Ace Attorney Investigations Collection (Sony Playstation 4)

Por fim, a colectânea que faltava! Lançada no ano passado, esta é também a primeira desta “colectâneas HD” da série Ace Attorney a receber um lançamento físico em território europeu, pelo que pela primeira vez não foi necessário importar, obrigado Capcom! Não sei porque é que apenas a PS4 recebeu o lançamento físico mas tudo bem. Esta colectânea inclui dois títulos lançados originalmente para a Nintendo DS, algures entre 2009 e 2011, com Miles Edgeworth como protagonista principal.

Jogo com caixa. Já nem ao trabalho se dão de incluir um folheto publicitário.

No que diz respeito à jogabilidade, na verdade nada muda assim tanto desde a introdução dos primeiros Ace Attorney. Apesar de Miles Edgeworth ser um procurador (advogado de acusação), vamos na mesma precisar de investigar cenas de homicídio, recolher provas e interrogar uma série de testemunhas, muitas vezes procurando contradições ou inconsistências nos seus testemunhos. Existem outros procuradores e detectives que competem connosco e muitas vezes as pessoas erradas acabam por ser suspeitas, pelo que o nosso trabalho muitas vezes até parece o de um advogado de defesa… de resto, todos os casos aqui retratados representam apenas todo o trabalho de investigação até um suspeito ser encontrado e a sua acusação ser formalizada, não chegando a entrar no processo de julgamento (salvo raras excepções).

Os raciocínios lógicos foram uma das pequenas coisas aqui introduzidas em ambos os jogos.

A outra diferença a nível de mecânicas de jogo é mesmo a maneira como exploramos os cenários. Enquanto nos restantes jogos da série toda a navegação é feita num sistema de menus, e os objectos poderiam ser inspeccionados/interagidos através de um cursor, agora podemos mesmo explorar cada sala livremente. À medida que vamos explorando e falando com pessoas, o Miles Edgeworth ficará também com algumas ideias soltas retidas na sua cabeça, cujas podem depois serem organizadas em linhas de raciocínio lógico para chegar a certas deduções. O segundo jogo desta compilação introduz também o Mind Chess, que é uma espécie de um confronto em modo debate, para obrigar certas testemunhas que estejam inicialmente relutantes em colaborar. Basicamente temos de escolher como reagir ao que o nosso oponente nos diz, dentro de um tempo limite.

O segundo jogo introduz também o Mind Chess, onde tentamos, através de diálogo, desarmar as defesas da pessoa que queremos interrogar

Tanto num jogo como no outro vamos tendo 5 casos de homicídio para resolver e tal como tem sido habitual nos restantes jogos da série Ace Attorney esses casos vão acabar por estar todos relacionados entre si e o segundo jogo acaba por ter também uma relação directa com o anterior, pelo menos no início. Uma das coisas que mais gostei no primeiro Miles Investigations foi o facto de, ao longo dos 5 casos, terem sido repescadas várias testemunhas bastante icónicas de jogos anteriores, como é o caso da velhota Oldbag, o trapalhão Meekins ou o chato do Larry Butz. No segundo jogo algumas personagens icónicas como o Larry ou a repórter Lotta marcam uma vez mais o seu regresso, mas a história continua interessante como um todo e as novas personagens Eustace Winner ou a juíza Verity Gavèlle até que se revelaram bastante interessantes. Temos aqui também uma pequena “viagem no tempo”, onde temporariamente controlamos o pai do Miles Edgeworth. Ambos os jogos desta compilação decorrem entre os primeiros dois jogos da trilogia que tem o Apollo Justice como uma das personagens principais.

Em ambos os jogos exploramos os cenários livremente. Temos também a possibilidade de alternar entre as sprites antigas da versão DS ou as redesenhadas em HD

De resto, a nível audiovisual não há muito a acrescentar aqui. Esta compilação HD tem todos os cenários e personagens redesenhados com um pouco mais de detalhe e resolução, embora confesso que não tenha gostado tanto do trabalho dos artistas envolvidos desta vez. São aqueles sorrisos com as bocas inteiramente brancas… mas é uma pequena coisa. Sendo este um jogo de aventura/visual novel não há muito que se possa esperar daqui, até porque ambos os lançamentos vieram originalmente da Nintendo DS. A banda sonora contém músicas bastante variadas e é agradável, mas nada que seja propriamente memorável. Em suma, tipicamente os jogos da série Ace Attorney sempre foram mais apreciados pelas suas histórias e casos de homicídio algo complexos, sempre com uma boa pitada de humor e estes não são excepção.

