Ghostwire Tokyo (Sony Playstation 5)

Depois do Astro’s Playroom, pequeno jogo que vem incluído em todas as Playstation 5 e que decidi experimentar devido ao sucesso que Astrobot está a ter, foi tempo de estrear a mais recente consola da Sony com um jogo “a sério”. E dos jogos que já tenho na colecção para este sistema, poucos são os que não têm quaisquer ligações com outros títulos anteriores, pelo que decidi então optar pelo Ghostwire Tokyo, um jogo da Tango Gameworks, outrora fundada por Shinji Mikami. O meu exemplar foi comprado em Setembro do ano passado numa das promoções da Worten de “leve 3 pague 2”, com o seu preço final a ter ficado próximo dos 20€.

Jogo com caixa e folheto com as instruções básicas

Este Ghostwire Tokyo é então um jogo bastante original, na medida em que é um open world e todo ele é jogado na primeira pessoa. Até aqui nada de completamente original, mas digamos que o jogo tem uma fortíssima ligação à cultura japonesa. Não só porque exploramos toda a zona de Shibuya em Tóquio, mas também porque iremos lidar com imenso folclore sobrenatural próprio da cultura japonesa. Isto porque nós controlamos um jovem rapaz (de nome Akito) que estava a caminho de visitar a sua irmã mais nova no hospital, quando se vê envolvido num acidente e estava prestes a morrer. Entretanto um espírito sobrevoa a zona do acidente e decide possuir Akito. Nessa altura também surge um espesso nevoeiro que envolve toda a cidade, todas as pessoas desaparecem misteriosamente, sendo transformadas em espíritos, para depois serem capturadas por bizarras criaturas. Acontece que quem possui Akito é o espírito de um antigo detective que estava a investigar o vilão por detrás deste acontecimento e lá acabaremos então por explorar Tóquio em busca de respostas.

É ao libertar estes templos que iremos desbloquear mais áreas para explorar

Mas tal como em outros jogos de acção open world, o mundo vai ser aberto à medida em que vamos progredindo. O nevoeiro é-nos nocivo, pelo que teremos de libertar pequenos templos shinto que estão espalhados ao longo de toda a cidade. Sempre que o fizermos, parte do nevoeiro é dissipado, permitindo-nos assim explorar um pouco mais. E tal como muitos jogos open world o fazem, o que não faltam aqui são coleccionáveis para apanhar (a sério, há mesmo muitos), assim como várias outras missões opcionais que poderemos ir desbloqueando. A exploração e combate é todo na primeira pessoa, mas ao contrário de outros videojogos recentes aqui não há grandes armas. O que iremos utilizar quase sempre são as nossas mãos, pois ganhamos o poder de disparar raios de energia. À medida que vamos avançando no jogo iremos desbloquear “armas” de outros elementos, tendo começado com o vento, para desbloquear em seguida a água e fogo. A única arma a sério que iremos eventualmente desbloquear é um arco e flecha e iremos também obter vários talismãs que poderemos utilizar em combate, seja para temporariamente paralizar os inimigos, seja para nos ajudar a fugir de algum combate, entre muitos outros efeitos diferentes.

O design dos inimigos é bastante original!

Os combates e missões recompensam-nos com experiência que por sua vez nos vai fazendo subir de nível como num RPG. Sempre que isso acontece ganhamos também skill points que poderemos posteriormente utilizar em várias skills distintas, tanto de combate, como exploração. Coleccionar certos objectos ou capturar yokai (criaturas místicas do folclore nipónico) podem-nos também trazer skill points adicionais ou pedras magatama, que por sua vez nos podem desbloquear certas skills da árvore. Ou seja, algum do conteúdo opcional e coleccionável é mesmo necessário para que consigamos eventualmente evoluir a nossa personagem ao máximo. Os coleccionáveis mais abundantes são espíritos de pessoas que podem também ser capturados e libertados em cabines telefónicas (não me perguntem como é que isso funcionaria no mundo real) e são também uma óptima maneira de obter experiência e dinheiro sempre que o fizermos. Ora eu não completei o jogo a 100% embora tenha apanhado todos os coleccionáveis “importantes” e mesmo assim gastei mais de 40 horas neste jogo, o que não estava mesmo à espera.

