, sempre que visitemos uma dessas lojas.

Os pontos que vamos amealhando podem ser gastos em certas lojas ao comprar diferentes power ups

A nível visual confesso que acho o jogo um pouco estranho. Por um lado é bem colorido e possui um nível de detalhe interessante quanto baste, por outro não gosto nada da direcção artística que o jogo possui. Alguns inimigos e bosses são simplesmente estranhos, outros cenários, como logo o do primeiro nível, não gostei do detalhe que foi dado à cidade que visitamos. Mas já a versão arcade é assim! Existe no entanto alguma variedade tanto nos cenários (cidade, navios, cavernas ou selvas) como nos inimigos, que tanto podem ser piratas, animais ou criaturas sobrenaturais e os bosses possuem um nível considerável de detalhe. Alguns possuem sprites grandes, mas não grandes o suficiente para que mantenham todo o detalhe dos níveis em plano de fundo, enquanto outros (como o dragão do nível 4 por exemplo) já são bem maiores, com o plano de fundo a transitar para uma única cor azul escura. A banda sonora sinceramente não achei nada de especial.

Apanhar fadas permite-nos activar um ataque de médio alcance, com estrelas a serem disparadas da nossa espada sempre que ataquemos

Portanto este Captain Silver é um jogo de acção que apesar de ser competente no que faz, sinceramente não me cativou assim tanto como estaria à espera. A direcção artística tomada para este jogo não é do meu gosto o que também não ajuda muito. Mas um detalhe interessante aqui a reter é a existência de versões distintas para os vários mercados. A primeira a sair foi naturalmente a japonesa, que inclui suporte ao FM Unit, um chip de som adicional que nunca chegou a ser lançado no ocidente. As versões americana e europeia foram ambas lançadas no ano de 1988, embora não tenha a certeza qual foi lançada primeiro. A diferença é que a versão europeia inclui o jogo na íntegra. A norte-americana encurta o número de níveis de 6 para 4, simplificando alguns dos outros níveis, menos inimigos e bosses e um ecrã de fim de jogo bem mais preguiçoso. Tudo isto para poupar custos, para que o jogo coubesse num cartucho de 1 megabit de capacidade (128KB) enquanto os lançamentos europeu e japonês foram lançados em cartuchos com o dobro da capacidade. É certo que a Master System nos Estados Unidos andava pelas ruas da amargura, mas não deixa de ter sido uma decisão infeliz por parte da Sega.

Robocop (Nintendo Entertainment System)

Vamos a mais uma rapidinha, desta vez para mais uma adaptação de filme para videojogo, algo que a certo ponto se tornou uma especialidade da britânica Ocean Software, em busca de ganhar mais umas coroas devido ao maior reconhecimento do produto por parte do público geral. A Ocean adquiriu os direitos para criar videojogos sobre o Robocop numa altura em que o filme estava ainda na sua fase conceptual. Entretanto, a Ocean sub-licenciou a nipónica Data East para produzir uma versão arcade, sobre a qual muitas das outras versões que saíram em seguida se basearam. Incluindo esta da NES, naturalmente. O meu exemplar foi comprado a um amigo meu no passado mês de Setembro por 5€.

Cartucho solto

O jogo segue muito levemente os acontecimentos do clássico filme de acção, que conta a história do surgimento de um cyborg super polícia, brutalmente eficaz na luta contra o crime, até que as coisas se complicam devido a uma conspiração que se vai formando. Nada disso interessa muito aqui, este é um jogo de acção 2D sidescroller com algumas semelhanças com os Contra, por exemplo. São ambos jogos difíceis, embora este não pelas melhores razões.

Tal como nos Castlevania temos escadas para subir ou descer da mesma forma. Os power ups do tipo P regeneram a barra de vida!