À medida que vamos avançando nos jogos, iremos também desbloquear alguma arte adicional

Como tem sido habitual nas restantes compilações HD que têm vindo a ser lançadas desta série, poderemos também desbloquear uma galeria que nos permite ver alguma arte e os modelos 2D das personagens envolvidas, bem como a banda sonora de ambos os jogos.

Tatsunoko vs. Capcom: Ultimate All-Stars (Nintendo Wii)

Tempo de voltar à Nintendo Wii para um dos poucos jogos de luta que a consola tem no seu catálogo, sendo este muito provavelmente o mais famoso até porque se mantém exclusivo do sistema. É mais uma das muitas entradas de jogos de luta crossover entre a Capcom e propriedades intelectuais de outras empresas, com esta parceria com a Tatsunoko a dar os seus primeiros frutos em 2008, com o lançamento do Tatsunoko vs. Capcom: Cross Generation of Heroes, que sai para a Arcade e Nintendo Wii, ambas exclusivas do mercado nipónico. Com um interesse alto por fãs no ocidente, a Capcom esforçou-se em obter as devidas licenças para que o jogo tivesse direito a um lançamento no resto do mundo e conseguiram-no, embora o jogo que tenhamos recebido seja algo diferente, sendo na verdade um update do anterior, agora intitulado de Ultimate All-Stars. O meu exemplar foi comprado numa Cash Converters algures em 2020, tendo-me custado uns 12€.

Jogo com caixa e manual

Tal como tem sido habitual nestes jogos de luta crossover da Capcom, a acção é bastante frenética e apesar do mesmo suportar controlos de movimento, fiz questão de nem sequer os experimentar e usei um classic controller, embora um comando de GameCube também seja suportado. Aqui o direccional ou analógico esquerdo é usado para movimentar a personagem que controlamos e os botões Y, X e A servem para golpes fracos, médios ou fortes, não havendo mais a distinção entre socos e pontapés. O jogo tem mecânicas de tag team, obrigando-nos a escolher equipas de dois lutadores e o botão B usado para chamar o nosso parceiro, seja só para um assist, ou seja, ataca e sai de cena, ou mesmo para substituir a personagem que controlamos anteriormente. A excepção a essa regra está no entanto entregue a duas personagens gigantes que não podem ser jogadas com mais ninguém, sendo ambos mechas, um do lado da Tatsunoko e outro do lado da Capcom, da série Lost Planet.

Apesar de não conhecer a maioria das personagens da Tatsunoko, as mesmas até que são divertidas e com uma boa variedade de golpes.

No que diz respeito às restantes mecânicas de jogo, a barra de vida dos lutadores possui duas cores possíveis, com a vida perdida, mas que ainda está realçada a vermelho pode ser recuperada lentamente caso esse lutador volte para a reserva. De resto temos também uma barra de special para cada equipa cuja vai aumentando à medida que vamos distribuindo pancada, podendo ir até um máximo de 5 níveis. Como é habitual, essas barras de energia poderão ser utilizadas para uma grande variedade de golpes especiais. Uma das técnicas exclusivas deste jogo são os Baroque Combos onde ao sacrificarmos a nossa barra de vida que esteja numa cor vermelha (ou seja, vida que poderíamos ainda recuperar), a personagem em questão fica temporariamente mais forte, podendo vir a desbloquear golpes e outros combos mais poderosos também.

Visualmente o jogo tem os seus momentos, apesar de eu preferir de longe que tivessem utilizado sprites em 2D bem detalhadas como na série Guilty Gear, por exemplo.

A nível de modos de jogo temos o arcade, que nos coloca a combater contra 7 oponentes aleatórios, culminando num combate contra um boss gigante, aparentemente retirado do Okami. O versus para 2 jogadores marca também aqui presença, assim como modos de sobrevivência e time attack, ambos algo comuns em jogos deste género. Um modo de treino está aqui também incluido e eventualmente poderemos também desbloquear um outro jogo: o Ultimate All-Shooters, um shooter 2D visto de cima, aparentemente decorrendo no desolado planeta da série Lost Planet. Ao ir jogando tudo isto poderemos desbloquear mais personagens secretas e ganhar dinheiro que pode posteriormente ser utilizado numa loja onde poderemos comprar alguns conteúdos adicionais como os modelos 3D das diferentes personagens e algumas peças de arte, que podem posteriormente ser observadas numa galeria.

