Vortex (Super Nintendo)

A era dos 16bit foi um dos momentos mais interessantes da indústria. A “guerra” entre a Sega e a Nintendo estava ao rubro, com ambas as companhias a apostar fortemente na qualidade dos seus videojogos, mas também a possibilidade de expandir as capacidades dos seus sistemas. Enquanto a Sega se focou principalmente no desenvolvimento de addons para as suas consolas, como foi o caso da Mega CD ou 32X, a Nintendo apostou mais no desenvolvimento de chips especiais que, embutidos nos próprios cartuchos de cada jogo, lhe conferiam à Super Nintendo novas capacidades. Desenvolvido pela Argonaut, o Super FX é capaz de ser o caso mais conhecido, conferindo à Super Nintendo algumas capacidades primitivas para renderizar gráficos poligonais, tendo sido usado em alguns jogos famosos como o Star Wing, ou o Doom. Um dos outros jogos que a Argonaut também trabalhou com o Super FX foi precisamente este Vortex, cujo meu exemplar foi comprado no passado mês de Setembro na Cash Converters, tendo-me custado 8€.

Apenas cartucho

A história deste Vortex leva-nos até à civilização de Trantor, que foi invadida por um exército alienígena, que lhes roubou um núcleo que aparentemente era muito importante para eles. A bordo do “Battle Morphing System”, vamos invadir as instalações dos Aki-Do, recuperar todos os pedaços do tal núcleo e enfrentar todos os osbstáculos que surgem à nossa frente.

Antes de nos aventurarmos no jogo podemos jogar algumas missões de treino para nos ambientarmos às mecânicas de jogo

Na teoria, este Vortex até parece um jogo promissor: pilotamos uma espécie de Transformer, que se pode transformar livremente, à distância de um pressionar de botões, entre 4 formas: temos uma forma humanóide, um mecha, portanto, que possui um arsenal mais variado. Ou uma nave espacial que é bastante rápida, porém não consegue ficar estacionária e gasta muito combustível. Ou um veículo terrestre que também é rápido, mas mais económico. Por fim a última forma é uma “Hard Shell”, uma forma compacta que resiste ao dano, porém a troco de energia. É nesta forma também que podemos recarregar as baterias, no entanto. Os níveis em si até vão sendo algo variados, desde corredores no espaço, a áreas mais abertas, ou outras novamente mais fechadas, mas desta vez dentro de estruturas físicas, com corredores, armadilhas e outros obstáculos, que temos de atravessar na primeira pessoa. O problema, como já devem ter adivinhado, é mesmo a performance que é muito fraca, principalmente quando surgem muitos inimigos no ecrã.

O mecha é a forma do robot que dá mais versatibilidade na jogabilidade, seja em movimento, seja na interacção com os objectos.

Ainda na jogabilidade, como já referi acima, a forma de mecha é aquela que nos oferece uma maior variedade no arsenal, pois temos uma série de armas (canhões, mísseis e lasers) que podem ser equipados tanto no braço esquerdo como no direito. Todas elas possuem munição limitada, pelo que teremos de procurar por munições espalhadas nos níveis. Todas excepto os lasers que são ilimitados, mas podem demorar algum tempo a carregar, caso abusemos dos mesmos. Na forma de avião ou veículo terrestre apenas podemos usar o canhão standard e os raios laser, já na forma de hard shell, podemos usar poderosas bombas que causam dano em todos os inimigos à nossa volta, mas naturalmente essas aparecem em números muito reduzidos.

De resto até que vamos tendo missões algo variadas, conforme já referi acima, onde teremos de explorar o mapa (tendo sempre em contra a energia a armadura e tempo disponíveis), onde poderemos encontrar uma série de objectos como chaves ou os power ups acima referidos, bem como combater uma série de diferentes inimigos. Uma das coisas que podemos activar é um lock-on automático assim que os inimigos estiverem no alcance da mira, o que até pode dar bastante jeito, não fosse a draw distance do jogo muito reduzida.