Portanto ao longo de 6 níveis iremos encarnar no papel de Robocop, onde teremos de limpar as ruas de Detroit de todo o crime. Bom, na verdade começamos pelas ruas de Detroit, mas tal como o filme iremos também explorar outros cenários como a Câmara Municipal, uma fábrica ou as instalações da mega corporação OCP. Os controlos são relativamente simples, com o D-Pad a servir para mover o cyborg, recolher objecto e até trocar de arma. Os botões faciais servem para dar socos ou disparar a arma de fogo que tenhamos equipada no momento. No entanto, nem sempre se podem usar as armas de fogo, pois como bom polícia que é o Robocop, não podemos colocar em risco a vida de inocentes. “Mas só há bandidos neste jogo” reclamam vocês e com razão, mas é o que é. Particularmente nos primeiros níveis vamos ter várias zonas onde usar armas de fogo é proibido e o seu botão serve então para dar socos também.

O segundo boss é de longe o mais interessante. Um bandido usa o presidente da câmara como refém e temos de disparar apenas na altura certa

Sendo este um jogo de origem arcade, é de esperar um grau de dificuldade algo elevado. E isso acontece porque para além de os inimigos surgirem de todos os lados e o Robocop não é propriamente a personagem mais ágil de sempre, os inimigos fazem respawn constante. Em baixo, à direita, temos uma barra de estado que nos apresenta várias informações. As barras T e P correspondem a Time e Power, a primeira vai-se esvaziando com o tempo, supostamente representando a carga das baterias do cyborg. A segunda esvazia-se sempre que sofremos dano. À medida que vamos jogando vamos encontrar diversos power ups como itens regenerativos (tanto de bateria como de armadura) ou outras armas que podemos vir a equipar. A arma que carregamos por defeito até tem uma boa taxa de fogo e possui munições infinitas, já as restantes possuem um número limitado de balas. À direita temos uma série de ícones que por vezes piscam. O primeiro, com a cara do Robocop, dá sinal sempre que estivermos perto de uma parede destrutível, que tanto pode representar um atalho, como acesso a alguns power ups como armas poderosas. O segundo, com a forma de um punho começa a piscar quando nos deparamos com algum inimigo ou obstáculo que apenas pode ser derrotado com os punhos. O terceiro é um radar que indica a presença de inimigos por perto e sinceramente é um bocado inútil pelas razões que já mencionei: os inimigos são bastante numerosos e com respawn infinito. O último alerta-nos para quando tivermos as baterias perto do fim, o que também é algo inútil pois temos essa indicação visual na barra de energia respectiva.

Entre cada nível vamos ter algumas pequenas cutscenes que apresentam os seus objectivos e/ou avançam na história

De resto, a nível audiovisual, este é também um jogo algo simples. Os cenários e inimigos não são lá muito detalhados, pecando pela reduzida palete de cores que a NES permite disponibilizar em simultâneo. Entre níveis vamos tendo pequenas cutscenes que vão progredindo a história e ocasionalmente alguns níveis de bónus, galerias de tiro que simplesmente nos aumentam a pontuação. As cutscenes até que estão bem detalhadas, apesar de se repetirem um pouco. No que diz respeito ao som, as músicas não são más de todo, mas pecam por existirem muito poucas. Iremos ouvir as mesmas duas músicas (nível e boss) ao longo de practicamente todo o jogo!

Portanto estamos aqui perante um jogo que, apesar de não ser mau de todo, também deixa um pouco a desejar na sua jogabilidade. Ainda assim o jogo foi um sucesso, tanto na arcade como nas restantes conversões produzidas para inúmeras plataformas diferentes. O filme recebeu algumas sequelas nos anos seguintes, cujas também tiveram direito a videojogos e também pela própria Ocean. Algumas versões do Robocop 2 ou Robocop 3 foram inclusivamente já trazidas aqui.

Winning Shot (PC-Engine)

Voltando à PC Engine e às rapidinhas a jogos de desporto, tempo agora de visitar este Winning Shot da Data East que é nada mais nada menos do que mais um jogo de golfe. Tal como os outros jogos de desporto que cá trouxe recentemente da PC-Engine, este veio de um bundle grandinho que importei directamente do japão, tendo-me ficado a menos de 5€ por jogo, já a contar com despesas de portes e alfândega.