Personagens gigantes, como é o caso deste robot da Tatsunoko não beneficiam do sistema de tagging

No que diz respeito aos audiovisuais, apesar da jogabilidade ser típica de um jogo 2D, o mesmo é todo renderizado em 3D, tanto nas suas personagens como cenários. As personagens são renderizadas num estilo algo de desenho animado e que de certa forma até me faz lembrar a técnica de cel-shading. No geral nem resulta mal, pois o jogo é tão frenético e as animações tipicamente são bastante boas, mas em certas aproximações notam-se bastante bem as suas imperfeições por serem modelos poligonais. Por isso continuo a preferir de longe os sprites 2D. Jogos como os Street Fighter III ou a série Guilty Gear já os faziam muito bem e com boas resoluções! E considerando que adoro a arte da capa do jogo, seria muito bom terem criado sprites 2D nesse estilo artístico. De resto o elenco de personagens até que é bem balanceado, embora eu não conheça quase nenhuma das personagens do lado da Tatsunoko, a não serem o Ken e Jun da série Gatchaman, cuja tenho memórias de ver em criança na TV portuguesa (e já agora quem se lembrar do nome da série em português agradeço!). Do lado da Capcom o elenco é curioso pois do universo Street Fighter apenas temos o Ryu, Chun-Li e Alex. As restantes personagens vêm de títulos variados como Darkstalkers, Rival Schools, Onimusha, Dead Rising, Lost Planet ou Viewtiful Joe. A série Mega Man é também, a par do Street Fighter, a mais representada do lado da Capcom, mas com personagens algo incomuns: o temos o Mega Man do Legends, a pequena Roll da série original ou o Zero como personagem desbloqueável. De resto, nada de especial a apontar ao som e a música é, como seria de esperar, bastante enérgica o que se adequa perfeitamente ao clima frenético das lutas.

Não esperava ver o tipo dos Dead Rising aqui, confesso.

Portanto este Tatsunoko vs Capcom é um jogo de luta bem competente e um dos exclusivos da Wii que ainda o permanecem ao fim de todos estes anos e visto que todas as licenças envolvidas na distribuição deste jogo em mercados fora do japonês, é bem possível que este jogo permaneça um exclusivo da consola por muitos mais anos também. Esta edição Ultimate All-Stars apesar de ter novas personagens jogáveis, perde no entanto algum conteúdo que havia sido introduzido na versão Wii do Cross Generation of Heroes. Para além de uma personagem da Tatsunoko não ter sido aqui incluída (talvez por questões de licenciamento), foram também cortados vários mini-jogos que poderiam ser desbloqueados, assim como vários clipes de vídeo ou arte, o que é pena.

Darkwing Duck (Nintendo Game Boy)

Vamos voltar uma vez mais à mítica Nintendo Game Boy para mais um excelente jogo de plataformas da Capcom, desta vez uma adaptação de mais uma série animada da Disney, o Darkwing Duck. E tal como foi no caso do Duck Tales, esta é também uma conversão de lançamento originalmente lançado para a NES, mas neste caso ainda não tenho a versão de NES na colecção. O meu exemplar foi comprado num leilão online algures no passado mês de Novembro.

Cartucho solto

Aqui controlamos o tal super herói da Disney no seu combate contra os bandidos dos F.O.W.L. que têm andado sempre a aprontar coisas não muito boas pela cidade. Um dos aspectos que vemos logo à partida é o facto de o jogo não ser linear, dando-nos a liberdade de escolher a ordem pela qual queremos atacar os níveis. São 7 níveis ao todo, com dois conjuntos de 3 níveis dos quais poderemos escolher a ordem. Uma vez todos completos, lá desbloqueamos o último nível. De resto, a nível de jogabilidade este é também um óptimo jogo de plataformas, na medida em que nos vamos poder “pendurar” em certos objectos dos cenários e assim ir ultrapassando os desafios de platforming que nos vão surgindo. Para além disso, à medida que vamos avançando no jogo poderemos também desbloquear e equipar diferentes armas com efeitos bem variados entre si.