Adoro o facto das luzes da rua mudarem de cor consoante o grau de “alerta” dos inimigos

Mas a verdade é que o jogo foi sempre bastante agradável de se jogar porque tanto a exploração e combate estão bem feitos. Por exemplo, desde cedo que ganhamos a habilidade de planar pelo ar, o que nos irá permitir explorar os telhados da cidade de forma rápida. Já no combate, temos várias maneiras de abordar os mesmos, seja com furtividade, seja com agressividade e mesmo assim o tipo de “armas” e habilidades que temos à nossa disposição é consideravelmente vasto. Confesso que, como tenho apanhado todos os coleccionáveis nos Assassin’s Creed que tenho jogado até à data, também me senti tentado em apanhar os restantes que me faltaram no final da aventura, mas acabei por não o fazer porque o meu backlog é gigante. De resto, com o lançamento deste jogo na Xbox um ano após o lançamento original, a Tango Gameworks decidiu incluir algum conteúdo adicional na forma de um DLC chamado “The Spiders Thread“. Felizmente na PS5 isso é também conteúdo gratuito e mesmo sem querer, acabei por o experimentar em parte. Isto porque o DLC é dividido entre duas categorias: novos inimigos, missões, áreas a explorar e habilidades para desbloquear no mapa de jogo normal (e claro, mais coleccionáveis ainda) e um modo de jogo completamente distinto. Desse conteúdo novo para o mapa normal destaco mesmo as missões opcionais, que são consideravelmente diferentes das restantes. O novo modo de jogo confesso que não o cheguei a experimentar porque sinceramente não me interessou muito. Pelo que li, é um modo roguelike, onde temos uma dungeon repleta de níveis aleatórios, inimigos e itens aleatórios e missões para cumprir.

A imensidão de coisas que temos para fazer se o desejarmos. Felizmente dá para customizar muitos dos ícones que queremos que apareçam, assim como limpar o mapa de objectivos já cumpridos.

A nível audiovisual devo dizer que gostei do jogo, embora sinceramente não tenha visto ali nenhum motivo pelo qual justificasse que este fosse um exclusivo da geração actual de consolas. Acho que a PS4 o conseguiria correr sem problema, mesmo que se tivesse de sacrificar algumas pequenas coisas. Dito isto, e como tenho um certo fascínio pela cultura japonesa, foi fantástico poder percorrer as ruas de Shibuya! No entanto, para os que quiserem explorar tudo ao detalhe, vai ser um pouco complicado conseguir discernir entre as ruas que já visitamos e as que não, dadas todas as suas semelhanças. O design dos inimigos está muito bom e de resto só tenho mesmo a queixar-me de o jogo ser demasiado escuro, mas isso também pode ser problema das definições de HDR da minha TV. Confesso que a música me passou completamente despercebida ao longo do jogo, visto que a banda sonora é muito ambiental, o que até resulta bem tendo em conta o contexto. Já o voice acting é excelente e apesar de termos a opção de vozes em inglês, obviamente que preferi ouvir o elenco original. Até porque é um jogo que se passa no Japão, pelo que não faria sentido nenhum se fosse de outra forma! De relevante também dizer que este jogo utiliza bem a coluna do dualsense. A voz de KK tanto sai do comando como da TV e sempre que nos aproximamos de algum inimigo começa a soar o ruído de estática, o que resulta bastante bem para uma maior tensão!

É com estes passarinhos de papel que podemos absorver os espíritos para os depois libertar em cabines telefónicas. São apenas 240000 (não me enganei no número de zeros) ao todo!

Portanto, e apesar de ter gasto bem mais horas neste jogo do que o que estava inicialmente a prever (minha culpa por não me ter apercebido antes que este é um open world), acabei por me divertir bastante com este jogo, mesmo que por vezes possa ter sido um pouco repetitivo dada a imensidão de território a explorar. Ainda assim a sua história e mecânicas de jogo aliadas ao folclore nipónico ficaram muito bem conseguidas, pelo que dou as minhas mais de 40h neste Ghostwire Tokyo muito bem empregues. Por fim devo também salientar que se encontra disponível, para download gratuíto, uma pequeníssima visual novel que serve de prequela ao jogo, intitulada de Ghostwire: Tokyo – Prelude. É mesmo uma VN muito pequena e apesar de ser interessante mostrar um pouco do contexto do KK e seu grupo de amigos, poderiam ter ido um pouco mais longe e expandir mais a história. Mas é gratuito, não nos podemos queixar.

Wolfenstein: Youngblood (Sony Playstation 4)

Depois de ter jogado o Wolfenstein II: The New Colossus no PC chegou finalmente a vez de jogar aquele que, até à data é o último jogo da série. Isto claro, sem contar com o Wolfenstein: Cyberpilot que saiu na mesma altura que este mas como é um spin-off que requer um capacete VR para ser jogado, devo deixá-lo de parte. Mas enquanto os Wolfenstein anteriores que foram também produzidos pela MachineGames eram first person shooters com uma jogabilidade brutal, mecânicas de jogo da velha guarda e uma narrativa excelente, este Youngblood acaba por ser uma desilusão ao apresentar-se como um jogo Co-Op e com algumas mecânicas de MMORPG que acabam por prejudicar bastante a sua jogabilidade, pelo menos no início. O meu exemplar sinceramente já não me recordo quando o comprei. Creio que foi numas campanhas da Worten, talvez numa black friday com o jogo a custar-me menos de 10€.