Podemos activar ou desactivar a funcionalidade de lock-on automático nos alvos, que dá algum jeito

A nível audiovisual, como já referi acima, a performance do jogo é algo inconstante, pois o Super FX não faz milagres e quando há muita acção no ecrã, as coisas abrandam um pouco. De resto, tal como Star Wing, os gráficos poligonais são muito simples e practicamente sem nenhumas texturas, e a draw distance acaba por ser muito curta. Por vezes o lock-on já bloqueia a mira nalgum inimigo e nós sem o ver durante alguns segundos! Por outro lado as músicas são excelentes, bastante vibrantes, fazendo mesmo lembrar aquelas músicas típicas de estúdios europeus, que nessa altura apostavam muito no Commodore Amiga. O chip de som da SNES, cortesia da Sony, é um dos pontos fortes da consola e a Argonaut soube tirar bem partido do mesmo.

Há pelo menos duas missões que se passam em pleno espaço, onde apenas temos de atravessar um corredor virtual e derrotar todos os inimigos que surgem à nossa frente

Portanto no fim de contas este Vortex até é um jogo com boas ideias, que oferece uma jogabilidade variada, tanto nas diferentes formas que o nosso robot pode assumir, cada uma com diferentes jogabilidades, como nos próprios mapas, que tanto nos levam para batalhas abertas, como explorar corredores mais apertados, onde temos de ser o mais cuidadosos possível para sofrer o mínimo dano. Mas a performance do Super FX não faz milagres e isto nota-se na performance geral do jogo. Mas já dava para ter um cheirinho do das possibilidades que os jogos de acção em 3D poligonal nos poderiam dar, em 1994!

Red Dog (Sega Dreamcast)

Voltando às rapidinhas e à Dreamcast, hoje trago-vos um jogo muito interessante e que na altura em que foi lançado acabou por me passar bastante ao lado. Foi um jogo desenvolvido pela Argonaut Software, empresa britânica que ganhou notoriedade pela parceria com a Nintendo no desenvolvimento de jogos como Star Fox / Star Wing ou Stunt Race FX para a SNES e posteriormente com a série Croc. Este Red Dog é um divertido shooter na terceira pessoa onde conduzimos um todo-o-terreno futurista. O meu exemplar veio num bundle que comprei algures no ano passado na Feira da Vandoma no Porto. Ficou-me por 25€ com a consola e uma série de jogos, incluindo este Red Dog.

Jogo com caixa, manual e papelada

A história por detrás deste Red Dog é simples e recai num cliché muito habitual. A raça humana foi invadida por extraterrestres (aqui conhecidos pelos Haak) e a última esperança recai em nós, jogadores, que pilotamos este Red Dog, um veículo todo-o-terreno extremamente bem munido de armas e munições para derrotar esta ameaça.

Os controlos de movimento e disparo poderiam ser melhores se houvesse um segundo analógico

O jogo está dividido em 3 partes diferentes: as missões single-player que vão contando o desenrolar da história, as challenge missions que vamos ganhando à medida em que progredimos no jogo e a vertente multiplayer. As challenge missions, tal como o nome indica são desafios opcionais onde nos é dado um curto intervalo de tempo para alcançar determinados objectivos, seja ir do ponto A ao ponto B, ou destruir uma série de inimigos. São desafios que servem também como boa práctica para o jogo principal e cumpri-los, bem como obter boas avaliações da nossa performance tanto nestes como nas missões principais, acaba por nos desbloquear uma série de upgrades, como drones que nos auxiliam no poder de fogo, ou a capacidade de manter sempre o turbo ou os escudos ligados.

Uma dos extras que podemos desbloquear são pequenos drones que nos acompanham e suportam, providenciando poder de fogo adicional

A jogabilidade só é um pouco estranha devido à falta de um segundo analógico na Dreamcast. Para apontar a arma temos de usar o mesmo analógico que serve para nos movimentarmos de um lado para o outro, o que pode ser estranho no início. Para o strafing, temos de manter premidos os botões L e R, com o analógico a servir para nos movermos para a esquerda ou direita, respectivamente. As outras mecânicas de jogo são simples, com o Red Dog a possuir um canhão principal com munição ilimitada, ou mísseis teleguiados que podem atingir vários inimigos em simultâneo. Tal como referido acima, podemos também activar um escudo que nos protege de alguns inimigos (e até pode ser usado ofensivamente, pois reflecte alguns dos disparos inimigos).Por fim, temos também a vertente multiplayer que pode ser jogada com até 4 jogadores em split screen que sinceramente não cheguei a experimentar. Mas uma olhada rápida pelo manual me diz que temos variantes do deathmatch, capture the flag (neste caso temos de a segurar o máximo de tempo possível), o king of the hill, ou outros modos de jogo um pouco mais originais como o Bomb Tag ou Stealth Assassin.