Lembro-me bem de ver esta série animada durante os anos 90, pelo que a nostalgia bateu forte aqui!

Mas começando pelos controlos, o botão A salta e o B dispara a nossa arma. Já o direccional, para além de movimentar o Darkwing Duck pelo ecrã, tem também outros usos: ao pressionar para baixo faz com que o herói se agache, já pressionar a direcção de cima faz com que o pato se embrulhe na sua capa, permitindo assim que nos defendamos da maioria dos projécteis inimigos. De resto o botão start pausa a acção, enquanto o select é usado para equipar a arma especial que tenhamos equipado. Por defeito a nossa arma normal possui munições infinitas, no entanto poderemos encontrar outras armas como o heavy gas, que lança um projéctil grande em forma de arco e causa dano splash. O thunder gas dispara dois projécteis em simultâneo nas duas diagonais e por fim temos também o arrow gas, que dispara flechas que para além de causarem bastante dano, as flechas podem também ser usadas como plataformas temporárias. Esta é de longe a melhor arma, mas também a que gasta mais munições. De resto poderemos encontrar também munições extra, itens que nos regenerem a barra de vida, vidas extra ou simplesmente mais pontos.

Cada conjunto de 3 níveis pode ser jogado de forma independente

Visualmente é um jogo bastante competente para uma Game Boy clássica. Os níveis, apesar de serem todos urbanos, vão sendo algo variados entre si e para além disso as características primitivas desta portátil foram aproveitadas da melhor forma. Isto porque as sprites possuem o tamanho certo, um bom nível de detalhe e os cenários também vão sendo bastante nítidos, não havendo grandes dúvidas se existem falsas plataformas ou não. A banda sonora é também bastante agradável, possuindo melodias orelhudas com aquele chiptune bem característico da NES e Game Boy.

Para além de ser um óptimo jogo de plataformas e com interessantes mecânicas de jogo, é também um título bem bonito para a portátil da Nintendo.

Em suma este é mais um excelente jogo de plataformas por parte da Capcom e ainda mais vontade me deu para um dia jogar a versão original de NES. Acredito que existam algumas diferenças no design dos níveis entre ambas as versões, mas uma coisa que mudou foi mesmo a maneira como os saltos são executados nesta versão, obrigando-nos a manter o botão de salto pressionado durante todo o salto, caso contrário o pato cai imediatamente.

Capcom Fighting Jam (Sony Playstation 2)

Vamos voltar à Playstation 2 para mais uma adaptação de um jogo de luta em 2D, desta vez um título da Capcom que passou despercebido a muita gente. Lançado originalmente nas arcades em 2004, o jogo acabou por receber conversões para a Playstation 2 e Xbox, no mesmo ano ou em 2005, dependendo da plataforma e região. O meu exemplar foi comprado numa Cash Converters algures em 2018, mas já não me recordo de todo quanto terá custado, mas seguramente não foi um jogo caro.

Jogo com caixa, manual e papelada

A ideia deste jogo é, uma vez mais, a de misturar lutadores de vários jogos da Capcom, mas ao contrário de outros títulos como a série Marvel vs Capcom, aqui cada lutador herda as mesmas mecânicas de jogo do título de onde se insere. Poderemos então jogar com personagens retiradas do Street Fighter II, Street Fighter III, Street Fighter Alpha, Darkstalkers e do Red Earth, um interessante beat ‘em up exclusivo arcade do qual sinceramente eu nunca tinha ouvido falar. Apesar de vários jogos aqui envolvidos, o elenco até que é algo reduzido com 4 personagens de cada título. Do SF II temos Ryu, Guile, M. Bison e Zanguief, enquanto que do SF Alpha temos o Guy (do Final Fight também), bem como as meninas Karen, Rose e Sakura. Do Darkstalkers temos o Anakaris, Demitri, Felicia e Jedah. O Street Fighter III traz-nos Alex, Chun-Li, Urien e Yun (que precisa urgentemente de uma roupa interior melhor). Por fim o Red Earth traz-nos Leo, um leão antropormófico, Hauzer, um réptil gigante, Hydron, uma estranha criatura marítima e Kenji, um ninja. Sim, ficaram de fora personagens como Sagat, Ken ou Morrigan, se bem que muitas delas aparecem em plano de fundo nas arenas. Ingrid é uma personagem inteiramente nova e que costuma surgir como um boss intermédio e como bosses temos o Pyron de Darkstalkers e o Shin Akuma como boss secreto. A nível de modos de jogo as coisas são super simples, com o arcade, versus para dois jogadores e um modo de treino.