Jogo com caixa e papelada. Esta edição traz um código que supostamente nos permite convidar um amigo para jogar todo o jogo connosco.

Vamos começar como sempre pela história: a série Wolfenstein, particularmente desde o reboot introduzido com o Wolfenstein The New Order segue uma realidade alternativa: como seria o mundo se a Alemanha nazi tivesse ganho a segunda-guerra mundial? Particularmente com uma Alemanha extremamente poderosa a nível militar e tecnológico. Ambos os predecessores decorrem então maioritariamente nos anos 60, onde B.J. Blazkowicz se junta a vários grupos de resistência, tanto na Europa como nos Estados Unidos, e limpa o sebo a centenas de nazis. São jogos que possuem alguns vilões notáveis e várias cutscenes tensas e sádicas que só nos dão ainda mais vontade de os derrotar! Este Youngblood já se passa na década de 80 onde controlamos as filhas do Terror Billy, Jessie ou Sophia Blazkowicz que viajam dos Estados Unidos para Paris em busca do seu pai. Lá iremos nos juntar a um grupo de resistentes que vivem nos imensos subterrâneos das catacumbas da cidade e invariavelmente teremos também mais um ou outro vilão para derrotar, mas a narrativa está longe do brilhantismo dos seus predecessores.

A primeira missão passa-se a bordo de um Zeppelin gigante e serve como uma espécie de tutorial das mecânicas básicas de jogo que teremos pela frente. Para além disso é a única área do jogo que não poderemos visitar posteriormente.

Já no que diz respeito à jogabilidade, as mecânicas base dos seus antecessores estão todas lá: podemos equipar todo um arsenal de diferentes armas, o jogo oferece-nos a possibilidade de adoptar uma abordagem mais furtiva ou entrar mesmo a matar à Rambo, inúmeros coleccionáveis e claro, medkits e armaduras são também necessários para irmos sobrevivendo. O facto de este ser um jogo cooperativo, existem também uma série de mecânicas pensadas para esse efeito: cada uma das irmãs poderá ter equipada uma pep action, ou seja, gestos motivacionais que dão algumas vantagens a ambas, como causar muito mais dano durante alguns segundos, regenerar parcialmente (ou totalmente) as barras de vida, armadura, entre outros. Naturalmente que estas acções têm um período de cooldown para não serem abusadas. Há também pequenos puzzles que nos obrigam a colaborar, mas tendo em conta que joguei sozinho (com a outra irmã a ser controlada pelo CPU) estes foram apenas simples tarefas de abrir portas ou pressionar botões em simultâneo.

As pep actions são uma das novidades aqui introduzidas e prendem-se às mecânicas de cooperação. Cada uma das irmãs possui uma diferente habilidade que poderá ser usada ocasionalmente para ajudar ambas em momentos de maior aperto

Até aqui tudo bem, mas entram depois as mecânicas de RPG. Ao matar inimigos vamos ganhando pontos de experiência e dinheiro. Os primeiros fazem com que subamos de nível e fiquemos fisicamente mais fortes, já o dinheiro pode ser gasto em diversos upgrades para cada uma das armas que vamos coleccionando, assim como diferentes habilidades. E que habilidades são essas? Para além de coisas como extender permanentemente o nosso limite de vida ou armadura, podemos também desbloquear coisas como: usar duas armas em simultâneo ou usar armas pesadas como as Laserhammer ou Dieselhammer que muito jeito dão. E isto eram habilidades que nos jogos anteriores poderíamos fazer normalmente!! As armas pesadas dão um grande jeito para combater bosses ou inimigos mais poderosos e aqui estamos muito fracos inicialmente, pelo menos até conseguirmos fazer o grind suficiente para comprar uma série de habilidades necessárias. Mesmo para quem quiser optar por uma jogabilidade mais furtiva, existem certas habilidades que terão de ser compradas para tornar a nossa tarefa mais fácil.

Sendo este um jogo cooperativo e algo open world, introduziram também várias mecânicas de RPG. Pena que os inimigos também façam level scaling no entanto.