Jogo com caixa e manual embutido na capa

Ora e este é um jogo de golfe muito simples, sempre com uma perspectiva vista de cima. Temos 3 modos de jogo, o Stroke, Match e Tournament. O primeiro leva-nos a jogar em 18 buracos onde o objectivo é o de terminar cada buraco com o menor número de tacadas. O Match pareceu-me ser um modo de jogo mais competitivo, buraco a buraco. Por fim temos o Tournament, que nos leva a percorrer os 18 buracos em 4 dias, com supostos prémios monetários envolvidos. Todos estes modos de jogo suportam multiplayer com um máximo de 6 jogadores, embora eu não o tenha experimentado.

Temos 6 golfistas que poderemos representar, cada um com diferentes características

Uma vez seleccionado o modo de jogo e qual jogador queremos representar (que por sua vez presumo que cada tenha características distintas), lá somos levados à área de jogo. Tal como referi esta é sempre apresentada numa perspectiva vista de cima e a jogabilidade é também simples. No ecrã, para além de um mapa em miniatura do circuito em questão, temos sempre informações como a direcção e intensidade do vento, a distância do buraco, ou o par de referência. Com essas informações em conta, poderemos também seleccionar qual o taco a usar, a zona da bola que queremos atingir, bem como a direcção da tacada. Uma vez definido tudo isso lá teremos aquela típica barra de energia dos jogos de golf, mas que aparece aqui de uma forma bastante simplificada, pois apenas nos temos de preocupar com a potência da tacada. A selecção do taco também me pareceu automática, embora nós possamos sempre mudar para um outro taco que achemos melhor e quando chegamos ao green, em vez da indicação do vento temos de ter em conta a indicação do declive do terreno. Mecânicas bastante simples, quando comparadas com muitos outros jogos do mesmo estilo.

Não sendo necessariamente um simulador, a interface é bastante intuitiva com toda a informação necessária bem visível

Visualmente é um jogo muito simples, onde os tons de verde são predominantes, existindo também os habituais pontos amarelos da areia e os azuis, alusivos a pequenos lagos ou cursos de água. São gráficos bastante simples, mas funcionais. As músicas não são nada de propriamente memoráveis, mas também não são desagradáveis. Um detalhe interessante é que a acção ocasionalmente vai sendo interrompida por uma espécie de emissão televisiva onde o seu apresentador vai dizendo coisas que estão inteiramente em Japonês logo não entendi nada, mas presumo que seja a comentar a nossa performance.

Ao contrário da maioria dos outros jogos de golfe da época, a barra de energia da tacada é interagida apenas uma vez para definir a potência

Portanto este Winning Shot é mais um dos vários jogos de golfe que chegaram até à PC-Engine/Turbografx-16. A sério, acho que só o baseball recebeu mais títulos! E apesar de este não ser um simulador, longe disso, até é bem mais simples que muitos outros jogos do género, não deixa de ser competente e até que dá para entreter para umas quantas partidas.

Captain America and the Avengers (Sega Mega Drive)

No final dos anos 80 e primeira metade dos anos 90, um dos géneros de videojogos mais famosos nas arcades eram os beat ‘em ups, inicialmente popularizados por séries como Renegade ou Double Dragon. Em 1989 tivemos o Final Fight que aliava uma jogabilidade muito fluída a gráficos incríveis. E com o lançamento de Teenage Mutant Ninja Turtles no mesmo ano por parte da Konami, mostrava também que este subgénero seria o ideal para transportar outro tipo de séries de acção para o mundo dos videojogos. A Data East não quis ficar de fora e lançou em 1991 este Captain America and the Avengers para as arcades. Nunca joguei essa versão, mas pelo menos do que vi em vídeos, pareceu-me ser bastante boa, quanto mais não seja pelos seus visuais muito detalhados. Eventualmente esse jogo foi também trazido para as consolas e, apesar dos sistemas 8bit terem recebido jogos muitos diferentes, as versões Mega Drive e Super Nintendo foram conversões do original arcade. O meu exemplar foi comprado algures há coisa de 2 anos atrás num bundle a um particular.