O elenco de personagens (incluindo as 3 desbloqueáveis) é mais pequeno do que se imaginaria

Convém também mencionar que os combates são sempre de dois contra dois, mas sem mecânicas de tag, o objectivo é o de derrotar ambos os oponentes. Mas então a nível de mecânicas como é que isto funciona mesmo? Ao contrário de títulos como os Capcom vs SNK onde todas as personagens poderiam assumir estilos de jogabilidade distintos, aqui estão mesmo presas ao seu jogo de origem. As personagens do Street Fighter II possuem mecânicas baseadas no Super Street Fighter II Turbo, onde os personagens possuem apenas um nível da barra de special, podendo executar Supers quando a mesma estiver no máximo e não podem bloquear golpes aéreos nem usar dash. As personagens do Darkstalkers podem acumular 3 níveis na sua barra de special e executar diversos tipos de combos e golpes poderosos (sinceramente nunca explorei muito esta série). No caso das personagens retiradas do universo Street Fighter Alpha, parecem herdar mecânicas similares às do SFA2 com os seus custom combos. As personagens de Street Fighter III herdam os super arts e a habilidade de parry, já as de Red Earth usam mecânicas novas. Basicamente a sua barra de special assim que estiver cheia pode ser usada para evoluir as personagens e torná-las mais fortes, para além de poderem também serem utilizadas para despoletar alguns golpes especiais. Estas personagens têm também uns blocks poderosos que não consomem energia. Bom, sinceramente eu apenas jogo estes jogos de forma mais casual e todas estas diferentes mecânicas não me fizeram grande diferença, mas compreendo a frustração de fãs que achem o jogo pouco balanceado neste aspecto.

As personagens de Red Earth são gigantes e muito bem detalhadas

A nível audiovisual este jogo é também um saco cheio de misturas. Os cenários são variados entre si, todos eles 2D embora por vezes com um aspecto mais realista e repletos de personagens da Capcom a assistir às lutas, já que não tiveram lugar no elenco final. Já as personagens em si, o resultado final é misto, algo que já se viu várias vezes nos jogos versus da Capcom. As sprites das personagens do Dark Stalkers, Street Fighter Alpha e algumas do Street Fighter II são de menor resolução, com a excepção do Ryu que usa a sprite do Capcom vs SNK 2. Já as do Street Fighter III e Red Earth, jogos desenvolvidos originalmente num hardware superior apresentam muito melhor detalhe. Não que as outras sejam más, mas há uma notória diferença de qualidade. Outra pequena coisa que não gosto muito e a Capcom já o fez antes é o facto de alguns dos projécteis de energia ou explosões já não serem sprites 2D como nos títulos originais, mas sim efeitos gráficos. A banda sonora é no entanto bastante agradável, contendo várias músicas com uma toada mais rock como eu bem gosto!

As diferentes barras de special não é por acaso. As personagens de cada jogo/série possuem diferentes mecânicas!

Portanto este Capcom Fighting Jam é um interessante jogo de luta da Capcom que junta várias personagens de diferentes universos dentro da gigante nipónica. Mas para além de juntar personagens de diferentes séries/jogos, as mesmas herdam também exclusivamente mecânicas dessa série. Essa decisão foi algo que não agradou aos fãs pois deixaram várias personagens muito pouco balanceadas entre si, para além do facto de o elenco de personagens jogáveis (e desbloqueáveis) ser consideravelmente curto quando comparado com outros jogos versus da mesma época.

Apollo Justice: Ace Attorney Trilogy (Sony Playstation 4)

Nas últimas semanas voltei à série Ace Attorney da Capcom para jogar mais uma das compilações que têm vindo a sair nos últimos anos para vários sistemas actuais. Esta compilação em específico foca-se na segunda trilogia Ace Attorney, com o jovem advogado Apollo Justice (e não só) como um dos principais protagonistas. Visto que o primeiro dos jogos desta trilogia, o Apollo Justice: Ace Attorney, lançado originalmente ainda para a Nintendo DS, é um jogo que já tinha jogado no passado, irei-me focar nos dois títulos restantes, assim como algum eventual conteúdo adicional aqui incluído.