Ao menos para além das 5 missões que compõem a história principal, vamos tendo toda uma imensidão da cidade de Paris para explorar e muitas missões secundárias para cumprir. Estas são a melhor forma que temos para ir ganhando a experiência e dinheiro necessários para conseguir ir desbloqueando as habilidades (e melhorar as armas) para nos aproximarmos mais à experiência de jogo dos seus predecessores. Mas mesmo existindo um sistema de experiência que vá evoluindo a nossa personagem, não quer dizer que áreas de Paris que exploremos inicialmente no jogo passem a ser um passeio no parque, pois todos os inimigos têm também um sistema de level scaling que vai acompanhando o nível da nossa personagem. Para além disso, tendo em conta que joguei sozinho, a própria inteligência artificial da irmã não é grande coisa e muitas vezes atrapalha mais do que ajuda, ao tapar-me o ângulo de tiro ou revelar-se para uma série de inimigos quando eu estava a tentar ser mais sneaky. Para além disso, a possibilidade de um head shot não ser suficiente para matar um inimigo sem qualquer capacete, ou mesmo a necessidade de despejar quase um clip inteiro de uma metralhadora para qualquer inimigo básico obrigou-me mesmo a diminuir um nível na dificuldade standard do jogo.

Os combates continuam brutais e a acção intensa como sempre, pena é que muitas das habilidades básicas de outros jogos tenham aqui de serem desbloqueadas!

Já no que diz respeito aos audiovisuais este é mais um jogo muito bem competente. Os inimigos vêm em todos os tamanhos e feitios e a cidade de Paris está bem representada, misturando os seus edifícios típicos com toda aquela arquitectura opressora da máquina de guerra nazi. Aliás, mundo que aqui exploramos não é um mundo inteiramente aberto, mas sim um conjunto de diferentes áreas acessíveis através de túneis de metro que estão interligados entre si. Dá mesmo a ideia de ser uma visão próxima daquilo que a Raven pretenderia fazer com o Wolfenstein de 2009 e falharam miseravelmente. De resto, e sendo este um jogo dos anos 80, até a sua banda sonora captura perfeitamente muita da música mais synth pop/rock que se fazia na época. No entanto tal como referi acima, acho que a narrativa deste jogo ficou muito aquém das expectativas e a personalidade das irmãs Jess e Soph são mesmo as de adolescentes histéricas que muito me irritou. Faltaram mesmo aquelas cutscenes mais tensas ou até os momentos mais bizarros dos outros jogos, o que de certa forma até se entende dada a natureza mais open world deste jogo.

A cidade de Paris até que está bem representada, com toda a sua arquitectura clássica misturada com a imagem nazi e muitos vibes dos anos 80 também.

Portanto e para concluir, apesar de todas as minhas críticas devo dizer que até gostei deste jogo. Mas começou a acontecer apenas a partir da sua segunda metade, pois já tinha evoluído minimamente a minha personagem com habilidades básicas que já faziam parte dos jogos anteriores e assim consegui melhor desfrutar da experiência. Mas tal não deveria ser necessário em primeiro lugar! E jogando com um amigo de maneira cooperativa deve ser bem mais interessante, de facto. Mas ainda assim, com os outros jogos com uma jogabilidade excelente logo de início e acima de tudo uma narrativa bem mais empolgante, este Youngblood fica uns bons furos abaixo dos seus predecessores.

Wolfenstein II: The New Colossus (PC)

O Wolfenstein: The New Order foi uma das melhores surpresas de videojogos que tive nos últimos anos. Depois do algo desapontante Wolfenstein de 2009 a série entrou num hiato indefinido até que a Bethesda/id Software decidem confiar nos suecos da MachineGames para lançarem mais um reboot desta série e aquele que eu considero definitivo, pois para além de possuirem uma jogabilidade old school aliciante e bem implementada, toda a narrativa que a acompanhava era igualmente excelente. E em 2017 a Machinegames volta à carga com esta sequela que não fica nada atrás do seu antecessor! O meu exemplar foi comprado no ebay algures em Dezembro passado por cerca de 4 dólares. Já os portes e alfândega é que é outra história…

Jogo com caixa e mini manual

Tal como o seu predecessor, este é um jogo que decorre durante a década de 60, numa realidade alternativa onde os nazis tinham vencido a segunda guerra mundial devido aos seus avanços tecnológicos e subjugaram todo o mundo ao seu domínio tirano. E a história começa logo após os eventos do final do jogo anterior, dos quais eu não me vou alongar muito mas digamos que o BJ Blazkowicz volta a não ficar em muitas boas condições físicas, pelo que começamos o jogo com os nazis no nosso encalço e temos de nos defender estando ainda em cadeira de rodas! Eventualmente nos recompomos de alguma forma e é tempo de voltar à carga e passar ao ataque. Esta sequela foca-se então em libertar os Estados Unidos e iremos visitar algumas das suas localizações, incluindo uma Nova Iorque devastada por um ataque nuclear, mas também Roswell, Texas, Nova Orleães e outras surpresas.