A nível audiovisual, é um jogo competente para a época em que foi lançado, principalmente a nível gráfico, claro, pois as músicas e efeitos sonoros são competentes, mas nada de extraordinário.

Red Dog é então um shooter interessante, que peca mais pelo facto de a Dreamcast não ter um segundo analógico. Os controlos podem demorar um pouco a ser assimilados, mas no fim de contas assim que nos habituemos acabamos por passar um bom bocado ao jogá-lo. Teria sido interessante se a Argonaut tivesse depois relançado o jogo numa das outras consolas que permaneceram no mercado após a despedida da Dreamcast.

 

Buck Bumble (Nintendo 64)

Buck BumbleO jogo que cá trarei hoje é mais uma rapidinha a um jogo de Nintendo 64 que sinceramente nem conhecia e até se revelou numa surpresa agradável, sendo um shooter aéreo em 3D muito peculiar, uma espécie de Terminal Velocity, mas passando no reino animal. Confusos? Já lá vamos. Este meu exemplar veio da feira da Ladra em Lisboa já há uns quantos meses atrás, tendo sido comprado em conjunto com vários outros cartuchos. Não me deverá ter custado mais de 3, 4€.

Apenas cartucho
Apenas cartucho

Ora este jogo decorre no “futuro próximo” de 2010, algures numa aldeia rural de Inglaterra. Acontece que uma fábrica de produtos químicos teve um derrame de resíduos tóxicos, transformando os insectos daquela zona em mutantes e dotados com inteligência e tecnologia. E vários desses insectos com más intenções junta-se e forma o grupo militar “The Herd” com o objectivo de dominar lá o jardim local e posteriormente o mundo. Surge então a necessidade de haver uma resistência e é aí que entramos, ao controlar uma abelha cibernética, capaz de armazenar diferentes tipos de arma e de aguentar com muita porrada no lombo. Sem dúvida um conceito original!

screenshot
Antes de cada missão é-nos dado um pequeno briefing detalhando os objectivos

Quando referi as semelhanças com outros jogos como Terminal Velocity não foi por acaso, pois apesar do jogo estar dividido em 19 missões, cada uma com objectivos próprios, podemos explorar livremente os cenários, sendo a única restrição não passar de um certo nível de altitude. Buck pode carregar com imensas armas diferentes, desde metralhadoras, shotguns, armas laser e eléctricas, até lança mísseis-teleguiados que darão imenso jeito para defrontar alguns bosses. As missões também são muitas vezes “destrói alvo x,” “derrota o boss y” ou “transporta uma bomba nuclear para a base inimiga, lança-a no local certo e depois vai-te embora o mais rápido que conseguires”. Mas a verdade é que apesar de simples, até que acaba por se tornar num jogo divertido de ser jogado. E existem ainda 2 modos de jogo multiplayer, um que é uma espécie de deathmatch com batalhas aéreas, outro uma variante de futebol aéreo. Infelizmente não cheguei a testar.

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O pop in é bastante notório neste jogo

A nível técnico este é daqueles títulos em que se nota perfeitamente algumas das limitações da plataforma, devido aos níveis mais abertos sofrerem daquele problema de “nevoeiro” que tenta ocultar de certa forma o pop-in dos cenários a serem construídos à nossa frente. Fora isso apresenta níveis bastante coloridos e bem detalhados! Já no que diz respeito ao som, as músicas são todas electrónicas, numa cena mais house que sinceramente não é mesmo a minha praia. Mas aguenta-se!