Compilação com caixa, folhetos e disco

Independentemente dos jogos aqui incluídos nesta compilação, as mecânicas de jogo base são as mesmas de sempre para esta série. Nós encarnamos então num advogado de defesa (ou mais visto que a equipa de Phoenix Wright vai aumentando) com o objectivo de ilibar o nosso cliente de acusações de homicídio. Cada caso está tipicamente dividido em duas fases distintas, que poderão ou não acontecer mais que uma vez: investigação e julgamento. Na primeira teremos de explorar vários cenários (tipicamente os locais do crime) e falar com diversas pessoas, em busca de provas e/ou testemunhos que possam ilibar o nosso cliente e revelar o verdadeiro culpado por detrás dos crimes. Na fase dos julgamentos, vamos debater com os procuradores da acusação e questionar testemunhas, em busca de contradições e inconsistências nos seus testemunhos, uma vez mais para ilibar o nosso cliente e encontrar o verdadeiro culpado.

O Dual Destinies introduz-nos uma nova personagem a juntar-se à equipa de Phoenix Wright e Apollo Justice

Assim sendo, o segundo título desta compilação é o Phoenix Wright: Ace Attorney – Dual Destinies, lançado originalmente em 2013 para a Nintendo 3DS (e que nunca havia chegado a ser lançado em formato físico no ocidente nesse sistema). A grande novidade diria que está na inclusão de mais uma personagem para a equipa de Phoenix Wright, a jovem advogada Athena Cykes, que por sua vez nos traz algumas novas mecânicas de jogo. Enquanto o Phoenix tem a habilidade de usar uma magatama para conseguir identificar que pessoas lhe estão a esconder coisas, o Apollo tem a habilidade de analisar linguagem corporal e assim identificar quando as pessoas estão a mentir, a Athena tem também algo de novo. Para além de advogada, Athena estudou também psicologia e visto que tem um sentido de audição extremamente apurado, ela consegue então sentir discrepâncias entre o tom de voz das pessoas e aquilo que estão na realidade a sentir. Durante os julgamentos iremos colocar isto à prova várias vezes, em busca de contradições e inconsistências entre os testemunhos e aquilo que eles realmente sentem. A outra novidade está na inclusão de vários DLCs no lançamento original de 3DS e que estão felizmente incluídos nesta compilação. Para além de roupas extra para as personagens principais, existe também um novo caso para jogar e que, apesar de não ter ligação directa com a história principal que se vai desenrolando nos 5 casos normais, este até que acabou por ser uma boa surpresa. É que vamos ter de provar a inocência de uma orca no assassinato de um dono de um parque aquático!

Athena tem formação em psicologia e teremos de usar os seus talentos para procurar inconsistências entre os testemunhos e os sentimentos que realmente experienciaram

O terceiro jogo desta trilogia é o Phoenix Wright: Ace Attorney – Spirit of Justice também lançado originalmente para a 3DS em 2016 e tal como o seu percursor, o lançamento físico havia-se ficado apenas pelo Japão! Phoenix Wright viaja para o longínquo e exótico país de Khura’in a fim de visitar a sua amiga Maya Fey (sua assistente na primeira trilogia) que lá se encontrava a treinar para se tornar a líder do seu clã, enquanto Apollo e Athena permaneceram em casa. Khura’in é um lugar exótico nos costumes dos seus habitantes, mas também extremamente penalizador para advogados de defesa. Isto porque caso alguém seja considerado culpado de um crime, o advogado que defenda essa mesma pessoa, será também condenado à mesma pena que o seu cliente. Os procuradores e os próprios juízes são bastante severos e autoritários e quando acusam alguém, essa pessoa é declarada culpada muito rapidamente. Uma das razões pelas quais isso acontece é porque uma médium espiritual é chamada no início de cada julgamento para realizar um ritual muito peculiar: invocar o espírito do falecido e assistir às suas últimas memórias antes de ter sido assassinado. Naturalmente, teremos de utilizar isto em nosso favor e procurar quaisquer inconsistências entre as memórias do falecido e a interpretação que lhes é dada pela acusação. A parte interessante é que todos 5 sentidos são reflectidos nesse ritual, pelo que para além do que o falecido viu antes de morrer, temos também de ter em conta outros sentidos como cheiros, ruído ou tacto. E essa é a principal novidade nas mecânicas de jogo aqui introduzidas.