Confesso que estava à espera de encontrar mais níveis deste género, com mais localidades icónicas norte-americanas sob o domínio nazi

Também tal como o seu predecessor este jogo mantém uma jogabilidade old school onde poderemos carregar todas as armas que encontramos, ficando assim com um arsenal considerável à nossa disposição e o uso de medkits ou armaduras é também algo a ter em conta. Também poderemos jogar tanto à Rambo como à Hitman de uma maneira mais furtiva e o jogo é igualmente super divertido em ambos os casos! Existem alturas em que o jogo nos encoraja a jogar de uma maneira mais furtiva e sabemos que isso acontece quando entramos numa nova área e recebemos a notificação de um (ou mais) sinais de rádio terem sido detectados. Estes são sinais dos radios dos oficiais da zona, que nos indicam também uma ideia da sua direcçãao e distância. O objectivo seria então de os tentar eliminar silenciosamente, passando despercebidos por todos os inimigos normais (ou neutralizando-os também de forma silenciosa pelo caminho). Caso sejamos descobertos, os comandantes são alertados e fazem soar o alarme, ordenando a todos os inimigos naquela zona que nos ataquem e inclusivamente poderão até chamar reforços. Claro que quando isto acontece é mesmo altura de jogar à Rambo pois seremos assolados por dezenas de inimigos em simultâneo e tal como no jogo anterior poderemos inclusivamente usar mais que uma arma em simultâneo, o que nos dá muito jeito para rapidamente matar os inimigos que surjam no nosso caminho. Já não me recordo bem, mas creio que no jogo anterior apenas poderiamos usar 2 armas semelhantes em simultâneo, por exemplo 2 pistolas, metralhadoras, shotguns, etc. Aqui podemos misturá-las livremente e ocasionalmente ainda teremos acesso a algumas armas mais pesadas que poderão ser roubadas a certos inimigos como metralhadoras pesadas ou outras mais high tech como armas laser ou lança chamas poderosos.

O balanço entre acção pura e furtividade continua muito bom!

De resto é também um jogo com algum foco na exploração pois teremos inúmeros coleccionáveis inteiramente opcionais para descobrir e apanhar. Desde vários tipos de documentos que enriquecem um pouco o contexto da história daquele mundo, passando por artwork desbloqueável, jóias e ouro tal como nos Wolfenstein clássicos, entre outros como vinis de artistas e músicas fictícias que foram criados propositadamente para estes Wolfenstein e que mimicam de certa forma os artistas e géneros musicais mais populares da década de 60, mas com motivos alusivos à alemanha nazi. Bandas como os The Bunkers, por exemplo! Mas sem dúvida que os coleccionáveis mais úteis são os upgrades que poderemos aplicar em todo o nosso arsenal, ou no caso dos oficiais, poderemos também recolher dos seus cadáveres códigos de encriptação para serem usados nas máquinas enigma. Tal como manda a lei na década de 60, são cartões perfurados! Esses cartões poderão ser utilizados para desbloquear missões de assassinamento a outros oficiais mais poderosos, onde teremos a hipótese de regressar a zonas que já teríamos visitamos no modo história e assim colectar mais alguns coleccionáveis, para além de assassinar os novos comandantes.

Claro que o Wolf3D tinha de marcar uma vez mais a sua presença, mas agora com os papéis trocados

Visualmente é um jogo bem competente e algo variado nos seus cenários. Começamos por explorar uma Nova Iorque e seus túneis do metro completamente em ruínas, posteriormente a pequena cidade de Roswel repleta de lojas típicas dos anos 60, mas claro agora sempre com um toque alemão. Já a Nova Orleães é também uma sombra, sendo agora relegada para um ghetto onde os indesejáveis do regime viviam em condições miseráveis. Naturalmente teremos também inúmeros bunkers e bases militares todas high tech para explorar e o espaço voltou a não ser esquecido, mas confesso que preferi as missões lunares do primeiro jogo. Ainda assim confesso que estava à espera de explorar mais cidades típicas americanas ou seja, estava a contar ver mais localizações como Roswell que apresentam todo um look anos 60 que misturam a estética norte-americana dessa época com a nazi. O voice acting e a narrativa como um todo são excelentes, e apesar de termos algumas cenas bem tensas com os vilões, temos também muitas mais cutscenes bem humoradas pelo meio. A banda sonora oscila entre o ambiental, especialmente tensa nos momentos de furtividade, com o rock e electrónica mais enérgicos próprios para os intensos combates que iremos eventualmente travar. Por outro lado temos também aquelas adaptações de músicas rock-pop típicas da década de 60, mas adaptadas à realidade alternativa do domínio nazi, tal como já referi algures acima.