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Os nossos cenários de guerra são à escala dos insectos, incidindo sobre jardins, quintais e edifícios abandonados

No fim de contas, este Buck Bumble até que acabou por ser uma surpresa bem agradável. E foi desenvolvido pela Argonaut Games, a mesma empresa que esteve por detrás do desenvolvimento do Star Fox original para a SNES, portanto no que diz respeito a jogos de “aviões”, já experiência tinham eles. Considerem isto como uma espécie de Rogue Squadron do mundo animal!

Croc (Sony Playstation)

Croc PlatinumContinuando pelas rapidinhas, já que estou a aproveitar os meus últimos dias de férias para dar um avanço considerável em 2 RPGs que estou a jogar em paralelo, o jogo que trago cá hoje é a versão principal de uma outra versão que já cá foi analisada brevemente. Após o sucesso de jogos como Crash Bandicoot e acima de tudo, do Super Mario 64 ou Banjo Kazooie, uma nova enxurrada de outros followers de jogos de plataforma 3D seguiu-se. Uns bonzinhos, outros nem tanto, e o que trago cá hoje é dos que até acho razoáveis, não fossem os tank controls seria melhor. Foi comprado na feira da Ladra em Lisboa, algures durante Novembro por 2€.

Croc - Sony Playstation
Jogo com caixa e manual, versão Platinum

A história por detrás deste jogo é o cliché habitual, com um vilão qualquer (Baron Dante) a tomar de assalto a ilha de Croc, raptando todos os seus animais habitantes, incluindo o rei lá do sítio. A nossa missão consiste então em atravessar a ilha de lés a lés, resgatando todos os Gobbos (pequenos animais peludos) que encontremos e ultimamente derrotar Dante e os seus minions Dantinis.

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Alguns níveis até são bem detalhados e coloridos

De resto é um jogo de plataformas algo básico, onde podemos saltar para cima de caixas como em Crash Bandicoot, atacar inimigos com a cauda, coleccionar pedras preciosas da mesma forma que Sonic colecciona anéis, inclusivamente se sofrermos dano perdemos os “anéis”, podendo recuperar de volta alguns, nos segundos seguintes. Sofrendo dano sem qualquer pedra preciosa coleccionada dá direito a perder uma vida. Ao longo de todos os níveis (excepto nos bosses) poderemos resgatar uns 5 gobbos e encontrar 5 pedras coloridas, que por sua vez servem para abrir umas portas secretas e resgatar um outro Gobbo “secreto”. Para concluir o jogo a 100%, e ter inclusivamente acesso a um novo “mundo” com níveis extra onde defrontaremos o verdeiro boss final, é necessário resgatar todos os Gobbos, e inclusivamente encontrar peças de um puzzle perdidas em vários níveis bónus. Ora tudo isto até seria interessante, não fosse o jogo ter tank controls, o que num videojogo de plataformas em 3D é algo criminoso e só serve para causar dores de cabeça.

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Mas os que são mais vazios pecam pelos backgrounds muito pobrezinhos

Tecnicamente era um jogo competente para a época, sendo bastante colorido e apesar de não ter o 3D mais detalhado de todo o sempre no esplenderoso ano de 1997, era bem detalhado o suficiente, em especial no próprio Croc e demais personagens. Os cenários é que poderiam ser um pouco mais variados, sendo na sua maioria colinas verdejantes, zonas com neve, pequenas cavernas e por aí fora. O castelo final, esse até parecia muito vazio, no meio de tantas plataformas suspensas no ar e abismos sem fundo. As músicas já são outra história e até que estão bem conseguidas, reconheci alguns dos temas que tinha ouvido quando joguei o port para a Gameboy Color.

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Como não poderia deixar de ser temos vários bosses para derrotar. Dava jeito é ter controlos decentes.

Croc é um jogo de plataformas razoável. Não reinventa a roda, mas seria bem competente não fosse mesmo a escolha dos tank controls para controlar o crocodilo. Mas ao menos já suportava os analógicos, podendo inclusivamente controlar a câmara. De qualquer das formas o jogo vendeu o suficiente para atingir o status de platinum e dar azo a uma sequela que sinceramente não cheguei a jogar ainda. Depois disso Croc desapareceu, assim como muitos outras personagens que tentaram fazer o mesmo que Mario 64.