No Spirit of Justice são nos introduzidas as últimas memórias das vítimas e uma vez mais teremos de procurar inconsistências entre a interpretação dada pela acusação e o que é visível.

O jogo está então dividido uma vez mais em 5 casos distintos, sendo estes divididos entre os casos defendidos pelo Phoenix Wright no reino de Khura’in e os defendidos por Apollo Justice e Athena Cykes no seu país de origem. Infelizmente, ao contrário dos títulos anteriores onde haveriam algumas ligações entre os casos mais importantes, aqui os casos defendidos por Phoenix e os restantes advogados inicialmente não têm grande ligação para a “história” principal, embora os dois últimos casos já estejam bastante relacionados entre si e tornaram-se bastante épicos até! De resto, tal como no percursor, o lançamento original de 3DS recebeu vários DLCs como roupas adicionais para as personagens principais, um caso extra para ser resolvido e algumas pequenas histórias extra. Nesta compilação foram incluídos alguns dos DLCs de vestimentas adicionais, bem como o tal caso extra, que sinceramente não achei tão bom quanto o DLC do jogo anterior.

A compilação traz vários extras, incluindo uma extensa banda sonora

A nível audiovisual, o Apollo Justice é muito similar aos jogos da primeira trilogia, visto que este foi ainda um lançamento original de Nintendo DS. As personagens e cenários continuam em 2D, embora tenham sido redesenhadas e são apresentadas numa maior resolução. Os outros dois jogos da trilogia já foram lançados originalmente para a Nintendo 3DS, pelo que a Capcom “modernizou” os gráficos para um 3D algo simples. Sinceramente prefiro a arte original em 2D, mas visto que a 3DS é uma portátil com a particularidade de renderizar imagens em três dimensões num dos seus ecrãs, é compreensível que a Capcom queira ter tirado partido dessa funcionalidade. Ainda assim, as personagens continuam com um aspecto bastante cartoon e as suas animações continuam hilariantes, particularmente as das bizarras testemunhas com as quais nos iremos cruzar, portanto mantiveram toda a identidade da série. Já no que diz respeito as efeitos sonoros, estes são os mesmos de sempre nos 3 jogos, com os diálogos a serem acompanhados de bips, excepto nas interjeições habituais como os clássicos “objection!” que já são acompanhados por vozes. A excepção vai para o Spirit of Justice, que possui alguns diálogos chave narrados. Para além disso vamos tendo várias cut-scenes em momentos chave do jogo, particularmente nos títulos da 3DS. A banda sonora vai sendo bastante eclética e agradável ao longo da trilogia, embora para mim a do Spirit of Justice seja a melhor.

Gosto sempre de ver a arte do jogo em mais detalhe e felizmente temos aqui uma galeria para isso mesmo.

De resto, a compilação traz também algum conteúdo adicional. Para além dos DLCs dos jogos 3DS acima mencionados, temos também muito artwork que poderemos explorar, acesso a banda sonora e rever as cutscenes dos 3 jogos. Temos também um pequeno estúdio de animações onde poderemos criar pequenas sequências, mas não perdi muito tempo com isso. Um modo história onde a narrativa se desenrola sem qualquer input da nossa parte também existe, assim como activar a funcionalidade de “consultar” o nosso assistente caso tenhamos alguma dificuldade nos julgamentos.

Para quem não quiser ter mesmo trabalho nenhum e apenas apreciar a história é possível activar uma opção para esse efeito!

Portanto cá está mais uma óptima compilação da série Ace Attorney, que eu tanto gosto pelos seus casos bizarros e personagens bem humoradas. Tenho mesmo de agradecer à Capcom o esforço que tiveram em trazer os jogos desta série em formato físico, tanto para a Nintendo Switch, como para a Playstation 4. Os lançamentos originais ora estavam a ficar caríssimos, ora nem sequer haviam saído fisicamente fora do Japão! No momento de escrita deste artigo, a compilação Ace Attorney Investigations Collection acaba também por sair (e pela primeira vez com um lançamento físico europeu na PS4), pelo que também deverei jogar esses jogos daqui a uns meses.