A narrativa continua fantástica, mas há também um maior número de situações cómicas à nossa espera

Portanto este Wolfenstein II foi mais uma óptima experiência e a MachineGames ficou uma vez mais de parabéns pela execução do jogo ser tão boa a todos os níveis. Confesso que ainda assim prefiro o The New Order por uma magra margem, mas este jogo é também excelente. Infelizmente, ao contrário do Wolfenstein: The Old Blood que foi originalmente idealizado como um conjunto de DLCs mas acabou por ser lançado à parte como um lançamento independente, aqui temos algumas histórias paralelas travadas por outros protagonistas para explorar, mas essas estão mesmo apenas disponíveis como DLC. Talvez se um dia os apanhar ao desbarato os compre, pois fiquei bem curioso com isso. Por outro lado também, este jogo foi sucedido pelo Wolfenstein: The Youngblood que já é uma experiência completamente diferente (com muito foco no co-op) e já não foi tão bem recebida. A ver então como vão dar continuidade à série no futuro!

Wolfenstein: The Old Blood (PC)

Depois do sucesso de Wolfenstein: The New Order, os suecos da MachineGames não perderem muito tempo em lançar mais um jogo. Inicialmente planeado como um conjunto de DLCs para o The New Order, este The Old Blood acaba por ser lançado de forma independente. E é uma prequela do jogo anterior, onde controlamos uma vez mais B.J. Blazkowicz numa realidade alternativa dos eventos da segunda guerra mundial. O meu exemplar veio na mesma compilação que trás o The New Order e que já referi no artigo anterior.

Jogo com vários discos, caixa e papelada

Sendo este jogo uma prequela, a história leva-nos uma vez mais ao ano de 1946 e a infiltrarmo-nos no castelo de Wolfenstein, em busca de documentos secretos guardados por Helga von Schabbs, uma oficial do regime nazi de alta patente (e também com grandes interesses no oculto e em arqueologia), na esperança de descobrirem a localização da base do general Deathshead, e assim dar início aos eventos que acontecem posteriormente no The New Order. Mas Blazkowicz não entra no castelo sozinho, mas sim com a companhia do “Agent One” um outro agente secreto mais bem doutrinado na língua alemã. Claro que as coisas não vão correr lá muito bem! O jogo irá-se dividir então em duas partes: na primeira iremos explorar o castelo propriamente dito, já na segunda viajamos até à aldeia de Wolfburg, no encalço de Helga e tentar não só obter os documentos secretos que precisamos, mas também descobrir quais são os seus planos.

Apesar de terem os seus bons momentos, os vilões aqui introduzidos não ficaram tão bem conseguidos quanto o Deathshead e a Engel

No que diz respeito à jogabilidade, na sua essência esta é muito similar à do The New Order: a vida é regenerativa apenas em pequenos intervalos, vamos poder carregar um grande arsenal de diferentes armas e o jogo oferece-nos a possibilidade de optar por uma abordagem mais furtiva, ou outra mais à Rambo. Na primeira teremos de eliminar os inimigos sem sermos vistos e através de métodos silenciosos, dando prioridade aos oficiais que têm a capacidade de activar alarmes e chamar reforços. Na segunda… bom, temos na mesma a possibilidade de atacar com 2 armas ao mesmo tempo, o que é muito divertido! Mas há também algumas diferenças notáveis perante o primeiro jogo. Desde cedo vamos ter acesso a um tubo que nos vai acompanhando ao longo de toda a aventura. Esse tubo tanto poderá ser usado como arma de combate corpo a corpo, como pé-de-cabra para abrir certas portas, ou como ferramenta que nos irá auxiliar a escalar certos tipos de paredes. Os super soldados estão agora directamente ligados à corrente eléctrica, pelo que para os combater poderemos ter a necessidade de desligar temporariamente fontes de energia, algo que teremos mesmo de fazer numa altura onde estaremos muito mais vulneráveis. Já nos combates em si, vão haver alturas, no entanto, em que não temos qualquer hipótese de ser furtivos e somos mesmo obrigados a combater no meio de todo o caos e confusão. Se conseguirmos sobreviver, é desbloqueado uma Challenge Arena que poderemos jogar posteriormente, enfrentando ondas cada vez mais fortes de inimigos. De resto, um dos Easter eggs introduzidos no The New Order era um nível secreto do Wolfenstein 3D. Bom, aqui, para além de todos os outros coleccionáveis, poderemos também encontrar e jogar diferentes níveis do Wolf 3D em todos os níveis do jogo.

Tal como no seu predecessor, poderemos equipar 2 armas em simultâneo para causar muito mais dano!