Jogo com caixa e manual

Ora eu não sou o maior conhecedor do universo Marvel, embora nos anos 90 e 00 tenha consumido uma boa quantidade de comics do Spider-Man e X-Men. Mas do lado do Capitão América e a sua equipa de Vingadores, muito pouco conheço. E nós aqui poderemos controlar tanto o Capitão América como outros super-heróis como o Iron Man e outros menos conhecidos para mim, o Vision e Hawk Eye. O objectivo é o de derrotar o vilão Red Skull que reuniu uma equipa de super vilões (mais nomes que nunca ouvi falar) para levar a cabo mais um plano diabólico de dominar o mundo. Podemos jogar sozinhos ou de forma cooperativa com um amigo, bem como temos ainda um modo treino, que é nada mais nada menos do que uma maneira de colocar 2 pessoas à pancada uma com a outra.

Aqui está a equipa dos Vingadores que poderemos controlar

E este é, na sua maior parte do tempo, um beat ‘em up. Tal como em muitos outros jogos do género, podemos saltar, atacar, agarrar inimigos e atirá-los uns contra os outros, bem como recolher vários itens e armas do chão, estas últimas que poderão ser usadas no combate. Já no que diz respeito aos controlos, o botão A serve para saltar, enquanto o B ou C servem para atacar, apanhar itens, inimigos e atirá-los. Mantendo um dos botões de ataque pressionados serve para defender. No entanto, todas as personagens possuem um ataque de longa distância (no caso do Capitão América consiste em atirar o seu escudo) e para desencadear esse ataque somos obrigados a pressionar os botões de salto e um dos de ataque em simultâneo. Ora a Mega Drive tem, por defeito, um comando de 3 botões. Porque não assignar essa acção ao botão C por exemplo? De resto o combate em si é algo aborrecido, não há grande variedade de golpes, nem dos inimigos que vamos defrontando. Mas há aqui um twist, para além dos segmentos de beat ‘em up, temos também uns quantos segmentos de shmup, onde teremos de abater tudo o que mexa e com direito a alguns bosses – com destaque para uma sentinela do universo X-Men. Não é propriamente um shmup de grande qualidade, mas ao menos aplaudo a variedade que esses segmentos introduziram.

Sendo um jogo inspirado em banda desenhada, naturalmente que vamos ver no ecrã muitos kraks, bams e afins

Mas vamos agora para os gráficos. Para além do pouco detalhe das personagens e as suas sprites algo pequenas, os níveis são também muito aborrecidos e pouco detalhados. É certo que não esperava que este jogo tivesse a mesma fidelidade gráfica do original arcade, mas a Mega Drive é certamente capaz de muito melhor. Mesmo o Streets of Rage 1, que não tem a mesma qualidade gráfica das suas sequelas, possui cenários muito mais detalhados do que o que aqui temos. Mas o facto de a Data East ter lançado isto num cartucho de 1MB (ainda muito comum nos padrões de 1992) é capaz de explicar muita coisa. Para terem uma noção o Streets of Rage 2 sai no mesmo ano, mas num cartucho com o dobro da capacidade. Por outro lado, no som, ao menos a banda sonora é boa! Não está no meu top, mas é seguramente muito melhor que os gráficos. Algo surpreendente também é a quantidade de vozes digitalizadas presentes no jogo (o que também deve explicar o porquê de os gráficos não serem tão bons). As vozes em si não são de muita qualidade, os diálogos por vezes até que são algo ridículos, mas ao menos estão lá. Um exemplo de um diálogo ridículo: Capitão América confronta um boss numa base inimiga em pleno espaço e pergunta “where’s the laser?“, ao que o vilão responde “Ask the police!“.

Não estava nada à espera mas temos aqui uns quantos segmentos de shmup

Portanto este Captain America acaba por se tornar num jogo que me desilude um pouco, não só pela sua jogabilidade que poderia ser mais madura, mas também pela pouca variedade de inimigos e gráficos muito pouco detalhados para o que a Mega Drive consegue fazer. A versão Super Nintendo é bem mais bonita é verdade, mas aparentemente possui ainda piores críticas pela comunidade do que esta. Não a joguei para atestar a veracidade dessas críticas, mas confesso que não fiquei com tanta vontade quanto isso.