No que diz respeito aos audiovisuais, o jogo utiliza o mesmo motor gráfico do seu antecessor. No entanto, e decorrendo no ano de 1946, os inimigos que vamos encontrando não são tão high-tech como aqueles de 1960, mantendo no entanto um visual bem austero e também com alguns elementos de sci-fi, embora não tão avançados como já referi anteriormente. Não há também uma grande variedade de cenários como no The New Order, pois aqui iremos explorar o castelo de Wolfenstein em toda a sua magnitude, desde as suas cavernas e criptas, passando por laboratórios, prisões e habitações da aldeia à sua volta. Quando visitamos Wolfburg, esperem também por uma aldeia com uma arquitectura tradicionalmente germânica e não muito diferente daquela que exploramos nas imediações do castelo. A narrativa também não é tão forte quanto a do seu antecessor jogo, talvez por os vilões não serem tão bem conseguidos quanto os anteriores e pelo facto de estarmos mesmo a maior parte do tempo sozinhos. Já no que diz respeito ao som, os efeitos sonoro se voice acting são igualmente competentes, já a banda sonora, uma vez mais a cargo de Mike Gordon, continua muito boa, mas também muito diferente da que ele compôs para o The New Order. Enquanto que no último a banda sonora era um misto entre música pesada com influências rock / electro / industrial e outras músicas mais atmosféricas, porém bastante sinistras, a banda sonora aqui oscila entre temas mais orquestrais ou outros mais ambientais, sempre com uma atmosfera sinistra e/ou tensa por detrás.

Portanto estamos aqui perante mais um sólido first person shooter. A sua jogabilidade mantém-se excelente, sendo um misto entre um FPS da velha guarda com elementos de furtividade ou até de RPG pois há vários perks que poderemos ganhar caso completemos certos desafios, bem como introduz algumas mecânicas novas. No entanto, tem uma menor variedade de cenários e a narrativa… bom, não está tão envolvente como a do The New Order. Mas não deixa de ser um jogo altamente recomendável.

Wolfenstein: The New Order (PC)

Em 2009 a Raven Software, com a devida autorização e licenciamento da id Software lançou Wolfenstein, um jogo pela primeira vez na série desenvolvido primariamente com as consolas em mente. É um jogo que incorpora elementos dos first person shooter da velha guarda com jogabilidade moderna, como a vida regenerativa, mas também a possibilidade de carregar todas as armas connosco. Tinha também certos elementos de open world. No entanto o resultado final não foi propriamente o mais apelativo e o jogo acabou por se tornar um fracasso comercial. Durante alguns anos não se voltou a ouvir mais falar em Wolfenstein, mas na verdade coisas estavam a acontecer em background: em 2009 é formado um novo estúdio na Suécia, MachineGames, formados por ex-funcionários da Starbreeze Studios, que já haviam trabalhado em FPS como os Chronicles of Riddick ou o reboot do Syndicate que ainda tenho de jogar. Esse estúdio conseguiu, após contactos com a Bethesda, Zenimax e finalmente, a id Software, que o desenvolvimento de um novo Wolfenstein fosse aprovado e o resultado desse trabalho vê a luz do dia em 2014. E devo começar por dizer que a MachineGames fez um excelente trabalho ao revitalizar a série! O meu exemplar foi comprado na Amazon algures neste ano por pouco mais de 20€, sendo uma compilação que traz este The New Order e a sua expansão standalone The Old Blood, que estou a jogar actualmente e irei escrever sobre ela separadamente. Aproveito também para mostrar um item promocional que me foi oferecido por um amigo algures em 2014/2015, uma banda sonora do jogo!

Creio que podemos considerar este novo Wolfenstein como mais um reboot da série. Inicialmente decorre em 1946, onde na História já o conflito da segunda grande guerra havia terminado, mas neste novo universo de Wolfenstein a mesma ainda perdurava. Para além disso, os nazis estavam perto de a vencer! Entretanto coisas acontecem ao nosso BJ Blazkowicz que fica num estado vegetativo, voltando a ganhar a sua consciência apenas no ano de 1960! Aí as coisas ficaram muito piores pois os nazis conseguiram vencer a guerra ao terem descoberto a bomba atómica primeiro que os aliados e depois de detonarem uma bomba atómica em plena Nova Iorque, os Estados Unidos finalmente capitulam. O mundo é então inteiramente governado pela máquina de guerra nazi que, em conjunto com a sua tecnologia de ponta, consegue também dizimar practicamente toda a resistência. Practicamente toda, excepto um grupo restrito onde iremos naturalmente fazer parte e digamos que a campanha nos coloca uma vez mais no encalço de Wilhelm “Deathshead” Strasse, o líder de uma divisão da SS responsável por todos os avanços tecnológicos que levaram à Alenanha nazi a vencer a guerra. Deathshead é finalmente apresentado como um grande vilão, assim como outras figuras importantes do regime com as quais iremos interagir ao longo de toda a história.

Muitos dos nazis que vamos combater parecem autênticos Darth Vaders

No que diz respeito à jogabilidade, esta vai buscar um pouco de tudo o que alguma vez fez parte do universo de Wolfenstein. É na mesma um first person shooter com mecânicas de velha guarda, na medida em que iremos poder carregar todo um arsenal de armas, que por sua vez poderão receber diversos upgrades à medida que os vamos descobrindo enquanto exploramos os níveis. A vida é regenerativa apenas em pequenos intervalos, com a restante a ter de ser recuperada através de medkits. A furtividade, apesar de opcional, é uma vez mais introduzida em diversos pontos do jogo, onde poderemos usar um sistema de covers para nos escondermos e atacar inimigos silenciosamente, quer através de combate corpo-a-corpo, quer através de pistolas com silenciadores. Os alvos mais importantes a abater nessas alturas são os oficiais, que podem fazer soar alarmes e chamar reforços. Por outro lado, se quiserem ter uma abordagem mais à Rambo, também o podem fazer e o jogo também nos oferece certos incentivos para tal, como a possibilidade de disparar duas armas em simultâneo e sim, usar duas metralhadoras ao mesmo tempo para dizimar nazis é muito reconfortante. Ou mesmo usar duas shotguns, algo bem mais útil para combater inimigos maiores e melhor protegidos com espessas armaduras. Felizmente medkits e munições vão sendo algo comuns, pelo que usar ambas as abordagens é igualmente divertido!

A narrativa tem vários momentos de tensão. Pela primeira vez conseguiram criar vilões que nos deixam o sangue a ferver!

No que diz respeito aos audiovisuais este é um jogo bem competente para a altura em que saiu (2014), usando o motor gráfico id Tech 5 (introduzido inicialmente no Rage em 2011, mais outro jogo que tenho em backlog). Mas o que mais impressiona é mesmo a estética apresentada nesta versão alternativa de 1960. Por um lado temos toda aquela imagem austera imposta pelo regime nazi, com edifícios massivos e suásticas em todo o lado, por outro também algumas influências estéticas da nossa década de 60 com um pingo de ficção científica, não fossem muitos dos soldados nazis parecerem storm troopers vestidos de negro, bem como todos os robots e cyborgs que iremos enfrentar como inimigos. Até a febre da exploração espacial da década de 60 está aqui representada, pois uma das missões que iremos fazer decorre nada mais nada menos que na Lua, numa base espacial nazi. Mas para além de toda uma estética bem montada, acho que, pela primeira vez, temos uma narrativa muito mais cuidada num jogo Wolfenstein. Blazkowicz vai sussurando muitos dos seus sentimentos à medida que vamos avançando na aventura e os vilões… bom, esses são apresentados como vilões a sério e que nos vão dar um especial prazer quando finalmente lhes conseguimos causar algum sofrimento! O voice acting é então bastante competente, onde naturalmente vamos ouvir muito alemão, pois nesta realidade alternativa a Alemanha nazi venceu a guerra. A banda sonora é bastante versátil, tanto temos temas rock / electrónica / industrial mais pesados para acompanhar os confrontos mais violentos, como outros temas acústicos ou mais atmosféricos e sinistros. Mas para manter a imagem daquela realidade alternativa da década de 60 onde a Alemanha nazi vence a guerra e domina o mundo, a MachineGames foi ainda mais longe. Introduziram uma editora musical fictícia, a Neumond Records, que inclui diversas canções pop/rock com influências dos anos 60, mas cantadas em Alemão, incluindo algumas covers de músicas conhecidas, como a House of Rising Sun dos Animals. Algumas destas músicas podem ser ouvidas em plano de fundo no jogo, já outras podem ser descobertas como coleccionáveis. Recomendo vivamente que pesquisem “Neumond Records” no google para as ouvirem! É mais um ponto para mostrar o quão longe a MachineGames foi para criar toda esta estética de uma realidade alternativa!

Eviscerar toda uma sala cheia de nazis a disparar duas metralhadoras ao mesmo tempo é super reconfortante!

Portanto este Wolfenstein The New Order foi uma excelente surpresa. Um grande jogo, principalmente após o Wolfenstein de 2009 que deixou algo a desejar. Excelente jogabilidade, uma narrativa mais cuidada, vilões a sério que nos dão mesmo vontade de os esventrar e todo o esforço que a MachineGames levou a cabo para criar toda uma realidade paralela nos anos 60, tornam este The New Order um óptimo first person shooter que voltou a revitalizar, e merecidamente, esta série fantástica. Felizmente não tivemos de esperar muito tempo por um sucessor e estou neste momento a jogar o The Old Blood, que brevemente irei também partilhar as minhas impressões.